quinta-feira, 30 de agosto de 2012

FORMULA IDEAL

Acho que a Copa do Brasil deveria conter somente os times campeões estaduais. Seriam 32 clubes: os 27 campeões estaduais mais 5 vices dos Estados considerados mais fortes (exemplo: SP, RJ, MG, RS e PR, lista esta que poderia variar, conforme um ranking oficial da CBF ou algo do tipo). Isto fortaleceria os estaduais em um momento que se discute a possível extinção desses torneios, dando às equipes participantes a possibilidade indireta de chegar à Libertadores do ano seguinte. 
Nesse cenário, a Copa do Brasil teria duração mais curta e poderia acontecer entre os estaduais (que também teriam que ser reduzidos, o que é o ideal) e o Campeonato Brasileiro.

Já o Brasileirão e a Libertadores da América, por sua vez, deveriam acontecer como na Europa: ao longo de toda a temporada. 

Poderiam começar em agosto e terminar somente em maio do ano seguinte, com dois meses de férias mais pré-temporada (junho e julho) e um recesso para o Natal e o Ano Novo.

BOLA DENTRO

Ao invés de se buscar tímidas mudanças que pouco acrescentam, por que não se fazem amplas alterações, que muito podem contribuir para a saúde financeira e organizacional dos clubes?
Por Luis Filipe Chateaubriand, da Carta Maior.
Foi lançado, esta semana, o calendário do futebol brasileiro para 2013. Pode-se dizer que há melhorias em relação a anos anteriores. No entanto, estas são tímidas, pontuais, insuficientes.
Não seria melhor fazer um calendário definitivo, com mudanças profundas, transformadoras e adequadas?
Para não se dizer que “não falei das flores”, há dois fatores a serem louvados no projeto divulgado: a volta da Copa do Nordeste e a inclusão dos clubes que participam da Taça Libertadores da América na Copa do Brasil.
A volta da Copa do Nordeste é imperiosa! É muito penoso – tanto do ponto vista técnico, como do ponto de vista comercial – para os grandes clubes nordestinos jogarem deficitários campeonatos estaduais da região, ao invés de se confrontarem em interessante torneio interestadual (ou regional, se preferirem esta denominação). Grande “bola dentro” da CBF.
No entanto, é um erro fazer com que os clubes que disputam o Nordestão tenham que disputar, também, os Estaduais, que lhes são deficitários. O certo seria que os grandes clubes do Nordeste – Sport, Náutico, Santa Cruz PE, Bahia, Vitória, Fluminense, Ceará, Fortaleza, América, ABC, Botafogo, Treze – disputassem apenas o torneio nordestino, que é rentável, e não torneios que não lhes servem para nada.
Outra modificação interessante é permitir que os clubes que irão à Libertadores em 2013 possam jogar a Copa do Brasil. Não faz sentido os clubes que jogam as competições continentais ficarem alijados das copas nacionais – em nenhum país do mundo civilizado do futebol isso acontece. Corrigir a distorção é algo benéfico.
No entanto, mesmo esta modificação, louvável, apresenta problemas em sua configuração: os clubes que estão na Libertadores só começam a jogar a Copa do Brasil quando a Libertadores acabar; por óbvio, a Libertadores termina bem antes da Copa do Brasil.
Isso não deveria acontecer. Em países com futebol desenvolvido e organizado, tanto as competições continentais, como as copas nacionais, estendem-se ao longo da temporada toda, para evitar que clubes priorizem, em dado período, uma competição, em detrimento de outra.
De resto, as mesmas monumentais e irracionais distorções de sempre. Relato apenas as principais – pois, para relatar todas, o leitor ficaria por boas horas à mercê deste texto –, que são.
• Não se adaptou nosso calendário ao europeu ou, como Juca Kfouri diz, ao mundial. Com isso, vamos continuar sofrendo com transferências de jogadores na “janela” de meio de ano (muito mais nociva que a do início do ano) e com a perda de grandes jogadores para os clubes, como Neymar, para disputarem Olimpíadas, Copa América, etc.
• O Campeonato Brasileiro continua tendo rodadas aos meios de semanas, quando deveria ter rodadas apenas aos fins de semanas.
• Os campeonatos estaduais continuam inchados – seja em número de rodadas, seja em número de participantes – e ainda têm algumas rodadas jogadas em fins de semanas, obrigando rodadas do Campeonato Brasileiro a serem alocadas em meios de semanas.
• Quando a seleção joga, clubes também jogam: um absurdo!
• As competições jogadas em meios de semanas não são distribuídas ao longo da temporada, mas jogadas em partes específicas desta, fazendo com que clubes, em determinado período, deixem em segundo plano alguma competição para priorizar outra.
• A pré-temporada é ridícula, limitando-se a pouco mais de uma semana.
• Clubes grandes podem fazer mais de 80 jogos oficiais por temporada, mais do que o razoável.
• Centenas de clubes pequenos podem fazer menos de 20 jogos oficiais ao longo de três ou quatro meses do ano, menos que o razoável e uma aberração dolorosa, que gera desemprego em massa de profissionais do futebol.
Então, fica aqui a minha sugestão para a nova diretoria da CBF: por que, ao invés de se buscar tímidas mudanças que pouco acrescentam, não se fazem amplas mudanças, que muito podem contribuir para a saúde financeira e organizacional dos clubes?
Não é preciso mudar o eixo da Terra para se fazer o óbvio.

DECEPÇÃO

BUFFET FARTO, ORQUESTRA AFINADA E PISTA VAZIA.
Há certo gosto de decepção no ar. 
O conservadorismo que durante meses, anos, cultivou o julgamento do chamado mensalão como uma espécie de terceiro turno sanitário, capaz de redimir revezes acumulados desde 2002 no ambiente hostil do voto, percebe-se agora algo solitário na festa marcada para arrebanhar multidões. Como assim se os melhores buffets da praça foram contratados; a orquestra ensaiou cinco anos a fio e o repertório foi escolhido a dedo? Por que então a pista está vazia? Falta apenas o essencial: a alegria do povo. 
A pouca ou nenhuma influência desse engenhoso ardil nas intenções de voto diz o bastante sobre a frágil hipocrisia vendida como marco zero da moralidade pública pelos seus vulgarizadores midiáticos. 
Não é esse porém o acerto de contas com o qual terá que se enfrentar o PT.

NÃO FECHA . . .

Gilberto Maringoni, da Carta Maior.
Quem paga as campanhas milionárias?
Candidatos a vereador em São Paulo têm campanhas orçadas em até R$ 5 milhões. A pergunta a ser feita é não apenas de onde vêm os financiamentos, mas como serão pagos depois. Em quatro anos de mandato, um vereador recebe R$ 624 mil. Mesmo que não gaste um centavo, ele não tem como retribuir a gentileza. Como fechar a conta?

RODRIGUENAS

Em agradável palestra discorríamos sobre as curiosidades da vida literária brasileira, pouco antes de iniciarmos a filmagem da segunda parte do documentário Dom Quixote dos pampas sobre o acadêmico Carlos Nejar, que nos recebera em sua residência, na Urca. Dizia eu ao poeta gaúcho que, quiçá, a maior de todas elas seria a morte de Machado de Assis e o nascimento de Guimarães Rosa, em 1908. Entretanto, adverti que outra incrível coincidência era o fato de que dois escritores nordestinos considerados pornográficos, Nelson Rodrigues e Jorge Amado, brotaram do ventre materno em 1912. 
Não obstante o cenário do genial teatrólogo pernambucano tenha sido o Rio de Janeiro da década de 40 e o do romancista das fazendas de cacau o território adubado pelo sangue das emboscadas das Terras do sem fim; além do cenário da cidade de São Salvador imortalizada pelo pitoresco erotismo e miscigenação de Teresa Batista cansada de guerra e Dona Flor e seus dois maridos. É verdade que a data e região de nascituro não lhes possibilitaram a proximidade de âmbito ficcional e ideológico, uma vez que são autores distintos em suas opções políticas e literárias, que, no entanto, se igualam pelo rótulo da pornografia. 
Diz que o baiano romântico e sensual se notabilizara por capturar o imaginário pátrio através das figuras sedutoras ao estilo de Tieta e Gabriela, enquanto que o autor de Bonitinha mas ordinária vinculou a alma do subúrbio carioca às obsessões sexuais extraídas de sua fértil imaginação pautada pelo patético da condição humana. Foi então que observei ao cinegrafista e editor Curt Ponce que, mesmo não se celebrizando como ficcionista, não só por se utilizar da paisagem urbana, Nelson Rodrigues encarnaria o espírito machadiano em seu clássico Vestido de noiva.
Foi então que afirmei ao Nejar que a história de um natimorto, Alaíde, até certo ponto poderia ser considerada uma espécie de versão teatral de Memórias póstumas de Brás Cubas, com elementos narrativos que, em pleno ápice realista em se tratando de Machado de Assis, antecedem o surrealismo de Buñuel e Breton. Isto sem dizer que, para além do cientificismo naturalista, a ideia fixa do memorialista Cubas pode-se fazer demonstrar pelas obsessões patológicas das figuras dramáticas inventadas por Rodrigues.
É fato que o dublê de teatrólogo ainda tentara se aventurar no ofício dramatúrgico com a investida sobre Castro Alves; contudo, Amado se equilibra na cobiçada corda da posteridade ao se utilizar de uma popularesca brasilidade calcada no retrato de malandros, pescadores e prostitutas, a causar desprezo (ou inveja?) aos desdenhosos e satíricos modernistas de São Paulo. Sobre este ponto inclusive, em seu Dicionário de apelidos dos escritores da literatura brasileira, o gramático e filólogo Claudio Cezar Henriques aponta que o criador de Jubiabá fora alcunhado, por Oswald, de “Rasputin de Linha Reta”; e de “Pai João das Letras”, por Mário de Andrade. 
Apesar de não dialogar com a concepção de um sincretismo religioso e étnico, o dramaturgo Nelson Rodrigues se aproveita da popularidade obtida pela reação ao exame do grotesco que aguça a sua ira e criatividade, a ponto de escrever peças como Álbum de família, Bonitinha mas ordinária Sete gatinhos. Porém, por vezes, nota-se que nestes registros a preocupação estética se posiciona aquém da proposital agressividade contra a hipocrisia de uma sociedade arcaica e decadente.
Jornal do Brasil - Wander Lourenço.
Em agradável palestra discorríamos sobre as curiosidades da vida literária brasileira, pouco antes de iniciarmos a filmagem da segunda parte do documentário Dom Quixote dos pampas sobre o acadêmico Carlos Nejar, que nos recebera em sua residência, na Urca. Dizia eu ao poeta gaúcho que, quiçá, a maior de todas elas seria a morte de Machado de Assis e o nascimento de Guimarães Rosa, em 1908. Entretanto, adverti que outra incrível coincidência era o fato de que dois escritores nordestinos considerados pornográficos, Nelson Rodrigues e Jorge Amado, brotaram do ventre materno em 1912. Ainda que outras abordagens rodrigueanas esbarrem na psicanálise mítica, a erotização do discurso que se arvora em diferentes fórmulas de análise o impele à condição de gênio maldito, a se inventariar ora pelo escândalo da prostituição caseira e familiar; ora pela desestabilização da união matrimonial. Tal constatação se apercebe em Anjo negro, Toda nudez será castigada e Perdoa por me traíres que, em síntese, pode se traduzir pela magistral condição de adultério: “A esposa desiludida é uma grande mulher”.
Por fim, se parte de um país retrógrado e moralista não consente as lições de pornografia ministradas por Nelson Rodrigues e Jorge Amado, pode-se imaginar que, supostamente, a consagração de seus libertinos manuscritos se eternize; seja pelo incondicional aplauso de uma plateia a esbanjar êxtase e indignação; seja pelo silêncio cúmplice e sestroso, propositado pela instigante leitura de uma cena de Gabriela cravo e canela a subir pelos telhados da memória brasileira.

GULUDICES

Eleições e votos...
Exagero e guludices divirtuam e fantasmas surgem. 
Nas ultimas eleições o percentual de abstençoes cravou 21%, índice próximo dos paises com votos não obrigatório, constam nestes os contrarios a abrigatoriedade; Os que sustentam que a "Politica" é estupidez; Quem no cotidiano não há exigencias do titulo "em dia" e uns poucos que não conseguiram deslocar-se. 
Tenho posições e não me afasto dos que lutaram com oligarquias e aristocratas para terem "também" o direito de votar/opinar e candidatar-se. Falo de comunidades/povoados, sertanejos, mulheres, negros e até indios; Queriam opinar, lutaram e conseguiram; Optaram, anularam ou em branco, votaram, podem reclamar, ou simplesmente justifique somando a quem interessa o ato furtuito.

CEDO DEMAIS?!

Peluso sai com reconhecimento de jurisdicionados.
O STF deve estender tapete vermelho, na porta principal do prédio, para a saída do ministro Cezar Peluso, por motivo de aposentadoria compulsória. Sua última participação, como juiz naquela Corte, foi apresentada de forma equilibrada, convincente e tranquila. 
Em minha opinião, trata-se de magistrado de extraordinárias qualidades, embora, não o considere bom administrador, como condutor do Poder Judiciário, durante sua gestão à frente da presidência do STF. 
Certamente, falta-lhe vocação para administrar. 
Mas, suas virtudes são bem maiores que deficiências. 
Foi magistrado merecedor do respeito de todos.

DEMOCRACIA

O que muitos não sabem, mas acreditam.
Muita gente acha que, terminado o julgamento do mensalão, os condenados irão para a prisão e os que tem mandato serão cassados automaticamente. Ledo engano de quem assim pensa. 
Os recursos serão tantos, que os mandatos terminarão antes de sua perda. Ninguém será cassado até que a Câmara analise detidamente e com todas as manobras. Nesse País, para que um ladrão de casaca seja enquadrado e preso é sempre necessário perseguir todas as possibilidades de deixá-lo solto, pois será sempre considerado "inofensivo" para a sociedade, já que tem endereço fixo e ocupação, mesmo que esta seja a de enganar o povo. 
Aqui, tudo é permitido em nome de uma democracia que "eles" criaram e os tolos nela acreditam. 
Democracia sem deveres e obrigações é anarquia.

MASSACRE

ONGs denunciam massacre a índios em fronteira entre Brasil e Venezuela.

Organizações não-governamentais (ONGs) de defesa dos direitos indígenas denunciaram nesta quarta-feira (29) a morte de 80 ianomâmis na região da fronteira entre Brasil e Venezuela. De acordo com os grupos, mineiros que trabalham na área foram os autores do ataque, que teria acontecido no mês passado na comunidade de Irothatheri. 
Segundo testemunhas, os mineiros colocaram fogo a uma casa comunal dos índios. Membros da comunidade indígena têm protestado contra a invasão de mineiros em suas terras, em busca de ouro. 
De acordo com a ONG Survival International, o massacre demorou de ser descoberto devido à remota localização da tribo atacada. A entidade disse que as pessoas que localizaram os corpos carbonizados dos índios levaram vários dias para caminhar até a localidade mais próxima. 

TÁ FORA . . .

João Paulo Cunha pretende retirar ainda hoje sua candidatura a prefeito.

Após ser condenado pelos crimes de corrupção e peculato no julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal, o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) avisou a amigos que anunciará, ainda nesta quinta-feira (30), a retirada de sua candidatura a prefeito de Osasco (SP). O parlamentar afirmou que não resistirá à pressão para que seja substituído pelo vice de sua chapa, o também petista Jorge Lapas. Em uma reunião na noite de ontem (29), o núcleo de sua campanha concluiu que João Paulo deve ser poupado de constrangimento público. 
O mandato de deputado depende agora dos seus colegas da Casa, que podem, ou não, votar pela sua cassação.