sexta-feira, 21 de outubro de 2011
Lixo Hospitalar
Após a porta arrombada, escancarada, com a entrada de containers entulhados de lixo hospitalar proveniente dos Estados Unidos e de outros lugares, encontrados, principalmente, em Recife, vem agora o Ministro da Saúde declarar que não permitirá importação de lixo hospitalar. A Anvisa certamente não cumpriu o seu papel fiscalizador, tão pouco a fiscalização aduaneira e a Polícia Federal. Há poucos anos ainda existia nos portos, aeroportos e fronteiras serviços denominado “saúde dos portos”. Havia rigor na entrada de mercadorias no país. E agora? Não fosse a imprensa continuar-se-ia com a entrada desse perigosíssimo lixo.
UMA NAÇÃO CORROMPIDA
Por Carlos Chagas
Importa menos se João Dias for um bandido que inventa e acusa sem provas ou se Orlando Silva vem sendo vítima de um complô entre a Fifa e Ricardo Teixeira, por conta da Copa do Mundo. A verdade é que não dá mais para o ministro permanecer. Seu desgaste pessoal só não é maior do que o desgaste do governo. Da lambança restrita ao choque com o ex-policial, salta aos olhos o abuso que vem marcando o conluio existente entre o poder público e montes de ONGs fajutas e criminosas. Porque a farra não se limita ao ministério dos Esportes, como antes não se circunscrevia ao ministério do Turismo. A metástese generalizou-se, vinda do governo Fernando Henrique, passando pelo governo do Lula e mantendo-se no governo Dilma.
Inocente ou culpado, Orlando Silva lidera o noticiário e sofre a indignação nacional diante desse expediente primário da criação de organizações não governamentais feitas para mamar nas tetas do tesouro público e irrigar os caixas de partidos políticos, grupos próximos do poder, amiguinhos e até simples espertalhões empenhados em enriquecer.
Se há ONGs sérias, que prestam serviço à sociedade, seu número parece infinitamente menor do que as arapucas infiltradas na administração federal, estadual e municipal. Dizendo-se não governamentais, transformaram-se em penduricalhos do governo, sempre prontas a molhar a mão e o bolso das autoridades encarregadas de facilitar-lhes o assalto.
Raros são os ministérios onde ONGs não são financiadas pela corrupção, existindo também os dedicados a falcatruas ainda maiores, através das empreiteiras. Quatro ministros já foram triturados nas engrenagens que agora espremem o titular dos Esportes, tornando-se uma questão de tempo saber quando será expelido. Melhor faria se evitasse o espetáculo encenado por Antônio Palocci, Pedro Novais, Wagner Rossi e Alfredo Nascimento, que resistiram inutilmente antes de mergulhar nas profundezas.
MENSALEIROS EM AGONIA
A cada novo escândalo denunciado no país, diminuem as chances de absolvição dos 39 mensaleiros em julgamento no Supremo Tribunal Federal. Não se cometerá a perigosa ilação de presumir o voto dos ministros da mais alta corte nacional de Justiça, valendo apenas registrar terem sido raros os casos em que ela decidiu desligada da opinião pública. Os ventos que sopram na sociedade irrompem pelas frestas e até pelas janelas do Supremo, ainda que alguns de seus integrantes sustentem, teoricamente, a necessidade de decisões calcadas exclusivamente na lei e na jurisprudência. Estão os Meretíssimos atentos ao que se passa do lado de fora. A indignação nacional cresce a olhos vistos diante do espetáculo de corrupção encenado no país. Ficou para o primeiro semestre do ano que vem o julgamento dos réus implicados na mãe de todas as lambanças do governo Lula. É mais tempo para a descoberta de novas falcatruas, aumentando a reação nacional e levando os mensaleiros à agonia.
ADEUS REFORMA POLÍTICA
De forma lenta, a reforma política sumiu do noticiário. Na Câmara e no Senado arrastam-se bissextos debates e análises nas comissões técnicas, mas ninguém acredita mais na mudança das diretrizes eleitorais básicas. Até porque, passou o prazo para sua aplicação nas eleições do ano que vem, por impositivo constitucional. Como 2014 está distante e imperscrutável, senadores e deputados dedicam-se a deixar tudo como está, em termos institucionais. Até a mudança na data da posse dos novos presidentes da República ficou para um dia, no futuro...
SUMIU
Mesmo sem integrar a comitiva da presidente Dilma à África, quem sumiu foi a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Nenhuma intervenção teve a ex-senadora na crise porque passa o PC do B, a partir das denúncias contra o ministro Orlando Silva. Não é com ela se os comunistas históricos viram-se substituídos por capitalistas ditos não-governamentais, encarregados de impulsionar suas ONGs.
Duas explicações surgem a respeito: Ideli refluiu em sua atuação pela ausência de problemas político-partidários de vulto, nas relações da base parlamentar oficial com o governo, ou... Ou a ministra resolveu adotar a máxima que Mussolini aplicava para a Itália na primeira metade do século passado: “administrar os italianos não é apenas impossível, é inútil”.
Importa menos se João Dias for um bandido que inventa e acusa sem provas ou se Orlando Silva vem sendo vítima de um complô entre a Fifa e Ricardo Teixeira, por conta da Copa do Mundo. A verdade é que não dá mais para o ministro permanecer. Seu desgaste pessoal só não é maior do que o desgaste do governo. Da lambança restrita ao choque com o ex-policial, salta aos olhos o abuso que vem marcando o conluio existente entre o poder público e montes de ONGs fajutas e criminosas. Porque a farra não se limita ao ministério dos Esportes, como antes não se circunscrevia ao ministério do Turismo. A metástese generalizou-se, vinda do governo Fernando Henrique, passando pelo governo do Lula e mantendo-se no governo Dilma.
Inocente ou culpado, Orlando Silva lidera o noticiário e sofre a indignação nacional diante desse expediente primário da criação de organizações não governamentais feitas para mamar nas tetas do tesouro público e irrigar os caixas de partidos políticos, grupos próximos do poder, amiguinhos e até simples espertalhões empenhados em enriquecer.
Se há ONGs sérias, que prestam serviço à sociedade, seu número parece infinitamente menor do que as arapucas infiltradas na administração federal, estadual e municipal. Dizendo-se não governamentais, transformaram-se em penduricalhos do governo, sempre prontas a molhar a mão e o bolso das autoridades encarregadas de facilitar-lhes o assalto.
Raros são os ministérios onde ONGs não são financiadas pela corrupção, existindo também os dedicados a falcatruas ainda maiores, através das empreiteiras. Quatro ministros já foram triturados nas engrenagens que agora espremem o titular dos Esportes, tornando-se uma questão de tempo saber quando será expelido. Melhor faria se evitasse o espetáculo encenado por Antônio Palocci, Pedro Novais, Wagner Rossi e Alfredo Nascimento, que resistiram inutilmente antes de mergulhar nas profundezas.
MENSALEIROS EM AGONIA
A cada novo escândalo denunciado no país, diminuem as chances de absolvição dos 39 mensaleiros em julgamento no Supremo Tribunal Federal. Não se cometerá a perigosa ilação de presumir o voto dos ministros da mais alta corte nacional de Justiça, valendo apenas registrar terem sido raros os casos em que ela decidiu desligada da opinião pública. Os ventos que sopram na sociedade irrompem pelas frestas e até pelas janelas do Supremo, ainda que alguns de seus integrantes sustentem, teoricamente, a necessidade de decisões calcadas exclusivamente na lei e na jurisprudência. Estão os Meretíssimos atentos ao que se passa do lado de fora. A indignação nacional cresce a olhos vistos diante do espetáculo de corrupção encenado no país. Ficou para o primeiro semestre do ano que vem o julgamento dos réus implicados na mãe de todas as lambanças do governo Lula. É mais tempo para a descoberta de novas falcatruas, aumentando a reação nacional e levando os mensaleiros à agonia.
ADEUS REFORMA POLÍTICA
De forma lenta, a reforma política sumiu do noticiário. Na Câmara e no Senado arrastam-se bissextos debates e análises nas comissões técnicas, mas ninguém acredita mais na mudança das diretrizes eleitorais básicas. Até porque, passou o prazo para sua aplicação nas eleições do ano que vem, por impositivo constitucional. Como 2014 está distante e imperscrutável, senadores e deputados dedicam-se a deixar tudo como está, em termos institucionais. Até a mudança na data da posse dos novos presidentes da República ficou para um dia, no futuro...
SUMIU
Mesmo sem integrar a comitiva da presidente Dilma à África, quem sumiu foi a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Nenhuma intervenção teve a ex-senadora na crise porque passa o PC do B, a partir das denúncias contra o ministro Orlando Silva. Não é com ela se os comunistas históricos viram-se substituídos por capitalistas ditos não-governamentais, encarregados de impulsionar suas ONGs.
Duas explicações surgem a respeito: Ideli refluiu em sua atuação pela ausência de problemas político-partidários de vulto, nas relações da base parlamentar oficial com o governo, ou... Ou a ministra resolveu adotar a máxima que Mussolini aplicava para a Itália na primeira metade do século passado: “administrar os italianos não é apenas impossível, é inútil”.
CGU pediu, mas MPF e PF não investigaram Orlando
A Controladoria-Geral da União pediu há três anos ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal para investigar o comando do Ministério do Esporte sobre desvios do programa Segundo Tempo. O primeiro relatório da CGU foi enviado em 6 de outubro de 2008 para o MPF. À PF, a investigação foi solicitada em 19 de março de 2009. A CGU se queixa de que ambos ignoraram os fortes indícios relatados.
Sem xadrez
Somente em 2010 a Polícia Federal começou a apurar os desvios da Federação Paulista de Xadrez e na ONG Bola pra Frente.
Sei de nada...
O Ministério do Esporte não informou quanto já pagou este ano, e para quem, as bolsas do Segundo Tempo, apesar da insistência da coluna.
Senado derrota Rio e Espírito Santo e democratiza riqueza do pré-sal.
Plenário aprova projeto que redistribui duas taxações cobradas na produção de petróleo. Nova regra evita que recursos gerados pela exploração do pré-sal fiquem concentrados em beneficiados tradicionais (governo, Rio e Espírito Santo) e reparte arrecadação com 25 estados e mais de 5 mil municípios. Estados perdedores cogitam ir à Justiça. Texto vai à Câmara.
O sanguinário fim de um sanguinário.
Muammar al Gadhafi, Khadaffi, Gadaffi: talvez nunca um político tenha tido tantas grafias diferentes para seu nome. O fato, oriundo das diferenças fonéticas entre o árabe e outras línguas, não deixa de ser uma metáfora da personalidade enigmática e multifacetada desse capitão revolucionário que se transformou num ditador sanguinário, excêntrico e bufão.
Por Flávio Aguiar, Carta Maior
O petróleo e o sangue
As mentiras continuam. Muhamad Jibril, primeiro ministro interino, mentiu descaradamente, ao afirmar que Kadafi fora morto em “fogo cruzado” dos rebeldes com tropas leais ao dirigente líbio. As imagens, divulgadas no mundo inteiro, mostram Kadafi ainda vivo, caminhando, levantando o braço, até ser derrubado a socos e pontapés, para ser, finalmente, assassinado.
Por Mauro Santayana, na Carta Maior.
LÍBIA, PETRÓLEO E DEMOCRACIA
A história dirá se o que assistimos na Líbia atende às justas aspirações das etnias locais por liberdade e justiça social, ou configura apenas uma cortina de fumaça feita de bombas e opacidade midiática para lubrificar o assalto das potências a mais uma reserva de petróleo. (Carta Maior; 6ª feira, 21/10/ 2011)
Quatro semanas de bombardeios intensos dos caças da Otan precederam a captura e morte de Kadafi, na 5ª feira, na Líbia. Sirte, a cidade nuclear no centro das operações, foi reduzida a ruínas. Mais de 100 pessoas morreram nos últimos dias. Há centenas de feridos e encarcerados.
A violência não se limita aos combates.Um relatório da Anistia Internacional, de 13 de outubro, "Detention Abuses Staining the New Libya", denuncia a persistencia de prisões arbitrárias, sem julgamento, por parte de milícias incorporadas ao governo provisório rebelde. A prática da tortura é generalizada nas prisões, seja por vingança, seja como método sancionado de coleta de informação.
Se o Conselho Nacional de Transição (CNT) não der mostras de "uma ação firme e imediata", diz o Relatório da Anistia, a Líbia corre "um risco real de ver algumas tendências do passado repetirem-se.O documento resume as conclusões de uma delegação da Anistia Internacional que, entre 18 de agosto e 21 de setembro, recolheu os testemunhos de perto de três centenas de prisioneiros em 11 instalações de detenção da capital, Tripoli, bem como de Zawiyah e outras regiões do país.
As imagens de Kadafi banhado em sangue, com o rosto desfigurado, morto após captura, ocuparam um espaço de destaque, algo jubiloso, em veículos tradicionalmente empenhados em cobrar o respeito aos direitos humanos, sobretudo de regimes cujos governantes, em sua opinião, não comungam valores democráticos.
Carta Maior repudia a tortura, o arbítrio e a opressão --política e econômica, posto que são indissociáveis-- em qualquer idioma e latitude. Não se constrói uma sociedade justa e libertária com o empréstimo dos métodos que qualificam o seu oposto.
A história dirá se o que assistimos hoje na Líbia atende às justas aspirações das etnias locais por liberdade e justiça social, ou configura apenas uma cortina de fumaça feita de bombas e opacidade midiática para lubrificar o assalto das potências a mais uma reserva de petróleo.
A violência não se limita aos combates.Um relatório da Anistia Internacional, de 13 de outubro, "Detention Abuses Staining the New Libya", denuncia a persistencia de prisões arbitrárias, sem julgamento, por parte de milícias incorporadas ao governo provisório rebelde. A prática da tortura é generalizada nas prisões, seja por vingança, seja como método sancionado de coleta de informação.
Se o Conselho Nacional de Transição (CNT) não der mostras de "uma ação firme e imediata", diz o Relatório da Anistia, a Líbia corre "um risco real de ver algumas tendências do passado repetirem-se.O documento resume as conclusões de uma delegação da Anistia Internacional que, entre 18 de agosto e 21 de setembro, recolheu os testemunhos de perto de três centenas de prisioneiros em 11 instalações de detenção da capital, Tripoli, bem como de Zawiyah e outras regiões do país.
As imagens de Kadafi banhado em sangue, com o rosto desfigurado, morto após captura, ocuparam um espaço de destaque, algo jubiloso, em veículos tradicionalmente empenhados em cobrar o respeito aos direitos humanos, sobretudo de regimes cujos governantes, em sua opinião, não comungam valores democráticos.
Carta Maior repudia a tortura, o arbítrio e a opressão --política e econômica, posto que são indissociáveis-- em qualquer idioma e latitude. Não se constrói uma sociedade justa e libertária com o empréstimo dos métodos que qualificam o seu oposto.
A história dirá se o que assistimos hoje na Líbia atende às justas aspirações das etnias locais por liberdade e justiça social, ou configura apenas uma cortina de fumaça feita de bombas e opacidade midiática para lubrificar o assalto das potências a mais uma reserva de petróleo.
terça-feira, 18 de outubro de 2011
Uma realidade trágica: o câncer se alastra
Se pegarmos 100 pessoas, dessas talvez uma ou duas estejam gripadas. Se perguntarmos à centena de entrevistados se existe alguém em sua família com câncer teremos uma surpresa desagradável, pois com certeza mais da metade dirá que sim. Estamos vivendo uma quase epidemia dessa maldita doença no mundo inteiro e só não foi ainda noticiado para não causar pânico.
O Hospital das Clínicas de São Paulo já não tem condições de atender a demanda de pacientes com câncer. Há pouco dias foi feita uma reunião de diretoria para se decidir o que se deverá fazer para atender a enorme multidão de cancerosos que acorre àquele complexo hospitalar.
Hoje, pode-se dizer que o câncer está se tornando uma epidemia que se alastra mundo a fora sem controle, porque sua cura ainda é uma conquista não alcançada.
Inversão de valores
Políticos e politiqueiros estão se enveredando pelo perigoso caminho da subjetividade acusatória, invertendo-se a Teoria Objetiva do Direito Brasileiro, em que a prova cabe a quem alega. Até quem cria um boato usa da própria torpeza para repercutir e atingir pela imprensa, a honra de autoridades constituídas que, ao contrário da legislação, é que são obrigadas a se estrebucharem para demonstrarem sua provável inocência. Já passa da hora do STF criar Súmula Vinculante (ou de repercussão geral em Recursos assemelhados), para conter a enxurrada de processos da espécie, visando apenas interesses pessoais ou partidários. Estamos no Brasil e não nos Estados Unidos, onde o cidadão que simplesmente é apontado por alguém, assume a tarefa de provar que é mentira, para não ir para a cadeia.
Considerando a manchete
"De 2004 a 2010, entidades sem fins lucrativos receberam R$ 23 bilhões dos cofres do governo federal. Fora isto temos as ONGs, e a cada ano a parcela de dinheiro público que compõe o Fundo Partidário engorda. O problema esta na fiscalização, na aplicação/concepção das leis, resultando numa incrível desconfiança desta aplicação de dinheiro do contribuinte. Sem falar que não percebo nenhuma melhoria com este papel do estado de arrecadar e repassar, senão o sinal verde para a corrupção. Gostaria de pagar diretamente com meu salário (menos impostos), sem intermediário (governo).
A humilhação do Cabo Anselmo no Roda Viva
O que aconteceu no programa Roda Viva em relação ao Cabo Anselmo não foi uma entrevista e sim uma tentativa de massacre verbal sem nenhum respeito pelo "entrevistado" que mal começava a responder a uma pergunta impertinente e já um outro pitbul começava querendo mordê-lo inconformado com os desmentidos, feitos por Anselmo, às mentiras publicadas por esquerdopatas raivosos com as delações dele. A verdade é que ninguém ali estava querendo entrevistar ninguém.
O propósito era massacrar o alvo para deixar um punhado de esquerdistas alegres e satisfeitos com a vingança virtual que viesse a acontecer naquela arena.
Se eu fosse o Cabo Anselmo nunca mais me submeteria àquele tipo de humilhação nojenta.
Não se pode esperar algo diferente desses pústulas vermelhos.
Diga sim à corrupção no Brasil.
Diga sim, a corrupção. A única maneira de combatermos a corrupção no Brasil e incentivando a corrupção. Manifestações contra, está provado que não surge efeito. É preciso criar um soro no laboratório da sociedade organizada. Uma espécie de “antiofídico da corrupção. O soro antiofídico é o único meio comprovadamente eficaz de tratamento de pessoas picadas por serpentes venenosas. Ele é feito inoculando-se pequenas e sucessivas doses de venenos em cavalos. O animal vai aos poucos fabricando anticorpos e adquirindo resistência a doses maiores de veneno. Ou seja, do próprio veneno da cobra sai à cura. Assim sendo, através da mídia (corrupto detesta imprensa livre), vamos inoculando pequenas e sucessivas notas de apoio. Assim os corruptos vão entrando num processo de autofagia e a sociedade fica curada.
O MAIS PRECIOSO DOS INVESTIMENTOS
Por Carlos Chagas
A dúvida é saber se estão explodindo de medo ou de raiva. Fala-se dos cultores dessa receita que exige mais impostos, redução de salários, demissões em massa e supressão de investimentos sociais como forma de combater crises econômicas. São chamados de neoliberais mas já tiveram outras denominações, através dos tempos. Quanto mais insistem, mais são postos em frangalhos. Tome-se o fim de semana que passou: multidões nas ruas de 950 cidades, protestando e até incendiando. O grito de basta ecoando em cada praça, avenida ou esquina de todos os continentes. Escondidos atrás da polícia e de nuvens de gás lacrimogêneo, mobilizam a fatia dos meios de comunicação que dominam, na tentativa de adiar o inevitável. No caso, a transparência de serem os culpados pela crise que assola o planeta.
Tome-se a realidade brasileira. Em meio ao julgamento de seus crimes, os neoliberais apelam para a desfaçatez de argumentos canhestros. Do fundo do baú de ossos acabam de retirar a falácia de que toda a crise deve-se à prevalência do Bolsa-Família e de outras políticas públicas sobre os investimentos financeiros. Insurgem-se contra o fato de que o governo aplicou 114 bilhões na ajuda social contra 44,6 bilhões em obras entregues a empreiteiras, sem falar na ciranda dos bancos.
Ignoram ser a ajuda social o mais precioso dos investimentos de qualquer nação, em especial as mais pobres e carentes. Estão chamando de insustentável a política de reajuste do salário mínimo acima da inflação. Reivindicam isenção de impostos para o capital especulativo sob o pretexto de uma falsa criação de empregos. Que vão para as profundezas...
MAIS DO QUE NOTAS OFICIAIS
Está o ministro dos Esportes, Orlando Silva, na obrigação de ir além da nota oficial divulgada depois das acusações apresentadas na revista Veja sobre supostos atos de corrupção por ele praticados. É preciso que insista junto ao ministro da Justiça para a Polícia Federal montar acampamento em seu gabinete, esquadrinhando gavetas e computadores, de forma a inocenta-lo ou concluir por sua culpa. Deixar as coisas restritas a um texto de defesa, não dá.
ONDE NÃO IMITAR O LULA
Viajou para a África a presidente Dilma Rousseff, dentro da política iniciada pelo Lula, de abertura para aquele continente. África do Sul, Moçambique e Angola estão no roteiro, esperando-se apenas que ao visitar aqueles países ela não repita o Lula num comentário especial. Porque o ex-presidente, impressionado com o desenvolvimento e a arquitetura de uma das cidades onde esteve, comentou com o anfitrião ofendido: “nem parece a África...”
A realidade que Dilma encontrará nos países referidos é bem outra de anos atrás. Em especial naqueles onde prevalece a língua portuguesa.
ADMIRÁVEL MUNDO VELHO
Por Carlos Chagas
Pode nem ter nascido na Espanha, como se apregoa em Madri. Talvez venha dos tempos de Ramsés II, quem sabe antes. A verdade é que de quando em quando o planeta se agita. No passado distante e recente, os protestos levavam períodos mais longos para interligar-se, às vezes separados por décadas e até séculos. Com o advento da imprensa, depois do rádio, a televisão e agora a Internet e toda a parafernália eletrônica dela decorrente, o processo mede-se agora em questão de minutos. Mas o fenômeno é o mesmo: a Humanidade jamais deixou de protestar. No caso, as maiorias diante da prevalência e das imposições das elites. As ideologias, as doutrinas e as religiões sempre tomaram carona no inconformismo das massas, demonstrando-se subsidiárias da indignação dos oprimidos. Só que hoje é mais rápido o efeito da causa primeira, a injustiça, que sempre gerou movimentos de protesto, uns violentos, outros nem tanto, mas todos emergindo de tempos em tempos em nome da utópica igualdade a ser um dia alcançada, sabe-se lá quando.
Este preâmbulo se faz por conta das manifestações verificadas nos cinco continentes. Ontem, em 952 cidades de 86 países, o povo saiu às ruas exigindo mudanças. Insurgiu-se contra a receita elitista de que crises econômicas se combatem com aumento de impostos, reduções salariais, demissões em massa e supressão de direitos sociais, onde eles existem. Na Grécia, Portugal, Espanha e outras nações européias, protesta-se contra a fórmula imposta pelo sistema econômico-financeiro, ele próprio responsável pelas crises. Nos Estados Unidos, multiplicam-se as manifestações que começaram contra Wall Street, em Nova York, e agora avançam em suas principais cidades. Na comunidade muçulmana assiste-se a uma espécie de erupção libertária. No Brasil, o mote inicial está sendo o combate à corrupção e à impunidade. Cada movimento vale-se de motivações específicas para despertar a opinião pública, mas fica claro possuírem todos a mesma raiz: a indignação das maiorias frente à dominação das minorias.
Em 1968 fenômeno semelhante explodiu em Paris, incendiou a França e boa parte do mundo. Nos anos oitenta teve-se a impressão de as manifestações eclodirem em sentido contrário, com o colapso do mundo comunista, mas foi a mesma coisa: massas oprimidas insurgindo-se contra seus dominadores. É o que agora se vê, nessa nova onda que se avoluma.
Resultados? Os mesmos de sempre: os movimentos nascem, assustam e sempre promovem certas mudanças, mas logo refluem, até formar-se o próximo. A conclusão é de nada de novo acontece sob o sol, nesse admirável mundo velho.
RECUO ESTRATÉGICO.
O ex-presidente Lula escolheu os Estados Unidos, onde recebeu homenagem na Universidade de Des Moines, para anunciar sensível recuo em suas pretensão de fazer Fernando Haddad prefeito de São Paulo. Admitindo a realização de prévias no PT paulistano, que até pouco rejeitava, disse que se Marta Suplicy vencer a consulta popular, contará com seu apoio. Uma reviravolta dos diabos, capaz de ser entendida como manobra tática ou prévia derrota. Quem quiser que opine, pois o Lula não é pessoa de bater em retirada. Estaria Marta tão forte assim junto às bases? Ou o ex-presidente visa o outro lado da moeda, quer dizer, assegurar o apoio da senadora ao ministro, caso ele venha vencer as prévias?
Orlando Silva: acusador é um 'farsante'
Ao prestar esclarecimentos no Congresso sobre as acusações de desvio de dinheiro do programa Segundo Tempo, o ministro Orlando Silva (Esporte) afirmou, durante audiência pública das comissões de Turismo e Desporto; e de Fiscalização Financeira, ter tomado decisões no sentido de solicitar que fosse aberto inquérito na Polícia Federal para investigar tudo o que foi publicado pela revista Veja, além de abrir mão dos sigilos bancário e fiscal. Ele afirmou que pretende desmascarar esta "farsa", e que é grande sua "indignação e revolta". "Não se pode macular a vida de uma pessoa a partir de uma mentira apresentada por um farsante". Silva afirmou ainda que tomará medidas judiciais contra os que o acusaram. No momento, começaram as sabatinas dos deputados adversários.
Enquanto na Argentina a Presidenta Cristina Kirchner foi para cima da mídia golpista e assegurou a livre manifestação de pensamento a todos os argentinos, aqui o governo morre de medo da Globo.
Isso precisa ser explicado aos brasileiros.
O governo da Presidenta Dilma Rousseff vai muito bem, mas, logo o “muito bem” não será suficiente, a população vai querer participar de forma decisiva da vida política do país.
TV paga x TV aberta: Quem (de fato) ganha com a Lei 12.485?
O critério fundamental para avaliação de qualquer legislação aplicável ao setor de comunicações deve ser sempre se ela possibilita o aumento da participação de mais e diferentes vozes no debate público. Outro bom critério é verificar como se manifestam sobre ela os principais atores envolvidos.
Por Venício Lima, na Carta Maior.
*China desacelera
**geração de empregos na economia brasileira fica 16,5% abaixo do registrado entre janeiro e setembro de 2010
** na 4ª feira o Copom se reúne para decidir a nova taxa de juro
** CUT, Fiesp e economistas lançam manifesto por mais empregos e menos juros A VULGARIZAÇÃO DA BARBÁRIE - A entrevista feita com o informante da ditadura militar, cabo Anselmo, no programa Roda Vida, da TV Cultura, levado ao ar nesta 2ª feira, foi boa para o entrevistado. Descontraído, o personagem, um dos mais sombrios da vida política brasileira, buscou 'humanizar-se' repartindo sua folha corrida com a esquerda, cuja resistência legítima ao regime ameaçaria, no seu entender nebuloso, levar o país à guerra civil. Teria sido para evitá-la que ele traiu e entregou ao moedor de carne da ditadura --literalmente-- tudo e todos que dele se aproximaram. Inclusive a própria companheira. Esse, o personagem. O enredo não encontrou na forma e no conteúdo do programa um contrapeso suficiente à releitura psicopata da história. A forma trivial com que alguns o arguiram sobre a desumanidade de uma trajetória devastadora, a abordagem algo tosca de outros revelando despreparo latejante para o tema, sacramentou o tom de curiosidade do conjunto, a maioria jogando íscas, como turistas diante de um espécime raro no zoológico da história. Quem sabe ele retribui com uma cambalhota inédita? Possivelmente, aos olhos de muitos, em especial os mais jovens que não vivenciaram aquele período, o saldo tenha sido a relativização das razões em confronto. O episódio serve de alerta aos trabalhos da Comissão da Verdade. É preciso definir com precisão uma abordagem dos trabalhos que possibilite, de fato, trazer para o conhecimento e a reflexão do país, principalmente às novas gerações, o que foi e o que é o lastro de interesses racionais que propiciou a formação entre nós de um aparato dedicado a desossar seres humanos no pau de arara. A experiência do Roda Viva demonstra que é indispensável o amparo de vozes qualificadas da sociedade para expressar seus valores mais caros, aqueles que sustentam os laços da convivência compartilhada, laços humanistas, solidários e libertários, rompidos pelo horror de ontem, mas de hoje também. A Comissão da Verdade teria que chegar às salas de aula para cumprir a sua mais preciosa missão. É no confronto com esses valores, e com a atualidade que os ameaça, que a exposição da barbárie ganha dimensão pedagógica afrontada pela dialética do esclarecimento. Caso contrário, corre-se o risco de vulgarizar a sua ocorrência como mais um produto --ou celebridade-- a ser consumido e cuspido na engrenagem de uma espetacularização que empresta normalidade a qualquer coisa. Mesmo às mais abjetas. (Carta Maior; 3ª feira, 18/10/ 2011)
domingo, 16 de outubro de 2011
O VOO FRUSTADO
JUCA KFOURI.
O caso do avião fretado pelos clubes que só chegou após os jogos já terem terminado.
O caso do avião fretado pelos clubes que só chegou após os jogos já terem terminado.
O FUTEBOL BRASILEIRO já tinha três voos famosos, históricos, escandalosamente inesquecíveis: os voos da alegria promovidos pela CBF com representantes graúdos do Poder Judiciário do Rio de Janeiro convidados para as Copas do Mundo de 1994 e 1998 e o não menos célebre voo da muamba, quando a delegação da CBF chegou ao Brasil trazendo o tetracampeonato mundial e um sem- -número de artigos que os comandantes da seleção não queriam que passassem pela alfândega. Agora, temos mais um, sem a participação da CBF, embora causado por ela: o já consagrado voo que nunca chegou.
Melhor retrato da organização do futebol brasileiro seria impossível.
Primeiramente por ter sido encomendado, pois é um absurdo que se quisesse botar para jogar atletas que tinham participado da partida contra o México, na terça-feira à noite, menos de 24 horas depois no Brasil; segundamente porque o voo chegou quando os jogos já estavam terminados, porque o avião teve de voltar para a Costa Rica por falta de autorização para sobrevoar a Colômbia.
Sem se dizer que tudo porque o Campeonato Brasileiro não para quando a seleção joga, uma dessas coisas nossas, típicas de quem faz um montão para os clubes e suas ambições.
Clubes que são dirigidos por cordeiros incapazes até de fazer um avião fretado cumprir o seu papel. Quer dizer, cordeiros na subserviência, mas verdadeiras águias para defender seus próprios interesses, que raramente são os dos torcedores.
E que não são homens o suficiente nem sequer para fazer com que a própria CBF trate de devolver seus jogadores a tempo e a hora, embora, repitamos, tenha sido um absurdo o Flamengo tentar que Ronaldinho Gaúcho enfrentasse o Palmeiras (por mais que sua ausência tenha colaborado para a perda de dois pontos obrigatórios e que devem ser postos nas contas de dona Patrícia Amorim e seu novo amor Ricardo Teixeira) e que o Botafogo quisesse que Jefferson jogasse no lugar de Renan, de resto um dos maiores responsáveis pela ótima vitória sobre o líder Corinthians.
Absurdo comparável à escalação do hiperdesgastado Neymar contra o Galo, como se no Santos ele fosse visto como Super-Homem, o que está longe de ser. Azar do Botafogo que o pegará descansado. É isso. O tempo passa, o tempo voa e o futebol brasileiro continua muito longe de uma boa.
Melhor retrato da organização do futebol brasileiro seria impossível.
Primeiramente por ter sido encomendado, pois é um absurdo que se quisesse botar para jogar atletas que tinham participado da partida contra o México, na terça-feira à noite, menos de 24 horas depois no Brasil; segundamente porque o voo chegou quando os jogos já estavam terminados, porque o avião teve de voltar para a Costa Rica por falta de autorização para sobrevoar a Colômbia.
Sem se dizer que tudo porque o Campeonato Brasileiro não para quando a seleção joga, uma dessas coisas nossas, típicas de quem faz um montão para os clubes e suas ambições.
Clubes que são dirigidos por cordeiros incapazes até de fazer um avião fretado cumprir o seu papel. Quer dizer, cordeiros na subserviência, mas verdadeiras águias para defender seus próprios interesses, que raramente são os dos torcedores.
E que não são homens o suficiente nem sequer para fazer com que a própria CBF trate de devolver seus jogadores a tempo e a hora, embora, repitamos, tenha sido um absurdo o Flamengo tentar que Ronaldinho Gaúcho enfrentasse o Palmeiras (por mais que sua ausência tenha colaborado para a perda de dois pontos obrigatórios e que devem ser postos nas contas de dona Patrícia Amorim e seu novo amor Ricardo Teixeira) e que o Botafogo quisesse que Jefferson jogasse no lugar de Renan, de resto um dos maiores responsáveis pela ótima vitória sobre o líder Corinthians.
Absurdo comparável à escalação do hiperdesgastado Neymar contra o Galo, como se no Santos ele fosse visto como Super-Homem, o que está longe de ser. Azar do Botafogo que o pegará descansado. É isso. O tempo passa, o tempo voa e o futebol brasileiro continua muito longe de uma boa.
TOSTÃO
Lógica da incerteza.
Lógica da incerteza.
Os craques, com poucas exceções, só brilham quando atuam em equipes com ótimo conjunto.
O Botafogo venceu e foi superior ao Corinthians, que jogou muito bem e ganhou do Atlético-GO, que deu um baile no Botafogo. É a dança das vitórias e das derrotas.
Mudam pouco as posições na tabela. É a lógica da incerteza, o caos organizado.
Na coluna anterior, escrevi que, além do equilíbrio, uma das causas de tanta irregularidade é a ausência de um futebol coletivo consistente, constante, e que a maioria das partidas é decidida em lances isolados, erros de árbitros, expulsões e pelo acaso -situações comuns, frequentes, que acontecem a favor e contra todas as equipes.
O Botafogo mereceu a vitória sobre o Corinthians, mas o imponderável também entrou em campo. No primeiro gol, após um belo contra-ataque, a bola bateu no defensor e caiu na cabeça de Loco Abreu, livre. No segundo, a bola desviou no zagueiro antes de entrar.
Quanto mais o acaso aparece, mais os operatórios o desprezam. O ser humano, prepotente e racional, vê o acaso como uma afronta ao conhecimento.
Como não sou torcedor nem comentarista de melhores momentos e gosto do futebol coletivo, bem jogado, organizado, com troca de passes, não posso achar que o Brasileirão é ótimo. Há equilíbrio, emoção, boas partidas, bons jogadores, mas não há um ótimo time.
A seleção carece também de um bom futebol coletivo. Os gols saem de lances isolados, às vezes belíssimos, como os dois contra o México. Isso não dá nenhuma segurança, ainda mais que falta mais qualidade no meio-campo e no ataque.
Só se forma uma grande equipe com craques e ótimo conjunto. Os grandes talentos, com poucas exceções, brilham apenas em times organizados. Enganam-se os que acham que eles não precisam ter funções definidas em campo. É o contrário. Sentem-se mais seguros. Na Copa de 1970, até Pelé tinha obrigações táticas. E as cumpria. Para ser um craque, é necessário, além de talento individual, ter talento coletivo. É a capacidade de ver o que está em volta, saber o que é bom para o time e fazer coisas para ajudar o companheiro. O craque pensa nele e nos outros. Faz isso porque sabe que precisa da equipe para ter sucesso e não porque seja desambicioso, um franciscano. A ambição é característica dos grandes talentos.
Renato, do Botafogo, tem muito talento coletivo. Dos que vi jogar, Gerson foi o que mais tinha essa qualidade. Jogava como se estivesse vendo a partida da arquibancada. Enxergava até o que ainda não tinha ocorrido.
Mudam pouco as posições na tabela. É a lógica da incerteza, o caos organizado.
Na coluna anterior, escrevi que, além do equilíbrio, uma das causas de tanta irregularidade é a ausência de um futebol coletivo consistente, constante, e que a maioria das partidas é decidida em lances isolados, erros de árbitros, expulsões e pelo acaso -situações comuns, frequentes, que acontecem a favor e contra todas as equipes.
O Botafogo mereceu a vitória sobre o Corinthians, mas o imponderável também entrou em campo. No primeiro gol, após um belo contra-ataque, a bola bateu no defensor e caiu na cabeça de Loco Abreu, livre. No segundo, a bola desviou no zagueiro antes de entrar.
Quanto mais o acaso aparece, mais os operatórios o desprezam. O ser humano, prepotente e racional, vê o acaso como uma afronta ao conhecimento.
Como não sou torcedor nem comentarista de melhores momentos e gosto do futebol coletivo, bem jogado, organizado, com troca de passes, não posso achar que o Brasileirão é ótimo. Há equilíbrio, emoção, boas partidas, bons jogadores, mas não há um ótimo time.
A seleção carece também de um bom futebol coletivo. Os gols saem de lances isolados, às vezes belíssimos, como os dois contra o México. Isso não dá nenhuma segurança, ainda mais que falta mais qualidade no meio-campo e no ataque.
Só se forma uma grande equipe com craques e ótimo conjunto. Os grandes talentos, com poucas exceções, brilham apenas em times organizados. Enganam-se os que acham que eles não precisam ter funções definidas em campo. É o contrário. Sentem-se mais seguros. Na Copa de 1970, até Pelé tinha obrigações táticas. E as cumpria. Para ser um craque, é necessário, além de talento individual, ter talento coletivo. É a capacidade de ver o que está em volta, saber o que é bom para o time e fazer coisas para ajudar o companheiro. O craque pensa nele e nos outros. Faz isso porque sabe que precisa da equipe para ter sucesso e não porque seja desambicioso, um franciscano. A ambição é característica dos grandes talentos.
Renato, do Botafogo, tem muito talento coletivo. Dos que vi jogar, Gerson foi o que mais tinha essa qualidade. Jogava como se estivesse vendo a partida da arquibancada. Enxergava até o que ainda não tinha ocorrido.
POLÍTICA SEM SONHOS
FERREIRA GULLARNinguém sabe ao certo quem é Kassab nem o que será este partido, o PSD, que não diz a que vem.
Estou longe de me ver como um comentarista político, de modo que as considerações que às vezes faço aqui, em torno desse assunto, na verdade atendem à necessidade que tenho, como qualquer pessoa, de entender o que está acontecendo e pode ser que atendam também à necessidade de um ou outro leitor. De qualquer maneira, além do mais, me divirto com isso, já que pensar -certo ou errado- é a minha cachaça. E foi assim que, meses atrás, levantei aqui a hipótese de que os dois partidos nascidos de uma discordância ideológica radical com o regime militar -PT e PSDB- já esgotaram sua vida útil e, agora, surgiram novas lideranças, com outra história e outra visão do problema político, do modo de formulá-lo e conduzi-lo.
Dizendo de outra maneira: a nova geração de políticos, que vem substituir a de Fernando Henrique, Lula e José Serra, não teve que enfrentar a ditadura, não conheceu o exílio e, por essa e outras razões, tem uma visão menos ideológica, mais pragmática das questões políticas e sociais. Em razão disso, Serra não chegará à Presidência da República e o PT, se continua no poder, é porque já deixou de ser um partido (pretensamente) revolucionário: hoje é um partido sem compromissos ideológicos, que, para se manter no poder, aliou-se a cobras e lagartos, do PC do B, que já nada tem de comunista, aos evangélicos do bispo Macedo.
Pois bem, e não é que, de repente, Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo, inventa um outro partido que, segundo ele mesmo, não era nem de direita, nem de esquerda, nem de centro? Alguém diria então que não era um partido. Essa foi minha conclusão, em face da primeira notícia, uma vez que os partidos nascem para pôr em prática uma opção política ou ideológica. Então, que partido seria esse, que vinha para defender nada, sem tomar nenhuma posição? Ele agora diz que o PSD é de centro.
Em abril deste ano, quando Kassab anunciou a criação do PSD, escrevi uma crônica qualificando-o de oportunista por inventar um partido que, sem projeto para o país, visa somente o poder.
Errando e aprendendo. Para minha surpresa, porém -e de muita gente mais-, o partido inventado por Gilberto Kassab cresceu em seis meses de maneira surpreendente, a ponto de se tornar, ao que tudo indica, a terceira maior representação na Câmara dos Deputados, desbancando o PSDB.
Realmente, não fui o único a me espantar, e não era para menos. Às vésperas de findar o prazo para a inscrição de candidaturas às eleições do ano que vem, o número de prefeitos filiados ao PSD chegava a 600, e o de vereadores, a mais de 6.000. Segundo a avaliação dos entendidos, o PSD lançará cerca de 12 mil candidatos a vereador e 1.400 candidatos a prefeito.
Isso significa que milhares de políticos, filiados a outros partidos, os abandonaram para se inscreverem no partido de Kassab. Dezenas de prefeitos dos mais diversos Estados deixaram seus partidos e a ele se filiaram. Os governadores do Amazonas e de Santa Catarina também mudaram de barco, arrastando consigo prefeitos, deputados e vereadores. Ao que tudo indica, o PSD se tornará em breve o terceiro maior partido do país.
Qual a razão disso? Como se explica tal fenômeno? Certamente haverá mais de uma razão para que tanta gente deixe seu partido e embarque numa aventura como essa, já que ninguém sabe ao certo quem é Kassab nem o que será esse partido, que não diz a que vem. Surpresa maior ainda foi, no apagar das luzes, a filiação de Henrique Meirelles, presidente do Banco Central durante o governo Lula que pertencera ao PSDB e depois ao PMDB. Ele transferiu seu título de eleitor de Goiânia para São Paulo a fim de se candidatar, pela novel agremiação, a prefeito da capital paulista. Mas ele afirma que sua filiação ao PSD não tem objetivo eleitoral, pois visa tão somente ajudar na construção de um grande partido nacional. Ou seja, o lugar está vago.
Se vai fazê-lo ou não, pouco importa. O que fica evidente, porém, é que Kassab, ao se dar conta do vácuo político surgido do esgotamento do PT e do PSDB, viu que era chegada a hora de criar um partido que, ao contrário daqueles, não se define ideologicamente e no qual, por isso mesmo, cabe todo mundo.
Dizendo de outra maneira: a nova geração de políticos, que vem substituir a de Fernando Henrique, Lula e José Serra, não teve que enfrentar a ditadura, não conheceu o exílio e, por essa e outras razões, tem uma visão menos ideológica, mais pragmática das questões políticas e sociais. Em razão disso, Serra não chegará à Presidência da República e o PT, se continua no poder, é porque já deixou de ser um partido (pretensamente) revolucionário: hoje é um partido sem compromissos ideológicos, que, para se manter no poder, aliou-se a cobras e lagartos, do PC do B, que já nada tem de comunista, aos evangélicos do bispo Macedo.
Pois bem, e não é que, de repente, Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo, inventa um outro partido que, segundo ele mesmo, não era nem de direita, nem de esquerda, nem de centro? Alguém diria então que não era um partido. Essa foi minha conclusão, em face da primeira notícia, uma vez que os partidos nascem para pôr em prática uma opção política ou ideológica. Então, que partido seria esse, que vinha para defender nada, sem tomar nenhuma posição? Ele agora diz que o PSD é de centro.
Em abril deste ano, quando Kassab anunciou a criação do PSD, escrevi uma crônica qualificando-o de oportunista por inventar um partido que, sem projeto para o país, visa somente o poder.
Errando e aprendendo. Para minha surpresa, porém -e de muita gente mais-, o partido inventado por Gilberto Kassab cresceu em seis meses de maneira surpreendente, a ponto de se tornar, ao que tudo indica, a terceira maior representação na Câmara dos Deputados, desbancando o PSDB.
Realmente, não fui o único a me espantar, e não era para menos. Às vésperas de findar o prazo para a inscrição de candidaturas às eleições do ano que vem, o número de prefeitos filiados ao PSD chegava a 600, e o de vereadores, a mais de 6.000. Segundo a avaliação dos entendidos, o PSD lançará cerca de 12 mil candidatos a vereador e 1.400 candidatos a prefeito.
Isso significa que milhares de políticos, filiados a outros partidos, os abandonaram para se inscreverem no partido de Kassab. Dezenas de prefeitos dos mais diversos Estados deixaram seus partidos e a ele se filiaram. Os governadores do Amazonas e de Santa Catarina também mudaram de barco, arrastando consigo prefeitos, deputados e vereadores. Ao que tudo indica, o PSD se tornará em breve o terceiro maior partido do país.
Qual a razão disso? Como se explica tal fenômeno? Certamente haverá mais de uma razão para que tanta gente deixe seu partido e embarque numa aventura como essa, já que ninguém sabe ao certo quem é Kassab nem o que será esse partido, que não diz a que vem. Surpresa maior ainda foi, no apagar das luzes, a filiação de Henrique Meirelles, presidente do Banco Central durante o governo Lula que pertencera ao PSDB e depois ao PMDB. Ele transferiu seu título de eleitor de Goiânia para São Paulo a fim de se candidatar, pela novel agremiação, a prefeito da capital paulista. Mas ele afirma que sua filiação ao PSD não tem objetivo eleitoral, pois visa tão somente ajudar na construção de um grande partido nacional. Ou seja, o lugar está vago.
Se vai fazê-lo ou não, pouco importa. O que fica evidente, porém, é que Kassab, ao se dar conta do vácuo político surgido do esgotamento do PT e do PSDB, viu que era chegada a hora de criar um partido que, ao contrário daqueles, não se define ideologicamente e no qual, por isso mesmo, cabe todo mundo.
ORDEM DADA
Aliados de Andres Sanchez afirmam que, antes de enviar o diretor administrativo do clube, André Luiz de Oliveira, à Inglaterra, o presidente corintiano deu uma ordem ao dirigente: trazer Tevez na bagagem de volta. Dizem que Andres acredita que as bases salariais pedidas pelo atacante devem ser menores agora, o que favorece o negócio. André viajou para a Inglaterra, onde se encontrará com Edu Gaspar e Kia Joorabichian.
Aprendizado. O objetivo oficial da viagem de André Luiz de Oliveira à Europa é que ele visite os principais estádios da Inglaterra, ganhe conhecimento e o aplique depois no Itaquerão. Ele já viajara ao exterior anteriormente com o mesmo objetivo.
Futuro. O diretor administrativo deve integrar, com Andres Sanchez, uma comissão de obras do Itaquerão no caso de Mario Gobbi, candidato da situação, vencer as eleições do clube. O pleito está previsto para ocorrer em fevereiro do próximo ano.
Tudo, menos isso. Dirigentes palmeirenses afirmam que o presidente Arnaldo Tirone atenderá o pedido de Luiz Felipe Scolari de afastar Kleber do time com receio de perder o técnico para um rival, como São Paulo ou Corinthians, e de ele vir a ter sucesso em uma dessas equipes.
O passado condena. Lembram que esse fato já aconteceu com Muricy Ramalho e com Vanderlei Luxemburgo. Muricy saiu do Palmeiras e foi campeão brasileiro com o Fluminense, e Luxemburgo está no Flamengo, disputando o título da competição nacional.
Curtiu. Repercutiu bem na Fifa a indicação de Vicente Cândido (PT-SP) para ser relator da Lei Geral da Copa na Câmara dos Deputados, embora ele seja do mesmo partido da presidente Dilma Rousseff, irredutível nas negociações com a entidade.
Mesmo time. Membros da federação entendem que o parlamentar, que também é vice-presidente da Federação Paulista de Futebol, é do meio e irá compreender os pedidos de alteração no projeto.
Brincadeira... Cartolas são-paulinos e corintianos criticaram os ataques públicos feitos por Juvenal Juvêncio e Andres Sanchez, quarta-feira. Alegam que as ofensas são pessoais e não envolvem a rivalidade entre os clubes.
...tem hora. Lembram ainda que essa discussão pública incita a torcida à violência, e ela ocorre após um jogador palmeirense ter sido agredido por torcedores.
No limite. Diretores do São Paulo defendem o presidente do clube. Alegam que Juvenal Juvêncio ficou quieto por muito tempo, enquanto os corintianos falavam barbaridades do São Paulo.
Aprendizado. O objetivo oficial da viagem de André Luiz de Oliveira à Europa é que ele visite os principais estádios da Inglaterra, ganhe conhecimento e o aplique depois no Itaquerão. Ele já viajara ao exterior anteriormente com o mesmo objetivo.
Futuro. O diretor administrativo deve integrar, com Andres Sanchez, uma comissão de obras do Itaquerão no caso de Mario Gobbi, candidato da situação, vencer as eleições do clube. O pleito está previsto para ocorrer em fevereiro do próximo ano.
Tudo, menos isso. Dirigentes palmeirenses afirmam que o presidente Arnaldo Tirone atenderá o pedido de Luiz Felipe Scolari de afastar Kleber do time com receio de perder o técnico para um rival, como São Paulo ou Corinthians, e de ele vir a ter sucesso em uma dessas equipes.
O passado condena. Lembram que esse fato já aconteceu com Muricy Ramalho e com Vanderlei Luxemburgo. Muricy saiu do Palmeiras e foi campeão brasileiro com o Fluminense, e Luxemburgo está no Flamengo, disputando o título da competição nacional.
Curtiu. Repercutiu bem na Fifa a indicação de Vicente Cândido (PT-SP) para ser relator da Lei Geral da Copa na Câmara dos Deputados, embora ele seja do mesmo partido da presidente Dilma Rousseff, irredutível nas negociações com a entidade.
Mesmo time. Membros da federação entendem que o parlamentar, que também é vice-presidente da Federação Paulista de Futebol, é do meio e irá compreender os pedidos de alteração no projeto.
Brincadeira... Cartolas são-paulinos e corintianos criticaram os ataques públicos feitos por Juvenal Juvêncio e Andres Sanchez, quarta-feira. Alegam que as ofensas são pessoais e não envolvem a rivalidade entre os clubes.
...tem hora. Lembram ainda que essa discussão pública incita a torcida à violência, e ela ocorre após um jogador palmeirense ter sido agredido por torcedores.
No limite. Diretores do São Paulo defendem o presidente do clube. Alegam que Juvenal Juvêncio ficou quieto por muito tempo, enquanto os corintianos falavam barbaridades do São Paulo.
Ciclo ameaça ambiente, dizem ONGs.Ambientalistas apoiam o desenvolvimento na Amazônia, mas consideram que os projetos atuais são uma volta ao modelo exploratório implantado pelo governo militar.
"Só estão pensando no que dá para tirar de lá", diz Roberto Smeraldi, diretor da Amigos da Terra. Para ele, o governo abriu mão do desenvolvimento regional e sustentável preocupado somente em como dar suporte ao crescimento econômico do país nos próximos anos.
Segundo Telma Monteiro, especialista em energia da Kanindé, há estudos indicando que terá início uma nova fase de desmatamento, aumentando as emissões de carbono.
"Isso sem contar o caos social que será implantado nas cidades", diz Monteiro. "Esse custo nunca é calculado nos estudos." Em Porto Velho (RO), onde estão sendo construídas as usinas hidrelétricas de Jirau e de Santo Antônio, já há 120 mil pessoas a mais que foram atraídas pelas promessas de trabalho. Resultado: não há vagas nas escolas, e os hospitais não suportam a demanda. A cidade continua sem água e esgoto.
"Na BR-163, que já foi considerada um modelo de projeto sustentável, ninguém pensa mais nos problemas decorrentes da ocupação irregular em torno da rodovia e os conflitos que isso traz", diz Brent Millikan, diretor da International Rivers.
Para ele, as mudanças em curso são uma afronta à democracia e à legislação vigente. "Licenças ambientais, que deveriam ser atestados de segurança dos projetos, hoje são consideradas um atraso. É esse o projeto de desenvolvimento que vamos apoiar?", indaga Millikan.
"Só estão pensando no que dá para tirar de lá", diz Roberto Smeraldi, diretor da Amigos da Terra. Para ele, o governo abriu mão do desenvolvimento regional e sustentável preocupado somente em como dar suporte ao crescimento econômico do país nos próximos anos.
Segundo Telma Monteiro, especialista em energia da Kanindé, há estudos indicando que terá início uma nova fase de desmatamento, aumentando as emissões de carbono.
"Isso sem contar o caos social que será implantado nas cidades", diz Monteiro. "Esse custo nunca é calculado nos estudos." Em Porto Velho (RO), onde estão sendo construídas as usinas hidrelétricas de Jirau e de Santo Antônio, já há 120 mil pessoas a mais que foram atraídas pelas promessas de trabalho. Resultado: não há vagas nas escolas, e os hospitais não suportam a demanda. A cidade continua sem água e esgoto.
"Na BR-163, que já foi considerada um modelo de projeto sustentável, ninguém pensa mais nos problemas decorrentes da ocupação irregular em torno da rodovia e os conflitos que isso traz", diz Brent Millikan, diretor da International Rivers.
Para ele, as mudanças em curso são uma afronta à democracia e à legislação vigente. "Licenças ambientais, que deveriam ser atestados de segurança dos projetos, hoje são consideradas um atraso. É esse o projeto de desenvolvimento que vamos apoiar?", indaga Millikan.
Saída pelo Norte vira nova opção ao porto de Santos.Até safra 2012-2013, exportação de grãos pela Amazônia deve dobrar.
Ao transpor a floresta, custo do agronegócio cai; país será maior fornecedor de alimento do mundo em dez anos.O porto de Santos (SP), principal porta de exportação do país, perderá importância nos próximos anos com os investimentos que já começam a ser feitos na Amazônia.
O volume de grãos (milho e soja) exportados pelos portos da região deve dobrar até a safra de 2012-2013, passando de 5,2 milhões de toneladas para 11,8 milhões. Isso será possível com a ampliação dos portos de Santarém e Belém (PA) e Itaqui (MA). Até 2020, o investimento público e privado previsto para a criação de corredores de exportação, construção e ampliação de terminais portuários no chamado "arco Norte" será de R$ 3,2 bilhões.
Hoje, as principais portas de saída do agronegócio são os portos de Santos, Paranaguá (PR) e Vitória (ES), que, juntos, respondem por 60% das exportações do setor. Pelos terminais portuários da Amazônia saem 7 milhões de toneladas, 12% do total.
"É um contrassenso", diz Luiz Antônio Fayet, assessor para assuntos de logística da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). "A zona produtora avançou rumo ao norte, mas a infraestrutura de transporte não acompanhou esse movimento, fazendo com que o excedente da produção tenha de seguir para o sul numa logística cara e ineficiente."
Essa situação fez com que o custo de transporte do Brasil entre a lavoura e o porto se tornasse um dos mais altos do mundo. Segundo a Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais), o custo médio da tonelada de grão no país é de US$ 85, enquanto na Argentina e nos EUA ele é de US$ 20 e US$ 23, respectivamente.
Estima-se que, com os novos projetos no "arco Norte", os custos logísticos do Brasil se aproximem dos dos seus dois principais concorrentes.
Se isso ocorrer, um produtor em Sinop (MT), por exemplo, poderá ter ganhos de até R$ 8 por saca. Isso representa uma melhoria na rentabilidade do produtor, estimulando novos investimentos na produção no Centro-Oeste.
FRETE MENOR
Há outras vantagens. Exportando pelo "arco Norte" e não pelos portos do Sul e do Sudeste, a distância percorrida pela produção agrícola do Centro-Oeste seria mil quilômetros menor, o que representa quatro dias a menos no tempo de navegação entre o Norte e Roterdã, o principal porto da Europa. Resultado: redução no custo do frete. Essa diferença será fundamental para o Brasil, que deverá ser o maior fornecedor de alimentos no mundo em uma década, segundo projeções da CNA.
MINÉRIOS
As mudanças também estimulam os produtores de minérios. Segundo o Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração), a Amazônia receberá R$ 53,7 bilhões em investimentos privados no setor, o que representa 46% do total. O número não considera as novas descobertas. O Serviço Geológico do Brasil já está concluindo a maior e mais detalhada pesquisa do potencial do subsolo amazônico.
"É provável que esse levantamento revele uma nova província mineral, como a de Carajás, sob a floresta", diz Marcelo Ribeiro Tunes, diretor de assuntos minerais do Ibram. "Isso vai induzir novos sistemas de logística na região amazônica", diz.
Ao transpor a floresta, custo do agronegócio cai; país será maior fornecedor de alimento do mundo em dez anos.O porto de Santos (SP), principal porta de exportação do país, perderá importância nos próximos anos com os investimentos que já começam a ser feitos na Amazônia.
O volume de grãos (milho e soja) exportados pelos portos da região deve dobrar até a safra de 2012-2013, passando de 5,2 milhões de toneladas para 11,8 milhões. Isso será possível com a ampliação dos portos de Santarém e Belém (PA) e Itaqui (MA). Até 2020, o investimento público e privado previsto para a criação de corredores de exportação, construção e ampliação de terminais portuários no chamado "arco Norte" será de R$ 3,2 bilhões.
Hoje, as principais portas de saída do agronegócio são os portos de Santos, Paranaguá (PR) e Vitória (ES), que, juntos, respondem por 60% das exportações do setor. Pelos terminais portuários da Amazônia saem 7 milhões de toneladas, 12% do total.
"É um contrassenso", diz Luiz Antônio Fayet, assessor para assuntos de logística da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). "A zona produtora avançou rumo ao norte, mas a infraestrutura de transporte não acompanhou esse movimento, fazendo com que o excedente da produção tenha de seguir para o sul numa logística cara e ineficiente."
Essa situação fez com que o custo de transporte do Brasil entre a lavoura e o porto se tornasse um dos mais altos do mundo. Segundo a Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais), o custo médio da tonelada de grão no país é de US$ 85, enquanto na Argentina e nos EUA ele é de US$ 20 e US$ 23, respectivamente.
Estima-se que, com os novos projetos no "arco Norte", os custos logísticos do Brasil se aproximem dos dos seus dois principais concorrentes.
Se isso ocorrer, um produtor em Sinop (MT), por exemplo, poderá ter ganhos de até R$ 8 por saca. Isso representa uma melhoria na rentabilidade do produtor, estimulando novos investimentos na produção no Centro-Oeste.
FRETE MENOR
Há outras vantagens. Exportando pelo "arco Norte" e não pelos portos do Sul e do Sudeste, a distância percorrida pela produção agrícola do Centro-Oeste seria mil quilômetros menor, o que representa quatro dias a menos no tempo de navegação entre o Norte e Roterdã, o principal porto da Europa. Resultado: redução no custo do frete. Essa diferença será fundamental para o Brasil, que deverá ser o maior fornecedor de alimentos no mundo em uma década, segundo projeções da CNA.
MINÉRIOS
As mudanças também estimulam os produtores de minérios. Segundo o Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração), a Amazônia receberá R$ 53,7 bilhões em investimentos privados no setor, o que representa 46% do total. O número não considera as novas descobertas. O Serviço Geológico do Brasil já está concluindo a maior e mais detalhada pesquisa do potencial do subsolo amazônico.
"É provável que esse levantamento revele uma nova província mineral, como a de Carajás, sob a floresta", diz Marcelo Ribeiro Tunes, diretor de assuntos minerais do Ibram. "Isso vai induzir novos sistemas de logística na região amazônica", diz.
Obras na Amazônia atraem 7 'trens-bala'.Investimentos somam, pelo menos, R$ 212 bilhões e criam novo ciclo de expansão econômica na região.
Plano cria saída para o agronegócio exportador e uma nova estrutura para geração de energia e exploração mineral.
JULIO WIZIACK
AGNALDO BRITO
O governo federal e o setor privado inauguraram um novo ciclo de desenvolvimento e ocupação da Amazônia Legal, onde vivem 24,4 milhões de pessoas e que representa só 8% do PIB brasileiro.
O pacote de investimento para os nove Estados da região até 2020 já soma R$ 212 bilhões. Parte já foi realizada. O valor deverá subir quando a totalidade dos projetos tiver orçamentos definidos.
Esse volume de recursos equivale a sete projetos do TAV (Trem de Alta Velocidade), pouco mais de quatro vezes o total de capital estrangeiro atraído pelo Brasil em 2010 e duas vezes o investimento da Petrobras para o pré-sal até 2015. Excluindo o total do investimento do país no pré-sal, os recursos a serem aportados na Amazônia praticamente vão se equiparar aos do Sudeste, principal polo industrial do país.
É o que indica levantamento feito pela Folha com base no PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) e nos principais projetos privados em andamento.
Basicamente, são obras de infraestrutura (energia, transporte e mineração). Juntas, elas criarão condições para a instalação de indústrias e darão origem a um corredor de exportação pelo "arco Norte", que vai de Porto Velho (RO), passando por Amazonas, Pará, até o Maranhão.
Essa movimentação de cargas será feita por uma malha logística integrada por rodovias, ferrovias e hidrovias que reduzirão custos de exportação, principalmente para o agronegócio, que hoje basicamente utiliza os portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR).
ENERGIA AMAZÔNICA
O setor elétrico é a força motriz dessa onda de investimento. As principais hidrelétricas planejadas pelo governo serão instaladas na região e, com elas, também se viabilizarão as hidrovias.
Projetos como Belo Monte (PA), Jirau e Santo Antônio (RO), Teles Pires e o complexo do Tapajós (PA) fazem parte desse novo ciclo de ocupação, acelerando o processo que se iniciou ainda sob a batuta do governo militar. A Amazônia, que hoje participa com 10% da geração de energia no país, passará a 23%, até 2020. Em uma década, ela será responsável por 45% do aumento da oferta de energia no sistema elétrico brasileiro e se tornará um dos motores do crescimento.
CONTROVÉRSIAS
Para acelerar a implantação dos projetos, o governo federal estuda uma série de mudanças legais. Entre elas estão a concessão expressa de licenças ambientais, a criação de leis que permitam a exploração mineral em áreas indígenas e a alteração do regime de administração de áreas de preservação ambiental.
Há ainda no Congresso um projeto de lei que, caso seja aprovado, tornará obrigatória a construção de hidrelétricas juntamente com as eclusas, viabilizando o transporte hidroviário.
O atual modelo prevê a construção das usinas e somente a apresentação do projeto da eclusa, obra que deve ser feita pelo governo. O avanço sobre a Amazônia gera controvérsias entre ambientalistas, que acusam o governo de repetir um modelo de desenvolvimento não sustentável e que conduz a região ao colapso social. Para os ambientalistas, as obras das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, em Porto Velho (RO), e de Belo Monte, em Altamira (PA) são exemplos.
Plano cria saída para o agronegócio exportador e uma nova estrutura para geração de energia e exploração mineral.
JULIO WIZIACK
AGNALDO BRITO
O governo federal e o setor privado inauguraram um novo ciclo de desenvolvimento e ocupação da Amazônia Legal, onde vivem 24,4 milhões de pessoas e que representa só 8% do PIB brasileiro.
O pacote de investimento para os nove Estados da região até 2020 já soma R$ 212 bilhões. Parte já foi realizada. O valor deverá subir quando a totalidade dos projetos tiver orçamentos definidos.
Esse volume de recursos equivale a sete projetos do TAV (Trem de Alta Velocidade), pouco mais de quatro vezes o total de capital estrangeiro atraído pelo Brasil em 2010 e duas vezes o investimento da Petrobras para o pré-sal até 2015. Excluindo o total do investimento do país no pré-sal, os recursos a serem aportados na Amazônia praticamente vão se equiparar aos do Sudeste, principal polo industrial do país.
É o que indica levantamento feito pela Folha com base no PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) e nos principais projetos privados em andamento.
Basicamente, são obras de infraestrutura (energia, transporte e mineração). Juntas, elas criarão condições para a instalação de indústrias e darão origem a um corredor de exportação pelo "arco Norte", que vai de Porto Velho (RO), passando por Amazonas, Pará, até o Maranhão.
Essa movimentação de cargas será feita por uma malha logística integrada por rodovias, ferrovias e hidrovias que reduzirão custos de exportação, principalmente para o agronegócio, que hoje basicamente utiliza os portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR).
ENERGIA AMAZÔNICA
O setor elétrico é a força motriz dessa onda de investimento. As principais hidrelétricas planejadas pelo governo serão instaladas na região e, com elas, também se viabilizarão as hidrovias.
Projetos como Belo Monte (PA), Jirau e Santo Antônio (RO), Teles Pires e o complexo do Tapajós (PA) fazem parte desse novo ciclo de ocupação, acelerando o processo que se iniciou ainda sob a batuta do governo militar. A Amazônia, que hoje participa com 10% da geração de energia no país, passará a 23%, até 2020. Em uma década, ela será responsável por 45% do aumento da oferta de energia no sistema elétrico brasileiro e se tornará um dos motores do crescimento.
CONTROVÉRSIAS
Para acelerar a implantação dos projetos, o governo federal estuda uma série de mudanças legais. Entre elas estão a concessão expressa de licenças ambientais, a criação de leis que permitam a exploração mineral em áreas indígenas e a alteração do regime de administração de áreas de preservação ambiental.
Há ainda no Congresso um projeto de lei que, caso seja aprovado, tornará obrigatória a construção de hidrelétricas juntamente com as eclusas, viabilizando o transporte hidroviário.
O atual modelo prevê a construção das usinas e somente a apresentação do projeto da eclusa, obra que deve ser feita pelo governo. O avanço sobre a Amazônia gera controvérsias entre ambientalistas, que acusam o governo de repetir um modelo de desenvolvimento não sustentável e que conduz a região ao colapso social. Para os ambientalistas, as obras das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, em Porto Velho (RO), e de Belo Monte, em Altamira (PA) são exemplos.
O governo e o setor privado inauguraram novo ciclo de desenvolvimento e ocupação da Amazônia Legal, que tem 24,4 milhões de habitantes e representa só 8% do PIB, informam Julio Wiziack e Agnaldo Brito. O pacote de investimentos planejado para os nove Estados da região até 2020 já soma R$ 212 bilhões, segundo levantamento feito pela Folha com base no PAC e nos principais projetos privados em andamento.
AS MANCHETES DO DIA . . .
Veja as manchetes dos principais jornais e revistas neste domingo
* Jornais nacionais
Folha de S.Paulo
Amazônia vira motor de desenvolvimento
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Agora S.Paulo
Veja como escapar do desconto do fator no benefício
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O Estado de S.Paulo
Brasil não sabe quanto custará a Copa
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Jornal do Brasil
Restaurante que explodiu tinha mangueira de gás emendada
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O Globo
Gastos com proteção social já superam investimentos
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Correio Braziliense
A corrida do brasiliense para a bolsa de valores
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Estado de Minas
Homem é assassinado dentro de ambulância
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Jornal do Commercio
Por dentro do Enem
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Diário do Nordeste
Falta de mão de obra ameaça crescimento; em 2010, 24% das vagas no CE ficaram ociosas
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Extra
Como economizar ao renovar a matrícula de seu filho na escola
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Zero Hora
Volks avalia credenciais do RS para receber fábrica
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* Revistas
Veja
Projeto verão
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Época
Brasil, o país do otimismo
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IstoÉ
A prova de fogo do Enem
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IstoÉ Dinheiro
Tombini mostra suas armas
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Carta Capital
Paranoia verde-oliva
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* Jornais internacionais
The New York Times (EUA)
Para isolar o Irã, Obama pressiona inspetores nucleares
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The Sunday Times (Reino Unido)
A oferta secreta da China para salvar o euro
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Le Monde (França)
Mundial de Rúgbi 2011: duelo de vizinhos entre All Blacks e Wallabies
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China Daily (China)
Crescimento econômico deve atingir 9,4%
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El País (Espanha)
Movimento dos indignados renasce como uma força global
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Clarín (Argentina)
River mantém invencibilidade e a ponta em Córdoba .
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