Por Carlos Chagas
A dúvida é saber se estão explodindo de medo ou de raiva. Fala-se dos cultores dessa receita que exige mais impostos, redução de salários, demissões em massa e supressão de investimentos sociais como forma de combater crises econômicas. São chamados de neoliberais mas já tiveram outras denominações, através dos tempos. Quanto mais insistem, mais são postos em frangalhos. Tome-se o fim de semana que passou: multidões nas ruas de 950 cidades, protestando e até incendiando. O grito de basta ecoando em cada praça, avenida ou esquina de todos os continentes. Escondidos atrás da polícia e de nuvens de gás lacrimogêneo, mobilizam a fatia dos meios de comunicação que dominam, na tentativa de adiar o inevitável. No caso, a transparência de serem os culpados pela crise que assola o planeta.
Tome-se a realidade brasileira. Em meio ao julgamento de seus crimes, os neoliberais apelam para a desfaçatez de argumentos canhestros. Do fundo do baú de ossos acabam de retirar a falácia de que toda a crise deve-se à prevalência do Bolsa-Família e de outras políticas públicas sobre os investimentos financeiros. Insurgem-se contra o fato de que o governo aplicou 114 bilhões na ajuda social contra 44,6 bilhões em obras entregues a empreiteiras, sem falar na ciranda dos bancos.
Ignoram ser a ajuda social o mais precioso dos investimentos de qualquer nação, em especial as mais pobres e carentes. Estão chamando de insustentável a política de reajuste do salário mínimo acima da inflação. Reivindicam isenção de impostos para o capital especulativo sob o pretexto de uma falsa criação de empregos. Que vão para as profundezas...
MAIS DO QUE NOTAS OFICIAIS
Está o ministro dos Esportes, Orlando Silva, na obrigação de ir além da nota oficial divulgada depois das acusações apresentadas na revista Veja sobre supostos atos de corrupção por ele praticados. É preciso que insista junto ao ministro da Justiça para a Polícia Federal montar acampamento em seu gabinete, esquadrinhando gavetas e computadores, de forma a inocenta-lo ou concluir por sua culpa. Deixar as coisas restritas a um texto de defesa, não dá.
ONDE NÃO IMITAR O LULA
Viajou para a África a presidente Dilma Rousseff, dentro da política iniciada pelo Lula, de abertura para aquele continente. África do Sul, Moçambique e Angola estão no roteiro, esperando-se apenas que ao visitar aqueles países ela não repita o Lula num comentário especial. Porque o ex-presidente, impressionado com o desenvolvimento e a arquitetura de uma das cidades onde esteve, comentou com o anfitrião ofendido: “nem parece a África...”
A realidade que Dilma encontrará nos países referidos é bem outra de anos atrás. Em especial naqueles onde prevalece a língua portuguesa.
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