sexta-feira, 19 de novembro de 2010

DILMA OUVIU MARIA DA CONCEIÇÃO

Mantega fica; Meirelles vai
Por Luiz Carlos Azenha
Tudo indica que a futura presidente ouviu Maria da Conceição Tavares, segundo a qual a conjuntura econômica pede uma equipe “coesa” (para ver, clique aqui).
Guido Mantega fica na Fazenda; tudo indica que, apesar do lobby, Henrique Meirelles sai do Banco Central.
Meirelles plantou em O Globo e no Estadão que só ficaria com mais “autonomia”. Puro jogo de cena de quem não conseguiu o que queria.
E o Jobim, será que o lobby dele dará resultado?
Aguardem: vem aí o rolo compressor da mídia com Dilma “terrorista”, “assaltante” e o diabo.

ESPAÇOSSO

RECORDE HISTÓRICO
Brasil cria 2,4 milhões de empregos até outubro: um milhão de vagas a mais do que no último ano de FHC.[Carta Maior,19-11]
DISPOSITIVO DEMOTUCANO FAZ POOL COM O PAU-DE-ARARA
GLOBO DIVULGA DOSSIÊ DA DITADURA CONTRA DILMA 'AUDITOR NÃO PERGUNTOU QUAIS TINHAM SIDO AS SEVÍCIAS'NEM A MÍDIA NUNCA SE INTERESSOU POR ELAS... Trecho: 'Em depoimento à Justiça Militar, em 21 de outubro de 1970, Dilma contou ao juiz da 1ª Auditoria da 2ª Circunscrição Judiciária Militar que foi seviciada quando esteve presa no Dops, em São Paulo. O auditor não perguntou quais tinham sido as sevícias. No interrogatório, Dilma explicou ao juiz por que aderiu à luta armada. O trecho do depoimento é este: "Que se declara marxista-leninista e, por isto mesmo, em função de uma análise da realidade brasileira, na qual constatou a existência de desequilíbrios regionais [e] de renda, o que provoca a crescente miséria da maioria da população, ao lado da magnitude [da] riqueza de uns poucos que detêm o poder e impedem, através da repressão policial, da qual hoje a interroganda é vítima, todas as lutas de libertação e emancipação do povo brasileiro... [diante] dessa ditadura institucionalizada optou pelo caminho socialista" (Leia mais sobre os documentos avidamente cobiçados pelo dispositivo midiático na campanha eleitoral, bem como 'O Roteiro do Terceiro Turno')
AMNÉSIA NEOLIBERAL: COMO O TIGRE CELTA VIROU UM HAITI FINANCEIRO Nos anos 80 e 90, a palavra ‘Irlanda’ era pronunciada com a reverencia reservada aos quitutes finos nos banquetes neoliberais. O ‘ajuste irlandês’, iguaria produzida a partir de uma receita de cortes brutais nos gastos públicos, demissão em massa de funcionalismo e isenções maciças de impostos, era vendido nas praças de alimentação do mundo pobre como o cardápio da hora. A Irlanda era por assim dizer a garota do quarteirão do Consenso de Washingnton. Ombrear-se a ela seria possível, mas exigiria uma aplicação de ferro, explicavam os colunistas urbi et orbe, inclusive os ventrílocos nativos que agora demonstram súbita amnésia em relação ao passado desta que é a bola da vez da derrocada européia. Recapitulemos. [Leia mais]
MILITANCIA, SÓ A DO DISPOSITIVO MIDIÁTICO
"O partido estima que tem 230 mil filiados, mas não sabe exatamente quem são nem onde estão É um cadastro morto, fictício..." [Sergio Guerra, presidente do PSDB sobre o engajamento partidário; Estadão, 19-11)
(Carta Maior, 19-11)
 

NOTÍCIAS DO DIA

terça-feira, 16 de novembro de 2010

A SOLUÇÃO É PRA HOJE

CONSELHO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

QUATRO ANOS DE ILEGALIDADE.
O funcionamento regular de um órgão auxiliar do Congresso Nacional, composto por representantes dos empresários, de categorias profissionais de comunicação e da sociedade civil, com a atribuição de debater normas constitucionais e questões centrais do setor, não interessaria à democracia?

FOI O RONALDO

Finalmente desvendado o mistério: foi Ronaldo o responsável pelo rombo de R$ 2,5 bilhões no banco PanAmericano. Oficialmente, a alegação é de que ele vai interpretar um ladrão de bancos num filme ruim, o que justificaria o desfalque (no banco, não nos campos). Mas, extra-oficialmente, este blog apurou que parte dessa fortuna foi usada para pagar os salários fenomenais que Ronaldo recebe do Corinthians (que tem o PanAmericano entre seus 247 patrocinadores). Já a outra parte foi gasta, obviamente, em baladas e em churrascarias… Aí é sacanagem, né? Eu também quero… Chama o Roque!
O Ronaldo tempos atrás fez um acordo com o Silvio Santos para receber, entorno de 50 Milhões de Reais em 3 anos de contrato. O nosso Presidente Corintiano avalisou o negócio com a compra de, aproximadamente 40% do Panamericano pela Caixa Econômica Federal. Nesta hora o Amigo Pessoal e investidor da Fundação Lula, Ike Batista, deve estar se tornando Sócio da CEF com a compra do passivo do Banco do Baú.

O BOTAFOGO E A SOLUÇÃO DE NOVO PROBLEMA

BLOG DO DENI MENEZES - O reporter de oito Copas do Mundo.Como se não bastasse a preocupação com os jogos que restam para o time manter a esperança de vaga na Libertadores e fechar bem o ano, eis que o Botafogo se vê diante de novo problema com Jobson, que está fazendo de tudo para jogar a carreira pela janela. O clube tem sido paciente e tolerante, penso que até demais, com as faltas que o jogador comete. Poderia tê-lo deixado de lado logo na primeira e que foi a mais grave, mas estendeu-lhe a mão. E continuou a ajudá-lo, dentro e fora de campo, para a recuperação.
Um trabalho bonito e, além de consciente, humanitário. O Botafogo não vê só a recuperação do profissional, mas a do homem, pensando na garantia do futuro e não apenas de quem pode dar e receber alegria enquanto a carreira está no auge. Pena que o jogador não esteja entendendo assim. Jobson voltou a faltar, foi punido com multa no salário e, ainda assim, o presidente Maurício Assumpção – na minha opinião, repito, o dirigente do ano – voltou a lhe estender a mão, compreensivo e complacente com o novo erro do atacante.
”Jobson fica no Botafogo, a menos que algum clube queira pagar a multa de 14 milhões de reais ” - disse ele, ontem.
Punido com 10% de multa no salário de novembro e  tendo que treinar também em separado, além da atividade normal com o grupo, Jobson foi recriminado pelos companheiros, embora vá continuar contando com o apoio de todos. A seguir, o que ele disse:
”Dormi demais, perdi a hora. Foi a primeira vez que faltei a um treino. Não estou com cabeça para jogar. Apanho muito porque tudo o que faço e até o que dizem que faço, embora eu não faça, é motivo para me baterem forte”.
”Se fiz coisa errada no passado, tenho que pagar. Sei que dei mole no passado, mas hoje sou outra pessoa e ninguém quer entender só porque dormi demais e não fui treinar. Não aguento mais. É muita pressão numa cabeça só.”
”Acato a decisão do clube e reconheço o que o clube sempre fez e faz por mim. Tenho cinco anos de contrato e só não vou cumprir se o clube não quiser. Eu também me multaria se faltasse a um treino. Dormi demais, perdi a hora, foi só.”
”Quando se faz um gol, coisa linda, maravilhosa. Quando se perde, é fominha. O futebol é assim mesmo e acho que não vai mudar nem mesmo se um dia a bola deixar de ser redonda. Paciência.”
Com dois jogos seguidos no Engenhão – Internacional e Grêmio Prudente – e tendo que sair só na última rodada para jogar com o Grêmio, o Botafogo tem que ganhar os três e ainda assim não estará garantido na Libertadores por estar em desvantagem no ítem que desempata: vitória. Tem 13; o Grêmio (54 pontos) tem 14 e o Atlético Paranaense, com quem empata em pontos (56) tem 16.
O Botafogo é o único que não perdeu em casa. No Engenhão, 6 vitórias e 11 derrotas. A única derrota que sofreu no Rio foi no Maracanã – 1 a 0 para o Flamengo -, na oitava rodada, na noite de quinta-feira 15 de julho, no primeiro jogo depois da Copa do Mundo e com o gol de um jogador – Paulo Sergio -, que só disputou aquele jogo e logo foi negociado com um time pequeno de Portugal.
O Botafogo perdeu um de seus jogadores mais importantes para os três jogos finais do ano: o meio-campo Marcelo Matos foi operado de urgência, no final da noite de ontem – segunda-feira -, após uma crise de apendicite – inflamação do apêndice – e só voltará a jogar em 2011. Foi o segundo caso médico dele no semestre, depois de ter sido submetido à cirurgia no joelho em que teve recuperação rápida. O zagueiro Antonio Carlos e o meio-campo Somália e, possivelmente, o lateral Marcelo Cordeiro voltarão ao time domingo. O goleiro Jeferson está com a seleção brasileira no Qatar e o atacante Loco Abreu com a seleção uruguaia que faz amistoso amanhã no Chile e só retornam aos treinos sexta-feira.

O SENADOR E A JORNALISTA VI

- Su, é a Santa.
- Menina, tá viva?
- Sim, estou aqui em Brasília.
- Já faz tempo, heim?
- Oito meses.
- E o trabalho?
- É duro. Começo bem cedo, faço uma entrada ao vivo para o telejornal da manhã, gravo dois flashs para a programação local e faço uma reportagem para o telejornal da hora do almoço. Às vezes passo das duas, quando tenho que deixar alguma coisa gravada. E, uma vez por semana, gravo no estúdio para um programa da TV a cabo.
- Nossa, quanta coisa....
- É uma exploração o que eles fazem com a gente aqui. Você acredita que o meu salário é o piso de jornalista?
- Verdade?
- E se não quiser, tem fila para ficar com a vaga.
- Covardes, não?
- Nem me fale...
- E o bofe?
- Já estou cansada dele, mas liga duas vezes por semana e toda quinta-feira à noite nos encontramos.
- E o que faz nos fins de semana?
- Às vezes saio com uma colega, mas a cidade é muito chata. E você, Su?
- Na mesma. De casa para o trabalho, do trabalho para a casa. Faço meus shows no fim de semana e quando meu negrão quer passo a noite com ele.
- Su, preciso te contar uma coisa.
- É? Diga.
- Acho que estou grávida. (continua)
A TESOURA CEGA DA ORTODOXA O gasto de custeio do governo federal --um dos alvos prediletos da tesoura ortodoxa movida pelo figurino do Estado mínimo- cresceu 21,6% até setembro deste ano; o investimento público, em contrapartida, deu um salto de 56,6% no período. Não se faz investimento público sem técnicos, economistas, administradores, engenheiros, enfim, sem um aparato público profissional, de alta competencia técnica. Sobretudo, não se constrói um projeto de desenvolvimento sem escolas. No gasto de custeio registrado em 2010, por sinal, um dos maiores saltos ocorreu no item 'educação': aumento de 35,4% sobre igual período de 2009. Para impulsionar a educação são necessários professores, serviços de manutenção etc. A tesoura linear da ortodoxia não enxerga nada disso. Por aí se vê o quanto há de fraude na defesa neoliberal da escola como trampolim de mobilidade social. parece ser apenas um biombo para ofuscar o engessamento de classes na sociedade capitalista (com informações Valor).  (Carta Maior, 16-11)
  1. Participação das classes sociais na massa de renda (%)
  2. Em 2002 (FHC)
  3. Classe A - 30%
  4. Classe C - 28%
  5. Classe B - 21%
  6. Classe D - 15%
  7. Classe E - 6%
  8. Em 2010 (Lula)
  9. Clas se C - 31%
  10. Cl asse D - 28%
  11. Classe B - 24%
  12. Classe A - 16%
  13. Classe E - 1%
  14. Resumindo:
  15. Sa ída da Pobreza - Classe E diminui
  16. Ascensão Social - Classes C e D aumentam, e muito...
  17. Classes C e D detêm 60% da massa de renda nacional...
  18. E isso INCOMODA...

MASSIVO

A mídia tentou um terceiro turno com as falhas do ENEM e não poupou tintas nem celulose na empreitada. No dia da República, 15 de novembro, a coroar tamanho esforço, um grupo de estudantes saiu em passeata pela Av. Paulista em 'protesto contra o Enem'. A mobilização foi feita pela internet. Segundo a Polícia Militar, havia 200 participantes.

MÃOS AO ALTO !!

Bolsa família é emergencial, inclusão de fato se dará com politicas de descentralização economica, reforma agrária produtiva com investimentos em infra-estrutura e capacitação, ou seja núcleos produtivos. Agropecuária, em parceria com governo, sem direito a propriedade da terra, tendo o governo como comprador dos alimentos para estoque regulador, para  que se evite a especulação.
Educação, saúde, moradias dignas com saneamento etc, ou seja desentralização!
Pois qualquer humano necessita de alimento, moradia e roupas, independente de ser rico ou pobre. Um rico chora tão alto quanto o pobre quando está com fome.
Eliminar a fome, é minimizar problemas de saúde e educação.
É básico. Se um governo consegue fazer isto, está fazendo bastante deve ser apoiado.

QUANTO VALE UM POBRE ?

LAMBIDO DA FOLHA DE SÃO PAULO.
Em 2006, nos cafundós do Piauí, tive a infelicidade de perguntar ao filho adolescente de uma beneficiária do Bolsa Família quantas vezes por semana eles conseguiam comer alguma proteína. "Não sei o que é isso", foi a resposta.
"Carne. Vocês comem carne?" Ao que respondeu: "De vez em quando a gente acerta um passarinho".
A maior promessa de Dilma Rousseff como presidente é erradicar a pobreza. De propósito ou não, ela usou o termo "miséria" ao fazê-lo.
Especialistas no assunto e o próprio MDS (Ministério do Desenvolvimento Social), responsável pelo Bolsa Família, usam os termos "pobre" e "indigente".
Assim, é pobre e elegível ao Bolsa Família grupos familiares com renda mensal per capita inferior a R$ 140. Se uma família de quatro pessoas vive com R$ 400 ela é pobre (precisaria de R$ 560 ou mais para deixar essa classificação).
Já os indigentes são os que têm renda familiar per capita mensal abaixo de R$ 70.
Os valores são ridículos. Equivalem a R$ 4,60 por dia (um maço de Malrboro para o pobre) e R$ 2,30 (menos que uma passagem de ônibus em SP para o indigente).
O MDS reconhece que o ideal seria usar o valor do salário mínimo como referência. Assim, uma família de quatro pessoas deixaria de ser pobre quando recebesse (via rendimentos do trabalho e/ou benefícios sociais) R$ 2.040,00, ou R$ 510 por cabeça.
A meta de Dilma com a atual definição de pobreza (abaixo dos R$ 140) é factível e não custaria tanto.
Vista de maneira mais honesta, porém, não seria nada sensacional. Virariam "ex-pobres" os que passassem a viver com os R$ 4,60 ou mais ao dia.
Segundo cálculos do Centro de Políticas Sociais da FGV, o Brasil teria de investir mais R$ 21,3 bilhões ao ano (em cima dos R$ 13,4 bilhões do Bolsa Família) para atingir esse objetivo.
Somados, os quase R$ 35 bilhões corresponderiam a apenas 1% do PIB e chegariam a mais de 80 milhões de pessoas.
Como comparação, nos primeiros oito meses de 2010 o governo separou R$ 50 bilhões para pagar juros de sua dívida. Proporcionalmente, os que receberam em juros esses R$ 50 bilhões são um grão de brasileiros diante de um mar de conterrâneos pobres.

Leo Caldas/Folhapress
O pescador Flavio de Mesquita com mulher e filhos em Porto de Pedras (AL), um dos locais mais pobres do país; beneficiários do Bolsa Família, ainda passam fome.
O pescador Flavio de Mesquita com mulher e filhos em Porto de Pedras (AL), um dos locais mais pobres do país.
O quadro abaixo mostra que o total de pobres e indigentes no Brasil caiu à metade nos últimos dez anos. E mostra onde eles ainda se concentram.
A partir de 2003, mais de dois terços (71%) da redução de pobres se deu porque o mercado de trabalho melhorou. Foram quase 14 milhões de novos empregos formais sob Lula.
Até 2008, para cada 1 ponto de crescimento do PIB, a ocupação também crescia 1 ponto. Hoje, essa proporção caiu quase à metade, pois houve ganhos de produtividade (um mesmo número de trabalhadores passou a produzir mais).
Assim, é de se esperar que o governo Dilma invista mais dinheiro público na área social se quiser mesmo erradicar a pobreza.
Outra questão, nada trivial, é se Dilma se contentará com o atual critério, equivalente ao Malrboro e à passagem de ônibus por dia.
Isso quem deve nos dizer é Dilma. E sua consciência.
Editoria de arte/Folhapress
Fonte: Censo de 2000, atualizado pelas Pnads (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) até 2009. Elaboração Marcelo Neri, CPS/FGV-RJ

OS POBRES

COALIZÃO DEMOTUCANA BOICOTA OS POBRES DE SP
Há pelo menos 226 mil famílias pobres no País com direito a receber benefícios do Bolsa- Família, mas ainda sem acesso ao programa. A defasagem decorre em grande parte do reduzido cadastramento em São Paulo, o Estado com a mais baixa cobertura no país: apenas 77,93% do número de pobres estimado pelo IBGE recebe o benefício, de acordo com o l Ministério de Desenvolvimento Social. O quadro é mais grave ainda no município de São Paulo, que teria cadastrado menos da metade (40,57%) dos pobres indicados pelos dados do IBGE (Estadão; 16-11)

O NOVO MUNDO

Para além dos objetivos geoestratégicos dos EUA de reforçar um contrapeso para o furacão China, o que importa diretamente ao Brasil no apoio que Barack Obama deu publicamente à entrada da Índia no Conselho de Segurança da ONU é que foi o primeiro aval ostensivo da maior potência mudial à reforma do conselho.
Como está evidente, não apenas para o Planalto e para o Itamaraty, mas também para a oposição interna e para as publicações internacionais, é que, em havendo a reforma, o Brasil estará naturalmente dentro. Portanto, a batalha brasileira é pela reforma antes de mais nada.
Aliás, não apenas ele e a Índia estarão dentro, mas também o Japão e a Alemanha, caracterizando a sonhada inclusão da América Latina e a ampliação do espaço da Ásia e da Europa. E quanto à África? Aí o problema é mais complicado, porque três países se estapeiam por uma cadeira no conselho: África do Sul, Nigéria e Egito. Um anula o outro.
Lula passou oito anos fazendo estripulias internacionais (em meio a enormes êxitos, é verdade) para emplacar o Brasil como membro permanente do Conselho de Segurança, sem sucesso. Mas Dilma Rousseff poderá ter melhor sorte. O caminho está aplainado. Agora, é uma questão de tempo.
Fazem parte do conselho hoje os EUA, a França, o Reino Unido, a Rússia e a China, que recebem o reforço de outros países, inclusive do Brasil, em sistema de rodízio. Essa configuração, que reflete o mundo de 1945, é um dos fatores de descrédito e de crescente perda de influência da ONU. Mas os cinco temem que a entrada de "concorrentes" regionais possa subtrair-lhes poder.
Daí porque, quando Obama acena com a entrada da Índia, ele dá o "start" para o debate real da reforma e cria condições para a oxigenação do ainda principal organismo internacional. Com a inclusão de novos membros e representando melhor o novo equilíbrio mundial, dificilmente, por exemplo, George W. Bush teria ficado tão à vontade para invadir o Iraque sem autorização do conselho e, pior ainda, sob pretextos fajutos!
O Brasil, além de comemorar o precedente, aproveita também para marcar mais uma vez sua posição de independência em relação a Washington. A indicação da Índia foi considerada uma "boa notícia", mas com a ressalva e aquela pitadinha maliciosa de que, se a Índia é um dos principais parceiros norte-americanos, o Brasil "não precisa de padrinho". Tem força própria para entrar pelos próprios méritos.
Isso, em si, já indica que tipo de conselho, que tipo de ONU e que tipo de mundo o governo brasileiro de hoje e de amanhã vislumbra: com o Brasil (entre outros) mandando mais e os EUA mandando cada vez menos.

EU QUERO É SABER ?

O passado da Folh@..
Seria interessante o público saber quantas peruas a famíglia Fri@s cedeu para transporte dos presos políticos à tortura?
Quais foram os militantes torturados e assassinados com sua ajuda
Quais as mentiras da ditadura que a Folh@ divulgou nas suas páginas?
Quais eram as relações de "doutor" Fri@s com os generais golpistas e com os órgãos de repressão?
Ele ajudou a financiar a Oban?
Quanto doou?
Como a ditadura militar retribuiu o apoio da família Fri@s ?

NOTÍCIAS DO DIA

Vejas as manchetes dos principais jornais desta terça-feira
* Jornais nacionais.
O Estado de S.Paulo
Dilma prepara reajuste do Bolsa-Família acima do INPC
Jornal do Brasil
Gays acham ataque ranço da ditadura
O Globo
Falta de CTI mata 8 pessoas por dia em hospitais do Rio
Valor Econômico
Documento oficial alerta para desindustrialização
Correio Braziliense
Nem a Justiça garante vaga em UTIs do DF
Estado de Minas
Somente 10% das agressões a crianças são denunciadas
Zero Hora
Debates do Rio Grande
* Jornais internacionais.
The New York Times (EUA)
Europa teme que crise de débito esteja pronta para se espalhar
The Guardian (Reino Unido)
Ou Irlanda aceita ajuda da União Europeia ou uma crise irá se armar
Le Figaro (França)
A batalha do centro é lançada
Le Monde (França)
O novo governo Fillon
El País (Espanha)
A incerteza sobre o resgate da Irlanda põe em risco Portugal
Clarín (Argentina)
Foram 15 os deputados que receberam ofertas do Governo

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

LIBERDADE

Os latifundiários consideravam (e alguns até hoje consideram) os negros animais de "raça" e, assim, eram tratados como bovinos ou equinos, sendo inclusive negociados como tais. Desta forma, os donos das terras tinham de despender com "ração" (hoje denominada "salário in natura"), tratar as doenças, etc, para manter os escravos em condições físicas ideais para o trabalho braçal. Além disso, havia o risco de fuga, que, quando ocorria, causava prejuízos financeiros aos proprietários rurais.
Com os adventos da chamada "abolição" e da imigração estrangeira, que aumentou a oferta de mão-de-obra, os latifundiários foram gradativamente se desonerando das obrigações de manutenção dos empregados (negros e brancos) em suas próprias terras, passando apenas a remunerá-los em dinheiro, ou seja, pagando um salário cujo valor era inferior aos gastos efetuados na época da escravidão formal.
Isto aconteceu no Brasil, nas últimas décadas do império e no início da república, nas regiões dos cafezais no Estado de São Paulo, por exemplo.
Qualquer semelhança com o que acontece, hoje, nas regiões do agronegócio fundado na monocultura e no latifúndio, não é mera coincidência.

COLÔNIA, MONARQUIA, REPÚBLICA

PACTOS DE ELITE NA HISTORIA BRASILEIRA

Tivemos a proclamação da República mais de seis décadas depois da independência, porque esta nos levou de Colônia à Monarquia pelas mãos do monarca português, que ainda nos ofendeu, com as palavras – que repetíamos burocraticamente na escola- “antes que algum aventureiro o faça”. Aventureiros éramos nós, algum outro Tiradentes, ou algum Bolívar, Artigas, Sucre, San Martin O´Higgins, que lideraram revoluções de independência nos seus países, expulsando os colonizadores em processos articulados dos países da região.
Foi o primeiro pacto de elite da nossa história, em que as elites mudam a forma da dominação, para imprimir continuidade a ela, sob outra forma política. Neste caso, impôs-se a monarquia. Tivemos dois monarcas descendentes da família imperial portuguesa, ao invés da República, construindo estados nacionais independentes, expulsando os colonizadores ao invés do “jeitinho” da conciliação.
Como sempre acontece com os pactos de elite, o povo é quem paga o seu preço. Enquanto nos outros países do continente, as guerras de independência terminaram imediatamente com a escravidão, esta se prolongou no Brasil, fazendo com que fossemos o último país a terminar com ela, prolongando-a por várias décadas mais. Nesse intervalo de tempo foi proclamada a Lei de Terras, de 1850, que legalizou – mediante a grilagem, aquela falcatrua em que o documento forjado é deixado na gaveta e o cocô do grilo faz parecer um documento antigo – todas as terras nas mãos dos latifundiários. Assim, quando finalmente terminou a escravidão, não havia terras para os escravos, que se tornaram livres, mas pobres, submetidos à exploração dos donos fajutos das terras.
Dessa forma, a questão colonial se articulou com a questão racial e com a questão agrária. Esse pacto de elite responde pelo prolongado poder do latifúndio e pela discriminação contra a primeira geração de trabalhadores no Brasil, os negros que, trazidos à força da África vieram para produzir riquezas para a nobreza européia como classe inferior. Desqualificava-se ao mesmo tempo o negro e o trabalho.
A República foi proclamada como um golpe militar, que a população assistiu “bestializada”, segundo um cronista da época, sem entender do que se tratava – o segundo grande pacto de elite, que marginalizou o povo das grandes transformações históricas.

PRIMEIRO GOLPE

A proclamação da república em 1889 foi entre outras coisas resultado do descontentamento de parte das elites com a abolição da escravatura ocorrida um ano antes. Os proprietários de escravos desejavam indenização por seu "prejuízo", e não foram atendidos. Estas elites que até então respeitaram o imperador D. Pedro II, não desejavam que a Princesa Isabel se tornasse a nova imperatriz do Brasil (na época também havia muita fofoca contra a sucessora do trono; dizia-se que quem iria governar de fato seria seu marido o Conde D´Eu, francês antipático aos olhos da população).
A proclamação da república foi o primeiro golpe militar, e que instalou no poder um regime militar opressor. Não deveria ser comemorada.
Grande parte da população humilde da época passou a considerar uma mudança para pior (como no arraial de Canudos, onde se defendia a volta da Monarquia).

CRIME, CASTIGO E MÍDIAS

As mídias brasileiras em suas peças destinadas ao grande público tratam do problema da violência urbana de modo bastante irresponsável. Não raro usam de palavras chulas e preconceituosas para se referir à complexa relação entre as polícias e os criminosos.
O drama da violência urbana continua pairando sobre as cabeças do Brasil, como algo compreendido de modo torto. Nas grandes mídias, predomina a espetacularização. Esta consiste em descrever, narrar e ‘mostrar’ os fatos sem qualquer compromisso maior com suas veracidades e sem um apetite analítico profundo apreciável. Há uma forma – um modo de divulgar – que é seguida melancolicamente.
As notícias, os comentários e as imagens divulgadas constroem versões que pretendem convencer a todos que nada mais deve ser dito. As grandes mídias se postam como oniscientes e onipresentes. Elas seriam capazes de saber exatamente o que ocorreu, para além da necessidade do exame político, social e jurídico que, em alguns casos, continua após a difusão.
As mídias escolhem – pautam – o que deve ser noticiado e comentado, insistem em alguns casos e abandonam outros. Suas versões, isto é, representações, seriam pretensamente as únicas confiáveis. O crime de grande impacto social é divulgado ad nausea. Aproveita-se da comoção social e as manifestações populares são estimuladas e incorporadas ao processo de espetacularização.
No passo seguinte, as notícias vão rareando, os comentários se esvanecendo até serem sepultados. É verdade que esses podem voltar, se isto for necessário à lógica mercantil que preside o jornalismo. Isto se processa em suas imensas variações comunicacionais,

G 20 E DIRETOS HUMANOS

Sem aprofundar a dinâmica das relações entre o G20 e a ONU, a percepção do G20 nas discussões sobre os direitos humanos parece bastante conveniente, uma vez que propicia a oportunidade de abordar a temática entre países de concepções filosóficas diferenciadas, fora do âmbito institucional da ONU.
A recente reunião do Grupo dos 20 propiciou o ambiente para que se retomassem as discussões acerca de sua legitimidade e competência, vez que o Grupo é percebido em alguns círculos como um concorrente da Organização das Nações Unidas. O próprio Presidente Barack Obama proclamou o G20 como o “ponto focal para a coordenação internacional”, relegando o mandato da ONU sobre direitos humanos, igualdade de gênero, boa governança e manutenção da paz à competência do Grupo.
Sem aprofundar a dinâmica das relações entre o G20 e a ONU, a percepção do G20 nas discussões sobre os direitos humanos parece bastante conveniente, vez que propicia a oportunidade de abordar a temática entre países de concepções filosóficas diferenciadas, fora do âmbito institucional da ONU. Num momento em que a necessidade de diálogo intercultural entre as nações mostra-se urgente nas agendas domésticas e internacional, propiciar aos intelectuais de países não ocidentais voz mais ativa, em foro que emergiu da iniciativa de países em desenvolvimento, resta no mínimo interessante.
Os atentados de 11 de setembro tornaram incontestável a urgência do diálogo intercultural. De imediato, foi nas culturas que se buscou respostas para compreender as razões que levaram ao ocorrido. Paralelamente ao discurso do “choque de civilizações”, houve quem afirmasse que se trataria sim de um “conflito de indiferenças” de culturas que jamais dialogaram, ou que pelo menos não dialogaram o suficiente para a construção de um caminho de tolerância e respeito. Inseridas num contexto de globalização econômica, é quase inimaginável a existência de culturas intocáveis e protegidas de influências externas, sendo que em muitos casos as identidades culturais

O SENADOR E A JORNALISTA V

Com indicação do Senador a vaga apareceu fácil na emissora. A jovem jornalista era bonita, tinha voz boa e sabia bem como se comportar. Mas tinha muita dificuldade em juntar as partes de uma reportagem de TV. Contou com a ajuda sempre prestativa do chefe de reportagem da tarde que, depois do expediente, ía para a ilha de edição com ela, mostrava os trechos mais importantes das entrevistas e dava idéias de como fazer para amarrar o texto. E, claro, sempre que tinha chance, passava uma cantada na garota. Ela gostava de tudo, inclusive dos galanteios do experiente jornalista, casado e pai de duas lindas filhas já adultas. Numa noite, num bar, achou que podia levar aquela história adiante, só para experimentar. Dali em diante passaram a se curtir de vez em quando.
- Como vai o trabalho? Perguntou o Senador.
- Vai bem, meu amor. Acho que estou evoluindo. O Ícaro, chefe de reportagem, é um sujeito muito legal. Faz tudo o que está ao seu alcance para ajudar.
- Ah, que ótimo, respodeu o Senador, meio desinteressado.
- O que vamos fazer?
- O de sempre, oras.
- Então tá.
Os dois seguiram no carro de vidros escuros até a mansão mobiliada à venda no Lago Norte, onde estavam acostumados a se encontrar. Era sempre a mesma coisa. Ela apanhava um táxi na porta do hotel, seguia para a Asa Norte e, no ponto pré-determinando, esperava discretamente o carro dele chegar. Sempre tinha uma mochila grande com fantasias (enfermeira, coelhinha, can-can...), maquiagem, cremes e uma troca de roupa, para o caso de numa emergência o pessoal da TV chamar. Os encontros duravam algumas horas. Champagne francês nunca faltou e quase sempre os dois recebiam comida de algum restaurante, pizzaria ou lanchonete que mandavam entregar. Depois de tudo, ele sempre a deixava num posto de gasolina onde ela pegava outro táxi para voltar ao hotel. (continua)

REPÚBLICA

"O que aconteceu nesta eleição? Serra, para crescer ... (infelizmente) fez essa escolha estratégia de defender temas conservadores. Ele, assim, prestou um desserviço para o país. Até cresceu no número de votos, mas saiu menor do que entrou na campanha (....) O marqueteiro de Serra, por exemplo, copiou o que tinha de pior na (campanha) estadunidense e trouxe para o Brasil, despertando sentimentos que não são nossos e são amplamente minoritários na sociedade brasileira. Um exemplo disso é o preconceito contra os nordestinos" (Tânia Bacelar; IHU -15-11)

NOTÍCIAS DO DIA

Veja as manchetes dos principais jornais e revistas nesta segunda-feira.
* Jornais nacionais
O Estado de S.Paulo
Dilma planeja corte de impostos sobre folha de pagamento
O Globo
Obras para os jogos no Rio já complicam o trânsito
Valor Econômico
G20 deve adiar solução para conflitos cambiais
Correio Braziliense
Crise no HRAS agrava o caos na rede de UTIs
Estado de Minas
Energia do bagaço da cana já ilumina até shopping em BH
Diário do Nordeste
Quadrilha resgata 13 presos
A Tarde
Maternidades despreparadas para emitir certidão eletrônica
Extra
Flu deu mole
Zero Hora
Trânsito parado na Ponte do Guaíba atrai arrastão
* Jornais internacionais.
The New York Times (EUA)
Plano norte-americano oferece caminho para encerrar conflito afegão
The Washington Post (EUA)
Democratas da nova guarda procuram mudanças no Senado
The Times (Reino Unido)
Liberdade para os Chandler - por um preço
The Guardian (Reino Unido)
Índice de felicidade no Reino Unido irá medir o humor nacional
Le Figaro (França)
Sarkozy-Fillon: a nova etapa
China Daily (China)
APEC expande horizontes
El País (Espanha)
Investigadores de Gürtel buscam 30 milhões da rede nos EUA
Clarín (Argentina)
Houve acordo com Uruguai para os controles em Botnia.

domingo, 14 de novembro de 2010

VAQUINHA DA FIEL

JOSÉ GERALDO COUTO
E se o "bando de loucos" se cotizar pelo Brasil afora para financiar o estádio da Copa do Mundo-2014?
ESTAMOS DIANTE de uma situação absurda. A CBF, a Prefeitura de São Paulo e o governo do Estado decidiram que o estádio que abrirá a Copa do Mundo de 2014 será o do Corinthians, o Itaquerão ou Fielzão, que nem começou a ser construído.
Não, não é esse o absurdo. O absurdo é que ninguém sabe de onde virão os R$ 250 milhões que faltam para custear a ampliação do futuro estádio, de 48 mil para 60 mil lugares, de modo a atender a exigência da Fifa. Pelo projeto original, a obra, a ser realizada pela construtora Odebrecht com ajuda do BNDES, custaria R$ 400 milhões.
Ou seja: a CBF, o prefeito de São Paulo e o governador do Estado deram aval a uma aposta no escuro, uma conta que não bate, um rombo a céu aberto, um convite ao desastre. Todos garantem que a verba faltante não sairá dos cofres públicos. Faltou dizer como se produzirá o milagre da multiplicação dos assentos ou dos reais.
Diante desse quadro insólito, dessa leviandade sem tamanho dos nossos dirigentes esportivos e políticos, resolvi sugerir uma solução, digamos, heterodoxa: por que não fazer uma vaquinha entre os torcedores do Corinthians para cobrir essa "pequena" diferença?
A ideia não é original. Pelo menos um antecedente célebre mostra a sua viabilidade.
Em meados dos anos 20, quando o Vasco da Gama era discriminado pelos outros clubes por aceitar atletas negros em seu elenco, inventou-se que o time não podia participar da liga carioca porque não dispunha de estádio próprio.
Mais do que depressa, a diretoria cruzmaltina empreendeu uma enorme campanha de arrecadação de fundos junto à comunidade luso-brasileira. Padeiros, sapateiros, comerciantes, operários, todos deram seu quinhão.
Resultado: em 1927 o Vasco inaugurou em São Januário o então maior estádio do Brasil (condição que só viria a perder em 1940, com a abertura do Pacaembu).
Uma pesquisa feita pelo Ibope para o jornal "Lance!" atestou que a torcida corintiana soma 25,8 milhões de adeptos em todo o país (só perde para a do Flamengo, com 33,2 milhões).
Se cada corintiano doar R$ 10, dará para completar o orçamento do Fielzão e ainda sobrarão uns trocados. "Trocados"? Com esses R$ 8 milhões poderiam ser impressos diplomas para os fiéis doadores. Delírio? Bem, para situações irracionais, respostas delirantes.
Afinal, não é um bando de loucos?

ESTADIOS DA COPA - NATAL

DOIS TÍTULOS E UM SÓ PRECONCEITO


Por Edurdo Guimarães, do Blog da Cidadania.
É ilegal, inconstitucional e pervertido o que fez a Folha de São Paulo na quinta (11) e na sexta-feira (12). Publicou dois textos cujos títulos denunciam seus autores. Ambos foram publicados na seção Tendências / Debates, na página A3.
Leandro Narloch (dia 11) é  jornalista e autor do livro "Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil" (LeYa). Foi repórter do "Jornal da Tarde" e da revista "Veja". Seu texto tem como título  “Sim, eu tenho preconceito
Janaina Conceição Paschoal é advogada e professora associada de direito penal na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Seu texto tem como título “Em defesa da estudante Mayara”.
Para sintetizar, excluindo o monte de bobagens preconceituosas e alguns dados – como descreveu uma leitora – “torturados”, Narloch rebelou-se contra o direito de voto aos nordestinos mais pobres difamados na internet por supostamente não entenderem de política, e Paschoal afirmou que quem inspirou Mayara a pregar assassinato de nordestinos foi Lula, argumentando para que não a punam por isso.
Não importa o que digam para tentarem dizer que não disseram o que efetivamente foi dito. Os títulos dos seus textos denotaram o que pensam. Um tem preconceito e a outra quer defender Mayara. Enfim, ambos distorcem fatos enquanto tentam dissimular o que escancaram num paradoxo absolutamente esquizofrênico.
Qual é o limite para o que um meio de comunicação pode fazer para aparecer e/ou para propugnar as idéias mais degeneradas que acalenta?
Quando a Folha ataca Lula, diz que ele é assassino, estuprador, cachaceiro, “tudo bem”. Lula é o presidente da República e, assim, tem muitos meios de reagir. Muitos mais do que supõe o jornal, como por exemplo um apoio dos “nordestinos” que vai além da idolatria e se fixa na racionalidade e na politização mais completas.
Agora, quando a Folha ajuda a difundir concordância e proteção a idéias racistas, segregacionistas, difamatórias, desumanas, assassinas, no mínimo, aí passa dos limites. De qualquer limite aceitável em uma sociedade que se pretenda civilizada.
O fato é que não se pode concordar mais com esse tipo de atitude.
Na última quinta-feira, na Câmara Municipal de São Paulo, participei de um ato público que ajudei a promover e que fiz de tudo para difundir desde a noite de 31 de outubro, quando o racismo explodiu de vez na internet. Foi um ato de desagravo aos nordestinos.
Não quis propugnar um ato de criminalização, nem de confrontação, nem de politização do problema. No Blog da Cidadania – que, conjunturalmente, encontra-se na UTI virtual por excesso de tráfego, mas que volta ao bom combate na próxima terça –, defendi que fosse um ato de solidariedade. O resultado foi que o racismo recrudesceu e ganhou roupagens de vítima daqueles que o combatem. Penso que está na hora de o Movimento dos Sem Mídia, Organização que presido, propor atitudes de confrontação ao crime ideológico organizado. Não nos furtaremos ao papel que a história tem nos delegado.

PERIQUITO?!?!

FLU A LIDERANÇA A UM PERIQUITO DE DISTANCIA
Tá mais pra canarinho com emblema da CBF no peito e do Corinthians nas costas. 
O Corithians na Libertadores e um circo tem palhaço sim senhor, tem uns bando de louco agora só falta a tenda o fielzão, digo mais, os corinthianos lutam tanto por ter uma Libertadores só pra tentar “homologar” aquele “Mundialito” fajuto como disse o Roberto Carlos! É como se alguém entrasse em Medicina na USP sem ter prestado vestibular!

OLURUN EKE E A REPÚBLICA INCOMPLETA

No Dia da Consciência Negra, é preciso repudiar a História do Brasil como um suceder de arranjos, combinações, "jeitinhos" em que o conflito nunca aparece ou, se vem à tona, é considerado como "coisa externa à nossa gente".
Ao incluir o Dia da Consciência Negra no calendário escolar, a lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, não propiciou apenas um resgate da história dos povos negros. Foi bem além. Ensejou a necessidade de um novo olhar sobre culturas que, ao contrário da postulação ocidental, não colocam a questão da Verdade, de conteúdos absolutos e inarredáveis, de essências escondidas atrás de formas ou aparências. Sua riqueza é de outra ordem. E talvez este seja o significado mais profundo do dia 20 de novembro: memória e resistência como possibilidades históricas.
Para os que estudam a cultura afro-brasileira, é importante registrar a dinâmica de suas origens. Nelas, observamos uma espécie de culto da forma pela forma, algo como a valorização das dimensões plásticas. Seus mitos, rituais, danças, jogos e orações não remetem a quaisquer referências que lhes sejam exteriores, não expressam "outra coisa", não são aparências de uma essência. Portanto não podem ser “decifrados”, “interpretados" ou "descobertos", como ainda pretendem algumas de nossas teorias da cultura, herdeiras do ranço etnocêntrico do velho colonizador.
É o que apreciamos na aparentemente inconciliável visão de mundo que parece existir em alguns poetas negros, como Solano Trindade (1908-1974). Em versos como "A minha bandeira/ É da cor de sangue/ Olurun Eke/ Da cor da revolução/ Olurun Eke", há uma estranheza que parece apontar para ausência de sentido lógico. Pura ilusão. O que lemos são instantes culturais, sínteses de uma vida vivida, de um artista ao sentir a realidade trágica do que é ser negro, também no Brasil.
Na verdade, do ponto de vista dos afro-descendentes, as expressões artísticas são mais para serem percebidas sensorialmente, vistas com a Alma, do que para serem "entendidas". Existe, portanto, uma defasagem entre aquilo que se quer dizer de um lado, e o que se consegue transmitir na realidade. É exatamente neste espaço que o negro brasileiro consegue criar as coisas mais bonitas de sua produção simbólica e de maior valor para sua negritude.
Ser negro no Brasil de 2010 é, culturalmente, assumir a Alma Popular: é pensar a partir do ponto de vista do povo. É, sobretudo, estabelecer sintonia ideológica com as classes sociais que foram exploradas durante nossos 510 anos de história. O grande saque que se iniciou com a invasão portuguesa, por causa do pau-brasil, continuou e prosperou até depois da Independência, sempre a beneficiar os brancos. Consolidou-se com a Abolição/Proclamação da República, e continua até os nossos dias.
No terceiro milênio, da perspectiva do negro, a paz, objetivo perseguido por toda a espécie humana, passa necessariamente pela resolução dos problemas que o grande saque, ocidental e cristão, criou para a negritude. No Dia da Consciência Negra, é preciso repudiar a História do Brasil como um suceder de arranjos, combinações, "jeitinhos" em que o conflito nunca aparece ou, se vem à tona, é considerado como "coisa externa à nossa gente".
O processo de desestruturação do mito da “democracia racial” no campo teórico tem avançado muito nos últimos anos. Já no terreno social e da luta política, apesar das políticas públicas implementadas recentemente, o atraso ainda é considerável. Por isso, é necessário resgatar a memória histórica dos negros, em todos os tempos e sentidos. Olurun Eke, para que a República seja proclamada em definitivo.

O SENADOR E A JORNALISTA IV

- Vamos pela orla, respondeu Santa.
Enquanto o carro seguia veloz, a jovem jornalista fazia planos. Faria carreira de repórter de política em Brasília. Se tudo desse certo poderia até se casar. O Senador seria apenas a ponte para um caminho seguro. Rico e maduro, não daria um pingo de trabalho, desde que ela soubesse como levar. Mas teria que ser bastante cuidadosa, para ninguém desconfiar. Em Brasília? Difícil...
- Boa tarde.
- Tenho uma reserva.
- Preencha esta ficha, por favor.
- Claro.
- Aqui estão as chaves. O apartamento é o 1202.
- Obrigada.
O hotel era no Plano Piloto. Da varanda avistava-se a Esplanada dos Ministérios e lá no final o Congresso Nacional. A emissora era próxima. Durante algum tempo era ali que ela iria morar.
- Alô.
- Fez boa viagem, meu bem?
- Oi meu amor, fiz sim. Quando vamos nos ver.
- Na quinta-feira combinamos como fazer.
- E até lá eu faço o quê?
- Alugue um carro, passeie, vá às compras. Aproveite! Você ainda está com aquele cartão de crédito que deixei com você?
- Sim.
- Então agora ele é todo seu, pode gastar.
- É mesmo?
- É mesmo. (continua)

CUSTOS

30 milhões de brasileiros (15,5% da população) vivem com menos de R$ 140 ao mês. É a régua de corte oficial para caracterizar nossos pobres e miseráveis. Há dez anos, eram 57 milhões (33,3%). Resgatá-los da exclusão para um piso mínimo de sobrevivência (bota mínimo nisso) exigiria adicionar R$ 21,3 bilhões ao ano aos R$ 13,4 bilhões aplicados no Bolsa Família (cálculos da FGV). Mal comparando: representa pouco mais que dois meses de juros pagos aos rentistas dependurados na dívida pública, que recebem juros da ordem de R$ 15 bilhões por mês. Grosseiramente: uma redução da ordem de dois pontos na taxa de juros poderia contribuir para zerar a miséria brasileira. A ver. (Carta Maior; informações Folha, Estadão; 14-11) QUANDO O DINHEIRO ENTRA NO METABOLISMO PRODUTIVO 304 mil imóveis foram financiados com recursos da poupança nos primeiros nove meses deste ano. O volume é 45% superior ao registrado no mesmo período de 2009.

O MEU BRASIL É COM "S"

JOSÉ SÓCRATES
Lula era o homem certo; sem complexos ou desfalecimentos, o antigo sindicalista esperou e preparou longamente o encontro com o seu povo.
Raros são os políticos que dão o seu nome a um tempo. Os "anos Lula" mudaram o Brasil. É outro país: mais desenvolvido economicamente, mais avançado tecnologicamente, mais justo socialmente, mais influente globalmente.
Uma democracia mais consolidada, uma sociedade mais coesa e mais tolerante. Sabemo-lo hoje: no Brasil, o século 21 começou em 1º de janeiro de 2003, o dia inaugural da Presidência de Lula.
Quero ser claro: Lula mostrou que a esquerda brasileira sabe governar. Causas, sim, mas competência também; princípios políticos, mas também eficácia técnica; realismo inspirado por ideais que nunca se perderam.
Este presidente, oriundo do PT, deu à esquerda brasileira credibilidade, modernidade, força e maturidade. A grande oportunidade da sua eleição não foi uma promessa incumprida ou um sonho desfeito.
Ao contrário, com Lula, a esquerda ganhou crédito e consistência; o Brasil, reputação e prestígio.
Sou testemunha das reservas, se não do ceticismo, com que a "intelligentzia" recebeu a eleição de Lula da Silva. Hoje, na hora do balanço, a descrença transmutou-se em aplauso; a expectativa, em admiração. É essa a "alquimia" Lula.
Os números falam por si: crescimento econômico, equilíbrio financeiro, reputação nos mercados, milhões de pessoas arrancadas à extrema pobreza, salto inédito na educação e na formação profissional, melhoria do rendimento que alargou e consolidou a classe média brasileira.
Lula era o homem certo. A sua história pessoal e política permitiu dar à esquerda uma nova atitude e ao Brasil um novo horizonte. Sem complexos e sem desfalecimentos, o antigo sindicalista esperou e preparou longamente o encontro com o seu povo. Se falhasse, não falharia apenas ele: falharia um ideal, um sonho, um projeto, esperança do tamanho de um continente.
Foi também nesses anos vitais que o Brasil se afirmou como o grande país que é. "Potência emergente", como é habitual dizer, assume-se -e vai se assumir cada vez mais- como um dos grandes países que marcam o mundo contemporâneo. Pela sua grandeza e pela sua energia, tem tudo o que é necessário para isso.
Portugal tem orgulho deste grande país, com quem partilha uma língua, uma fraternidade, um passado, um presente e um futuro. Tudo isso queremos valorizar e projetar: aos sentimentos que nos unem, juntamos os interesses que nos são comuns; à memória conjunta associamos visão partilhada do futuro.
Para Portugal e para todos os membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, a importância do Brasil no mundo do século 21 é um motivo de alegria e uma riqueza imensa, com potencialidades em todos os planos: econômico, cultural, linguístico, político, geoestratégico.
A vida política de Lula é uma longa corrida feita com ritmo, esforço, persistência. As palavras que ocorrem são tenacidade e temperança, clássicas virtudes da política. Tenacidade para fazer de derrotas passadas vitórias futuras. Temperança que lhe ensinou a moderação, o equilíbrio e a responsabilidade que o tornaram o presidente que foi.
Na hora da despedida, quero prestar-lhe, em meu nome pessoal e em nome do governo português, uma homenagem feita de amizade, reconhecimento e admiração. Lembro os laços que firmamos, os projetos que comungamos, os encontros que tivemos, nos quais se revelou, invariavelmente, um grande amigo de Portugal.
Lembro, em especial, o trabalho que desenvolvemos para que durante a presidência portuguesa da União Europeia fosse possível a realização da primeira cúpula UE-Brasil, um ponto de viragem nas relações entre a Europa e o Brasil.
Na passagem do testemunho à presidente eleita, Dilma Rousseff, que felicito vivamente e a quem desejo as maiores felicidades, renovo a determinação de prosseguirmos juntos e reafirmo, na língua que nos é comum, o nosso afeto e a nossa gratidão. Mais do que nunca, "o meu Brasil é com "S'". "S" de Silva.
Lula da Silva. Saravá!

JOSÉ SÓCRATES é o primeiro-ministro de Portugal.

A REPÚBLICA PROCLAMADA POR ACASO

Por Carlos Chagas
Amanhã é dia de festa, de divulgação de versões patrióticas sobre a Proclamação da República,  mas, também,  de acertamos contas com a memória nacional.
O saudoso e incomparável Hélio Silva, dos maiores historiadores brasileiros, titulou um de seus múltiplos livros de "A República não viu o amanhecer". Contou em detalhes,  fruto de muita pesquisa, que a República foi proclamada por acaso. As lições daquele episódio não devem ser esquecidas. Vale lembrá-las com outras palavras e um pouquinho de adendos que a gente colhe com o passar do tempo, junto a outros historiadores  e, em especial, pela leitura dos jornais da época.
Desde junho que o primeiro-ministro do Império era o Visconde de Ouro Preto. Vetusto, turrão, exprimia os estertores do chamado "poder civil" da época, muito mais poder do que civil, porque concentrado nas mãos da nobreza e dos barões do café, com limitadíssimas relações com o cidadão comum. O Brasil havia saído da Guerra do Paraguai com cicatrizes profundas, a começar pela dívida com a Inglaterra, mas com novos personagens no palco. O principal era o Exército, composto em  maioria por cidadãos da classe média, com ênfase para os menos favorecidos. Escravos aos montes também  haviam sido libertados para lutar nos pântanos e charcos paraguaios. Nobres  lutaram, como Caxias e Osório,  mas a maioria era composta daquilo que se formava como o  brasileiro médio. 
Ouro Preto, como  a maior parte da nobreza, ressentia-se daqueles  patrícios  fardados que começavam a opinar e a participar da vida política. Haviam sido peça fundamental na abolição da escravatura, em 1888.  Assim,  com o Imperador já pouco interessado no futuro,  o governo imperial tratou de limitar os militares. Foram proibidos de manifestações políticas, humilhados e   punidos, como Sena Madureira e tantos outros.
Havia, nos quartéis e em certos  círculos políticos,  um anseio por mudanças. Até o Partido Republicano tinha sido criado no Rio e depois em  São Paulo, mas seus integrantes estavam unidos por um denominador comum: República, só depois que o "velho" morresse, pois era queridíssimo pela população. E quem passaria a mandar no Brasil seria um estrangeiro, o Conde d'Eu, francês, marido da sucessora,  a princesa Isabel.
Cogitava, aquele poder civil elitista, de dissolver o Exército, restabelecendo o primado da Guarda Nacional, onde os coronéis e altos oficiais careciam de formação militar. Eram fazendeiros, em maioria. Os boatos ganhavam a rua do Ouvidor, no Rio, onde localizavam-se as redações de jornal.
Na tarde de 14 de novembro movimentam-se  um regimento e dois batalhões sediados em São Cristóvão. Com canhões e alguma metralha, ocupam o Campo de Santana, defronte ao prédio onde se localizava o ministério da Guerra, na região da hoje Central do Brasil. Declararam-se rebelados e exigiam a substituição do primeiro-ministro, que lá se encontrava com seus companheiros. Comandados por majores, estava criado  o impasse: não tinham como invadir o prédio, por falta de um chefe de prestígio,   mas não podiam ser expulsos, já que as tropas imperiais postadas nos fundos do ministério não se dispunham a atacá-los. O Secretário-Geral do ministério da Guerra era o marechal  Floriano Peixoto, que quando exortado por Ouro Preto a investir à baioneta  contra os revoltosos, pois no Paraguai haviam praticado  feitos muito  mais heróicos, saiu-se com frase que ficou para a História: "Mas no Paraguai, senhor primeiro-ministro, lutávamos contra paraguaios..."
Madrugada do dia 15 e os majores, acampados com a tropa revoltada,  lembram-se de que ali perto, numa casinha modesta, morava o marechal Deodoro da Fonseca, há   meses perseguido pelo governo imperial, sem comissão e doente.  Dias atrás o próprio Deodoro recebera um grupo de  republicanos, com Benjamim Constant, Aristides Lobo e outros, aos quais repetira que não contassem com ele para derrubar o Imperador, seu amigo. 
Acordado, Deodoro ouve que dali a poucas horas Ouro Preto assinaria decreto dissolvendo o Exército. Não era  verdade, mas irrita-se, veste a farda e dispõe-se a liderar a tropa. Não consegue montar a cavalo, tão fraco estava. Entra  numa carruagem e acaba no pátio fronteiriço ao ministério da Guerra. Lá, monta um cavalo baio e invade o prédio, com os soldados ao lado, todos  gritando "Viva Deodoro!  Viva Deodoro!" Saudando-os com o  agitar o boné na mão direita,  grita "Viva o Imperador! Viva o Imperador!".  Apeia  e sobe as escadarias, para considerar Ouro Preto deposto. Repete diversas vezes : "Nós que nos sacrificamos nos pântanos do  Paraguai rejeitamos a dissolução do Exército." Estava com febre de 40 graus.   O Visconde, corajoso e cruel, retruca que "maior sacrifício estava  fazendo ele ouvindo as baboseiras de Vossa Excelência!"    Foi o limite para Deodoro dizer que estava todo mundo preso.
O marechal já ia voltando, o sol ainda não tinha  nascido  e os republicanos, a seu lado, insistem  para que aproveite a oportunidade e  determine o fim do Império. Ele reluta.   Benjamin Constant lembra que se a República fosse proclamada naquela hora, seria governada por um ditador. E o ditador seria ele, Deodoro. Conta a lenda que os olhos do velho militar se arregalaram, a febre passou e ele desceu ao andar térreo, onde montou outra vez o cavalo baio. A tropa recrudesceu com o "Viva Deodoro! Viva Deodoro!" e ele agradeceu com os gritos de  "Viva a República! Viva a República!"
Não havia populares nas proximidades,  muito menos   operários.  Aristides Lobo escreverá depois em suas memórias que "o povo assistiu bestificado a proclamação da República."
Preso no Paço da Quinta da Boa Vista, com a família, o Imperador teve 48 horas para deixar o Brasil.  Deodoro quis votar uma dotação orçamentária  para que subsistissem no exílio.  D. Pedro II recusou, levando apenas pertences pessoais. A República estava proclamada.
Conta-se o episódio pelo dia que transcorre amanhã,  apenas? Não. Conta-se porque a História do Brasil é feita de episódios como esse...
Produtora do PDT emitiu notas para o PSDB, em 2006
O presidente do PDT-DF, Ezequiel Nascimento, revelou que empresas ligadas à produtora de tevê Fabrika, a F-1 Filmes e a F-2 Filmes Ltda, que trabalhavam para a campanha presidencial do pedetista Cristovam Buarque, em 2006, emitiram notas que na prática resultaram na transferência de recursos do PSDB para a campanha do PDT. O objetivo tucano seria fortalecer Cristovam para tentar tirar votos de Lula, que disputava a reeleição.
Outro lado
Até o fechamento desta edição não localizamos o senador Cristovam. Sua assessoria informou que ele estava viajando, em trânsito.
Duas parcelas
Segundo Ezequiel, a campanha de Cristovam recebeu parcelas de R$ 250 mil e de R$ 750 mil, enviados pelo PSDB.
Seis pagamentos
À Justiça Eleitoral Cristovam declarou seis pagamentos à empresa F 2 Filmes, da Fabrika, no total de R$ 562,2 mil

CAÇADA A MONTEIRO LOBATO

Prosa de alta radioatividade.RESUMO
A releitura de "Caçadas de Pedrinho" e de outros clássicos de Monteiro Lobato, avaliados como "racistas" em recente polêmica na Folha, revelam uma prosa anterior aos ditames politicamente corretos. Expressões em desuso, ainda que eivadas de racismo, não impedem a construção de um mundo ficcional complexo e rico.
MARCELO COELHO
EXISTE RACISMO na obra de Monteiro Lobato? A resposta, definitivamente, é sim. Leia-se, por exemplo, o que ele escreveu num artigo de jornal, reproduzido em "Ideias de Jeca Tatu" sem mudanças, nas diversas edições que o livro teve ao longo da vida do autor.
"Enquanto colônia, o Brasil era uma espécie de ilha de Sapucaia de Portugal. Despejavam cá quanto elemento antissocial punha-se lá a infringir as Ordenações do Reino. E como o escravo indígena emperrasse no eito, para aqui foi canalizada de África uma pretalhada inextinguível."
Mesmo para os padrões da época (o artigo foi escrito no começo do século 20), não deixa de soar chocante e incomum esse "pretalhada inextinguível".
Certo que portugueses, índios, italianos e alemães não recebem tratamento muito melhor. O afrancesamento das elites, Lobato repetiu o tema várias vezes, era coisa de "macacos".
Mas o "pretalhada inextinguível" não se apaga facilmente da memória, quaisquer que fossem as intenções caricaturais e polêmicas do escritor.
Isso está na obra para adultos de Monteiro Lobato, hoje bem menos levada a sério do que sua literatura infantil.
NEGRA COMO PRONOME Passo às "Caçadas de Pedrinho", que não é o único livro a fazer de Tia Nastácia uma personagem caricatural, insistindo em descrever seus traços africanos.
A todo momento, o leitor é lembrado de que a cozinheira é "preta". Ela arregala os olhos como "duas xícaras de chá"; resmunga, "pendurando o beiço"; apavorada ao ver um rinoceronte, cai desmaiada no chão, e o narrador comenta: "desmaio de negra velha é dos mais rijos".
Mais do que isso, a referência à cor serve o tempo todo como uma espécie de pronome, substituindo "Nastácia", para evitar a repetição do nome próprio: "a negra aproximou-se", "a pobre negra era ainda mais desajeitada do que Rabicó", "a pobre negra se convenceu" etc. etc.
Nenhum livro hoje em dia, para crianças ou para adultos, usaria esse tipo de vocabulário, e por mais que se ironize a ideia do "politicamente correto", há inegável progresso em evitar esse tipo de caracterização.
Discuto mais adiante o teor do famigerado parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE) sobre "Caçadas de Pedrinho", que antes de mais nada notou o que é visível a olho nu: um palavreado como o de Lobato não se admite mais atualmente.
Observo apenas, no recenseamento desses termos, que um trecho do livro não é tão racista quanto parece. Nastácia é comparada a uma "macaca de carvão" quando, em desespero, sobe rapidamente num mastro de são Pedro para escapar das feras da floresta. O macaco de carvão, ou mono-carvoeiro (Brachyteles arachnoides), tem pelo claro, quase loiro.
A VELHA, O ALEMÃO
Dito isso, o tal uso "pronominal" do termo "negra" para substituir "Nastácia" tem equivalentes em outros personagens do livro. Dona Benta é por vezes chamada de "a velha", e o dono de um circo, o sr. Fritz, recebe imediatamente o tratamento de "o alemão". Por sua vez, Emília, sendo interesseira e boa comerciante, é chamada de "ciganinha".
Um exemplo mais recente, que não é de Lobato. Reportagem policial publicada na Folha em julho de 1969 referia-se à testemunha de um assassinato como "a negra Angelina Maria de Jesus (...) gorda e baixa, de nariz achatado e grande". A reportagem sempre usa o termo "negra" ao referir-se a ela.
Ruim, sem dúvida, que no ano de 1969 ainda se escrevesse assim. O caso talvez nos advirta para ver com mais estranheza, por exemplo, alguma notícia nos dias de hoje que fale de um "coreano" ou um "boliviano" assaltado no centro da cidade, em vez de mencionar apenas sua condição, digamos, de comerciante ou de turista.
Voltando a Tia Nastácia, vale notar que sua cor também acaba introduzindo um certo componente "estrangeiro" ao conjunto dos personagens do "Sítio do Picapau Amarelo".
Enquanto Dona Benta é uma velhota assustada, que acaba propiciando as condições para as aventuras dos netos, Tia Nastácia assume um papel mais rico e contraditório. É ela quem toma distância do mundo fantástico do Sítio; crédula no que diz respeito a sinais da cruz, é bem mais cética do que Dona Benta quanto estão em jogo as invencionices de Emília e as aventuras de Pedrinho.
Para Tia Nastácia, o marquês de Rabicó é, antes de tudo, um leitão. Ela corresponde a um "mundo adulto", mais realista, que Dona Benta encarna apenas imperfeitamente.
Quando Emília propõe a Tia Nastácia que compre o rinoceronte, a cozinheira responde sem paciência nenhuma: "Era só o que faltava (...) Se fosse uma chocolateira eu fazia negócio, porque a minha está vazando".
Por fim, quando todos perdem o medo do rinoceronte e o atrelam a um carrinho para passear, ela é a última a aceitar a novidade. É assim que termina o livro, numa frase "antirracista": "Tenha paciência", diz Nastácia, ou melhor, "a boa criatura", expulsando Dona Benta de seu posto no carrinho. "Agora chegou a minha vez. Negro também é gente, sinhá..."
RACISTA AFINAL? Para resumir. Existiria, para usar o clichê, um "conteúdo racista" em "Caçadas de Pedrinho"? Conteúdo, propriamente, não, porque o livro não diz que os negros seriam uma "raça inferior" etc. etc. Mas há "formas de expressão" racistas ao longo de todo o texto, mesmo quando, no último parágrafo, os direitos de Nastácia à igualdade são reivindicados (e atendidos).
Seria essa incômoda e deseducativa presença de vocabulário racista o suficiente para banir "Caçadas de Pedrinho" das escolas brasileiras?
Certamente não. Mas o recente parecer do Conselho Nacional de Educação nunca propôs isso. O relatório, escrito pela professora Nilma Lino Gomes, merece ser lido na íntegra, e procura resolver com equilíbrio uma situação burocrática e legal das mais complexas.
Trata-se de responder à reclamação de um funcionário da secretaria de Educação do Distrito Federal, que notou a seguinte ambiguidade. Uma edição recente do livro, publicada em 2009, vinha com adaptações às novas normas ortográficas e com uma nota explicando que Lobato, ao fazer Pedrinho matar uma onça, vivia numa época em que os cuidados com o ambiente não eram tão intensos como hoje.
O "ecologicamente correto", até que bastante injusto com Lobato, um dos primeiros a denunciar queimadas no Brasil, impôs notas e advertências na nova edição de "Caçadas de Pedrinho".
NOTAS DEMAIS Por que não colocar o mesmo tipo de coisa no tocante ao vocabulário racista?
É isso o que sugere o relatório do CNE, sem deixar de enfatizar o caráter clássico da obra. Pode-se discordar, talvez, de tantos cuidados pedagógicos com notas e contextualizações, como se professores e alunos fossem incapazes de tocar com as próprias mãos num texto carregado de radioatividade política.
Pode-se imaginar que, no futuro, notas e explicações sobre "ciganinhas", "alemães", "velhas" ou o que quer que seja terminem sobrecarregando o livro com a seriedade do politicamente correto.
Será o momento em que as aventuras de Pedrinho, Narizinho e Emília deixarão, em definitivo, de divertir os seus leitores e tratá-los com inteligência, para tornarem-se apenas uma "maçaroca" e uma "caceteação", como diria Lobato, a serem enfiadas pela goela das crianças.
"A todo momento, o leitor é lembrado de que a cozinheira é "preta". Ela arregala os olhos como "duas xícaras de chá"; resmunga, "pendurando o beiço"; apavorada ao ver um rinoceronte, cai desmaiada no chão, e o narrador comenta: "desmaio de negra velha é dos mais rijos"
"Enquanto Dona Benta é uma velhota assustada, que acaba propiciando as condições para as aventuras dos netos, Tia Nastácia assume um papel mais rico e contraditório. É ela quem toma distância do mundo fantástico do Sítio; crédula no que diz respeito a sinais da cruz, é bem mais cética do que Dona Benta"
"Existiria um "conteúdo racista" em "Caçadas de Pedrinho"? Conteúdo, propriamente, não, porque o livro não diz que os negros seriam uma "raça inferior". Mas há "formas de expressão" racistas ao longo de todo o texto, mesmo quando, no último parágrafo, os direitos de Nastácia à igualdade são reivindicados"