A exclamação do candidato Plínio de Arruda Sampaio, 'viva o Brasil!', ao final do debate de quinta-feira na TV, pode até ter soado tacanha, demodé, nacionalista, sem dúvida condizente com as posições 'esquerdistas' de Plínio, mas meio tresloucada, certo?
Errado.
Naquele debate morno, dissimulado, em que ninguém debateu nada e todos apenas se ofereceram como a solução para todos os problemas, o 'viva o Brasil !' talvez tenha sido a única coisa realmente digna de nota.
Nós somos uma jovem democracia, uma parcela imensa dos que vão votar amanhã --todos aqueles na faixa dos 30 anos ou menos-- passou a se entender como cidadão enquanto dávamos os primeiros passos rumo ao amadurecimento como nação livre.
Pouquíssimos desses, e também dos demais, sabem o que realmente significou sair praticamente direto do pós Segunda Guerra para uma ditadura militar que durou longas, escuras e dolorosas duas décadas, da metade dos anos 60 até a metade dos anos 80.
Vamos falar de censura, de falta de liberdade de imprensa, de totalitarismo nos meios de comunicação, de cerceamento das liberdades, de suspensão do direito ao voto, de prisões, de falsidade nos números da economia, de subsdesenvolvimento, de miséria, material e espiritual?
Ok, então não vamos falar do Brasil de hoje, em que por mérito de nosso próprio povo e apesar de tantos políticos, por mérito de FHC e de Luiz Inácio Lula da Silva, somos uma nação perto, muito perto ocupar posto destacado e definitivo no cenário internacional.
Perto, muito mais perto do que nunca estivemos de diminuir verdadeiramente a desigualdade, de extirpar a miséria, de distribuir dignidade a nossos conterrâneos menos favorecidos.
Depois de 20 anos de ditadura, depois de Sarney, de Collor (lembram?), depois de incertezas com Itamar e após dois mandatos de FHC e dois mandatos de Lula, com todos seus erros e acertos, estamos, sim, muito melhores, mais maduros, mais fortes, mais determinados. Doa a quem doer.
Mas campanha eleitoral é assim mesmo: disputas, discordâncias, acusações, imprensa de um lado, candidatos de outro, partidarismos dissimulados ou não, tensões às vezes exageradamente explícitas, ânimos exaltados, ódios até.
É assim, mas poderia não ser, viu?, poderia ser tudo isso proibido, vetado, censurado, como foi durante tanto tempo, um tempo que a gente venceu. É assim porque nós lutamos, vencemos e conquistamos o direito de que assim seja.
E isso não é pouco nem deve ser esquecido.
O Brasil é uma jovem democracia a caminho da modernidade, no nosso caso inevitável. É nossa vocação, nosso desejo, nosso destino.
Ganhe quem ganhar no pleito de amanhã, haja ou não segundo turno, não importa: teremos dado mais um passo firme, determinado e inexorável em direção ao futuro.
Portanto, Plínios, Dilmas, Serras, Marinas simbolizando todos os que disputam um cargo neste país afora, mais todos aqueles que vão às urnas fazer livremente suas escolhas amanhã, é pertinente dizer:
Viva o Brasil!