quinta-feira, 30 de setembro de 2010

ÚLTIMO DEBATE - MARMAMELADA

Dia desses apontei aqui o jogo casado entre o telejornal da maior emissora de televisão do país e o candidato da oposição. Havia a denúncia de que durante o quebra-queixo, as perguntas estavam sendo combinadas entre a assessoria de José Serra e a direção de jornalismo. Quebra-queixo é a entrevista coletiva diária, em pé, de mais ou menos 5 minutos, onde os repórteres se acotovelam para conseguir uma nova declaração. Depois do debate presidencial do último domingo, por exemplo, a repórter daquela emissora fez a seguinte pergunta ao candidato: - E as denúncias de corrupção? Na sua opinião foram esclarecidas pela candidata do governo? Os colegas trocaram olhares de cumplicidade e se perguntaram: - Foi ou não foi uma pergunda dirigida? A cena se repetiu, mas de forma ainda mais escancarada ontem. Num e-mail recebido por Serra às 14h17min, Luiz Gonzalez, coordenador de marketing da campanha informava que o telejornal da hora do jantar ía dar à noite um registro da reunião que acabara de ser realizada, entre o candidato e funcionários públicos. E recomendava: "Pregue valorização do servidor e realização de concursos." Serra, que já tinha encerrado a entrevista, depois de ler o e-mail num iPad, chamou os colegas jornalistas e informou que faria um comentário sobre a palestra. Assim fica fácil para ele, não acham? Outro dia um internauta perguntou se acho possível que o candidato estude com antecedência as perguntas que serão feitas pela emissora no último debate esta noite. Claro que sim! Isso é mais do que obvio, é ululante! Em dois mil e seis, por exemplo, fui testemunha da reação indignada do apresentador Carlos Tramontina, depois de sair do estúdio e dirigir-se à redação. Na ocasião ele foi categórico: - Na última hora recebi na bancada as perguntas que deveria fazer ao candidato do PSDB e não tive escolha." Só que agora nós temos escolha.

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