Por Eduardo Guimarães
Desde 2006, a maioria que escolheu quem governaria o Brasil teve que assistir calada ao discurso dos que perderam aquela eleição. Como este é um país continental, só quem tem acesso aos meios de comunicação de massa – televisão e rádio, sobretudo – pode emitir opiniões e ser ouvido por muitos, e esses grandes meios de comunicação pertencem aos que apóiam o grupo político ao qual os brasileiros negaram votos naquele ano.
Quatro anos depois, o povo volta a ter a prerrogativa de falar acima de qualquer outra voz e de ser ouvido em cada quadrante desta pátria. A voz gutural da mídia se transforma no miado de um gatinho e a do povo, no rugido de um leão. A cada quatro anos, por um único dia, o povo pode dar uma opinião que se sobrepõe à de qualquer colunista, à de qualquer âncora de telejornal, à de qualquer manchete de primeira página. E a sua palavra vira lei.
Pouco importa quantos bilhões de reais são gastos pela Globo, pela Folha, pelo Estadão ou pela Veja, entre outros, para esmagarem opiniões ou esconderem fatos dos quais não gostam. Terá sido tudo inútil se a maioria eleitoral decidir vocalizar nas urnas um fato e uma opinião que desagrade aos barões da mídia. Eles terão que ouvir quietinhos, sem ter como responder, assim como a maioria dos brasileiros foi obrigada a fazer durante todos esses anos.
Um dos muitos recados que o povo terá dado ao fim da noite deste domingo será sobre a relativização que os donos dos meios de comunicação de massa fazem sobre a decisão das maiorias eleitorais. Quantas vezes esses empresários mandaram seus comentaristas dizerem que o apoio da
maioria não garantiria ao presidente Lula o direito de fazer as escolhas que fez?
Ao fim da noite deste domingo, os brasileiros dirão que não é bem assim, e nenhuma rede de rádio e tevê, nenhuma manchete de jornal ou de revista terá como contestar. A realidade se fará conhecer. E essa realidade é a de que cada um pode dizer o que quiser, mas só a maioria do eleitorado tem o poder de fazer todos cumprirem a sua vontade.
Finalmente, cada faxineiro da Globo, da Folha ou da Veja estará em pé de igualdade com os donos daqueles impérios de comunicação. Na hora de escolher a quem será entregue o poder de tomar decisões que afetarão a todos nos quatro cantos da pátria, sejam pobres ou ricos, negros ou brancos, homens ou mulheres, cultos ou incultos, o voto do Otavinho Frias vale tanto quanto o daquele que faxina o seu gabinete.
É a sua vez, eleitor. É um momento de festa para o povo, sobretudo para aquela maioria esmagadora que teve que assistir calada às mentiras e até aos insultos que meia dúzia de magnatas da comunicação fazem às maiorias que elegem ou rejeitam políticos.
Fale, escreva, cante, dance. Em algumas horas, você ajudará a escrever o imenso texto que será divulgado quando forem promulgados os resultados das urnas. Tome consciência desse poder que dinheiro nenhum pode comprar, nas democracias. Entenda a sua dimensão.
Não se preocupe com o resultado da eleição. Você ajudou como pôde a construir esse resultado da forma que melhor lhe pareceu. A cartas estão na mesa. Você que discorda do discurso que prevaleceu acima de qualquer outro, já conseguiu uma vitória avassaladora. A mídia teve que recolher a sua metralhadora de balas de prata ao ver que ela não estava sendo eficiente.
Tudo que você disser ou escrever a partir de agora será imortalizado pela votação deste domingo. Cada palavra, cada vírgula daqui até a hora em que as urnas pararem de receber votos fará parte de um momento épico que será lembrado por gerações, o momento em que a maioria dos brasileiros disse um ensurdecer não aos barões da mídia, decretando o fim do poder que detiveram por tantas décadas de fazerem prevalecer seus interesses em eleições.
Você que falou e escreveu tanto durante este ano e não foi ouvido, agora está às portas de soltar um brado ensurdecedor que fará os verborrágicos barões midiáticos se esconderem em algum canto escuro, surpresos e assustados com o encolhimento de seu poder injusto e antidemocrático. É o momento, pois, de repetir tudo o que foi dito e não foi ouvido, pois agora será. Em cem anos, os historiadores ainda estarão ouvindo a sua voz e lendo as suas palavras.
A decisão que os brasileiros tomarão neste domingo tornará o Brasil uma das maiores potências do mundo. 3 de outubro de 2010 será um dia histórico, o dia em que será sepultada a crença alucinada da elite midiática de direita de que tem maiores direitos ou que sabe mais do que o povo. Neste momento, tudo o que você disser eles terão que ouvir ou ler. E acatar. Solte a sua voz, portanto. É agora ou só daqui a quatro anos.
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