sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
DILMA ESCORREGOU
Por Carlos Chagas.
É notícia velha divulgar a queda de Mário Negromonte e a designação de Aguinaldo Ribeiro para o ministério das Cidades. Importante, mesmo, é saber quem será o próximo ministro a ser defenestrado. Porque candidatos, existem muitos, na relação daqueles que foram impostos pelos partidos e pelo ex-presidente Lula à presidente Dilma. Um a um, foram e estão sendo afastados os que ela não escolheu, de Antônio Palocci a Alfredo Nascimento, Nelson Jobim, Wagner Rossi, Pedro Novais, Orlando Silva, Carlos Lupi e agora Mário Negromonte.
Não adianta argumentar que, à exceção de Nelson Jobim, a estratégia de Dilma foi prestigiar todos os já agora ex-ministros, pedindo que resistissem e contraditassem as acusações de malfeitos de ordem variada em seus setores de atuação. Na verdade, apesar das aparências e das versões oficiais, todo o processo de mudanças parece haver seguido plano minucioso. Por isso é que Fernando Pimentel e Fernando Bezerra, apesar de atingidos pelo mesmo tipo de denúncias, continuam fagueiros e firmes como as pirâmides do Egito. Um por amizade pessoal, outro por altas razões partidárias, os ministros do Desenvolvimento Industrial e da Integração Nacional ficaram fora do processo de erosão que afastou os titulares da Casa Civil, dos Transportes, da Defesa, da Agricultura, do Turismo, dos Esportes, do Trabalho e agora das Cidades.
Tem outros na fila, sem dúvidas. Basta olhar para a fotografia inicial do ministério e marcar quais os que chegaram lá por influência ou imposição dos partidos ou do Lula. Um a um, tornaram-se alvo ostensivo ou encoberto. Quem quiser que fulanize os próximos, existindo sinais claros a respeito deles. Por exemplo: quais os que, passados um ano e um mês da posse de Dilma, ainda não despacharam isoladamente com ela, no gabinete do terceiro andar do palácio do Planalto? São pelo menos três. Seria bom, também, verificar os ministros que até agora não disseram a que vieram, que não apresentaram projetos nem realizações de vulto. Ou os que mantém seus ministérios como feudos dos partidos de origem, acolhendo lideres, dirigentes e lobistas ligados às respectivas legendas.
Há quem suponha estar o serviço de limpeza sendo feito pela metade, porque nas substituições, apenas na Casa Civil, na Defesa e nos Transportes foram escolhidos pessoalmente pela chefe do governo novos ministros desvinculados dos partidos da base oficial. Nos demais, mantiveram-se indicações partidárias, mesmo diante da exigência de Dilma de receber nomes de competência e probidade, qualidades que ainda precisam ser comprovadas.
Em suma, passo a passo vai sendo formada a equipe da presidente da República, através de milimétrico trabalho de erosão de quantos ela não escolheu.
TUDO TEM LIMITE.
O jogo de compensações é intrínseco na política. Muitas vezes dá certo. Vale citar apenas um exemplo do passado remoto: Gustavo Capanema, secretário de governo de Olegário Maciel, era tido como escolha certa de Getúlio Vargas para ocupar o palácio da Liberdade, com a morte do governador. Só que não foi. De forma inusitada, o presidente escolheu Benedito Valadares. Mas o que fazer com Gustavo Capanema, fiel partidário do governo federal? Vargas o convidou para ministro da Educação, tendo por dez anos sido o mais brilhante e competente de todos, até hoje. Foi uma compensação feliz.
A historia se conta a propósito de outras compensações que, infelizmente, prenunciam-se desastradas. Uma delas está em curso. Marta Suplicy viu-se garfada na pretensão de concorrer à prefeitura de São Paulo. Lula preferiu Fernando Haddad e sua escolha virou lei. O que fazer com dona Marta, então, até para evitar que ostensivamente negasse apoio ao ex-ministro da Educação? Como vice-presidente do Senado, ela havia celebrado acordo com o senador José Pimentel para que, depois de um ano, cedesse o lugar a ele. Coisas do PT. Pois não é que com o apoio do Lula e o silêncio constrangido dos companheiros, Marta ficará na função por mais um ano? Mandaram Pimentel para o espaço em nome das compensações, mas que fica todo mundo mal, isso fica...
NOVOS TEMPOS.
Décadas atrás, muita gente tremia ao ouvir salvas de canhão em Brasília, vindas das proximidades do Congresso. Estaria a Câmara dos Deputados sendo novamente invadida? Seria o general Silvio Frota capaz de insistir na derrubada do presidente Geisel?
Agora as coisas mudaram. Ontem, pela inauguração de mais uma sessão legislativa, os canhões ecoaram nos jardins fronteiriços ao palácio do Legislativo. Muita pólvora, fumaça, continências, toques de corneta e solene revista às tropas por José Sarney. E todo mundo tranqüilo. Valeu.
VELHOS TEMPOS.
Na década de trinta havia um evento que nunca falhava. No sábado de Carnaval, a festa só se iniciava oficialmente, para valer, quando um grande bloco de funcionários públicos dava a partida, concentrados diante da Casa da Moeda e iniciando o desfile pelas principais ruas do Rio. A marchinha que eles cantavam, escolhida antes em acirrada disputa, era fatalmente a vencedora do Carnaval, entoada em todos os salões. Assim aconteceu, por exemplo, com “A Jardineira”, “O Teu Cabelo Não Nega” e outras que até hoje, quando os foliões estão desanimados nos bailes, as orquestras atacam e todo mundo sai cantando, até os jovens. São coisas da memória nacional.
Pois este ano quem sabe a moda do desfile possa ser revivida? Com a Casa da Moeda saneada e livre dos malandros que a ocupavam, que tal iniciar lá o Carnaval? Aceitam-se sugestões para a marchinha...
AEROPORTOS
Leilão dos aeroportos fica para o dia 6.
A concessão dos aeroportos de Campinas (SP), Guarulhos (SP) e Brasília (DF) foi mantida para a próxima segunda (6). A decisão é da juíza federal Eliana Borges de Mello Marcelo - titular da 1ª Vara Federal em Guarulhos (SP) – em resposta à ação cautelar movida pelo Sindicato Nacional dos Empregados em Empresas Administradoras de Aeroportos (Sina). Segundo nota à imprensa, a Justiça Federal informa que o Sindicato pleiteava a suspensão do leilão argumentando que não constam no edital o acordo feito com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para assegurar os direitos dos funcionários aeroportuários por ocasião da transição a ser efetivada com a concessão.
Anac: 'todas as propostas para leilão de aeroportos foram aceitas'
A concessão dos aeroportos de Campinas (SP), Guarulhos (SP) e Brasília (DF) foi mantida para a próxima segunda (6). A decisão é da juíza federal Eliana Borges de Mello Marcelo - titular da 1ª Vara Federal em Guarulhos (SP) – em resposta à ação cautelar movida pelo Sindicato Nacional dos Empregados em Empresas Administradoras de Aeroportos (Sina). Segundo nota à imprensa, a Justiça Federal informa que o Sindicato pleiteava a suspensão do leilão argumentando que não constam no edital o acordo feito com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para assegurar os direitos dos funcionários aeroportuários por ocasião da transição a ser efetivada com a concessão.
Anac: 'todas as propostas para leilão de aeroportos foram aceitas'
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou nesta sexta (3) que aceitou todas as propostas apresentadas para o leilão de privatização de três aeroportos. O leilão vai acontecer na próxima segunda (6) e definirá as empresas que vão explorar os aeroportos internacionais de Guarulhos (SP), Viracopos (Campinas-SP) e Brasília. A empresa vencedora será aquela que apresentar a maior proposta de preço para a outorga.
Os valores mínimos fixados pelo governo são: R$ 3,4 bilhões para Guarulhos; R$ 1,5 bilhão para Viracopos; e R$ 582 milhões para Brasília. Desta forma, com a privatização, devem ser investidos R$ 4,6 bilhões em Guarulhos; R$ 8,7 bilhões em Viracopos e R$ 2,8 bilhões em Brasília.
Os valores mínimos fixados pelo governo são: R$ 3,4 bilhões para Guarulhos; R$ 1,5 bilhão para Viracopos; e R$ 582 milhões para Brasília. Desta forma, com a privatização, devem ser investidos R$ 4,6 bilhões em Guarulhos; R$ 8,7 bilhões em Viracopos e R$ 2,8 bilhões em Brasília.
PR tenta dar rasteira no ministro dos Transportes.
Insatisfeito com a permanência de Paulo Sérgio Passos como titular do Ministério dos Transportes, o PR fará nova tentativa de substituí-lo por parlamentar indicado pelo partido. Líderes do PR, o deputado Lincoln Portela (MG) e o senador Blairo Maggi (MT) vão procurar as ministras Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil) para discutir nova indicação, sob a ameaça deixar a base do governo.
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
O PRÓXIMO, QUEM SERÁ?
Por Carlos Chagas
É notícia velha divulgar a queda de Mário Negromonte e a designação de Aguinaldo Ribeiro para o ministério das Cidades. Importante, mesmo, é saber quem será o próximo ministro a ser defenestrado. Porque candidatos, existem muitos, na relação daqueles que foram impostos pelos partidos e pelo ex-presidente Lula à presidente Dilma. Um a um, foram e estão sendo afastados os que ela não escolheu, de Antônio Palocci a Alfredo Nascimento, Nelson Jobim, Wagner Rossi, Pedro Novais, Orlando Silva, Carlos Lupi e agora Mário Negromonte.
Não adianta argumentar que, à exceção de Nelson Jobim, a estratégia de Dilma foi prestigiar todos os já agora ex-ministros, pedindo que resistissem e contraditassem as acusações de malfeitos de ordem variada em seus setores de atuação. Na verdade, apesar das aparências e das versões oficiais, todo o processo de mudanças parece haver seguido plano minucioso. Por isso é que Fernando Pimentel e Fernando Bezerra, apesar de atingidos pelo mesmo tipo de denúncias, continuam fagueiros e firmes como as pirâmides do Egito. Um por amizade pessoal, outro por altas razões partidárias, os ministros do Desenvolvimento Industrial e da Integração Nacional ficaram fora do processo de erosão que afastou os titulares da Casa Civil, dos Transportes, da Defesa, da Agricultura, do Turismo, dos Esportes, do Trabalho e agora das Cidades.
Tem outros na fila, sem dúvidas. Basta olhar para a fotografia inicial do ministério e marcar quais os que chegaram lá por influência ou imposição dos partidos ou do Lula. Um a um, tornaram-se alvo ostensivo ou encoberto. Quem quiser que fulanize os próximos, existindo sinais claros a respeito deles. Por exemplo: quais os que, passados um ano e um mês da posse de Dilma, ainda não despacharam isoladamente com ela, no gabinete do terceiro andar do palácio do Planalto? São pelo menos três. Seria bom, também, verificar os ministros que até agora não disseram a que vieram, que não apresentaram projetos nem realizações de vulto. Ou os que mantém seus ministérios como feudos dos partidos de origem, acolhendo lideres, dirigentes e lobistas ligados às respectivas legendas.
Há quem suponha estar o serviço de limpeza sendo feito pela metade, porque nas substituições, apenas na Casa Civil, na Defesa e nos Transportes foram escolhidos pessoalmente pela chefe do governo novos ministros desvinculados dos partidos da base oficial. Nos demais, mantiveram-se indicações partidárias, mesmo diante da exigência de Dilma de receber nomes de competência e probidade, qualidades que ainda precisam ser comprovadas.
Em suma, passo a passo vai sendo formada a equipe da presidente da República, através de milimétrico trabalho de erosão de quantos ela não escolheu.
TUDO TEM LIMITE
O jogo de compensações é intrínseco na política. Muitas vezes dá certo. Vale citar apenas um exemplo do passado remoto: Gustavo Capanema, secretário de governo de Olegário Maciel, era tido como escolha certa de Getúlio Vargas para ocupar o palácio da Liberdade, com a morte do governador. Só que não foi. De forma inusitada, o presidente escolheu Benedito Valadares. Mas o que fazer com Gustavo Capanema, fiel partidário do governo federal? Vargas o convidou para ministro da Educação, tendo por dez anos sido o mais brilhante e competente de todos, até hoje. Foi uma compensação feliz.
A historia se conta a propósito de outras compensações que, infelizmente, prenunciam-se desastradas. Uma delas está em curso. Marta Suplicy viu-se garfada na pretensão de concorrer à prefeitura de São Paulo. Lula preferiu Fernando Haddad e sua escolha virou lei. O que fazer com dona Marta, então, até para evitar que ostensivamente negasse apoio ao ex-ministro da Educação? Como vice-presidente do Senado, ela havia celebrado acordo com o senador José Pimentel para que, depois de um ano, cedesse o lugar a ele. Coisas do PT. Pois não é que com o apoio do Lula e o silêncio constrangido dos companheiros, Marta ficará na função por mais um ano? Mandaram Pimentel para o espaço em nome das compensações, mas que fica todo mundo mal, isso fica...
NOVOS TEMPOS
Décadas atrás, muita gente tremia ao ouvir salvas de canhão em Brasília, vindas das proximidades do Congresso. Estaria a Câmara dos Deputados sendo novamente invadida? Seria o general Silvio Frota capaz de insistir na derrubada do presidente Geisel?
Agora as coisas mudaram. Ontem, pela inauguração de mais uma sessão legislativa, os canhões ecoaram nos jardins fronteiriços ao palácio do Legislativo. Muita pólvora, fumaça, continências, toques de corneta e solene revista às tropas por José Sarney. E todo mundo tranqüilo. Valeu.
VELHOS TEMPOS
Na década de trinta havia um evento que nunca falhava. No sábado de Carnaval, a festa só se iniciava oficialmente, para valer, quando um grande bloco de funcionários públicos dava a partida, concentrados diante da Casa da Moeda e iniciando o desfile pelas principais ruas do Rio. A marchinha que eles cantavam, escolhida antes em acirrada disputa, era fatalmente a vencedora do Carnaval, entoada em todos os salões. Assim aconteceu, por exemplo, com “A Jardineira”, “O Teu Cabelo Não Nega” e outras que até hoje, quando os foliões estão desanimados nos bailes, as orquestras atacam e todo mundo sai cantando, até os jovens. São coisas da memória nacional.
Pois este ano quem sabe a moda do desfile possa ser revivida? Com a Casa da Moeda saneada e livre dos malandros que a ocupavam, que tal iniciar lá o Carnaval?Aceitam-se sugestões para a marchinha...
É notícia velha divulgar a queda de Mário Negromonte e a designação de Aguinaldo Ribeiro para o ministério das Cidades. Importante, mesmo, é saber quem será o próximo ministro a ser defenestrado. Porque candidatos, existem muitos, na relação daqueles que foram impostos pelos partidos e pelo ex-presidente Lula à presidente Dilma. Um a um, foram e estão sendo afastados os que ela não escolheu, de Antônio Palocci a Alfredo Nascimento, Nelson Jobim, Wagner Rossi, Pedro Novais, Orlando Silva, Carlos Lupi e agora Mário Negromonte.
Não adianta argumentar que, à exceção de Nelson Jobim, a estratégia de Dilma foi prestigiar todos os já agora ex-ministros, pedindo que resistissem e contraditassem as acusações de malfeitos de ordem variada em seus setores de atuação. Na verdade, apesar das aparências e das versões oficiais, todo o processo de mudanças parece haver seguido plano minucioso. Por isso é que Fernando Pimentel e Fernando Bezerra, apesar de atingidos pelo mesmo tipo de denúncias, continuam fagueiros e firmes como as pirâmides do Egito. Um por amizade pessoal, outro por altas razões partidárias, os ministros do Desenvolvimento Industrial e da Integração Nacional ficaram fora do processo de erosão que afastou os titulares da Casa Civil, dos Transportes, da Defesa, da Agricultura, do Turismo, dos Esportes, do Trabalho e agora das Cidades.
Tem outros na fila, sem dúvidas. Basta olhar para a fotografia inicial do ministério e marcar quais os que chegaram lá por influência ou imposição dos partidos ou do Lula. Um a um, tornaram-se alvo ostensivo ou encoberto. Quem quiser que fulanize os próximos, existindo sinais claros a respeito deles. Por exemplo: quais os que, passados um ano e um mês da posse de Dilma, ainda não despacharam isoladamente com ela, no gabinete do terceiro andar do palácio do Planalto? São pelo menos três. Seria bom, também, verificar os ministros que até agora não disseram a que vieram, que não apresentaram projetos nem realizações de vulto. Ou os que mantém seus ministérios como feudos dos partidos de origem, acolhendo lideres, dirigentes e lobistas ligados às respectivas legendas.
Há quem suponha estar o serviço de limpeza sendo feito pela metade, porque nas substituições, apenas na Casa Civil, na Defesa e nos Transportes foram escolhidos pessoalmente pela chefe do governo novos ministros desvinculados dos partidos da base oficial. Nos demais, mantiveram-se indicações partidárias, mesmo diante da exigência de Dilma de receber nomes de competência e probidade, qualidades que ainda precisam ser comprovadas.
Em suma, passo a passo vai sendo formada a equipe da presidente da República, através de milimétrico trabalho de erosão de quantos ela não escolheu.
TUDO TEM LIMITE
O jogo de compensações é intrínseco na política. Muitas vezes dá certo. Vale citar apenas um exemplo do passado remoto: Gustavo Capanema, secretário de governo de Olegário Maciel, era tido como escolha certa de Getúlio Vargas para ocupar o palácio da Liberdade, com a morte do governador. Só que não foi. De forma inusitada, o presidente escolheu Benedito Valadares. Mas o que fazer com Gustavo Capanema, fiel partidário do governo federal? Vargas o convidou para ministro da Educação, tendo por dez anos sido o mais brilhante e competente de todos, até hoje. Foi uma compensação feliz.
A historia se conta a propósito de outras compensações que, infelizmente, prenunciam-se desastradas. Uma delas está em curso. Marta Suplicy viu-se garfada na pretensão de concorrer à prefeitura de São Paulo. Lula preferiu Fernando Haddad e sua escolha virou lei. O que fazer com dona Marta, então, até para evitar que ostensivamente negasse apoio ao ex-ministro da Educação? Como vice-presidente do Senado, ela havia celebrado acordo com o senador José Pimentel para que, depois de um ano, cedesse o lugar a ele. Coisas do PT. Pois não é que com o apoio do Lula e o silêncio constrangido dos companheiros, Marta ficará na função por mais um ano? Mandaram Pimentel para o espaço em nome das compensações, mas que fica todo mundo mal, isso fica...
NOVOS TEMPOS
Décadas atrás, muita gente tremia ao ouvir salvas de canhão em Brasília, vindas das proximidades do Congresso. Estaria a Câmara dos Deputados sendo novamente invadida? Seria o general Silvio Frota capaz de insistir na derrubada do presidente Geisel?
Agora as coisas mudaram. Ontem, pela inauguração de mais uma sessão legislativa, os canhões ecoaram nos jardins fronteiriços ao palácio do Legislativo. Muita pólvora, fumaça, continências, toques de corneta e solene revista às tropas por José Sarney. E todo mundo tranqüilo. Valeu.
VELHOS TEMPOS
Na década de trinta havia um evento que nunca falhava. No sábado de Carnaval, a festa só se iniciava oficialmente, para valer, quando um grande bloco de funcionários públicos dava a partida, concentrados diante da Casa da Moeda e iniciando o desfile pelas principais ruas do Rio. A marchinha que eles cantavam, escolhida antes em acirrada disputa, era fatalmente a vencedora do Carnaval, entoada em todos os salões. Assim aconteceu, por exemplo, com “A Jardineira”, “O Teu Cabelo Não Nega” e outras que até hoje, quando os foliões estão desanimados nos bailes, as orquestras atacam e todo mundo sai cantando, até os jovens. São coisas da memória nacional.
Pois este ano quem sabe a moda do desfile possa ser revivida? Com a Casa da Moeda saneada e livre dos malandros que a ocupavam, que tal iniciar lá o Carnaval?Aceitam-se sugestões para a marchinha...
A ARMA
O Estado de S.Paulo.
Nessa discussão sobre baixarias na TV e a má qualidade generalizada do que vai ao ar, ninguém se lembra que toda casa brasileira - pelo menos toda casa brasileira com TV - tem uma arma eficaz de autodefesa. É uma arma poderosa. Com ela se cala a boca do político embromador e do apresentador gritão, se elimina o programa que choca ou desagrada e o troca por outro, se chega até, em casos extremos, a cortar a força do aparelho ofensivo e silenciá-lo, para sempre ou por algum tempo, para aprender. E tudo isto sem sair da poltrona.
O nome da arma é Controle Remoto. É movida a pilhas e cabe na palma da mão. Não é uma invenção muito antiga. (Sim, crianças, houve um tempo em que para ligar e desligar a TV ou mudar de canal você precisava sair do sofá e ir até lá. Inconcebível, eu sei.) Mas minha neta começou a usar o controle remoto antes de começar a andar, e pelo menos duas gerações se criaram usando-o sem se dar conta da mágica que tinham nas mãos. O poder de mover as coisas a distância e comandar o mundo sem precisar sair do lugar é uma ambição humana desde as primeiras bruxas, mas as gerações que se criaram com ele usam o CR com a inconsciência de um cachorro brincando com uma bola de césio.
Se não se dão conta do seu poder mágico, muito menos se dão conta de que o CR é uma arma. Porque o CR também representa essa outra coisa potente que temos para nos defender das agressões da TV: o livre-arbítrio. A capacidade de decidir por nós mesmos. De procurar uma alternativa, outro canal, ou o silêncio. Em vez de dizer "isto deveria ser proibido" e incentivar, indiretamente, a censura, e negar o direito dos outros de gostarem de porcaria, deveríamos exercer, soberanamente, a liberdade de escolha do nosso dedão.
Tatuagem. Já que falei na neta: ela gosta de me tatuar. Fica rabiscando meu braço com uma caneta e descrevendo o que está desenhando. "Uma bailarina... Um copo... Um foguete..." Todos os rabiscos são iguais. Só ela vê a bailarina, o copo, o foguete. E eu também, claro.
O amestrado Geraldo Vandré
Recife (PE) - O leitor Xico Júnior, na coluna passada, pediu um texto sobre Geraldo Vandré. Procurarei atendê-lo agora.
Lembro que ao ver a entrevista de Vandré na Globo News, passei dias ruminando. Vinha uma canção íntima, que na década de 70 era senha:
“Eu vou levando a minha vida enfim
Cantando e canto sim
E não cantava se não fosse assim
Levando pra quem me ouvir
Certezas e esperanças pra trocar
Por dores e tristezas que bem sei
Um dia ainda vão findar...
Deixa que a tua certeza se faça do povo a canção
Pra que teu povo cantando teu canto ele não seja em vão”
Que revolução queríamos naqueles anos, quando ouvíamos a canção de Vandré? Que peitos puros guardávamos ainda não provados pela luta? Agora, aparecia na entrevista: um velho de boné, com a insígnia da FAB, cabisbaixo, com o pensamento cheio de interrupções. O diabo era que nesse pensamento falho, ainda assim, sobrevivia uma certa lógica, como naquele louco Hamlet. Havia uma certa memória, montada, como em toda memória,mas, no caso de Vandré, com os cortes cirúrgicos que expurgavam a violência do regime militar.
E houve então a primeira ressalva, ao entrevistador. Ocorre com Geneton Moraes Neto (junto com Vandré na foto) o que é comum em 99% dos repórteres na imprensa do Brasil: eles não entendem nada vezes nada da ditadura. Não é que alguns, pela idade, não tenham passado por aqueles malditos tempos de Médici (por coincidência, o período da volta de Vandré ao Brasil). Alguns viveram, mas a sua experiência é exterior aos perseguidos. Devo dizer, eles não comeram e beberam com e daqueles jovens entusiastas que viviam no limite, clandestinos, entre ruas escuras, promessas de barbárie e bares infectos. Daí que os jornalistas cometam os maiores erros. Eles não têm o conhecimento sofrido da dinâmica.
Pela pesquisa, pelo aprendizado humilde, atento e curioso, poderiam driblar essa impossibilidade da experiência vivida. Mas não, na entrevista parecia que Vandré era autor de duas músicas, Disparada e Caminhando. Pela insistência do repórter nessas canções, parecia. No entanto, há um momento na entrevista em que Vandré refuga, como um cavalo refuga, a seu caráter de compositor engajado. Se o entrevistador houvesse ido além das duas canções, poderia ter lembrado uma canção do senhor de boné, direta como um soco:
“O terreiro lá de casa
Não se varre com vassoura,
Varre com ponta de sabre
E bala de metralhadora....”.
Mas isso ficou oculto das pessoas que viram o compositor pela primeira vez. É possível que houvesse uma pauta prévia, aquela que todo repórter hoje no Brasil tem antes da realidade. A saber, no caso do velhinho: na pauta, havia que mostrar Vandré como um sobrevivente da velha esquerda, recuperado com vivas aos militares. A pauta do escândalo. Nesse particular sentido, a entrevista foi um sucesso. Na verdade, ela nem precisava da presença física de Vandré, bastavam-lhe os elementos essenciais da caricatura: um velho, um boné e a logomarca da Força Aérea Brasileira. O que deveria ser uma revelação do que o regime de 64 fez com um compositor de gênio, transformou-se em uma exibição de paradoxos e ruínas.
Na verdade, Vandré já oferecera antes à imprensa as linhas mestras da sua derrocada. Antes até da sua canção de homenagem à FAB. No coletivo virtual “Os amigos de 68”, uma militante médica, a quem não pedi autorização para divulgar o nome, informou:
“...Foi em torno de 74, quando eu fazia residência no Pinel. Conheci Vandré quando ele foi internado na emergência psiquiátrica da Clínica de Botafogo. Motivo alegado: Vandré estaria ‘armado com uma faca’ e ameaçava matar a sua irmã. Só o vi dias mais tarde, quando tocava violão para os internos no pátio da Clínica. Aparentava ‘tranquilidade’, mas sua fisionomia era de dor. Ele era ouvido com atenção e certa admiração. Sabiam que se tratava de um compositor famoso. Não consigo me lembrar o que tocava. Fiquei muito emocionada e chocada com tudo aquilo. Era o resultado das muitas torturas que ele sofrera na repressão dos anos 60/70...”
Hemingway em “O Velho e o Mar” dizia que é possível destruir-se um homem, mas nunca derrotá-lo. Na entrevista, o que se viu foi um homem ainda em estado de terror, em plena democracia. Nela, Vandré nos lembra os elefantes amestrados, torturados, que levantam a pata para o público no circo. Por isso não sabemos ao fim se o gênio de Vandré foi destruído. Peguemos então um caminho de esperança: Vandré continua nas suas canções, ele não foi derrotado.
O presidente do STF pensa que vive em outro...país, onde o Judiciário é elogiável e respeitado por todos. Aqui, no Judiciário de Cezar Peluso, os juízes se transformaram em comerciantes de sentenças, ávidos por mais dinheiro e pouco trabalho, mais privilégios e menos dignidade. Quando o presidente do STF diz que "esse é o melhor Judiciário que o Brasil já teve", certamente se refere às "realizações" recentes no plenário do órgão que preside, quando foi aceita a permanência de um facínora condenado quatro vezes à prisão perpétua em seu país de origem; foi aprovado o "casamento" gay contrariando o texto constitucional e escarrando na maioria do povo brasileiro que não aprova a consagração de uma aberração como essa, e fez vista grossa para todas as vigarices do nomeador da maioria dos seus pares.
Brincando com direitos
Onde estão os defensores pelo não uso de algemas em presos.
Onde se encontra a secretária de direitos humanos da presidência da república, ministra Maria do Rosário.
Mostrem a cara os fariseus que fingem revoltas com abusos praticados por criminosos do colarinho branco e bandidos que exercem altos cargos nos três poderes, quando algemados.
A pobre coitada Elisangela da Silva, presa em flagrante desde novembro por furtar duas bonecas e quatro xampus das lojas americanas em São Paulo, grávida, após parto, em hospital da periferia de São Paulo, foi algemada pela perna e pelo braço em cama do hospital.
Reclama-se por direitos humanos desrespeitados na base Guantánamo, em Cuba.
Política para essa gente é brincadeira.
Base aliada de traíras
Mais um ministro a ser destituído do cargo. Isso já se tornou comum no atual governo. O próximo poderá ser o Mantega por ter se omitido ao saber com antecedência da roubalheira aprontada pelo diretor da Casa da Moeda do Brasil, seu protegido. Indicado pelo PTB, com o aval de Mantega, o diretor já foi demitido. Aliás, todos os ministros e assessores demitidos de seus cargos até hoje pertencem a partidos da base aliada do governo Dilma como PP, PTB e PMDB. Não sou filiado ao PT e não comungo da sua política e ideologia mas assim, com uma base aliada dessa estirpe, não há governo que consiga ter êxito.
É uma trairagem só, partidos e partidários se locupletando nas costas governamentais e roubando a torto e a direito. Desse jeito não há Dilma que aguente, embora ela tenha parte na culpa por aceitar indicações de incompetentes.
Governo alivia o IPI para as montadoras.
Novamente o Brasil vai reprizar a novela da redução do IPI para as montadoras, mas segundo a TRIBUNA DA IMPRENSA o governo esqueceu de beneficiar para quem vai estudar - reduzindo os impostos sobre artigos escolares.
Como brasileiro já é esperto e não precisa estudar, dinheiro para os Estados e Municípios construirem mais estradas e pontes, não há, para melhorar a segurança, a saúde pública, e para melhorar o trânsito urbano, também não há.
O negócio é colocar mais carros nas já abarrotadas ruas das cidades e rodovias e induzir o brasileiro a se individar cada dia mais.
BNDES repassou cerca de R$ 4 bilhões para Pernambuco
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) destinou R$ 4,6 bilhões em 2011 para Pernambuco. O montante foi 8,4% maior do que os R$ 4,2 bilhões liberados em 2010. Desta forma, Pernambuco cresceu 45,8%, saltando de 13.960 financiamentos concedidos pelo BNDES em 2010, para 20.351 no ano passado. Desse total, 19.251 operações, ou seja, 94% foram feitas com micro, pequenas e médias empresas (MPMEs).
As torcidas organizadas e a Revolução egípcia.
As torcidas organizadas que surgiram na América Latina nos anos 70 apareceram recentemente no Egito. Os primeiros grupos apareceram em 2005 e, quase imediatamente, entraram para a oposição ao regime do deposto Hosni Mubarak e aos membros de seu braço político, o Partido Nacional Democrático (PND). Os torcedores radicais da equipe do Cairo, Ahly, e os do Zamalek foram os que mais se comprometeram no combate contra Mubarak. Não parece ser um acaso que tenham sido agora objeto de uma vingança sangrenta ante à passividade cúmplice da polícia.
Por Eduardo Febbro, na
Eduardo Febbro - Correspondente da Carta Maior em Paris.
Nas horas mais violentas da segunda fase da Revolução egípcia que fez da praça Tahrir o seu território de rebeldia, as torcidas organizadas egípcias atuaram como a tropa de choque que se enfrentou com a polícia nos combates mais cruentos que estouraram nos acessos à rua Mohamed Mahmud. Essa via conduzia ao Ministério do Interior e era, tanto para os manifestos quanto para a polícia, um lugar estratégico. Sem aqueles jovens de 20 anos fanáticos por futebol e oriundos dos bairros pobres do Cairo, sem sua cultura aguerrida dos enfrentamentos, a praça teria caído nas mãos da polícia. As torcidas organizadas que surgiram na América Latina nos anos 70 apareceram recentemente no Egito. Os primeiros grupos apareceram em 2005 e, quase imediatamente, entraram para a oposição ao regime do deposto Hosni Mubarak e aos membros de seu braço político, o Partido Nacional Democrático (PND).
Incontroláveis pelas estruturas patriarcais que dirigem os clubes de futebol, a maior parte das vezes aliadas de uma ou de outra forma com o regime, hostis ao comando do PND, furibundos contestadores da autoridade policial, a qual desprezam por sua endêmica corrupção e pela brutalidade insensata com que atuava, os « ultras », como são conhecidos, desenvolveram uma estrutura poderosa, rebelde e violenta.
Autônomos nos planos político e material, já que não dependem dos clubes com os quais simpatizam, eles fizeram da guerrilha contra as forças da ordem um estilo de vida. Seu desenvolvimento foi tão rápido quanto sua capacidade de se organizar. Os analistas egípcios davam conta de que, depois da Irmandade Muçulmana, os clubes de torcedores que nasceram nos meados do ano 2000, eram as estruturas mais organizadas do país. Duas torcidas se destacam entre todas : a White Knights, dos torcedores do clube Zamalek SC, e a dos torcedores do Al Ahly Sporting Club, um dos grupos envolvidos no massacre de Porto Said.
Em outubro e novembro do ano passado, em plena revolta da Praça Tahrir, Carta Maior compartilhou com esses torcedores momentos de uma extrema violência e de uma grande solidariedade interna. Poucos dias antes das eleições que marcaram o ingresso do Egito em um sistema democrático mais aberto, os revolucionários de janeiro de 2011 voltaram a ocupar a praça para exigir da junta militar mudanças substanciais no dispositivo eleitoral, assim como a entrega imediata do poder aos civis. A polícia respondeu com mais virulência do que nas revoltas que desembocaram na queda de Hosni Mubarak. Mas as torcidas organizadas estavam ali para defender a praça Tahrir. Nada os dissuadia : estavam perfeitamente treinados para suportar os gases lacrimogêneos, pular paredes, atirar pedras e se chocar diretamente contra as unidades policiais especializadas em repressão urbana.
A Revolução egípcia unificou as trocidas por cima das rivalidades clubísticas. « Eles foram os atores determinantes da Revolução de janeiro. No dia 25, sem que ninguém os chamasse e sem que houvesse uma consigna posterior, eles vieram para defender a Praça Tahrir e dali não se moveram », lembrava Tamer, um advogado recém formado. Sua presença ficou gravada nos muros do Cairo junto aos grafites da revolução.
A consiga dos ultras, ACAB (All Cops are bastards, Todos os policiais são bastardos) ocupa tantos lugares quanto as consignas revolucionárias.
Graças à internet, aos telefones celulares e às redes sociais, a capacidade de mobilização destes grupos é tão massiva como instantânea. Os três principais nucleos de torcidas organizadas, Ahlawy, White Knights e Blue Dragons, atraem dezenas de milhares de pessoas em um piscar de olhos.
Calcula-se que esses três grupos são capazes de reunir cerca de 20 mil pessoas e levara para a rua mais de 50 mil. Sua influência chegou a tal nível que, durante os últimos anos de Kubarak, a policia ia prender os líderes das trocidas em suas casas e os julgava logo em tribunais militares.
Os torcedores radicais da equipe do Cairo, Ahly, e os do Zamalek foram os que mais se comprometeram no combate contra Mubarak. Não parece ser um acaso que tenham sido agora objeto de uma vingança sangrenta ante à passividade cúmplice da polícia. Omar, um cairota de 20 anos, membro dos White Knights, dizia em novembro de 2011 que a polícia egípcia era « uma assassina » e que se havia algo que era preciso mudar com urgência no país era « limpar esse corpo de torturadores e corruptos ». Gasser Abdel Ruzek, um dos dirigentes da Iniciativa Egípcia para os Direitos Pessoais, contava no ano passado que os torcedores de futebol passaram da condição de fanáticos de um clube para a de « soldados » da liberdade.
Tradução: Katarina Peixoto
Incontroláveis pelas estruturas patriarcais que dirigem os clubes de futebol, a maior parte das vezes aliadas de uma ou de outra forma com o regime, hostis ao comando do PND, furibundos contestadores da autoridade policial, a qual desprezam por sua endêmica corrupção e pela brutalidade insensata com que atuava, os « ultras », como são conhecidos, desenvolveram uma estrutura poderosa, rebelde e violenta.
Autônomos nos planos político e material, já que não dependem dos clubes com os quais simpatizam, eles fizeram da guerrilha contra as forças da ordem um estilo de vida. Seu desenvolvimento foi tão rápido quanto sua capacidade de se organizar. Os analistas egípcios davam conta de que, depois da Irmandade Muçulmana, os clubes de torcedores que nasceram nos meados do ano 2000, eram as estruturas mais organizadas do país. Duas torcidas se destacam entre todas : a White Knights, dos torcedores do clube Zamalek SC, e a dos torcedores do Al Ahly Sporting Club, um dos grupos envolvidos no massacre de Porto Said.
Em outubro e novembro do ano passado, em plena revolta da Praça Tahrir, Carta Maior compartilhou com esses torcedores momentos de uma extrema violência e de uma grande solidariedade interna. Poucos dias antes das eleições que marcaram o ingresso do Egito em um sistema democrático mais aberto, os revolucionários de janeiro de 2011 voltaram a ocupar a praça para exigir da junta militar mudanças substanciais no dispositivo eleitoral, assim como a entrega imediata do poder aos civis. A polícia respondeu com mais virulência do que nas revoltas que desembocaram na queda de Hosni Mubarak. Mas as torcidas organizadas estavam ali para defender a praça Tahrir. Nada os dissuadia : estavam perfeitamente treinados para suportar os gases lacrimogêneos, pular paredes, atirar pedras e se chocar diretamente contra as unidades policiais especializadas em repressão urbana.
A Revolução egípcia unificou as trocidas por cima das rivalidades clubísticas. « Eles foram os atores determinantes da Revolução de janeiro. No dia 25, sem que ninguém os chamasse e sem que houvesse uma consigna posterior, eles vieram para defender a Praça Tahrir e dali não se moveram », lembrava Tamer, um advogado recém formado. Sua presença ficou gravada nos muros do Cairo junto aos grafites da revolução.
A consiga dos ultras, ACAB (All Cops are bastards, Todos os policiais são bastardos) ocupa tantos lugares quanto as consignas revolucionárias.
Graças à internet, aos telefones celulares e às redes sociais, a capacidade de mobilização destes grupos é tão massiva como instantânea. Os três principais nucleos de torcidas organizadas, Ahlawy, White Knights e Blue Dragons, atraem dezenas de milhares de pessoas em um piscar de olhos.
Calcula-se que esses três grupos são capazes de reunir cerca de 20 mil pessoas e levara para a rua mais de 50 mil. Sua influência chegou a tal nível que, durante os últimos anos de Kubarak, a policia ia prender os líderes das trocidas em suas casas e os julgava logo em tribunais militares.
Os torcedores radicais da equipe do Cairo, Ahly, e os do Zamalek foram os que mais se comprometeram no combate contra Mubarak. Não parece ser um acaso que tenham sido agora objeto de uma vingança sangrenta ante à passividade cúmplice da polícia. Omar, um cairota de 20 anos, membro dos White Knights, dizia em novembro de 2011 que a polícia egípcia era « uma assassina » e que se havia algo que era preciso mudar com urgência no país era « limpar esse corpo de torturadores e corruptos ». Gasser Abdel Ruzek, um dos dirigentes da Iniciativa Egípcia para os Direitos Pessoais, contava no ano passado que os torcedores de futebol passaram da condição de fanáticos de um clube para a de « soldados » da liberdade.
Tradução: Katarina Peixoto
EGITO
A ROLHA DA VIOLÊNCIA - A explosão de violência registrada ontem num estádio de futebol em Port Said, no Egito, quando morreram cerca de 74 pessoas, evidencia que a aparente calmaria pós-eleitoral no país é apenas isso: aparência. Desde a derrubada da ditadura Mubarak, a sociedade egípcia está cindida de alto a baixo. O aparelho ditatorial continua intacto no poder através dos militares amigos dos EUA. A transferência de comando às forças de centro, representadas pela Irmandade Muçulmana, vitoriosa nas eleições parlamentares de 2011, de fato não ocorre. A insatisfação das ruas, cujo quartel-general é a praça Tahrir, refluiu depois do pleito, mas seus protagonistas --e suas demandas-- não sofreram qualquer transfiguração; continuam a desempenhar outros papéis na vida cotidiana. Inclui-se aí o de serem membros de torcidas organizadas de futebol, como é o caso dos 'Ultras', massacrados ontem em Port Said. Integrantes dos 'Ultras' tiveram participação decisiva nos levantes de Tahrir que culminaram com a derrubada de Mubarak (leia o relato do correspondente de Carta Maior nas jornadas de Tahrir, Eduardo Febbro, nesta pág). Seus porta-vozes acusam a polícia egressa da ditadura --contra a qual se bateram e se batem com regularidade-- de facilitar a agressão sofrida no estádio de Port Said (cuja equipe ganhou o jogo dos visitantes por 3 x 1). A tragédia esportiva em si deplorável está marmorizado de pendencias explosivas não resolvidos na esfera política . Como se fosse uma gigantesca rolha da era Mubarak, a ditadura militar continua a obstruir a reacomodação da sociedade e de suas instituições. Sem mecanismos adequados de expressão institucional, o vapor explode aqui e ali. Ontem foi num estádio de futebol. A ver. (Carta Maior; 5ª feira; 02/02/ 2012)
O Haiti que Dilma visita contado por Eduardo Galeano.
“Os escravos negros do Haiti propinaram uma tremenda surra ao Exército de Napoleao Bonaparte; e em 1808 a bandeira dos livres se alçou sobre as ruínas.
Mas o Haiti foi, desde ali, um país arrasado. Nos altares das plantações francesas de açúcar se tinham imolado terras e braços, e as calamidades da guerra tinham exterminado um terço da população.
O nascimento da independência e a morte da escravidão, façanhas negras, foram humilhações imperdoáveis para os brancos donos do mundo.
Dezoito generais de Napoleão tinham sido enterrados na ilha rebelde. A nova nação, parida em sangue, nasceu condenada ao bloqueio e à solidão: ninguém comprava dela, ninguém lhe vendia, ninguém a reconhecia. Por ter sido infiel ao amo colonial, o Haiti foi obrigado a pagar à França uma gigantesca indenização. Essa expiação do pecado da dignidade, que esteve pagando durante um século e meio, foi o preço que a França lhe impôs para seu reconhecimento diplomático.
Ninguém mais o reconheceu. Nem a Grande Colombia de Simon Bolívar, mesmo se ele lhe deveu tudo. Navios, armas e soldados o Haiti tinha lhe dado, com a única condição que libertasse aos escravos, uma ideia que não tinha ocorrido ao Libertador. Depois, quando Bolívar triunfou na sua guerra de independência, negou-se a convidar o Haiti ao congresso das novas nações americanas.
O Haiti continuou sendo o leproso das Américas.
Thomas Jefferson tinha advertido, desde o começo, que tinha que confinar a peste nessa ilha, porque dali provinha o mal exemplo.
A peste, o mau exemplo: desobediência, caos, violência. Na Carolina do Sul, a lei permitia prender qualquer marinheiro negro, enquanto o seu navio estivesse no porto, pelo risco de que pudesse contagiar a febre antiescravista que ameaçava a todas as Américas. No Brasil essa febre se chamava haitianismo.
Mas o Haiti foi, desde ali, um país arrasado. Nos altares das plantações francesas de açúcar se tinham imolado terras e braços, e as calamidades da guerra tinham exterminado um terço da população.
O nascimento da independência e a morte da escravidão, façanhas negras, foram humilhações imperdoáveis para os brancos donos do mundo.
Dezoito generais de Napoleão tinham sido enterrados na ilha rebelde. A nova nação, parida em sangue, nasceu condenada ao bloqueio e à solidão: ninguém comprava dela, ninguém lhe vendia, ninguém a reconhecia. Por ter sido infiel ao amo colonial, o Haiti foi obrigado a pagar à França uma gigantesca indenização. Essa expiação do pecado da dignidade, que esteve pagando durante um século e meio, foi o preço que a França lhe impôs para seu reconhecimento diplomático.
Ninguém mais o reconheceu. Nem a Grande Colombia de Simon Bolívar, mesmo se ele lhe deveu tudo. Navios, armas e soldados o Haiti tinha lhe dado, com a única condição que libertasse aos escravos, uma ideia que não tinha ocorrido ao Libertador. Depois, quando Bolívar triunfou na sua guerra de independência, negou-se a convidar o Haiti ao congresso das novas nações americanas.
O Haiti continuou sendo o leproso das Américas.
Thomas Jefferson tinha advertido, desde o começo, que tinha que confinar a peste nessa ilha, porque dali provinha o mal exemplo.
A peste, o mau exemplo: desobediência, caos, violência. Na Carolina do Sul, a lei permitia prender qualquer marinheiro negro, enquanto o seu navio estivesse no porto, pelo risco de que pudesse contagiar a febre antiescravista que ameaçava a todas as Américas. No Brasil essa febre se chamava haitianismo.
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
O 'FIM DA CRISE' E O OXÍMORO ORTODOXO. - A expressão 'contração fiscal expansionista' sugere um simples oxímoro, mas representa mais que uma contradição vocabular quando se sabe que abriga a viga mestra da proposta conservadora para a crise mundial. Pulsa nesse paradoxo, ademais, uma visão de desenvolvimento recorrente em terras brasileiras, baseada na hipótese de que um bom arrocho nas despesas públicas e nas políticas sociais é pré-condição para se 'liberar' espaço à queda dos juros e, ato contínuo, festejar o 'crescimento saudável' capitaneado pelo setor privado. O tacão de Angela Merkel sobre os parceiros do euro; a decadência inglesa sob Cameron; a pobre Espanha com 48,5% da juventude desempregada; Portugal do extremismo conservador que flertou com a volta da mais valia absoluta e a sofrida Grécia das crianças que desmaiam de fome em sala de aula, sem esquecer o embate orçamentário nos EUA, são protagonistas da gigantesca massa de interesses e sacrifícios em ebulição no interior desse inocente jogo de palavras. No fundo, estamos novamente às voltas com o bordão do Estado mínimo adaptado às condições da maior crise do capitalismo desde 1929. Não há nada de acadêmico nisso. A resiliência de um marco divisor que esfarela direitos e cospe desemprego planeta afora, em troca de uma improvável redenção purgativa da economia, é a evidência mais óbvia de que o colapso neoliberal ainda não produziu um antídoto ancorado em forças sociais aptas a inaugurar um novo ciclo histórico. É desse horizonte escuro e inóspito que irrompem sinais bruxelantes de uma 'recuperação' trombeteada pela mídia, na qual bancos e grandes corporações emergem leves, líquidos e lucrativos. Mas a renda, a qualidade do emprego, os direitos e a subjetividade despencam na maioria das nações. Bancos e grandes corporações acumulam cerca de US$ 13 trilhões em caixa no mundo rico. Mas não emprestam, não investem, nem contratam. Coube ao Presidente do Santander, Emilio Botín, elucidar esse desencontro com uma explicação que desmente o suposto poder regenerador do oxímoro ortodoxo: " O crédito não flui e não emprestamos mais porque não há demanda solvente na sociedade", justificou Don Botín na 3ª feira, em Madrid. Em resumo, a 'contração' vai bem, já a contrapartida expansionista patina --justamente porque a contração vai bem.
OLHANDO PARA 2.014
Por Marcos Coimbra, do Correio Braziliense.
Enquanto se entretinham na contabilidade das crises nos ministérios e se ocupavam com as escaramuças entre os partidos da base governista, poucos analistas de nossa política perceberam algo que ocorreu em 2011. Trata-se, no entanto, de um fato de consequências mais relevantes que todos esses episódios somados.
Ao longo do ano, Dilma tornou-se uma candidata fortíssima a vencer a eleição em 2014 e a permanecer no cargo até 2018. Com isso, a repetir a performance de Lula e a completar um período de 16 anos de hegemonia petista à frente do governo federal.
A possibilidade sempre existiu. Desde quando foi aprovado o instituto da reeleição (não esquecendo que por iniciativa e intenso trabalho do PSDB e de Fernando Henrique Cardoso), foram raros os casos de ocupantes de cargos executivos — presidente, governador ou prefeito — que perderam a eleição de renovação do mandato.
São as exceções, governantes cuja gestão era considerada péssima ou que enfrentaram adversários notáveis. A regra é vencer, mesmo quando as administrações não enchem os olhos. Na dúvida entre o razoável, mas seguro, e o ótimo, porém incerto, a maioria das pessoas costuma preferir o conhecido. Sem contar que é comum a convicção de que quatro anos não são suficientes para pronunciar-se sobre o trabalho de alguém.
Dilma tinha o problema dos que venceram mais pelo prestígio de um patrono do que por seus próprios atributos. Sua vitória veio apesar de quase ninguém a conhecer e de não haver vínculos emocionais entre ela e o eleitor. Seu julgamento poderia, portanto, ser mais severo, e maior o risco de muitos se decepcionarem com ela.
Mas era a sucessora de Lula e se beneficiaria da aprovação das políticas que estavam em andamento e que permaneceriam. E seria, em 2014, a presidente em exercício.
Tudo considerado, era fácil imaginar que Dilma poderia, em tese, ser uma candidata com chance de vencer a reeleição. Salvo se seu governo fosse uma catástrofe.
Terminado 2011, o que vimos foi aumentar a avaliação positiva de seu trabalho. As pesquisas de dezembro e janeiro confirmaram o que se podia perceber desde o início do ano passado: uma tendência de melhoria dos índices de satisfação da população com o governo.
Ela atravessou o desgaste de uma série de problemas no ministério e no segundo escalão, atingidos por sucessivas denúncias, das quais algumas eram verdadeiras e exigiram providências. Enfrentou um ano de complicações crescentes na economia mundial, com reflexos relevantes no nosso desenvolvimento.
Foi aprovada pela vasta maioria da opinião pública e, de candidata potencialmente forte, tornou-se forte no sentido concreto.
É claro que é cedo e que muita água ainda vai correr por baixo da ponte até 2014. Mas é assim que ela começa o segundo ano de governo.
Hoje, o PT tem, portanto, dois muito bons candidatos à Presidência: Lula — não se precisa demonstrar — e Dilma. Qualquer um deles, se tivéssemos uma eleição agora, venceria (provavelmente com folga). E ambos têm idade (ele aos 66, ela aos 64) para disputar algumas mais nos próximos anos.
E as oposições?
Como mostram as pesquisas, só há dois nomes nacionais, de políticos que a maioria da população identifica: FHC e Serra. Nenhum, no entanto, em condições de disputar novas eleições: o primeiro diz que não deseja; o segundo não tem apoio sequer em seu estado e entre seus (ex-) amigos.
O mínimo que deveriam fazer era lançar, o quanto antes, seu candidato “óbvio”, como diz Fernando Henrique. Aécio precisa ser logo identificado como o rosto da oposição, o político que vai representar o “outro lado” em 2014.
Os próximos três anos são indispensáveis para alguém que apenas 20% da população conhece um pouco melhor. Talvez não resolvam, mas não podem ser desperdiçados.
Fernando Morais x Yoani Sánchez.
Da colunista Monica Bergamo, da ‘Folha’:
“O escritor Fernando Morais, que disse no Fórum Social de Porto Alegre que não mexeria “um palito” para ajudar a blogueira cubana Yoani Sánchez a visitar o Brasil porque ela é “contra a revolução”, evita criticar o governo Dilma pela concessão de visto de turista para a oposicionista do regime dos irmãos Castro. “Não entro nessas considerações.”
Morais diz que “é sabido que o blog dessa moça é mantido num servidor do dono de uma empresa alemã que contrata pugilistas cubanos que desertam mundo afora” -incluindo os que abandonaram a delegação do país no Pan de 2007, no Rio. “Quem está pagando a conta para traduzir o blog dela para 18 línguas?”
Uma retificação apenas.
O blog da Yoani não é mais traduzido para 18 idiomas.
Agora já são 20.
Haja dinheiro!!!
Sendo assim...
Está é a pergunta que não quer calar! Como declarado pelo senador Pedro Taques, que protocolou juntos a outros, solicitação de “poder de voz”, por considerar que: "Qualquer decisão (do Supremo Tribunal Federal) para limitar os poderes do CNJ será inconstitucional - ninguém pode ser juiz de si mesmo".
A ordem pode julgar os seus???
Sobre a nova lei seca.
É isso mesmo que o Ministro da Justiça quer: prova testemunhal ? Como iremos nos defender daquelas pessoas que usam o uniforme ou mesmo pessoas leigas que irão imputar a uma pessoa que ela esteja bêbada? Aliás, temos vários "graus" de bêbado segundo a própria legislação que deve respeito ao princípio da proporcionalidade.
Exemplo: Sou muito empolgado e muitos acham até que eu tomo alguma coisa para ficar assim.
Ocorre que não bebo ou sequer tomo remédio controlado.
Como acham as "testemunhas" irão me julgar? Alguém aqui quer ser julgado de orelha? Só em ditaduras "funciona" isso.
Gastos com computadores no Congresso.
Caríssimos brasileiros! De acordo com levantamento feito pela Agência Digital Medialog, 73 dos deputados e senadores ignoram comunicação com o eleito via web, aponta que a maioria dos congressistas brasileiros ignora os eleitores quando o assunto é contato via internet. Para chegar a essa conclusão, a agência enviou um email para cada um dos deputados e senadores brasileiros, pedindo informações sobre o trabalho deles na internet. Contraditoriamente Senado e Câmara acaba de gastar mais de 7 milhões em computadores para os deputados, senadores e assessores.
Parlamentares dos países europeus não tem esse mimo por lá, será crise do euro?
Visitantes Vs. donos do campo.
A partida entre o CNJ, Povo, Imprensa; Versus, Supremo.
Tivemos no País pelejas interessantes, mas essa possui caracteristicas peculiares. A nação torcerá por um "combinado" e juizes não são imparciais, são o "outro lado" e podendo apitar, marcar, expulsar e xingarem a honra dos torcedores resignados.
O risco pode continuar.
Não está apenas nos que saem, mas também nos que entram.
A Presidenta Dilma precisa que suas assessorias especiais monitorem o comportamento dos substitutos ou novos detentores de cargos públicos. Do contrário, de nada adiantarão as substituições.
O risco continuará acontecendo.
Sem dúvidas, os partidos deverão ser responsabilizados em casos clamente omissos, diante dos atos e fatos concretos, talvez seja uma forma de se indicar gestores com perfil de gestores e não, de representantes de políticos lobistas.
Parlamento é para proteger o Estado e o cidadão e não para instrumento de trocas pessoais.
STF: votação sobre o CNJ é adiada
O julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre os poderes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) foi suspenso nesta quarta (1º) e deve ser retomado amanhã. O motivo foi a abertura do ano judiciário no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que será logo mais. Três ministros do STF fazem parte do TSE. A suspensão se deu quando os ministros ainda analisavam o voto do relator, Marco Aurélio Mello, que disse que o CNJ não pode “atropelar” os tribunais na elaboração de normas relativas à investigação de juízes. Para o ministro, “não incumbe ao Conselho Nacional de Justiça criar deveres, direitos ou sanções administrativas mediante resolução.”
Ai de ti, Haiti.
A ONU deveria interferir no pseudo governo do Haiti. Dois anos após o terremoto, o lugar continua arrasado, o povo passa extrema necessidade e os pais de família fogem do país em busca de uma condição melhor. Recursos financeiros e materiais não chegam à população que come biscoito feito de argila para enganar a fome, além do sofrimento com doenças como a AIDS, Tuberculose, malária, cólera. Enquanto não existir um governo organizado e probo, os haitianos continuaram a sofrer.
NA MARCA DO PÊNALTI, SEM GOLEIRO
Por Carlos Chagas.
Completa-se o processo: a falta foi cometida dentro da área; o juiz apitou e deu cartão vermelho para o agressor; a torcida aplaudiu; a bola está colocada na marca do pênalti. Falta a cobrança, com a diferença de que não há goleiro debaixo das traves. Basta chutar.
A imagem aplica-se ao sétimo ministro a ser afastado do governo depois de denúncias de irregularidades. Mário Negromonte, das Cidades, reconheceu a falta e já entregou a camisa e as chuteiras, em conversa rápida com a presidente Dilma, em Salvador, na segunda-feira.
Como ela só retorna de Cuba e do Haiti na quinta, presume-se que o gol aconteça até o fim de semana. Singular na situação é que o time do ministro voltou-lhe as costas. O PP não soltou um simples murmúrio de indignação diante de sua expulsão. Não dava mais para Negromonte continuar em campo.
Ainda agora teve seu chefe de Gabinete e seu chefe da assessoria parlamentar demitidos por ato da chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, por ordem da presidente Dilma, Uma humilhação dos diabos.
A pergunta que se faz é sobre o novo ministro das Cidades. Os rumores. são de que o ministério continuará feudo do PP, mesmo devendo ser encontrado um parlamentar de competência e probidade comprovadas. Caberá ao presidente do partido, senador Francisco Dornelles, opinar a respeito, caso convocado. Não fosse sua óbvia resistência, seria o melhor nome para ocupar a vaga.
A natureza segue seu curso misterioso. Nos casos de Antônio Palocci, Wagner Rossi, Pedro Novais, Orlando Silva, Alfredo Nascimento e Carlos Lupi, a presidente Dilma forçou suas exonerações, mas manteve os compromissos com o PT, o PMDB, o PCdoB, o PR e o PDT. Rejeitou a prerrogativa de optar por técnicos de sua livre escolha, exceção aberta para Ciência e Tecnologia, depois de deslocar Aloísio Mercadante para a Educação.
Há quem critique essa estratégia da chefe do governo, de continuar dividindo o ministério em capitanias hereditárias entregues aos partidos de sua base.
Terá motivos para não desarrumar o quadro de sua sustentação parlamentar, apesar de descontentar muita gente com as sucessivas mudanças no segundo escalão.
Como a chamada reforma ministerial continuará sendo feita a conta-gotas, melhor aguardar pelo próximo ministro a ser defenestrado. Há cotações.
OUTRA PAULADA
Depois de Fernando Henrique, agora foi Sérgio Guerra que vibrou tacape e borduna no lombo de José Serra. O presidente do PSDB, seguindo na linha do ex-presidente da’ República, declarou ser Aécio Neves o candidato do partido à sucessão de 2014. Só falta Geraldo Alckmin fazer o mesmo, mas se ele também rejeita a terceira tentativa de Serra, nem por isso dispõe-se a botar azeitona na empada de Aécio.
Afinal, o governador paulista também é candidato ao palácio do Planalto, mesmo dispondo da alternativa de reeleger-se no palácio dos Bandeirantes.
Ignora-se a estratégia de José Serra, cada vez mais repudiado pelo Alto- Tucanato. É evidente que vai resistir, mas conforme sua tradição de não precipitar as coisas. Poderia compensar o mau momento lançando-se candidato à prefeitura de São Paulo, que nenhum tucano contestaria, muito pelo contrário. Sequer a obrigação de cumprir quatro anos de mandato se tornaria cláusula pétrea, já que em política tudo é permitido.
Por enquanto o ex-governador hesita em reagir ao sociólogo e ao presidente de seu partido, ao tempo em que nega a hipótese de concorrer à prefeitura.
A MENSAGEM PRESIDENCIAL
Aguarda-se com curiosidade a mensagem da presidente Dilma ao Congresso, a ser entregue amanhã pela chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. Há quem suponha estarmos voltando aos tempos em que certos generais-presidentes não davam entrevistas e falavam muito pouco. Por isso, suas mensagens ao Congresso eram esperadas com ansiedade, em especial no capitulo político.
Naqueles textos Garrastazu Médici e Ernesto Geisel enfatizaram não abrir mão dos instrumentos de exceção postos à sua disposição, assim como João Figueiredo, que falava pelos cotovelos mas sistematizava a abertura política ao dirigir-se ao Legislativo.
Na parte da política interna, Dilma não terá muito a acrescentar, já que vivemos uma democracia, mas quanto às políticas externa e econômica, admitem-se novidades. Vale aguardar.
MICHEL NÃO ABRE A GUARDA
O vice-presidente Michel Temer está contendo os descontentes do PMDB, a começar pelo líder Henrique Eduardo Alves. Tem recomendando calma e paciência aos parlamentares insatisfeitos com mudanças efetuadas pela presidente Dilma no segundo escalão do governo, lembrando que, se o partido não ganhou mais ministérios, pelo menos não perdeu aqueles que ocupou no começo da atual administração. A exceção que poderia ser Nelson Jobim, da Defesa, não é, porque o ex-ministro pouca ou nenhuma importância dava à sua filiação partidária.
O importante, para Michel, é manter as posições e, mais ainda, o papel de fiador do governo no Congresso. Com isso, é claro, garantirá a vice-presidência numa provável candidatura de Dilma à reeleição, em 2014
Saúde disponibiliza mais 3,5 mil novos leitos a dependentes do crack
O Ministério da Saúde vai colocar à disposição mais 3.508 novos leitos em enfermarias especializadas para os usuários de crack e outras drogas no país. A portaria que normatiza as novas vagas, publicada nesta quarta (1º), também eleva o valor do repasse médio enviado para pagamento das diárias nas enfermarias especializadas nos hospitais gerais e cria um estímulo financeiro para a implantação. Ao todo, serão investidos R$ 670 milhões nas melhorias, que fazem parte do programa “Crack, é possível vencer”, lançado em dezembro do ano passado pela presidenta Dilma Rousseff.
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
YOANI SÁNCHEZ
Por Altamiro Borges, do Blog do Miro.Blogueira ou mercenária?
Nas vésperas da visita da presidenta Dilma Rousseff a Cuba, a mídia colonizada tem feito grande alarde em torno do nome da blogueira cubana Yoani Sánchez. Ela é apresentada como uma “jornalista independente”, que mantém um blog com milhões de acessos e que enfrenta, com muitas dificuldades materiais, a “tirania comunista”, que a persegue e censura.
Na busca pelo holofote midiático, líderes demotucanos e, lamentavelmente, o senador petista Eduardo Suplicy têm posado de defensores da blogueira. Eles se juntaram para pressionar o governo a conceder visto para que Yoani venha ao Brasil assistir a pré-estréia do filme “Conexões Cuba-Honduras”, do documentarista Dado Galvão – que, por mera coincidência, é membro-convidado e articulista do Instituto Millenium, o antro da direita que reúne os barões da mídia nativa.
Mas, afinal, quem é Yoani Sánchez? Em primeiro lugar, ela não tem nada de “jornalista independente”. Seus vínculos com o governo dos EUA, que mantém um “escritório de interesses” em Havana (Sina), são amplamente conhecidos. O Wikileaks já vazou 11 documentos da diplomacia ianque que registram as reuniões da “dissidente” com os “agentes” da Sina desde 2008.
Num deles, datado de 9 de abril de 2009, o chefe da Sina, Jonathan Farrar, escreveu ao Departamento de Estado: “Pensamos que a jovem geração de dissidentes não tradicionais, como Yoani Sánchez, pode desempenhar papel a longo prazo em Cuba pós-Castro”. Ele ainda aconselha o governo dos EUA a aumentar os subsídios financeiros à blogueira “independente”.
Anualmente, o Departamento de Estado destina cerca de 20 milhões de dólares para incentivar a subversão contra o governo cubano. Nos últimos anos, boa parte deste “subsídio” é usada para apoiar “líderes” nas redes sociais. A própria blogueira já confessou que recebe ajuda. “Os Estados Unidos desejam uma mudança em Cuba, é o que eu desejo também”, tentou justificar numa entrevista ao jornalista francês Salim Lamrani.
Neste sentido, não dá para afirmar que Yoani Sánchez padece de enormes dificuldades na ilha – outra mentira difundida pela mídia colonizada. Pelo contrário, ela é uma privilegiada num país com tantas dificuldades econômicas. Além do subsídio do império, a blogueira também recebe fortunas de prêmios internacionais que lhe são concedidos por entidades internacionais declaradamente anticubanas. Nos últimos três anos, ela foi agraciada com US$ 200 mil dólares de instituições do exterior.
Na maioria, os prêmios são concedidos com a justificativa de que Yoani é uma das blogueiras mais famosas do planeta, com milhões de acesso, e uma “intelectual” de prestígio. Outra bravata divulgada pela mídia colonizada. Uma rápida pesquisa no Alexa, que ranqueia a internet no mundo, confirma que seu blog não é tão influente assim, apesar da sua farta publicidade na mídia e dos enormes recursos técnicos de que dispõe – inclusive com a estranha tradução “voluntária” para 21 idiomas.
Quanto ao título de “intelectual” e principal dissidente de Cuba, a própria Sina realizou pesquisa que desmonta a tese usada para projetar a blogueira. Ela constatou que o opositor mais conhecido na ilha é o sanguinário terrorista Pousada Carriles. Yoani só é citada por 2% dos entrevistados – ela é uma desconhecida, uma falsa líder, abanada com propósitos sinistros.
A “ilustre” blogueira, inclusive, é motivo de chacota pelas besteiras que publica e declara em entrevistas à mídia estrangeira. Vale citar algumas que já compõem o “ciberbestiário” de Yoani Sánchez:
- [Sobre a Lei de Ajuste Cubano, imposta pelos EUA para desestabilizar a economia cubana, ela afirmou que não prejudica o povo] porque nossas relações são fortes. Se joga o beisebol em Cuba como nos Estados Unidos;
- Privatizar, não gosto do termo porque tem uma conotação pejorativa, mas colocar em mãos privadas, sim.
- Não diria que [os chefões da máfia anticubana de Miami, sic] são inimigos da pátria;
- Estas pessoas que são favoráveis às sanções econômicas [dos EUA contra Cuba] não são anticubanas. Penso que defendem Cuba segundo seus próprios critérios;
- [A luta pela libertação dos cinco presos nos Estados Unidos] não é um tema que interessa à população. É propaganda política;
- [A ação terrorista de Posada Carriles contra Cuba] é um tema político que as pessoas não estão interessadas. É uma cortina de fumaça;
- [Mas os EUA já invadiram Cuba, pergunta o jornalista] Quando?;
- O regime [de Fulgencio Batista, que assassinou 20 mil cubanos] era uma ditadura, mas havia liberdade de imprensa plural e aberta;
- Cuba é uma ilha sui generis. Podemos criar um capitalismo sui generis.
Por último, vale rechaçar a mentira midiática de que Yoani Sánchez é censurada e perseguida em Cuba. Participei no final de novembro de um seminário internacional sobre “mídias alternativas e as redes sociais” em Havana e acessei facilmente o seu blog. Segundo o governo cubano, nunca houve qualquer tipo de bloqueio à página da “jornalista independente”.
Quanto às perseguições sofridas, Yoani Sánchez tem se mostrado uma mentirosa compulsiva e cínica. Em 6 de novembro de 2009, ela afirmou à imprensa internacional que havia sido presa e espancada pela polícia em Havana, “numa tarde de golpes, gritos e insultos”. Em 8 de novembro, ela recebeu jornalistas em sua casa para mostrar as marcas das agressões. “Mas ela não tinha hematomas, marcas ou cicatrizes”, afirmou, surpreso, o correspondente da BBC em Havana, Fernando Ravsberg.
O diário La República, da Espanha, publicou um vídeo com testemunhos dos médicos que atenderam Yoani um dia após a suposta agressão. Os três especialistas disseram que ela não tinha nenhuma marca de violência. Diante dos questionamentos, ela prometeu apresentar fotos e vídeos sobre os ataques. Mas até hoje não apresentou qualquer prova.
A imprensa não tocou nesse assunto.
Mas já já vai tratar dele.
Dilma Rousseff completou um ano de Governo e ainda não foi a Washington.
Visita Fidel primeiro que Obama.
É verdade que ela já esteve com o Presidente norte-americano em Nova York, onde ambos foram participar da Assembléia-Geral das Nações Unidas.
Mas nada de visita oficial aos EUA.
No ano passado, Dilma visitou 15 países, sendo que a Argentina e o Uruguai - nossos vizinhos - ela foi duas vezes.
Esteve ainda na Europa, na Africa e na Ásia.
Agora, depois de Cuba, Dilma viajará para o Haiti. É a opção preferencial pelos pobres.
Ela não foi a Washington, mas também não esteve no Circuito Elizabeth Arden - Roma, Paris e Londres.
Em Paris, para dizer a verdade, ela passou um dia, depois de uma reunião dos Brics em Cannes.
Mas não esteve com Sarkosy.
Foi ver a diretora-geral da Unesco, Irina Bokova
Laurindo Lalo Leal Filho
Crítica da mídia é sucesso na TV argentinaNa Argentina a televisão pública vem surpreendendo o telespectador com um debate até então inédito, levado ao ar pelo programa 6 7 8. Com bom humor, ironia e documentação consistente, os grandes jornais e as emissoras comerciais de rádio e TV são analisados e criticados diariamente em horário nobre.
Crítica da mídia é sucesso na TV argentinaNa Argentina a televisão pública vem surpreendendo o telespectador com um debate até então inédito, levado ao ar pelo programa 6 7 8. Com bom humor, ironia e documentação consistente, os grandes jornais e as emissoras comerciais de rádio e TV são analisados e criticados diariamente em horário nobre.
Dilma sobre gestos à esquerda: 'Fico estarrecida com pergunta'.
Em viagem a Cuba, Dilma Rousseff mostra surpresa ao ser questionada sobre coincidência de duas recentes agendas com público de esquerda - a outra foi a ida ao Fórum Social. Diz achar 'interessante' modo como mídia analisa atos dela e ter ficado 'estarrecida' com esse tipo de pergunta. Em março, Dilma deve retribuir visita de Barack Obama com viagem aos EUA.
André Barrocal, na Carta Maior.
Havana – A presidenta Dilma Rousseff teve nesta terça-feira (31) a chance de definir-se como de “esquerda” e de fazê-lo num lugar símbolo do ideal socialista na América Latina. Em vez disso, reagiu com surpresa ao ser questionada, em entrevista em Cuba, sobre recentes sinais políticos que emitiu nos últimos dias, incluindo a visita oficial à ilha de Fidel Castro.
Presidenta, a senhora começou o ano indo ao Fórum Social e agora vem a Cuba, são gestos políticos mais à esquerda. Por que a senhora fez isso?
"Eu acho interessante a forma como a mídia analisa meus atos... Posso te dizer uma coisa? Eu fico estarrecida com esse tipo de pergunta, estarrecida. Porque... significa que no ano passado eu fui à União Européia, recebi os Estados Unidos (…), fui no G20, fui pra Argentina... Como é que a gente interpretaria o ano passado?"
No roteiro internacional 2012 de Dilma, aberto com a visita a Cuba, está previsto também que ela viaje aos Estados Unidos, provavelmente em março, em retribuição a uma visita feita pelo presidente Barack Obama ao Brasil no ano passado.
Dilma já esteve nos EUA, como presidenta, mas foi para abrir a Assembléia Geral das Nações Unidas no ano passado.
A Grécia funciona como uma espécie de endoscopia em tempo real das consequências sociais e éticas da maior crise capitalista dos últimos 80 anos. A percolação da tragédia na pirâmide social do país escancara os custos humanos de se preservar a riqueza financeira quando o mecanismo que a reproduz já não se sustenta. Esse é o cerne do impasse global que avança para o 4º ano de sacrifícios urbi et orbi.
Mas nada disso parece sensibilizar a mídia demotucana, cuja leitura sugere que o único ponto do planeta que afronta os direitos humanos é uma ilha a 150 quilômetros de sua meca intelectual e política. Por certo não é o que pensam os 26 milhões de desempregados e os 115 milhões de pobres da UE, por exemplo.
Elo mais frágil dessa cadeia, a Grécia emerge como um estuário pedagógico de perdas e danos. No interior do seu metabolismo,um a um, rompem-se os elos mais vulneráveis. A infância em primeiro lugar; dentro dela, as crianças pobres; e a partir daí o essencial, a segurança alimentar. Desde março de 2010, a prioridade de Atenas é adequar o país aos 'programas de ajuste' traduzidos em sucessivos cortes orçamentários.
Os macrodados da agonia gega não sensibilizam mais. Mas há detalhes que ainda desconcertam: o orçamento da educação, por exemplo, sofreu um corte de 60% este ano. Em miúdos: a rede pública de ensino dispõe atualmente de quatro de cada dez euros que recebia em 2010. Não há como preservar o essencial quando 60% do alicerce desaba. Inclua-se no essencial a merenda. Das periferias mais pobres, emergem relatos de desfalecimentos em sala de aula. Mas as agencias de notícias informam que a ministra da Educação, Ana Diamantopulu, apressou-se em desmentir a possibilidade de contemplar todas as famílias carentes com uma bolsa alimentação. Não há verbas.
O desmentido ocorreu simultaneamente ao recuo de Angela Merkel, que pretendia nomear um diretório financeiro para comandar o orçamento grego diretamente de Berlim, de modo a assegurar o pagamento dos credores acima de todas as coisas. "A discussão ficou emocional", justificou-se a premiê que hoje é a voz mais nítida do dinheiro no planeta. O recuo de Merkel não alivia o estômago da infância pobre da Grécia. A próxima cena na tela da endoscopia grega será o efeito do corte previsto no salário mínimo nacional. Com a palavra os paladinos dos direitos humanos em Cuba.
DILMA TEM RAZÃO
A Band é satélite da grobo
É a mulher brasileira.
Realmente a presidenta Dilma demonstrou em Cuba ser uma grande estadista.
Tenho orgulho de ter votado nela.
Nosso país é um exemplo de convívio com os vizinhos e com o mundo, há muitos anos! Porém, uma ressalva… Os presidentes anteriores ao Lula, “faziam tudo que seu Mestre mandava”…
Portanto, não podiam relacionar com Cuba… Viva Lula/Dilma e a soberania nacional! ;
E ainda deixa um recado nas entrelinhas: se vocês do PïG não passarem a minha mensagem direitinho, vão deixar transparecer que lhes falta inteligência, porque todos os brasileiros que têm dois neurônios funcionando estão entendendo.
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