quarta-feira, 13 de abril de 2011

DILMA NA CHINA

Esse senhor intelectual que privatizou o patrimonio público dos brasileiros, deixou nosso país na merda... Por primeira vez o aplaudo de pé, por ter sido sincero e ter expressado publicamente o seu pensamento sobre os interesses que ele quer representar.
Agora, não dar pra entender que muitos representantes do povo, que se diz: amigos dos movimentos sociais, do bravo e guerreiro povo brasileiro, que vai transformar e não reformar e, utiliza das questões sociais para beneficio próprio desse sistema falido que não traz nenhuma perspectiva de vida, para enriquecer a custa da classe trabalhadora, e que muitos são oriundos das lutas populares.
Santa paciência, mas... sou do partido revolucionário que contribuíram para que hoje possamos debater e discutir os problemas da sociedade. Devemos ser o exemplo, temos que parar de mentir, parar de fazer aliança com canalhas que sempre furtaram os cofres do nosso país.

FHC DESAGRDA A TUCANOS

E escancara viés elitista do PSDB.
O polêmico artigo “O Papel da Oposição”, assinado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e divulgado na terça-feira (12), constrangeu lideranças do PSDB e acirrou a crise dos partidos oposicionistas. Num momento em que tucanos como o governador Geraldo Alckmin (SP) e o senador Aécio Neves (MG) tentam se aproximar das centrais sindicais e de segmentos populares, FHC apregoa, no texto, que o PSDB deve abrir mão tanto dos movimentos sociais quanto do “povão”.
Por André Cintra, no Portal Vermelho.
“As oposições se baseiam em partidos não propriamente mobilizadores de massas. A definição de qual é o outro público a ser alcançado pelas oposições e como fazer para chegar até ele e ampliar a audiência crítica é fundamental”, escreve o ex-presidente. Segundo ele, o PSDB tem de dialogar com “toda uma gama de classes médias” — único público que, a seu ver, não sofre a influência do “lulopetismo”.
“Enquanto o PSDB e seus aliados persistirem em disputar com o PT influência sobre os ‘movimentos sociais’ ou o ‘povão’, isto é, sobre as massas carentes e pouco informadas, falarão sozinhos”, dispara FHC, numa crítica indireta aos atuais governadores e parlamentares tucanos. Para o ex-presidente, o governo Lula “aparelhou” e “cooptou” as centrais, “os movimentos organizados da sociedade civil”, as “massas carentes” e até a grande mídia (“com as verbas publicitárias”).
A reação ao artigo foi imediata. Acostumados a criticar as opiniões de FHC apenas nos bastidores, vários tucanos expressaram, publicamente, divergências frontais com o texto. Também o líder do DEM na Câmara, ACM Neto (BA), rebateu o ex-presidente e declarou que a oposição deve “sair do Congresso e ganhar as ruas”, para “ampliar sua capacidade de se comunicar com todos os segmentos sociais”.
Para o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), a “sensibilidade social” de uma legenda partidária “deve estar voltada justamente às camadas mais pobres da população. Essas camadas devem ser a prioridade do partido”. O desafio, segundo Dias, é “encontrar meios de falar às camadas mais pobres” sem passar pelos movimentos sociais.
Aécio Neves avalia que o PSDB precisa “se inserir no Nordeste" e se aproximar nacionalmente dos movimentos sociais. De acordo com senador, os tucanos já conseguiram tal feito em Minas Gerais — opinião mais do que discutível, já que, nas eleições presidenciais de 2010, o eleitorado mineiro preferiu Dilma Rousseff a José Serra (58,45% a 41,55%).
O artigo de FHC, de quebra, alimentou a imagem elitista do tucanato. Na opinião do jornalista José Roberto de Toledo, o texto “ficará lembrado como um reforço à imagem de demofobia do PSDB”, especialmente de Fernando Henrique. “A maioria das pessoas, as tais ‘massas carentes e pouco informadas’, vai entender: o PSDB deve esquecer o ‘povão’.”
Para Jairo Nicolau, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ, no Rio de Janeiro, “é uma fantasia imaginar uma volta ao poder sem uma base popular”. Fábio Wanderley Reis, da UFRJ, agrega: “É uma abdicação problemática. Um partido existir e governar, na democracia, tem a ver com maiorias. Abdicar do povão é condenar-se a ser minoria sempre”.
O sociólogo Humberto Dantas é mais taxativo. Ao comentar a expressão “pouco informadas” — usada por FHC —, ele aconselha o ex-presidente a "se perguntar o que o PSDB tem feito para educar politicamente esses eleitores". E emenda: “Ao invés de abandonar o povão, candidatando-se a continuar oposição, o partido deveria entender o que esse povão quer e por que ele tem apoiado as políticas do governo.”

DESDE QUANDO

FHC ASSUME SEU LUGAR NA HISTÓRIA

 "PSDB DEVE ESQUECER AS  MASSAS CARENTES E MAL-INFORMADAS, O POVÃO" - Na frase de abertura do programa do PSDB, lançado em 1988, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso anuncia que o partido nasce sob a proposta de estar "longe das benesses oficiais, mas perto do pulsar das ruas". Em 2006, em carta aberta aos militantes tucanos, o presidente de honra do PSDB reforça a necessidade de "reatar os fios entre o partido e a sociedade" e recomenda a seus correligionários que busquem o diálogo com os sindicatos e movimentos populares. Neste ano, depois da terceira derrota seguida na disputa presidencial, Fernando Henrique adota um novo discurso e defende que o partido abandone a tentativa de influenciar as bases sociais, a quem chama de "povão" e de "massas carentes e pouco informadas" (Valor, 13-04). (Carta Maior; 4º feira, 13/04/2011)
Fabrício Neves Corrêa, do Rio Grande do Sul, apitará amanhã Botafogo x Avaí, às 19h30m, no Engenhão.
Célio Amorim, de Santa Catarina, aspirante à Fifa, será o árbitro de Nautico x Vasco, amanhã, às 21h50m, no Estádio dos Aflitos.
Cleimar Rocha, técnico do Olaria, prepara o psicológico do time, que perdeu todos os jogos com os grandes. Ele considera que entrar nas semifinais e obter a vaga para a Série D do Campeonato Brasileiro é a grande motivação no jogo de domingo.
Paulo Cesar Gusmão, ex-Vasco, estreou com derrota no Atletico Goianiense, 3 a 1 para o Aparecidense, ontem à noite, no Estádio Serra Dourada. Mas o time, como o ex-técnico Renê Simões deixou, lidera o Campeonato Goiano com 36 pontos.
Abel Braga, técnico do Al Jazeera, ganhou ontem a Copa do Presidente, torneio que tem nos Emirados Árabes a dimensão da Copa do Brasil. Ele espera estar no Rio dentro de um mês para assumir o Fluminense.
Paulo Roberto Falcão fez questão de entrar em campo, ontem à noite, no Beira-Rio, enrolado à bandeira do Internacional, que beijou ao saudar os torcedores. O novo técnico inicia hoje o trabalho de campo.
Altair, lateral e zagueiro do Fluminense nos anos 50 e 60, sofre do mal de Alzheimer e está recebendo apoio do Projeto Tricolor Solidário, através da conta corrente 32316-0, agência 3325-1 do Banco do Brasil.
Roberto Dinamite. Amanhã, 13 de abril, o dia será pequeno para o presidente do Vasco receber abraços por mais um aniversário.
Ademir Fonseca, ex-meio-campo do Botafogo, assumiu o São Caetano na sexta rodada em penúltimo lugar e na 18ª o time é um dos oito melhores do Campeonato Paulista, após a vitória de domingo (2 a 1) sobre o Corinthians, no Pacaembu.
Montillo e Veron desfalcarão Cruzeiro e Estudiantes no jogo de quinta-feira, em La Plata, pela Copa Libertadores. Os times estão classificados

terça-feira, 12 de abril de 2011

A EMOÇÃO DO EMBAIXADOR

BLOG DO DENI MENEZES - O Repórter de oito Copas do Mundo.

Zagallo é oficializado como embaixador
Zagallo mostrou ontem, a quatro meses de completar 80 anos, que o coração continua forte e preparado para as grandes emoções, como a que sentiu ao receber o quadro com o diploma de embaixador das divisões de base do futebol do Botafogo, cercado do carinho do presidente Maurício Assumpção e dos juniores, que na véspera haviam ganho a Taça Guanabara.
Único da história quatro vezes campeão do mundo – titular em todos os jogos em 58 e 62; técnico em 70 e coordenador-técnico em 94 -, Zagallo foi figura de campanhas memoráveis do Botafogo no Campeonato Carioca – jogador bicampeão em 61-62, técnico bicampeão 67-68 – e formador de uma geração vitoriosa: Jairzinho, Roberto, Paulo Cesar, Rogério, entre muitos outros.
O clube teve agora a visão extraordinária de torná-lo embaixador do futebol das divisões de base, a fim de promover a captação de recursos para fazer o novo Centro de Treinamento de Marechal Hermes, com o apoio do investimento dos Emirados Árabes, da Arábia Saudita e do Kuwait, onde até hoje ele desfruta de prestígio pelo excelente trabalho em clubes e seleções.

Jairo com Zagallo e o técnico Eduardo Húngaro
Zagallo agradeceu ao Botafogo:  O presidente Maurício Assumpção destacou: O técnico Eduardo Húngaro, do time de juniores, e Jairo, artilheiro da equipe, fizeram questão de uma foto com Zagallo e o diploma de embaixador que ele havia acabado de receber no centro do gramado em Marechal Hermes, na Zona Oeste do Rio: “É uma lembrança que vai tocar sempre no meu coração” - disse o artilheiro Jairo, com alegria e emoção.
Sinceramente, é uma alegria especial. Depois de ter sido jogador e técnico, é uma grata surpresa voltar ao meu querido Botafogo como embaixador. Nem sei se mereço tanta honra.
“Zagallo é um dos símbolos imortais da história do nosso Botafogo”.
Caio Júnior confirma depois do treino final de hoje a escalação do Botafogo para o primeiro jogo das oitavas de final da Copa do Brasil, amanhã, às 19h30m, no Engenhão. O segundo jogo será dia 20, no Estádio da Ressacada, em Florianópolis. O Avaí, dirigido pelo ex-jogador Silas, do São Paulo e da seleção brasileira, é bicampeão catarinense.

BE

A programação da rodada final da Taça Rio foi confirmada ontem da mesma forma como antecipei aqui no blog. Todos os jogos serão domingo e os quatro sem influência na classificação para as semifinais começarão meia hora mais cedo.
Boavista Duque de Caxias – 15h30m, no Estádio Eucyr Resende, em Bacaxá, distrito de Saquarema.
Resende Madureira - 15h30m, no Estádio do Trabalhador, em Resende, no Sul do estado.
Cabofriense Volta Redonda - 15h30m, no Estádio Alair Corrêa, em Cabo Frio, na Região dos Lagos.
Bangu Americano - 15h30m, no Estádio Proletário, em Bangu, na Zona Oeste.
Os quatro jogos que podem mudar a classificação para as semifinais também serão disputados no mesmo horário.
Olaria Vasco - 16 horas, no Estádio Cláudior Moacir, em Macaé,na Região dos Lagos.
(O Vasco precisa vencer para confirmar o primeiro lugar do Grupo A. Se empatar ou perder, o Flamengo será o primeiro, se vencer o Macaé. O Olariaprecisa apenas empatar para se classificar para as semifinais).
America Botafogo - 16 horas, no estádio do Vasco, em São Januário, na Zona Norte. O Botafogo precisa vencer e esperar que o Vasco derrote o Olaria para se classificar pelo saldo de gols).
Flamengo Macaé - 16 horas, no Estádio da Cidadania, em Volta Redonda, no sul do Estado. O Flamengo precisa vencer e esperar que o Vasco não ganhe do Olaria para ser primeiro do Grupo A).
AS SEMIFINAIS - Sábado, dia 23, o primeiro do Grupo A – provavelmente o Vasco – jogará com o segundo do Grupo B – Olaria ou Botafogo.Domingo, dia 24, o primeiro do Grupo B – provavelmente o Fluminense – jogará com o segundo do Grupo A – provavelmente o Flamengo.
A DECISÃO - Domingo, dia 24, às 16 horas, os vencedores das semifinais decidirão a Taça Rio. Se for o Flamengo, o título de campeão carioca de 2011 estará decidido porque o Flamengo ganhou a Taça Guanabara. Se for outro time, a decisão do campeonato será nos domingos 8 e 15 de maio, às 16 horas, entre o Flamengo – vencedor do primeiro turno – e o vencedor do segundo turno.
O Flamengo tenta o 32º título. O Fluminense, o 31º. O Vasco, o 23º. O Botafogo, o 20º. Nos últimos quatro anos, só Flamengo e Botafogo decidiram. O Fluminense foi campeão pela última vez em 2005 e o Vasco em 2003.
Seja quem for o campeão carioca de 2011, o técnico vai ganhar o título pela primeira vez. Vanderlei Luxemburgo e Ricardo Gomes só foram campeões como jogadores do Flamengo (72-74) e do Fluminense (83-84-85). Enderson Moreira, técnico interino do Fluminense, e Caio Júnior, técnico do Botafogo, nunca jogaram em time do Rio.
  • É pouco provável, quase impossível, que o artilheiro do Campeonato Carioca de 2011 chegue ao número de gols dos artilheiros dos últimos quatro anos: 2007 - Marcelo (Madureira) e Dodô (Botafogo), 13 gols. 2008 - Wellington Paulista (Botafogo), 14 gols. 2009 - Maicosuel (Botafogo), 12 gols.2010 - Vagner Love (Flamengo), 15 gols.
  • Os artilheiros de 2011 – Fred (Fluminense) e Somália (Duque de Caxias) – estão com 9 gols. Nos últimos 10 anos, o artilheiro do Campeonato Carioca que menos gols marcou foi Fábio Bala (Fluminense), 10 gols, em 2003. O artilheiro que mais fez gols foi o gaúcho Sílvio Pirilo (Flamengo), artilheiro do campeonato de 1941 com 39 gols.
  • Os que mais vezes foram artilheiros do Campeonato Carioca: Romário, 7 vezes, quatro pelo Flamengo (96-97-98-99) e três pelo Vasco (86-87-2000), com o total de 106 gols, e Zico, 6 vezes, todas pelo Flamengo (75-77-78-79-79 – campeonato especial – e 82), com o total de 157 gols. Em 78, Zico foi artilheiro junto com Claudio Adão (Flamengo) e Roberto Dinamite (Vasco).
  • Joel Santana perdeu a oportunidade de ser o técnico mais vezes campeão carioca. Ele ganhou oito títulos, em todos os quatro grandes, igualando-se ao falecido Flávio Costa, campeão no Flamengo – cinco vezes, com o primeiro tri em 42-43-44 – e no Vasco – três vezes, invicto em 1949, e o primeiro título de campeão carioca no Maracanã em 1950.
  • O Engenhão, inaugurado em 2007, nos Jogos Pan-Americanos, será cenário, pela primeira vez, da decisão de um título de campeão carioca. O Fluminense, campeão brasileiro de 2010, foi o primeiro a dar volta olímpica no estádio

ARY BARROSO E ANA DE HOLLANDA

    
A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, completa hoje 100 dias de governo - ela assumiu a Pasta dois dias depois da Presidenta Dilma Rousseff.
Para ela, problemas é o que não faltam.
Uns são velhos conhecidos; alguns ela está tomando conhecimento; e outros a ministra nem vislumbra.
                                    * * *
Entre os conhecidos, tem um de fácil solução: a edição dos 20 CDs reunindo a obra completa de Ary Barroso, trabalho realizado pelo pesquisador Omar Jubran, e que há oito anos aguarda patrocínio.
                                                        * * *
No Governo Lula, o então ministro da Cultura, Gilberto Gil, declarou 2003 como o “Ano Ary Barroso”, quando comemorava-se o centenário de nascimento de um dos mais importantes compositores do país. Foi designada uma Comissão Nacional para organizar os festejos, e a assinatura do decreto presidencial foi seguido de festa no Palácio do Planalto, com a presença de acadêmicos, artistas e políticos. Na ocasião foi feita a apresentação do logotipo do centenário, assinado pelo cartunista Ziraldo Alves Pinto.
Gil abandonou a Mesa Diretora durante a solenidade, e cantou com a dupla Célio e Marcos e mais as gêmeas Célia e Celma, a imortal ‘Aquarela do Brasil’.
Em 2003, o trabalho de Omar Jubran já estava concluído. Ele reuniu mais de 300 gravações originais da totalidade das músicas compostas por Ary.
E o que desejava era compartilhar, com o restante do país, essa obra monumental.
Sabem o que ele ganhou da tal Comissão Nacional?
Um diploma de Honra ao Mérito, assinado pelo vice-presidente José Alencar - mineiro como Ary - pelo trabalho realizado.
                                      Em dezembro do ano passado, Omar Jubran fez uma palestra, na Casa de Ruy Barbosa e, na platéia lotada, ele foi aparteado por uma fã que conhecia, em detalhes, o seu trabalho. Era Ana de Hollanda que, agora, como ministra da Cultura, tem a faca e o queijo na mão para bancar a obra que o país tanto  merece.
Na posse do ministro Antonio Palocci,  Ana de Hollanda disse a um repórter que, como ministra da Cultura, não teria mais como responsabilizar terceiros por deixar o trabalho de Omar Jubran na gaveta. Essa seria uma prioridade. Mas nada foi feito.
Pelo bem da Cultura do Brasil, a ministra Ana de Hollanda bem que poderia ocupar apenas 100 minutos de um só dia de trabalho, e disparar uma meia duzia de telefonemas para solucionar essa questão.
Não existe dificuldade para Ana de Hollanda. Basta que ela tenha vontade política.
Beto AlmeidaEnergia nuclear para todos.Enquanto Teerã ia surgindo diante de nossos olhos, pensava no discurso feito pelo presidente Ahmadinejad perante a Assembléia Geral da ONU, quando ele levou à entidade a proposta de que assumisse, sem dupla moral e hipocrisia uma linha política clara e equilibrada: “Energia Nuclear para Todos!, Armas Nucleares para Ninguém!”.

UM CERTO MEDO

Concordo em gênero , número e grau com o Professor, mas há uma coincidência entre o Governo Lula e o da Dilma, que muito me intriga e que não foi abordado.
"Um certo medo".
Sim, um certo medo.
O Lula não teve coragem em refazer as privatizações e corrigí-las. A Dilma vai no mesmo tom e na visita do Obama, repetiu que o "Brasil respeita os contratos".
Bem, entendo que nos primeiros 4 anos, o Lula não quis fazer alterações pelos mais variados e justificados ou não motivos, porém deveria de haver feito no 2º mandato.
A Dilma diz que respeitamos contratos; ora isso é bobagem, estupidez, subserviência ou qualquer outro nome, mas os contratos são bons quando são razoavelmente equilibrados e beneficiam ambos os lados.
Duvido que esses contratos pudessem permanecer intocados na Alemanha, Inglaterra ou mesmo nos Estados Unidos.
Vejam bem, não é o caso de se expulsar ninguém, mas de reparar dano claro e transparente, ao país, a nosso mercado interno e ao consumidor verdadeiro dono do país.
Alguma coisa tem aí, com certeza.
Busco exclarecimentos.

MURRALHA

DILMA COMO SUCESSORA DE LULA

Por Emir Sader, na Carta Maior
Os 100 dias podem ser representativos ou não de um governo. Pela primeira vez temos uma presidenta eleita como sucessora e não como oposição, dando continuidade a um governo de sucesso sem precedentes na história politica brasileira e ao maior líder popular do país depois de Getúlio Vargas.
A posse de FHC chegou a ser saudada pelo principal órgão tucano na imprensa com um caderno especial que anunciava a “Era FHC” – deferência que Lula que, sim, instaurou uma nova era no país, não recebeu – e que se perdeu na intranscendência, quando foi ficando claro que FHC era apenas o capitulo nacional dos presidentes neoliberais da região, acompanhando a Menem, Fujimori, Carlos Andrés Perez, Salinas de Gortari, entre outros, no fracasso e na derrota.
O balanço dos 100 primeiros dias de Lula prenunciava as armadilhas em que cairiam seus críticos, tanto à direita, como à esquerda. Os primeiros buscaram desconstruir sua imagem de representante do movimento popular, dando ênfase à continuidade e à dissolução assim das novidades tanto tempo anunciadas pelo PT, especialmente a prioridade do social. Os críticos de esquerda se apressaram, numa linha similar, a dissolver o governo Lula num continuismo coerente com o governo neoliberal de FHC, apelando para os tradicionais epítetos de “traição”, ”capitulação”, ”conciliação”. O governo Lula estava condenado, pelas duas versões, já nos seus primeiros 100 dias.
O enigma Lula – título do capitulo do meu livro “A nova toupeira” que analisa o "decifra-me ou te devoro" em que constituiu Lula para seus adversários – não tardaria em descolocar esses críticos de direita e de ultraesquerda e derrotar a ambos. Não por acaso na sua sucessão ambos se aliaram contra ele, seja pela força popular que este havia adquirido, seja porque disputavam os supostos méritos de derrota-lo pela campanha de denuncias.
Ambos foram derrotados, quando ficou claro que os 100 primeiros dias eram transição da “herança maldita” – uma espécie de acumulação primitiva – para a geração das condições de um modelo econômico e social de retomada do desenvolvimento e de distribuição de renda, que responderia pelo sucesso inquestionável dos dois governos Lula.
Os 100 dias do governo Dilma são inéditos, por serem continuidade de um governo e de uma liderança de sucesso inéditos no Brasil e, de alguma forma (como apontou Perry Anderson em seu artigo sobre O Brasil de Lula, na London Review of Books), no mundo. Discutia-se, há alguns meses, o que seria o pós-Lula: se o oportunismo de Serra ou o “poste” da Dilma. Nem um, nem outro.
Da mesma forma que a anunciada ruptura de Lula em relação a FHC fez com que se pusesse a ênfase nos elementos de continuidade , deixando de lado as rupturas na politica internacional – com a consequente e transcendental reinserção do Brasil no campo internacional – e as novas politicas sociais que começavam a se esboçar e a ganhar prioridade -, agora se busca destacar as diferenças. Os dois enfoques se equivocaram e se equivocam: o governo Lula não foi continuidade do governo FHC e o governo Dilma não é de ruptura em relação ao governo Lula.
Os elementos essenciais do governo Lula se mantem e se reforçam com Dilma: o modelo econômico e social sofre as adequações que o próprio Lula teria feito, a partir de elementos novos, como a conjuntura econômica internacional, com os fatores cambiários em continuidade com o peso que foram tendo ao longo dos últimos dois anos, em particular. O governo busca enfrentar seus desafios, na estreita ponte entre evitar o descontrole inflacionário, sem aprofundar os desequilíbrios na balança comercial, circunstância que tem no manejo da taxa de juros e de outros instrumentos contra a valorização excessiva da moeda suas difíceis alavancas. O governo Lula não teria feito nada de muito diferente, não por acaso há continuidade nos cargos econômicos, até com maior homogeneidade, pelas mudanças no Banco Central.
Da mesma forma que as politicas sociais preservam seu papel central no modelo que articula o eixo fundamental do governo: desenvolvimento com combate às desigualdades sociais. O PAC continua blindado aos ajustes orçamentários, mantendo seu papel de motor geral do governo na continuidade da expansão econômica e do resgate da pobreza e da miséria no plano social. As adequações do núcleo central do governo melhoraram a harmonia e a capacidade de gestão do eixo essencial que dá continuidade às realizações do governo Lula.
As mudanças tem que ser abordadas no seu marco específico. As da área da saúde se destacam como claramente positivas e dinamizadoras naquele que é um dos problemas sociais mais graves do país – a saúde pública. A Secretaria de Direitos Humanos , em continuidade com o mandato anterior, ganha nova dimensão e capacidade de iniciativa, que a projeta para o centro dos objetivos políticos do governo, com a Comissão da Verdade. O IPEA, felizmente, dá continuidade ao extraordinário trabalho que vinha desenvolvendo. O Ministério das Comunicações, por sua vez, passa a integrar-se nos objetivos fundamentais do governo, assumindo tarefas essenciais na democratização das comunicações no país.
Os problemas – que abordaremos em artigo posterior – têm que ser abordados neste marco: o da continuidade do governo Dilma com o governo Lula, para não se perder em visões impressionantes, ou que isolem aspectos parciais da totalidade do governo ou que se deixem levar por fáceis abordagens jornalísticas – que costumam cair na visão descritiva, nas aparências, sem capacidade de analise politica de fundo e na proporção de vida, das questões.
Os problemas – para enunciá-los já – residem na área econômica: nas dificuldades das medidas de adequação, sem colocar em risco os objetivos centrais do governo. Nas condições socais de realização das obras do PAC – os problemas sociais mais graves que o governo enfrenta. Nos matizes da politica internacional. E na politica cultural.
Mas o principal avanço do governo Dilma está na sua capacidade de ampliar o potencial hegemônico do governo, isto é, de manter o eixo essencial das politicas que marcaram o governo Lula, em um marco de alianças e de legitimidade social e politica mais ampla, estendendo a capacidade de diálogo e interlocução com outros setores sociais – como a classe média –, assim como com a oposição. Nisso consiste a arte essencial da construção de alternativas ao neoliberalismo: avançar em um modelo alternativo, garantindo as condições econômicas, sociais, politicas e culturais de sua reprodução e consolidação. Uma disputa hegemônica em que o governo Dilma herda não apenas um país muito melhor daquele que Lula herdou há 8 anos atrás, mas uma direita enfraquecida, derrota e desmoralizada, tanto no seu vetor politico partidário, como no midiático.
É esse o cenário em que deve ser avaliado o governo Dilma, nos seus avanços e nos problemas que têm pela frente, nos seus milhares de outros dias.
PRUDÊNCIA E CONTROLE DE CAPITAIS, DEPOIS DAS CERTEZAS CATASTRÓFICAS - ".. as políticas macroprudenciais (...) simplesmente indicam nossa perplexidade com a tragédia a que levou a aparente sofisticação financeira. O momento não é de afirmações apodíticas, apoiadas numa ciência que não existe, mas de avaliação cuidadosa da relação custo/ benefício, no curto e no longo prazo, das medidas que estamos tomando em legítima defesa (...) Dizer, como disse o sr. Suttle (e dizem alguns de nossos melhores economistas), que deixar o câmbio flutuar 'naturalmente' é a melhor solução para nosso problema, não tem maior valor "científico". É apenas uma opinião, como todas as outras (inclusive a minha), ditada por diferentes visões do mundo. Afinal, deveria ser óbvio que a "liberdade de movimento de capitais' não está escrita nas 'leis naturais'  imutáveis da organização do universo" (Delfim Netto, Valor) (Carta Maior; 4º feira, 13/04/2011)

domingo, 10 de abril de 2011

ÁGUA

DEPOIS DA CHINA, A AMÉRICA LATINA

Por Carlos Chagas
Depois da China, a América Latina. Mais do que uma rima, trata-se de uma necessidade. A presidente Dilma Rousseff passa a semana do outro lado do mundo, mas, quando voltar, em termos de política externa, deverá dedicar-se à América Latina. Pretende visitar nossos vizinhos e afins, dentro do espírito de solidariedade e colaboração, ainda que com características diversas daquelas adotadas pelo presidente Lula.
Porque o antecessor, com todo o respeito, foi complacente demais com nossos hermanos. De uma posição de supremacia que nos é inerente, acabou dando a impressão de fraqueza diante do Paraguai, Bolívia, Equador, Venezuela e até Argentina. Não é o que vai repetir-se no atual governo. O Brasil estará pronto a dialogar com todos, até mesmo a celebrar acordos capazes de beneficiar economias mais fracas, mas jamais aceitará jogos de cena, imposições ou declarações mal-educadas.
O Paraguai continuará a receber nossa compreensão, ainda que nada vá conseguir fazendo exigências descabidas com relação à energia de Itaipu, para a qual contribuiu apenas com parte da água do rio Paraná. A Bolívia deve esquecer a prática de nacionalizar empresas brasileiras sem antes negociar ao extremo, muito menos ocupando-as militarmente. Vale o mesmo para o Equador. Dilma jamais admitirá comentários pouco protocolares por parte de Hugo Chaves, devendo cobrar, também, a participação da Venezuela em projetos comuns. Em paralelo, não se admitirá Cristina Kirschner repetindo o gesto do falecido marido, que quando presidente da Argentina ficou falando ao telefone celular enquanto o Lula discursava, retirando-se da mesa dos trabalhos sem dar satisfação aos presentes.
Em suma, a estratégia será a mesma, diferindo apenas a tática. Firmeza e respeito são preliminares para os diálogos futuros.
EM DEFESA DE ULYSSES
Afinal, uma voz em favor de quem não pode mais defender-se. O senador Jarbas Vasconcelos foi à tribuna para desagravar a memória de Ulysses Guimarães, agredido na biografia autorizada de José Sarney, recém-publicada. O ex-presidente da República refere-se ao saudoso comandante das oposições como um político menor, sem espírito público, interessado apenas no poder. Sem dúvidas, um diagnóstico infeliz, em especial por ser feito tanto tempo depois da morte de Ulysses. Coube ao ex-governador de Pernambuco repor a História em seus devidos termos.
EMPURRANDO COM A BARRIGA
A Constituição de 88 ampliou os limites da democracia direta, regulando o referendo e o plebiscito, duas formas de a sociedade manifestar-se sem intermediários. Desde sua promulgação, nossa lei maior ensejou diversos pronunciamentos, desde o regime ao sistema de governo e até a propriedade de armas de fogo.
Agora que o Congresso examina a reforma política, nada mais natural do que submeter ao eleitorado as propostas afinal aprovadas pela maioria dos deputados e senadores.
Só que tem azeitona nessa empada. Já flui pelos corredores do Legislativo a idéia de que a referida consulta popular deve acontecer em outubro do ano que vem, junto com as eleições municipais. Quer dizer, uma reforma imprescindível, que se espera votada ainda neste primeiro semestre, ficaria mais de um ano na geladeira. E nem valeria para as eleições municipais de 2012. Só se aplicaria, caso recebendo o apoio popular, em 2014. País que tem tempo é outra coisa.
O MAIOR MURO DO MUNDO
Com toda razão preocupado com a fragilidade de nossas fronteiras, lembrou o senador Marcelo Crivela recente visita feita aos Estados Unidos. Lá, apesar de todos os meios de vigilância na fronteira com o México, os americanos ainda erigiram um muro. Aqui, seria impossível repetir a experiência, dada a extensão de uma fronteira terrestre que começa no Amapá e termina no Rio Grande do Sul. Para evitar a entrada de drogas e de contrabando, a solução seria multiplicar os postos militares de fronteira. Ampliar a presença do poder público nas faixas de limite com nossos vizinhos. Sem isso a droga e as armas continuarão entrando com toda liberdade em nosso território.

O REFERENDO VAI DERROTAR A REFORMA POLÍTICA

Por Carlos Chagas
Podem deputados e senadores optar pelo que bem entender, em matéria de reforma política.Voto  em  listas partidárias, sem o eleitor escolher seu candidato a deputado, dinheiro do governo para financiar eleições, voto  facultativo, diminuição do número de partidos e quanto mais  queiram. Tanto faz se essas mudanças venham a ser aprovadas pelos plenários da Câmara e  do Senado, mesmo invertendo-se a aprovação nas duas casas.
Na verdade, essa terá sido a reforma política feita  pelos políticos, como de tantas vezes anteriores. Elaboradas por eles, para eles. Sem maior identidade com o sentimento nacional. Por isso, e sem questionar a prerrogativa natural de o Congresso mudar, suprimir ou aprimorar as leis, ficaremos diante de um impasse de graves conseqüências. Porque certas decisões precisam transcender das clássicas atribuições parlamentares.
Tome-se a questão do desarmamento. Anos atrás Câmara e Senado aprovaram projeto proibindo qualquer cidadão de possuir armas em casa. As elites aprovaram, a mídia também. Felizmente a matéria foi ao referendo popular. Qual  o resultado? A sociedade discordou de seus representantes. Desarmar, sim, mas primeiro os bandidos, infensos a aceitar a lei. Enquanto eles existissem, deveria o cidadão comum dispor de condições para defender-se, já que o poder público deixava de cumprir o seu papel.
Assim as demais propostas em exame. Financiamento público das  campanhas?  Ótimo, mas desde que extirpados os gastos particulares que certamente  continuarão por muitos anos. Depois, se houverem recursos  disponíveis no tesouro público, em seguida ao seu uso  para desatar o nó na educação e na saúde pública. Nos transportes coletivos, também.
Resultado: a reforma política precisará ser submetida  a um referendo. Imaginem qual o resultado...
QUANTOS EMPREGOS A MAIS ?Os trágicos acontecimentos numa escola  do Realengo,  no Rio, levam à  conclusão de que ensino  não se limita a salas de aula e   à merenda escolar.  É preciso  proteger as escolas e os alunos.  Dar-lhe condições de não ser invadidos e  assassinados. Tivessem as autoridades se preocupado com  a segurança dos jovens, contratando guardas e vigias em número suficiente  para  cada unidade  e esse animal  responsável pela morte de nove meninas e um  menino não teria sequer entrado no estabelecimento em questão. Muito menos armado dois revolveres, transitando como  bem  entendeu pelos corredores e salas de aula.
Recursos? Ora, e as centenas bilhões de dólares  remetidos todos os anos para o exterior, como remessa de lucros do capital especulativo que chega aqui sem a menor preocupação  com nosso sistema de ensino? Sem falar na fonte de empregos criados com a imprescindível segurança...
QUEM  CHAMA QUEM?
Transcorridos cem dias do governo Dilma Rousseff, dos 37 ministros, mais dois que assumem nos próximos dias, pelo menos oito ainda não receberam qualquer convocação da presidente   da  República, salvo para comparecer às duas reuniões conjuntas do  ministério, realizadas  até agora. Viram a chefe de longe, sem a oportunidade de mostrar planos, propostas e dificuldades. Vamos evitar o constrangimento de fulanizações, mas a verdade é que não foram chamados e nem  se animam a pedir para  despachar  isoladamente. Talvez temam repreensões e reprimendas, quem sabe estejam agastados coma falta de atenção.
Esse pode ser um dos males de grandes ministérios.   Napoleão dizia ser impossível ganhar uma batalha  com mais de nove generais a ele subordinados. Com  37 então, nem  se fala.  O então presidente Fernando Collor percebeu essa aberração, nomeou apenas seis ministros, mas,  com todo o respeito,  nomeou tão mal que nada funcionou.
Para Dilma, agora não  dá para começar a extinguir ministérios, mas bem que ela podia receber os ministros  que faltam conhecer o  seu gabinete.
QUANTOS MAIS VIRÃO?
Políticos de primeiro time foram implacavelmente alvejados por José Sarney, na sua biografia autorizada recém-publicada, aliás elogiável, escrita por Regina Echeverria: Ulysses Guimarães, que não pode mais defender-se, e Bernardo Cabral, que deve estar preparando a réplica.
A informação é de que o ex-presidente da  República dá os retoques finais às suas memórias, certamente bem mais apimentadas e profundas do que a biografia. Outros alvos serão objeto de sua pontaria, a ser verdadeiro o comentário de Fernando César Mesquita, de que Sarney não esquece agravos. Guarda-os na geladeira para devolve-los na melhor oportunidade. Tem gente tremendo por antecipação.
Se tem uma coisa que não entendo, é a postura dessa mídia, da oligarquia desse país, da igreja que apoiou este golpe deprimente e maléfico, é querer acobertar uma realidade que tantos viveram tão somente porque não aceitaram um regime tão maléfico, tão nocivo ao povo brasileiro.
É triste ver a mídia falando como se nada tivesse acontecido, e quando quem sofre na pele o que esta senhora relata, ouvir desses ditos jornalistas e desses militares que a Comissão da Verdade é revanchismo.
È não querer trazer à tona, à baila uma realidade cruel ajudada pela imprensa, pela elite deste país para punir pessoas que queriam um Brasil diferente, mais igualitário e humano para todos.
Fica fácil taxar coisas não-verdadeiras e chamar estas pessoas de ravanchistas, claro, não foram eles que sofreram estupros, não foram eles que foram atormentados por pensarem de uma forma diferente.
O Brasil precisa rever urgentemente seu passado.
Precisa ver o quanto esta classe dominante é nociva e maquiadora, dissimuladora, que tudo faz através da imprensa, ou melhor, sendo ela sua porta-voz.
A Folha de São Paulo ficou enfurecida com o relato real de torturado que a novela Amor e Revolução levou ao ar ao fim do seu capítulo da última quinta-feira. Foi por isso que o jornal pôs, neste domingo, seu colunista-bombril, Fernando de Barros e Silva, para atacar a produção do SBT.
O relato que enfureceu o jornal paulista foi o de Rose Nogueira, que, sorvendo uma doce vingança, citou a Folha da Tarde ao descrever as sevícias que sofreu nas mãos da ditadura. Quem é Rose Nogueira? Ah, ela tem uma história com o Grupo Folha…
Antes de tratar do disparo que a Folha fez no que viu e que errou, porque pegou no que não viu, relembremos quem é Rose. Ela foi presa em São Paulo em 1969 e solta em 1970. Era jornalista da Folha da Tarde – jornal antecessor da Folha de São Paulo, também de propriedade da família Frias – e foi militante da Ação Libertadora Nacional (ALN).
Antes de prosseguir, peço que o leitor assista, abaixo, ao depoimento que Rose deu ao SBT para ser exibido em sua novela. Atente para o fato de que ela põe ênfase no nome da Folha da Tarde, citando-a duas vezes. Em seguida, continuo.
Se o prezado leitor já se recuperou do choque que relato tão duro causa, vejamos por que Rose cita a Folha. E será melhor usar as próprias palavras da depoente para explicar o que tem o seu antigo empregador que ver com o que ela passou na ditadura:
Ao buscar, agora, nos arquivos da Folha de S. Paulo a minha ficha funcional, descubro que, em 9 de dezembro de 1969, quando estava presa no DEOPS, incomunicável, “abandonei” meu emprego de repórter do jornal. Escrito à mão, no alto: ABANDONO. E uma observação oficial: Dispensada de acordo com o artigo 482 – letra ‘i’ da CLT – abandono de emprego”.
Por que essa data, 9 de dezembro? Ela coincide exatamente com esse período mais negro, já que eles me “esqueceram” por um mês na cela.
Como é que eu poderia abandonar o emprego, mesmo que quisesse? Todos sabiam que eu estava lá, a alguns quarteirões, no prédio vermelho da praça General Osório. Isso era e continua sendo ilegal em relação às leis trabalhistas e a qualquer outra lei, mesmo na ditadura dos decretos secretos. Além do mais, nesse período, caso estivesse trabalhando, eu estaria em licença-maternidade.
Não sabíamos disso. Nem eu nem Cláudio Abramo, que tentou interferir para me reconduzir ao trabalho na saída da prisão, sem sucesso. Imagino que ninguém da empresa, atualmente, deva saber ou se interessar por esse assunto. A culpa não é deles. Não sei se isso mudou a minha história, a minha vida. Estou viva.
Pois é… Duro, não?
Enfim, mas a questão é que a Folha não gostou. Apesar de, durante as comemorações dos seus 90 anos, o jornal da ditadura ter reconhecido a parte legal de sua atuação pró regime militar, há partes que os Frias não aceitam discutir porque depõem contra a memória do patriarca da família, hoje na terra dos pés juntos.
Vamos, pois, ao ataque do poodle mais feroz do Otavinho à novela do zangado Senor Abravanel, que não gostou nada, nada de a mídia tê-lo exposto no caso do Banco Panamericano com o Fundo Garantidor. E, em seguida, o que penso do que escreveu.
—–
FOLHA DE SÃO PAULO
10 de abril de 2011
Aposta do SBT não vale como ficção nem como documento
Enredo confunde dados históricos e direção remete a dramalhão mexicano


NA NOVELA COM INTENÇÕES EDIFICANTES, ADULAR A PRESIDENTE PARECE MAIS IMPORTANTE QUE ESCLARECER AS MASSAS



FERNANDO DE BARROS E SILVA
COLUNISTA DA FOLHA
Líder estudantil delicada e idealista, filha de pais comunistas, Maria Paixão (Graziela Schmitt) é a heroína da trama. Seu par romântico é José Guerra (Claudio Lins), jovem major fiel aos ideais democráticos, filho do general Lobo Guerra, da linha dura do Exército. “Maria” e “José”, “Paixão” e “Guerra” -isto é “Amor e Revolução”, novela sobre a luta armada que estreou na terça, no SBT.
Mais do que maniqueísta, tudo é muito primário. O principal vilão, supostamente inspirado na figura de Sérgio Paranhos Fleury, o chefe torturador do Dops (a polícia política da ditadura), se chama Delegado Aranha (Jayme Periard). Seu assistente no porão da tortura é o inspetor Fritz (Enando Tiago).
O assunto é sério, o SBT criou enorme expectativa em torno da novela, mas o resultado é uma piada.
As novelas da Globo, que nos servem de referência, também são ruins. Em “Passione”, para citar um exemplo recente, havia uma mixórdia de gêneros -o pastelão farsesco, a trama policialesca, o drama social, o folhetim romântico- convivendo num mesmo enredo, obviamente desprovido de qualquer unidade dramatúrgica.
Esse Frankenstein estilístico é uma aspiração deliberada da novela global, uma fórmula com que a emissora busca atender às demandas de um público heterogêneo, que ela trata de massificar diante da tela.
“Amor e Revolução” é ruim em outro sentido. O SBT quis fazer um banquete, mas não domina a receita do suflê. Tudo é tecnicamente precário, mas não exatamente “pobre”. Temos uma superprodução “trash” -ou, talvez, uma “supertrash” produção.
A direção de atores nos remete àqueles dramalhões mexicanos. Os diálogos são postiços, ginasianos e involuntariamente cômicos -uma mistura de CPC (os centros culturais do catecismo socialista dos anos 60) com “A Praça É Nossa”.
Eis um exemplo: um casal de guerrilheiros veteranos está num sítio idílico, à beira da cachoeira. Jandira (Lúcia Veríssimo) se vira para Batistelli (Licurgo Spinola) e pergunta: “Você me trouxe aqui para fazer amor ou fazer a revolução?”. E ele: “Os dois. O amor cria tudo, a revolução muda tudo”. Os dois então se amam nas águas, na mesma toada da novela “Pantanal”.
Não é só. Falta a “Amor e Revolução” aquele mínimo de verossimilhança que a ficção com pretensões históricas deveria ter. A novela começa com uma chacina de estudantes que articulavam a guerrilha numa chácara. Os assassinos são Lobo, Aranha e sua turma. Mas tudo isso se passa antes do golpe de 31 de março de 1964.
Não havia, então, guerrilha no Brasil. A tortura contra adversários da ditadura só seria adotada pelo regime de modo sistemático depois do AI-5, em 1968. “Amor e Revolução” mistura tudo no liquidificador. Não presta como obra de ficção nem tem valia como documento histórico.
Restam, além das cenas abundantes de tortura, os depoimentos de personagens reais ao final de cada capítulo, como costuma fazer Manuel Carlos. É bom que o povo que gosta do programa do Ratinho conheça os horrores de que foi capaz a ditadura.
Na novela com intenções edificantes do SBT, porém, adular a atual presidente parece mais importante do que esclarecer as massas.
NA TV
Amor e Revolução
Novela de Tiago Santiago no SBT
QUANDO de seg. a sex., às 22h15
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO ruim
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Há que rir, primeiro, é da “avaliação ruim” ao pé da matéria. Como se fosse possível que um jornal que ajudou a implantar a ditadura, e que foi seu instrumento, pudesse gostar de alguma maneira de uma novela denunciando essa mesma ditadura. Só podia avaliá-la como ruim, ora.
Barros e Silva, que em 1964 nem nascido era, confunde tudo. Acha que a extrema-direita só começou a atacar e torturar comunistas depois do AI-5. Por má fé ou ignorância, confunde a cena inicial da novela, em que um grupo de jovens se reúne em um sítio para sonhar com o socialismo, com a guerrilha de resistência à ditadura.
Dá vontade de rir quando o colunista chama de “maniqueísmo” mostrar o nível de criminalidade que envolvia os autores do golpe de 1964. Queria que o SBT apresentasse uma história em que os bandidos não fossem apresentados como tal, no mínimo.
E a parte da resenha que o totó do Otarinho faz sobre a novela que afirma que esta se destina a adular Dilma Rousseff, isso pertence à Coleção Folha de Fantasias, que tem “Best-Sellers” como Ficha Falsa da Dilma e Menino do MEP. Só esses palhaços acreditam – ou dizem que acreditam – que Dilma favoreceria Silvio Santos (de que maneira?) por conta de uma novela.
Todavia, a Folha atirou no que viu e acertou no que não viu. De fato há uma grave incongruência histórica na novela Amor e Revolução: a imprensa golpista, que teve papel crucial na instalação da ditadura e na tortura e assassinato de presos políticos, sumiu da trama.
Essa Folha… Quanta ingratidão. Deveria agradecer a Silvio Santos por esconder os crimes da imprensa golpista. Em vez disso, ataca o benfeitor com críticas que presumem que o leitor é tão idiota quanto o seu improvisado crítico-pistoleiro de plantão.
Em vez de gastar dinheiro com cada vez mais equipamentos de segurança e armas, melhor gastar na formação cidadã: investir no professor, no aluno e na família do aluno (sobretudo na mãe).
Não cabe censura à imprensa, mas cabe repúdio aos péssimos valores que a imprensa passa, na corrida pela audiência e pelo lobby das elites arcaicas que são os barões da mídia.
Nas concessões públicas de rádio e TV, a sociedade tem o direito de conceder para uso ético, para a construção da sociedade que queremos, e não para a mera corrida comercial pela audiência a qualquer preço, inclusive incentivando indiretamente futuras tragédias como essas, quando mostradas como se fosse um reality show.

TIROS

Dorrit Harazim, no O Globo.
A gente achou que era brincadeira”, contou uma das crianças da Escola Municipal Tasso da Silveira, referindo-se à entrada na sala de aula do jovem matador que trazia uma arma em cada mão.
A frase diz mais sobre a paisagem urbana do Rio de Janeiro - e sobre as raízes da fuzilaria em Realengo - do que muita análise rococó proferida por adultos, especialistas multidisciplinares arregimentados no laço pela mídia.
Qual criança nascida no Leblon ou na Zona Oeste nunca viu passar uma viatura de polícia com sua rotineira penca de policiais surfando nas janelas, armas apontadas tout azimut? Qual brasileirinho da Baixada Fluminense ou da Zona Zul nunca cruzou com outro brasileirinho como ele, só que marginal, armado?
Assaltantes causam pânico em adultos com armas de brinquedo nas ruas cariocas. Por que crianças não haveriam de imaginar que revólveres apontados para eles na sala de aula eram de brincadeira? Ou, mais grave ainda, que eram de verdade mas o jovem atirador é que estava de brincadeira?
Parafraseando Hannah Arendt, é a banalidade das armas. Elas fazem parte do visual da violência cotidiana que já se incorporou à cidade.
Sem qualquer retórica, o pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência (USP) Renato Alves desbastou o cipoal de teses acumuladas em cima das 13 mortes dessa sombria manhã de quinta-feira: “Desequilibrados toda sociedade tem. Mas desequilibrado com acesso fácil a uma arma de fogo [é o que] leva à letalidade grave. Mesmo um equilibrado com arma na mão é problema.”
O mapa-múndi está pontilhado de atentados não terroristas praticados por desequilibrados contra escolas. Dunblane, na Escócia, em 1966 (vítimas: 16 crianças entre 5 e 6 anos de idade), Gutenberg, na Alemanha, em 2002 (13 professores e 2 estudantes), Columbine, no estado do Colorado, em 1999 (12 adolescentes e 1 professor), para citar só alguns. Costumam ocorrer em cidades pequenas ou de médio porte, não em metrópoles como o Rio.
Todas essas fuzilarias também costumam ser seguidas de frenéticas investigações quanto a procedência, origem e legitimidade da arma ou arsenal usados.
Quando se trata de países como os Estados Unidos, onde o porte de armas individual consta da Declaração dos Direitos do Cidadão (Segunda Emenda da Bill of Rights de 1791, regulamentada de forma variada por cada estado), a questão sempre deságua num obsessivo choque de absolutos e interpretações jurídicas neurastênicas.
Numa investida recente da National Rifle Association (NRA) junto ao Congresso americano, por exemplo, o musculoso lobby insistiu para que mesmo suspeitos de terrorismo incluídos numa lista negra de passageiros não possam ter cerceado o direito de compra e porte de uma arma. Segundo dados levantados pelo “New York Times”, mais de 1.100 armas foram adquiridas legalmente por pessoas dessa lista ao longo dos últimos seis anos.
Em março do ano passado, pela primeira vez em mais de 200 anos, a Suprema Corte americana sinalizou cogitar transformar em lei federal o direito individual assegurado pela Segunda Emenda. O juiz Anthony M. Kennedy chegou a comparar o direito à posse de arma ao direito fundamental à liberdade de expressão.
Hoje, nos Estados Unidos, que festeja seus 300 milhões de habitantes, cerca de 200 milhões de armas estão legalmente em mãos de civis. E a ostentação desse direito se torna cada vez mais visível.
Em Antioch, Califórnia, por exemplo, os cruzados da Segunda Emenda chegam nos cafés Starbucks com suas pistolas penduradas na cintura. Sentam-se em meio a fregueses desarmados e proclamam que “um direito não exercido é um direito perdido”.
A Starbucks se defende da acusação de leniência. “Apenas respeitamos as leis federais, estaduais e municipais que tratam desse tema”, informa. Não é bem assim. Por se tratar de uma rede de estabelecimentos privados, a empresa poderia proibir a entrada de fregueses armados da mesma forma que pode não aceitar fregueses descalços.
Seja no faroeste da Costa Oeste, seja no quadro mais domesticado da Costa Leste, pelo menos um mesmo requisito da lei federal vigora nos 50 estados americanos: a proibição de posse de arma por parte de condenados pela Justiça e por doentes mentais, além do porte de armas em “locais sensíveis como escolas e prédios do governo”. Na cidade de Nova York, mais de 100 mil dos 1,1 milhão de alunos das escolas públicas passam diariamente por detectores de metais e um destacamento especial de cinco mil policiais patrulha as escolas municipais.
No Brasil, quinze requisitos para a compra de armas de fogo adornam o texto do Estatuto do Desarmamento de 2003. Mesmo assim, segundo levantamento realizado pelo Viva Rio, existem no país cerca de 14 milhões de unidades em mãos de civis, das quais 7,6 são armas ilegais que vão trocando de dono país afora.
Duas delas foram parar nas mãos de Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos: o revólver calibre 38 de numeração raspada e o calibre 32 pertencente a um homem já falecido. Com as duas fez os 66 disparos, restando-lhe 22 projéteis ao morrer.
Foram milhões os brasileiros que se emocionaram com as cenas de Realengo, e milhares os cariocas que se juntaram espontaneamente ao luto.
Quantos deles estavam entre os que votaram contra o artigo 35 do Estatuto do Desarmamento, em 2005? No referendo do 23 de outubro daquele ano, 64% de brasileiros votaram contra a proibição da comercialização de armas de fogo e munição em todo o território nacional.
Estou impressionado com esses “especialistas” que as emissoras vêm colocando para explorar o caso. Psicólogos, psiquiatras ou mesmo policiais, ávidos por uma resposta fácil de digerir e prontas para o consumo por parte daqueles que assistem esses canais. Essas pessoas, para mim, não merecem crédito algum, pois estimulam o “reality show” que sem dúvida durará por muitas semanas.
Caso fizessem discussões sérias, refletindo sobre esses pontos aí sim, seria bastante saudável.
Mas os comentários desses tais “experts” são pura banalização de um caso extremamente complexo e impossível de ser analisado em algumas horas, quando não entendemos bem o contexto dentro do qual o fato ocorreu.
Primeiramente, foi essa aberração de taxar o garoto como um islâmico fanático para, pouco tempo depois, o conteúdo da própria carta desmentir essa especulação. Agora, vejo outras notícias afirmando que o garoto era muito introvertido, passava muitas horas na internet, e até mesmo culpando as novas mídias por facilitarem instruções de uso de armas .
Ora, bolas, então todos os introvertidos e/ou que passam horas na internet são pessoas “estranhas” e potenciais criminosas? As novas mídias então são eleitas as culpadas e sobre a posição política da grande mídia em favor do Não desarmamento não se fala? Também leio sobre a hipótese do garoto ter sofrido bullying quando mais novo. Eu sabia que eles iriam lançar mão dessa hipótese em algum momento, pois é o assunto que está na pauta da mídia já faz algum tempo, muito por inspiração de casos típicos do contexto norte-americano e que ocorrem em nosso país com características ´bem diferentes do caso deles. Até o Sérgio Cabral deu uma declaração extremamente infeliz, chamando o sujeito de “animal” e “psicopata”, como se fosse outro desses especialistas em casos como esse. Essa é a melhor forma de se promover uma não-discussão, tratando o caso como se fosse um mero problema de gente psicopata e tratando de enterrar toda a discussão que poderia de fato contribuir para a sociedade e que, evidentemente, passa por questões sociais, culturais, econômicas, políticas, etc.

É UM SONHO QUE ACABOU . . .

A reação da direita ao massacre é, na falta de uma palavra melhor, interessante.
Ela, como sempre, pensando apenas nos efeitos sobre eles individualmente, reclamam segurança. Que se aumente a repressão para que esse tipo de coisa não respingue em mim ou minha família, dizem, em gritos.
Curar a doença em vez de conter os sintomas para que só afetem aos outros? Essa não é a filosofia da direita. Afinal, para eles é cada um por si e acabou.
E foi exatamente isso que originou não apenas esse assassino, mas a imensa maioria dos outros. É a falta de Estado – não na segurança e repressão, como querem os direitistas, mas no apoio à sociedade.
Falta instrução. Falta oportunidade. Falta saúde. Esses três fatores poderiam, facilmente, ter prevenido não apenas esse massacre, mas uma imensa parcela dos crimes que são cometidos por aí.
Depois de décadas dessa imbecilidade de que o Estado só serve para garantir a integridade física e patrimonial dos ricos – e é SÓ ISSO que o neoliberalismo prega -, resta mais do que evidente que a iniciativa privada não consegue, de forma alguma, promover uma educação e uma saúde que prestem, ou as oportunidades para todos. É o Estado, SEMPRE, que consegue, mesmo aos trancos e barrancos, lutando contra toda sorte de corrupção e sabotagem privada, agregar valor ao que o povo mais necessita.
Não adianta os seguidores do lixo austríaco dizer que o “livre mercado” é uma maravilha. Esta demonstrado, EM TODOS OS PAÍSES, que esse mercado não passa de uma balela no que mais importa: assegurar ao povo o mínimo que ele precisa para uma vida digna. O mercado se move conforme as empresas desejam, e as empresas não se importam com a saúde, a educação e as oportunidades. Elas só se importam com o LUCRO.
E se der mais lucro – como dá – manter a maior parte da população longe dos hospitais, da educação de qualidade e sem oportunidades, é exatamente isso que o mercado fará, como tem feito.
A culpa é, sim dessa idéia ridícula de que o bom é a competição, e que é cada um por si, e o Estado para manter os “perdedores” longe dos “vencedores”. Não é coincidência que essa tragédia ocorreu aqui e ocorre tanto nos EUA. É o reflexo, a consequência, dessa idéia imbecil que nos foi imposta pelos papagaios babadores de ovos estadunidenses.
A marginalização, a criação de “feudos” políticos/religiosos, a exploração das necessidades mais fundamentais do ser humano, a repressão como política pública para manter a ordem, o medo como argumento político, a polarização política em torno de temas que se fundem cada vez mais, “empurrando” o debate para as margens, para a radicalização. Tudo isso é o resultado dessa cópia quenos foi forçada. Os massacres em escolas, etc são apenas o mais recente efeito colateral.
Por Eduardo Guimarães, Blog da Cidadania.
Sete de abril de 2011 ficará marcado em nossa história como o dia em que um fenômeno que já vinha se anunciando fez do Brasil um país assustador. O jovem que entrou naquela escola em Realengo, no Rio, e disparou contra dezenas de pessoas, matando até crianças, não tinha razões pessoais para fazer o que fez. Agiu por ódio.
Ódio da juventude. Eis um fenômeno que vem se tornando cada vez mais visível desde a campanha eleitoral do ano passado.
Hordas de jovens, no dia em que terminou a eleição presidencial, em 31 de outubro, manifestaram ódio na internet contra negros e nordestinos, culpando-os pela vitória de Dilma Roussseff. Jovens passaram a perpetrar seguidos ataques a homossexuais na via pública, ataques que visavam exterminar as vítimas. No dia da posse de Dilma, jovens pregavam seu assassinato por um franco-atirador…
Agora, neste dia trágico, o Brasil se vê na contingência de ter que implorar por sangue humano para salvar a vida de crianças inocentes.
É emblemático que a tragédia do atirador tenha ocorrido dentro de uma escola. Ainda que a instituição não tenha relação com o que moveu o atirador, o ocorrido simboliza a situação comatosa da educação no Brasil. A escola brasileira jamais foi um ponto de apoio àqueles que, acima de tudo, precisam de orientação para a vida, mas que não recebem nem o básico.
Este país não tem problemas ideológicos e religiosos como têm os Estados Unidos, por exemplo, onde esse tipo de barbaridade ocorre amiúde. O pior que podemos fazer é confundir o que acontece em um país em que o ódio tem uma origem com o que aconteceu por aqui, onde a origem pode até existir, mas provém da perda de valores humanistas por uma geração.
Assistindo ao primeiro capítulo da nova novela do SBT, Amor e Revolução, que versa sobre a ditadura militar, comentei no Twitter como era espantoso lembrar que há poucas décadas este país tinha uma juventude idealista que se dispôs a morrer pela pátria e pelos seus semelhantes acalentando anseios de justiça social.
Não sei o que fizemos com os nossos filhos e netos. Tornaram-se seres avessos a sentimentos, mais frios, mais cínicos, mais hipócritas, sem ideais, materialistas até o âmago. Até nas relações amorosas, hoje cultua-se o sexo muito mais do que o amor. Meninas querem ser “cachorras”, meninos querem ser “bad boys”.
O culto ao ter em lugar de ao ser, a prevalência avassaladora do materialismo, do consumismo e da falta de respeito ao semelhante são o zeitgheist brasileiro, o espírito assustador de uma época em que, cada vez mais, a sociedade brasileira precisa parar, pensar e repensar os seus valores enquanto ainda há tempo, se é que tempo ainda há.

CEM DIAS

Marcos Coimbra,  do Correio Braziliense.
Hoje, ao chegar a 100 dias, o governo Dilma completa uma etapa. Ninguém sabe sua origem, mas é antigo o costume de considerar especial esse momento. É quando se faz o primeiro balanço, a primeira avaliação de como funciona um governo.
Para a opinião pública, não é uma data relevante. Na vida das pessoas, são raríssimas as situações em que 100 dias significam algo. Na família, no trabalho ou nas relações sociais, nada acontece quando são completados. Alguém comemora os 100 dias de nascimento de um filho? De um namoro? De um emprego?
Mas o meio político anda depressa, a imprensa precisa de notícias e estamos habituados às datas redondas. Daí que nos pomos a discuti-los, apesar de saber que nem tanta importância têm.
Na verdade, um novo governo revela-se rapidamente nos seus aspectos fundamentais. Vendo a montagem do ministério, a cerimônia e o discurso de posse, as iniciativas dos primeiros dias, conhecemos logo suas características — para onde pretende ir, de que maneira e com quem — e podemos antecipar como será, pelo menos em seus traços gerais. Não precisamos aguardar 100 dias.
Com o governo Dilma foi assim, pois, desde janeiro, sabemos o que é. De lá para cá, nada de bombástico aconteceu. Para muitos, só isso já é uma virtude.
As pesquisas realizadas no fim de março e neste começo de abril são coerentes e mostram que Dilma tem uma avaliação positiva semelhante à de Lula na mesma época de seu primeiro mandato e maior que no segundo. Para o Ibope, os 56% de “ótimo” e “bom” que ela tem agora não estão distantes dos 51% que seu antecessor alcançava em março de 2003, mas são superiores aos 49% que ele obteve em março de 2007.
Na comparação com FHC, Dilma está bem na frente. Ele tinha, no início de seu governo, em 1995, 41% de respostas positivas e nunca chegou aos 50% no seu transcurso. No segundo governo, tudo foi pior: em março de 1999, foram apenas 22%. A crise cambial e o descontrole monetário levaram sua popularidade ladeira abaixo, de onde não saiu mais. Até o fim de 2002, seus índices de avaliação positiva sempre ficaram aquém do patamar de 25%.
Collor e Itamar experimentaram breves momentos de elevada avaliação positiva: o primeiro antes da posse, o segundo quando seu período estava terminando. No governo, ambos começaram com 30% e foram a perto de 10%, mas Itamar se recuperou, saltando a 40% no pós-Real.
A Dilma de hoje só perde, portanto, para o Lula que tivemos de 2008 em diante. Ou seja, só perde para um fenômeno que misturava carisma, desempenho superior ao esperado e boa gestão de imagem. E que ainda contava com a colaboração involuntária das oposições, que não conseguiram se contrapor a ele.
Lendo nossa grande imprensa, fica-se com a impressão de que esses bons números vêm de diferenças que existiriam entre ela e Lula. A seriedade, em oposição à imprudência; o gosto pelo trabalho, contra o fascínio pelo espetáculo; a racionalidade, contra a emocionalidade.
Mas o mais provável é que venham do inverso, da percepção de que Dilma continua, a seu modo, um governo aprovado pela maioria do país. Fundamentalmente, de que ela cumpre o que prometeu na campanha.
Dois tipos de pessoas se espantam com a presidente. Quem gostava de Lula, mas não a conhecia e ficou desconfiado, apesar de ele a avalizar. Quem não gostava do ex-presidente e não acreditou quando ele a apresentou como uma pessoa plenamente qualificada para o cargo.
Nos seus 100 dias, Dilma corresponde à expectativa da maioria que a elegeu. E mostra que Lula estava certo: ela é realmente uma boa presidente da República. Está sendo aquilo que ele disse que ela seria.
Por isso, não é surpresa que sua avaliação seja tão positiva.

PAZ . . .

REPRISE

PEÕES PREVALECERAM NO PAC E NA OSB

Elio Gaspari. 
Em menos de um mês, os peões prevaleceram em dois cenários extremos, nos alojamentos das empreiteiras do PAC na Amazônia e na Orquestra Sinfônica Brasileira.
Nos dois casos, patrões e empregados começaram a se estranhar no início do ano. Nas obras das hidrelétricas, 37 mil operários reivindicavam melhores condições de trabalho. Na Orquestra Sinfônica, que já foi dirigida por Mário Henrique Simonsen e Eugênio Gudin, o presidente da fundação que a sustenta, economista Eleazar de Carvalho Filho e o maestro Roberto Minczuk informaram aos seus 85 músicos que passariam por um processo de avaliação individual.
Em fevereiro, reunidos em assembleia, 56 músicos da OSB anunciaram que não se submeteriam à avaliação. Em março, os peões da hidrelétrica de Jirau revoltaram-se, incendiaram alojamentos, ônibus e escritórios da empreiteira Camargo Corrêa.
Eleazar de Carvalho foi em cima de seus peões, acusando-os de “difamar e denegrir a reputação da Fundação OSB”, lembrando-lhes que “atos de insubordinação são passíveis de punição”.
O doutor usou linguagem das galés de Cesar, mesmo sabendo que a Filarmônica de Berlim nasceu de uma revolta de músicos.
Ou que, em 1886, no Rio de Janeiro, soube-se que existia um maestro chamado Arturo Toscanini quando, aos 19 anos, ele regeu de memória os quatro atos da Aída, depois de uma revolta de músicos contra um maestro brasileiro e da plateia contra seu substituto italiano.
Na Amazônia, a empreiteira Camargo Corrêa, responsável pela obra de Jirau, informou que ocorrera uma simples “ação criminosa e isolada de um grupo de vândalos”. O enviado da CUT, Vagner Freitas, disse ao repórter Leonencio Nossa: “Tem que voltar a trabalhar, eu sou brasileiro, quero ver essa obra funcionando”. A ordem seria garantida pela chegada da Força Nacional de Segurança.
Nos dois casos, um ocorrido no andar de cima da sinfônica, e outro, no de baixo, nas obras de construção civil, funcionou a ideia de que “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Deu errado.
Com as obras paradas, o Planalto acordou e chamou empreiteiros e centrais sindicais para uma reunião em Brasília.
Os peões conseguiram o compromisso de que não haverá mais contratações por meio de “gatos”, a antecipação do reajuste salarial, um novo valor para a cesta básica e novas opções de planos de saúde. Isso e mais cinco dias de folga a cada três meses para visitar as famílias, com passagens pagas.
Na outra ponta, Eleazar de Carvalho e Roberto Minczuk foram surpreendidos por um boicote liderado pelos pianistas Nelson Freire e Cristina Ortiz, bem como pelo maestro Roberto Tibiriçá.
Na quinta feira, depois de demitir 32 músicos, Carvalho trocou de partitura e, numa carta, disse “ter sido levado” a demiti-los e propôs uma negociação para “salvar uma grande instituição”. Tudo bem, mas quem falou em “punição” foi ele. Sua permanência no cargo (no qual trabalha de graça), bem como a do maestro Minczuk tornou-se tão difícil quanto a execução da Sétima Sinfonia de Gustav Mahler.
Tanto nas obras do PAC da Amazônia como na OSB, os doutores descobriram que, para mandar, é preciso primeiro ter juízo.

POR QUÊ ? ? ?

A VELHA HISTORIA

A bandeira esfarrapada dos direitos humanos.Não há nenhuma avaliação séria sobre direitos humanos nem na ONU, nem na OEA. São dois gigantescos palcos onde se encenam roteiros pantomímicos preparados para alcançar outros objetivos. O voto do Brasil na ONU contra o Irã volta como um bumerangue contra o país por meio desta condenação da Comissão da OEA.
Beto Almeida, na Carta Maior.
O Brasil votou a favor do envio de uma vistoria especial da ONU sobre violação de direitos humanos no Irã. Alinha-se, injustificadamente, à manipulação da bandeira dos direitos humanos pelos EUA que querem impor padrões ao mundo e pretendem usar todos os recursos para pressionar a nação persa a não seguir com seu programa nuclear, com seu impressionante salto nas tecnologias aeroespacial, farmacêutica (o Irã encontra-se entre os principais fabricantes mundiais de remédios contra a AIDS e o câncer) e também aquelas aplicadas à indústria bélica.
Quando se argumenta que o Brasil não vai votar a favor do envio de inspetores de direitos humanos para os EUA, há sempre uma ingênua observação, “mas uma coisa não justifica a outra”. A realidade é que sequer passa pela cabeça da Comissão de Direitos Humanos da ONU investigar o país que mais ditaduras sanguinárias patrocinou na história, mais guerras provoca, mais invasões militares realiza para rapinar as riquezas dos países em desenvolvimento. Direitos humanos são uma bandeira esfarrapada pela hipocrisia e a fraude, para seu usada apenas contra os países em desenvolvimento que ousam construir caminhos independentes e soberanos.
Há, por exemplo, uma enorme e evidente campanha da mídia de capacete - boletins de guerra substituem as reportagens - para desestabilizar o governo iraniano por vários meios, inclusive pela agitação hipócrita da bandeira dos direitos humanos. Enquanto o caso da Sakineh é repercutido e repetido inúmeras vezes, exaustivamente, nada se fala do jornalista Mumia Abu Jamal, dos Panteras Negras, que está preso há 19 anos no corredor da morte na Pensilvânvia, num julgamento forjado, fajuto, repleto de ilegalidades, sob o comando do juiz que mais condena negros, hispânicos e asiáticos à cadeira elétrica. Exceção: o Jornal Brasil de Fato agora publicou uma página com Jamal, direto do corredor da morte.
Enquanto Barack Obomba deu a ordem de ataque das dependências do Palácio do Planalto - desrespeito e também ameaça ao povo brasileiro - inaugurando a nova chuva de mísseis sobre a Líbia, prisioneiros continuavam sendo torturados em Abu Graid, em Guantánamo, crianças executadas no Afeganistão, crianças palestinas fuziladas em Gaza, 1425 desde 2000. com total apoio dos EUA. Isso também é pena de morte, coletiva, massiva. O Brasil vai pedir o envio de inspetores para vistoriar direitos humanos violentados nos EUA? Toda pena de morte deve ser abolida!
Concessão inútil.Ao admitir a manipulação criminosa e hipócrita da bandeira dos direitos humanos pelo carrasco da humanidade o Brasil presta um serviço ao império. Já lembramos em outro artigo: Tancredo Neves, que nem havia sido eleito pelo voto direto, teve a grandeza e a coragem de dizer ao Ronald Reagan e ao Congresso dos EUA, que o Brasil não ia admitir uma invasão militar sobre a Nicarágua Sandinista. Com uma popularidade tão elevada, o Brasil de hoje não tem porque associar-se a esta fraudulenta manipulação dos direitos humanos. Isto debilita a aliança informal e objetiva que está sendo construída entre países que podem oferecer, unidos, um obstáculo aos sinistros planos do intervencionismo militarista estadunidense internacional, onde quer que haja riqueza energética. Trata-se de uma
PERU VAI ÀS URNAS ACERTAR CONTAS COM O NEOLIBERALISMO - Pesquisas de intenção de voto para as eleições deste domingo no Peru, indicam que o presidenciável de centro-esquerda, Hollanta Humala, mantem-se na dianteira e em ascensão, tendo passado de  28% para 31,9% nas preferencias dos peruanos nos últimos dias. Ainda assim,  não deve atingir maioria para evitar um segundo escrutínio quando enfrentará uma coalizão de direita cujo candidato permanece indefinido com um quase empate entre Alejandro Toledo, Pablo Kuczynski e Keiko Fujimori.  24 horas antes do pleito, o partido do presidente Alan García, outrora combativo APRA, fundado por Haya de la Torre, dobrou a aposta à direita, declarando apoio ao candidato e ex-banqueiro de Wall Street, Pedro Pablo Kuczynski. Os peruanos, ao contrário, parecem dispostos a  retificar o rumo geopolítico do país.  Nos últimos anos, quando toda a América Latina transitou à esquerda, o Peru aliou-se à Colômbia de Álvaro Uribe, assinou tratados de livre comércio com os EUA, fez um mergulho anacrônico no missal do neoliberalismo e declarou guerra à Venezuela de Chávez. A genuflexão ao 'livre mercadismo'  consolidou o país como grande exportador de farinha de peixe, prata e cobre. Uma parcela da sociedade ascendeu com as cotações das commodities, mas isso não se traduziu em saldo equivalente de desenvolvimento, empregos e redução significativa da pobreza que penaliza sobretudo os indigenas. O governo do Presidente Alan García já foi julgado antes do veredito das  urnas: García, outro caso de conversão direitista, termina o mandato com uma taxa de rejeição superior a 60%. (Carta Maior; Domingo, 10/04/2011)

É TUDO IGUAL