sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Nosso direito de ír e vir.
De expressar nossas opiniões em público.
De reclamar nossas situações ante aos políticos eleitos
E à informação íntegra para sabermos exatamente como nosso país está!
Aê, vamos engrossar o côro!!
CENSURA NUNCA MAIS!!

OS MILITARES E A POLÍCA

O que está em jogo na mobilização dos policiais é muito mais do que a reivindicação dos corpos policiais - que pode ser justa, ou não – mas a própria estrutura do Estado Nacional, republicano e, de acordo com seus primeiros constituintes, federativo.
Uma das mais graves conseqüências do regime de 1964 foi a militarização do policiamento ostensivo e repressivo nos grandes centros urbanos do país. Admitia-se, no passado, que o policiamento em municípios do interior se fizesse com soldados da Polícia Militar, sempre subordinados às autoridades policiais civis – mas nas grandes cidades, outra era a situação. Nelas, e com eficiência que os mais velhos lembram, atuava a antiga Guarda Civil, que nada tinha a ver com as atuais guardas civis metropolitanas. Os guardas-civis andavam normalmente armados de cassetetes. Patrulhavam as ruas, a pé, eram sempre solícitos no atendimento das pessoas. A Polícia Militar, fora os oficiais e soldados destacados no interior, permanecia nos quartéis e só era acionada em momentos de grave perturbação da ordem pública, embora muitas vezes cometesse violência brutal contra manifestações de natureza política. No Rio de Janeiro, registre-se, havia a famosa Polícia Especial, notável pela sua brutalidade a serviço da “ordem pública”, quando sob as ordens de Felinto Muller.
O governo militar dissolveu os corpos civis de policiamento ostensivo, entre eles, a Guarda Civil, extinguiu as chamadas inspetorias de trânsito, formadas por servidores civis, especializados no assunto. Tratou-se de ruptura ditatorial do Pacto Federativo de 1891, que a Constituição de 1946, embora com perdas para os Estados, restaurara, depois da centralização do Estado Novo. Mas, até então – e durante todo o período republicano, incluído o período arbitrário de Vargas – a responsabilidade pelo policiamento era dos Estados, que o administravam conforme a sua autonomia federativa.
Ao militarizar o policiamento, o que convinha a uma ditadura de caráter militar, o regime de 1964 possibilitou duas coisas graves.  Uma delas foi o aumento da corrupção de parcelas das antigas forças públicas estaduais que, tendo pouco contato com a população urbana, e estando sob estrito comando civil, eram disso resguardadas. O resultado está aí, com policiais militares envolvidos com o tráfico de drogas e outras formas do crime organizado, assassinando juizes, criando milícias de pistoleiros e ameaçando o Estado de Direito. A segunda foi a de dar à polícia a falsa idéia de que a repressão ao crime e a manutenção da ordem pública são atos de guerra.  A Assembléia Nacional Constituinte de 1988 não teve a devida acuidade para restaurar o sistema anterior ao regime militar.
O caso nos obriga a refletir sobre a questão mais grave, que é a da Federação. O Congresso Nacional, se é que ainda somos uma república federativa, não pode legislar sobre a remuneração dos corpos policiais dos estados. Cada unidade da federação tem o direito e o dever de pagar a todos os seus servidores, incluídos os policiais militares e civis, de acordo com a realidade local. Para estabelecer seus vencimentos são ponderados muitos fatores, entre eles, o custo de vida, que difere de região para região em nosso país e, sobretudo, as receitas orçamentárias.
Enquanto o desenvolvimento do país permanecer desigual, desigual terá de ser a remuneração dos servidores estaduais. Podem argumentar que há corrupção nos governos estaduais e municipais – como, de resto, e infelizmente, há na União. Mas isso nada tem a ver com o princípio federativo.
A insurreição, iniciada na Bahia, começa a estender-se pelo país, com o movimento dos policiais do Rio de Janeiro. A opinião pública e o governo federal repudiam a greve, proibida pela Constituição em vigor. A PEC, que pretende equiparar os vencimentos dos policiais de todo o Brasil aos do Distrito Federal, contraria a cláusula pétrea da autonomia federativa. Ainda que não a contrariasse, não pode ser votada sob a ameaça dos grevistas. Os altos vencimentos dos policiais do Distrito Federal resultam de erro brutal dos constituintes de 1988, que deram plena autonomia política e administrativa à capital da República, transformando-a, de fato e de direito, em um estado como os outros - em agressão inominável à Federação. Sendo capital da União, a cidade deve estar a ela subordinada, e ser administrada pelo governo federal, como ocorre em qualquer federação.
Como, no desenho dessa autonomia, cabe ao governo federal assumir os gastos com a segurança do Distrito Federal, os governadores – que não passam de prefeitos municipais – e os mal chamados “deputados distritais”, que não deveriam ter prerrogativas maiores do que têm os vereadores de qualquer cidade brasileira – fazem cortesia com o chapéu alheio. Pagam os altos vencimentos que pagam, porque o dinheiro vem do Tesouro Nacional, e esses recursos procedem dos brasileiros de todos os Estados, por meio dos impostos que recolhem. Trata-se de uma espoliação institucionalizada.
Enfim, o que está em jogo é muito mais do que a reivindicação dos corpos policiais - que pode ser justa, ou não – mas a própria estrutura do Estado Nacional, republicano e, de acordo com seus primeiros constituintes, federativo.
HÁ ALTERNATIVA ENTRE PRIVATIZAR E COLAPSAR?
Malabarismos semânticos e críticas decepcionadas após a privatização dos três maiores aeroportos do país passaram ao largo de uma dimensão do problema que extrapola o divisor binário em torno do qual as manifestações batem ponto de forma legítima, mas previsível. Por que o Estado brasileiro, afinal, é incapaz de responder com solidez e prazos estritos às demandas da sociedade e às necessidades do desenvolvimento? Afinal de contas, a Infraero está apta a entregar até 2014 e 2016, a infraestrutura capaz de acomodar o incremento da demanda local e o degrau extra adicionado pela Copa do Mundo e pelas Olimpíadas? Mais do que travar uma queda de braços em torno de convicções, seria importante debater por que chegamos a esse ponto; e como superá-lo.  (Carta Maior; 6ª feira; 10/02/ 2012)

QUE DECEPÇÃO ! ! !

A alegação é conhecida:1. Que não tem grana do orçamento pra bancar aeroporto;
2. Que são apenas concessões e não privatizações;
3. Que não houve alienação do patrimônio público;
4. Que é uma forma de esvaziar o domínio dos milicos na aviação civi;.
Porém, sabe-se que:
1. Inúmeras máfias adquiriram ou estão adquirindo aeroportos no mundo todo (menos nos EUA, que é zona de segurança nacional);
2. Em Ezeiza, o caso é conhecido, uma máfia comprou o aeroporto e fazia/faz toda a sorte de contrabando e bandalheira (inclusive de armas, vide o caso da morte do filho do Menen);
3. No caso de Guarulhos, o custo anual da outorga (tipo aluguel) é de 800 milhões, e o faturamento não chega a 500 milhões;
4. como os sul-africanos (vencedores do leilão) irão equilibrar a contabilidade e ter lucros operacionais (dentro da lei)?
5. É, uma porta escancarada para toda a sorte de atividade criminosa;
6. Por que o BNDES (banco público) financia mais de 50% do crédito para pagar o leilão?
7. Os companheirinhos sindicalistas (sempre eles), que têm interesses nos fundos de pensão das estatais, fomentaram tudo isso com o objetivo de garantir mais poder econômico, aliados a bancos privados que também estão por trás dos investidores nominais do business airport
E eu acreditei nesse governo (… sic ..)!

CONCESSÃO NÃO É VENDA ?!?

Por Eduado Guimarães, no blog da Cidadania.
Tucanos de SP reconhecem que concessão não é privatização.
É surpreendente que a concessão pelo governo federal de três aeroportos à iniciativa privada tenha gerado “acusações” ao PT de que este “finalmente” teria se rendido à ideologia privatizante do PSDB. E o que mais surpreende é que o mesmo PSDB e a imprensa sua aliada tenham sido os autores dessa premissa.
Durante a semana que finda, causou surpresa ver “comentaristas” de Estadão, Globo, Folha e Veja e tucanos de frondosa plumagem se deliciando com o suposto ingresso do PT no clube dos privatistas porque tal “acusação” pode ser facilmente desmontada.
Imaginava-se que outros aspectos da concessão, como o financiamento dos concessionários dos aeroportos pelo Estado brasileiro, seriam alvo de ataque, ainda que até nesse ponto a diferença seja enorme, pois além de não terem sido aceitas “moedas podres” nesse negócio, o BNDES irá financiar os investimentos, não o valor da concessão, ao passo que durante a privataria tucana foi o contrário.
Todavia, parece que tanto imprensa quanto oposição apostaram na escandalosa incompetência da área de comunicação do governo Dilma Rousseff e ganharam a aposta, pois desde o anúncio do negócio bilionário tem prevalecido uma premissa absolutamente ridícula, de que a concessão dos aeroportos por excelente preço tenha algo que ver com o saque ao patrimônio público que o governo Fernando Henrique Cardoso perpetrou nos anos 1990 e que ficou conhecido como privataria devido à dimensão das negociatas.Em defesa do direito da sociedade de receber informações fidedignas e honestas, portanto, o governo federal poderia ter feito uma campanha publicitária antes de materializar a concessão dos aeroportos, de forma a explicar diferenças que são tão incontestáveis que até o próprio PSDB já as apontou em governos que comanda.
Em um momento em que o ex-presidente FHC difunde desinformação ao dizer que o PT se rendeu ao estilo de negociatas que fez durante o governo tucano, em um momento em que um assessor de imprensa tucano como o blogueiro da Globo Ricardo Noblat diz que petistas estariam fazendo “ginástica verbal” para explicarem o inexplicável (a suposta adesão deles às privatizações), que tal dar uma olhada no que o governo tucano de SP diz sobre a diferença entre concessão e privatização?

Clique na imagem para ir à matéria na página da Secretária de Transportes de SP.
Será que o site da Secretaria Estadual de Transportes de São Paulo, administrada pelo PSDB de FHC e Noblat, também faz “ginástica verbal” para diferenciar concessão de privatização? Bem, é assim que a imprensa tucana, os próprios tucanos e seus teleguiados na internet chamam o que você acaba de ler e que é exatamente o que o PT vem explicando sobre a CONCESSÃO dos aeroportos.
Mas o caso não termina por aí. Por enquanto, é possível dizer que até a concessão tucana é pior, pois todos sabem o quanto os concessionários das estradas paulistas conseguiram aumentar as tarifas (pedágios) graças ao modelo do negócio imposto pelo governo tucano, coisa que o governo Dilma afirma que não acontecerá nos aeroportos. A ver.

CAMPEONATO ESTADUAL - PARANAENSE

GREVE DA PM

COTIDIANO . . .

NUM TÁ CERTO ! !

Marina Amaral demonstrou muita coragem e competência como jornalista.
A matéria que escreveu nos deixa um sabor amargo, por essa certeza que esse monstro que andará impune, certamente ainda “fazendo escola”,  confraternizando com os Bolsonaros da vida, os responsáveis pelos massacres e violências policiais Brasil afora nos dias atuais.
De tanto saber das atrocidades da ditadura e do fato que na verdade ela continua, já que não se permite o julgamento dos fascínoras que destruiram tantas vidas e esperanças, que cometeram os crimes mais hediondos, a gente fica certo que é preciso lutar contra essa impunidade.
Os mesmos que se locupletaram com a ditadura e que continuam se locupletando sempre, são aqueles que criaram as leis que impedem o julgamento dos torturadores.
Na Argentina e no Uruguai o povo exigiu e mudou as leis que impediam os julgamentos dos torturadores e repressores criminosos em geral.
Uma simbiose perfeita, DOPS, OPUS DEI, TFP, Católicos e “bonscristianos” associados á extrema direita americana contra um povo desarmado.
Hoje essa súcia se alia ao Banco Santander, Maçonaria e ao Vaticano para fraudar a economia do mundo.
Por que não tentamos fazer o mesmo?
O que se passa conosco, os brasileiros?
Por que somos tão acomodados e omissos na busca da verdade e da Justiça?
Isso não está dando certo.

CONVERSA COM Mr. DOPS

Por Altamiro Borges, do Blog do Miro.
MARINHO, FRIAS E O Mr. DOPS.
Em mais uma de suas excelentes reportagens, a jornalista Marina Amaral entrevista por mais de 15 horas José Paulo Bonchristiano, um dos poucos delegados ainda vivos do famigerado Departamento de Ordem Política e Social (Dops). Ele evita falar sobre as torturas e mortes nos porões da ditadura militar, mas ainda hoje se jacta dos serviços de espionagem prestados pelo órgão.
Num dos trechos da entrevista, Bonchristiano confirma a íntima relação dos aparelhos de repressão com os barões da mídia. Sobre Roberto Marinho, o falecido dono do império Globo, afirma que ele “passava no DOPS para conversar com a gente quando estava em São Paulo”.
Sobre Octávio Frias, o falecido chefão da Grupo Folha, relata que telefonava para ele “para pedir o que o DOPS precisasse”.
Reproduzo abaixo a reportagem, publicada na agência de jornalismo investigativo:
Por Mariana Amaral, do Pública
Aos 80 anos, José Paulo Bonchristiano conserva o porte imponente dos tempos em que era o “doutor Paulo”, delegado do Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo, “o melhor departamento de polícia da América Latina”, não se cansa de repetir. “O DOPS era um órgão de inteligência policial, fazíamos o levantamento de todo e qualquer cidadão que tivesse alguma coisa contra o governo, chegamos a ter fichas de 200 mil pessoas durante a revolução”, diz, referindo-se ao golpe militar de 1964, que deu origem aos 20 anos de ditadura no Brasil.
Embora esteja aposentado há 27 anos, não há nada de senil em sua atitude ou aparência. Os olhos astutos de policial ainda dispensam os óculos para perscrutar o rosto do interlocutor, endurecendo quando o delegado acha que é hora de encerrar o assunto.
Bonchristiano gosta de dar entrevistas, mas não de responder a perguntas que lancem luz sobre os crimes cometidos pelo aparelho policial-militar da ditadura do qual participou entre 1964 e 1983: prisões ilegais, sequestros, torturas, lesões corporais, estupros e homicídios que, segundo estimativas da Procuradoria da República, vitimaram cerca de 30 mil cidadãos. Destes, 376 foram mortos, incluindo mais de 200 que continuam até hoje desaparecidos.
Os arquivos do DOPS se tornaram públicos em 1992, mas muitos documentos foram retirados pelos policiais quando estavam sob a guarda do então diretor da Polícia Federal e ex-diretor geral do DOPS, Romeu Tuma. Entre os remanescentes estão os laudos periciais falsos, produzidos no próprio DOPS, que transformavam homicídios cometidos pelos agentes do Estado em suicídios, atropelamentos, fugas. No caso dos desaparecidos, os corpos eram enterrados sob nomes falsos em valas de indigentes em cemitérios de periferia.
Globo, Folha, Bradesco – e Niles Bond.

Bonchristiano é um dos poucos delegados ainda vivos que participaram desse período, mas ele evita falar sobre os crimes. Prefere soltar o vozeirão para contar casos do tempo em que os generais e empresários o tratavam pelo nome. Roberto Marinho, da Globo, diz, “passava no DOPS para conversar com a gente quando estava em São Paulo”, e ele podia telefonar a Octávio Frias, da Folha de S. Paulo “para pedir o que o DOPS precisasse”. Quando participou da montagem da Polícia Federal em São Paulo, conta, o fundador do Bradesco mobiliou a sede, em Higienópolis: “Nós do DOPS falamos com o Amador Aguiar ele mandou por tudo dentro da rua Piauí, até máquina de escrever”.
O “doutor Paulo” sorri enlevado ao lembrar dos momentos passados com o marechal Costa e Silva (o presidente que assinou o AI-5 em dezembro de 1968, suspendendo as garantias constitucionais da população). “O Costa e Silva, quando vinha a São Paulo, dizia: ‘Eu quero o doutor Paulo Bonchristiano’”, e imita a voz do marechal – ele adora representar os casos que conta.
“Eu fazia a escolta dele e ele me chamava para tomar um suco de laranja ou comer um sanduíche misto na padaria Miami, na rua Tutóia, vizinha ao quartel do II Exército. Todo mundo querendo saber onde estava o presidente da República, e eu ali”, delicia-se.
Gaba-se de ter sido enviado para “cursos de treinamento em Langley” nos Estados Unidos, pelo cônsul geral em São Paulo, Niles Bond, que admirava a “eficiência” da polícia política paulista. E o chamava de “Mr. Dops”.
Orgulha-se também de outro apelido – “Paulão, Cacete e Bala” – que diz ter saído da boca dos “tiras” quando “caçava bandidos” na RUDI (Rotas Unificadas da Delegacia de Investigação), no início da carreira, com um “tira valente” chamado Sérgio Fleury. Anos depois, os dois se reencontrariam na Rádio Patrulha, de onde saiu a turma do Esquadrão da Morte, levada para o DOPS em 1969, quando Fleury entrou no órgão.
“Polícia é polícia, bandido é bandido”, diz Bonchristiano. “Para vocês de fora é diferente, mas para nós, acabar com marginal é uma coisa positiva. O meu colega Fleury merecia um busto em praça pública”, afirma, sem corar.
O delegado Sérgio Fleury e sua turma de investigadores se celebrizaram por caçar, torturar e matar presos políticos no DOPS, enquanto continuavam a exterminar suspeitos de crimes comuns no Esquadrão da Morte.

Conversas gravadas.
No decorrer de nove tardes passadas, entre junho de 2010 e janeiro deste ano, em seu apartamento no Brooklin, no 13º andar de um prédio de classe média alta, aprendi a escutar com paciência os “causos” que “doutor Paulo” narra com humor feroz, até extrair informações relevantes. Repetidas vezes eu as confrontava com livros e documentos e voltava a inquiri-lo; a proposta era que ele se responsabilizasse pelo que dizia.
De certo modo, meu embate com o “doutor Paulo” antecipava as dificuldades que serão enfrentadas pela Comissão da Verdade, a ser instalada em abril para apurar fatos e responsáveis – sem punição penal prevista – pelas violações de direitos humanos cometidas pelo Estado entre 1946 e 1988, abrangendo o período da ditadura militar. O objetivo da comissão é devolver aos cidadãos brasileiros um passado que ainda não se encerrou, como provam os desaparecidos, e impedir que funcionários públicos sigam mantendo segredo sobre atos praticados a mando do Estado.
A fragilidade da lei em pontos cruciais, porém, provoca ceticismo nas organizações de direitos humanos, em especial ao permitir o sigilo de depoimentos – ferindo o direito à transparência pública –, e ao não prever punições aos responsáveis pelos crimes, nem mesmo medidas coercitivas para os que se recusarem a depor.
“Não vou depor. Acho bobagem”, diz Bonchristiano. “Nunca pratiquei irregularidades, mas não sou dedo duro e não vejo utilidade nessa comissão”, justifica o funcionário público, aposentado aos 53 anos, e que recebe hoje 11 mil reais por mês de pensão.
Minhas conversas com Mr. DOPS renderam 15 horas de gravação que revelam a mentalidade e as conexões políticas dos policiais que atuaram na repressão do governo militar. E provam que os detentores das informações estão por aí – embora continuem ocultando as circunstâncias exatas em que os crimes foram cometidos e os mandantes de cada um deles.

Torturadores e repressores.
O nome de Bonchristiano – que significa “bom cristão” e veio de Salerno, Itália – não consta das principais listas de torturadores compiladas por organizações de direitos humanos.
O Projeto Brasil Nunca Mais, um extenso levantamento realizado clandestinamente entre 1979 e 1985 com base nos IPMs (inquéritos policiais militares), é até hoje a principal referência, embora muitas vezes liste apenas os “nomes de guerra” dos torturadores, já que os reais eram desconhecidos das vítimas.
No tomo II, volume 3, “Os funcionários”, Paulo Bonchristiano é citado oito vezes em operações de repressão. Mas seu nome também não consta da chamada Lista de Prestes, de 1978, liberada recentemente pela viúva do líder comunista, que traz vários nomes completos e os cargos de 233 torturadores denunciados por presos políticos – entre eles 58 policiais do DOPS de São Paulo, 21 deles delegados.
As lacunas dessa história, porém, não permitem descartar a revelação de novos nomes. Entre 1968 e 1976 – o período mais duro da ditadura –, as torturas faziam parte do cotidiano de todos os policiais e militares envolvidos na repressão. O DOPS era “manejado pelos militares como um órgão federal”, como observa o jornalista Percival de Souza no livro “Autópsia do Medo”, do qual o Paulo Bonchristiano participa como fonte e personagem, qualificado como “um dos delegados mais conhecidos do DOPS”.
Nas entrevistas à Pública, o ex-delegado resistiu duas tardes inteiras antes de admitir que se torturava e matava no “melhor departamento de polícia da América Latina” – o que

é a “democracia” que os Estados Unidos implantaram na Líbia e agora querem implantar na Síria e no Irã. Para os esteites não importa que regime está implantado. Se for um fantoche que defenda os seus interesses eles ajudam a implantar uma ditadura sanguinária como fizeram no Brasil em 1964. É um país que usa da hipocrisia como arma diplomática e tem no bolso a imprensa mundial inclusive a brasileira.

CARNAVAL EM SALVADOR . . .

Sem abadá. . .
Jaques Wagner trocou o Olodum pela Banda de Ipanema; o esperto vai passar o Carnaval no Rio.

CAMUFLAGEM . . .

Deflagar, risco. . .
A população censura as greves, mas não critica a união e arregimentação dos militares estaduais nas reivindicações. Cobra também a participações do Legislativo e Executivo nas leis e suas regulamentações, inclusive com relação a paralizações e suspenções de atividades atribuidas.
A "grande rede" do carnaval terá imensos prejuizos, razão que faz chamadas e noticias tendenciosamente favoraveis aos mandatarios, tentando transmitir tranquilidade com a força de segurança "urbana" fazendo sítio a prédio e que acreditam ocupado pela solução.
Ledo engano, mesmo se suspenderem a greve não se concluirá a teima.
É perigoso presidenta, essas inesperiências podem complicar. . (sic).

CORRIDA DE BASTÃO

Cascata de greves. . .
Greve das polícias da Bahia, ameaçando evoluir para o Rio de Janeiro e outros Estados; greve em diversos canteiros de obras dos estádios da copa; ameaça de greve no sistema de transporte.
São as que tenho conhecimento.
Aí tem coisa, que tem tem!
Não é questão apenas de salário não.
Tomara que nosso horizonte não seja tão sombrio como está parecendo.

SERÁ ?!?!

O fim do mundo.
Não sei se o mundo vai efetivamente acabar em 2012.
Razões para fazer isso, Deus as tem.
Basta observar o aumento assustador e descontrolado da corrupção, da pederastia, da prostituição, dos assassinatos, do consumo de drogas, dos assaltos, roubos e furtos, da fome, das greves, da impunidade e da ruina das instituições responsáveis pela Lei e pela Ordem, pelo menos no Brasil.
Brasil piada
Por falta de previsão legal, juiz condena morador de rua à prisão domiciliar. Dá para acreditar nisso? Pode acreditar, aconteceu. Está na Folha.com de hoje.
PSDB: defunto insepulto
O PSDB como partido político e oposição está morto há muito tempo. Morreu com a morte de Mário Covas e ainda não foi sepultado. O racha dentro dessa bagunça partidária acontece sempre que se aproxima uma eleição. Brigam feito cães e deixam tantas impressões negativas que a militância, que não é tão grande, acaba por desistir de sua luta para não se contaminar com a irracionalidade existente. Em São Paulo existem tantos grupos dentro do mesmo partido que este mais se parece com uma escola de samba com suas alas antagônicas em disputa por um lugar ao sol. A diferença entre uma escola de samba e esse partideco insosso é que, dentro de uma escola de samba, as alas disputam pela grandeza da escola e no PSDB os grupos se digladiam pela destruição da agremiação.
As greves repercutem.
Do jornal El PaÍs, da Espanha: "O Brasil é uma potência emergente com os pés de barro..." Definição mais concisa e profunda, impossível.
Presente baiano
O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT) mandou ao colega Sergio Cabral as gravações de conversas de lideranças de PMs e bombeiros tramando o motim, com o objetivo de inviabilizar o carnaval do Rio.
Maia resiste ao fim melancólico de sua gestão.
O presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), está outra vez às turras com o Palácio do Planalto, queixando-se de dificuldades de emplacar indicados até em cargos inexpressivos, como gerente do Banco do Brasil. O problema se agrava à medida em que se aproxima o fim da gestão. Irritado, chegou a desligar o telefone, interrompendo uma discussão com a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais).
Tripudiou
Marco Maia se sentiu ofendido e se descontrolou com o oferecimento de um cargo na agência do BB em Angola.
'Vada a bordo', cazzo!
Mais de 300 deputados presenciaram a cena de Marco Maia abandonando o barco no meio da votação.
Novo zumbi
O Planalto está mais preocupado com a sucessão de Marco Maia, que parece temer o ostracismo como destino, após o fim de sua gestão.
Cantilena
No início do governo Dilma, reclamando de “desprestígio”, Marco Maia boicotou eventos no Planalto aos quais o protocolo pedia sua presença.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Ao artigo é tendencioso e encomendado. (PONTO)
Encomendada exatamente para justificar a tônica do discurso (elitista e mercadológico) sustentado pelo PiG e por todos os jornalistas que o apóiam.
A verdade mesmo sobre o tema é bem mais simples que a hipócrita justificativa apresentada para a PARCIALIDADE da mídia: “A OCASIÃO FAZ O ALIADO”, como dizia o velho ACM, exemplo maior na política de como é possível “servir a qualquer senhor”, desde que isso seja interessante, ainda que não seja ético, moral ou razoável.
A frase final do escritor do artigo sintetiza essa idéia (e, por este motivo, já é repugnante…):
“Se Corinthians e Flamengo têm destaque maior do que as outras equipes (…) talvez seja porque (…) gerem enorme audiência e movimentem grandes recursos…”
Exceções que, infelizmente, parece não estarem aqui presentes.
Não sendo corinthiano, nem flamenguista, deixo de ser interessante. Aliás, talvez eu até me torne interessante, se eu também me tornar um consumidor do jornal…
Mas eu não me vendo, nem sou idiota. Logo, de mim, não esperem audiência. Continuem com as suas parcialidades. Eu, daqui, continuo sendo livre.
Fica então a pergunta: são apenas os torcedores desses times que dão aaudiêcia, como também prestígio aos seus jornalistas? Pela posição assumida pelo escritor, ao menos é isso o que parece: é o interesse econômico (e não a alegada paixão por um clube) que realmente influencia na decisão de se prestigiar mais a uns, em detrimento de outros, na veiculação das notícias. Ou seja: cada escritor parece ter o seu preço e cada um vende a sua própria opinião ao sabor das conveniências do mercado… E ainda querem fazer com que a gente acredite que tanta parcialidade seja fruto da paixão sincera que cada um deles diz ter por um determinado time.. Ainda bem que, em tudo, ainda temos louváveis exceções.
“Não é de hoje que encontro leitores, ouvintes e espectadores que questionam a isenção no jornalismo e contestam a imparcialidade da imprensa quando se trata de futebol, política, economia ou outros tópicos mais.
Volta e meia me deparo com internautas reclamando que os jornalistas e os veículos de comunicação não são imparciais ao contrário da imagem que alguns querem passar. Que tomam partido por mais que insistam que não, posicionam-se, dão mais destaque para os times A, B e C do que para as equipes D, E e F. Costumo dizer que muitas vezes eles têm razão, outras não, mas que eu mesmo não acredito na imparcialidade apregoada aqui e acolá, seja no campo do esporte, que gera muita paixão sem falar nos interesses financeiros, seja fora dele, no campo da política partidária, por exemplo, ou mesmo no setor cultural.
A isenção absoluta não existe e nunca existirá, como já dizia o psiquiatra e terapeuta norueguês Tom Andersen, conhecido no Brasil pela obra “Processos Reflexivos”, que trata, entre outros, da teoria sistêmica e das relações humanas. Como lembra o pensador, cada indivíduo tem uma percepção da situação à que “pertence” e pessoas diferentes terão percepções distintas de determinada realidade, transformando uma situação exterior em múltiplas realidades.
Um conceito interessante que Andersen fez questão de reforçar é que temos na gente “diversas pessoas” e nos tornamos uma em determinada circunstância, outra num contexto diferente, embora tenhamos características básicas que nos tornam “aquela pessoa”. A “realidade” depende não só do contexto mas também do observador, que influi no sistema observado e se torna parte dele. Modificando-o, portanto.
Isenção absoluta, então, não existe. Ao fazermos um tratado de física ou matemática estamos colocando um pouco da gente lá, inclusive na escolha do assunto estudado. No campo do direito o espaço para a interpretação é colossal e no jornalismo não seria diferente como não é.
Na hora de definir o espaço que cada clube vai ocupar no jornal, que notícias devem ter prioridade, que linha de raciocínio seguir, qual a parte mais ou menos importante de uma entrevista, o que deve ser descartado, o que deve ser destacado os editores e repórteres estão tomando decisões. E em cada decisão há um quê de subjetividade.
Sem falar nos donos de veículos de comunicação que têm suas linhas editoriais para serem seguidas. Ao estabelecer as diretrizes, por mais que alguns batam na tecla da imparcialidade absoluta, insisto que isso não existe. A definição de uma linha já pressupõe um quê de subjetividade.
Se Corinthians e Flamengo têm destaque maior do que outras equipes, um dos principais pontos de reclamação dos que preferem agremiações rivais, talvez seja porque atraiam mais interesse, despertem muita discussão, torcida contra ou a favor, gerem enorme audiência e movimentem grandes recursos. Inclusive porque, por mais que muitos digam que o foco da mídia é no “social”, ela também é negócio.”

WANDO



Os dirigentes da FIA estão querendo é acabar com a suplemacia da Redbull.
Tentando assim igualar todos os carros. Será que iram conseguir, esparo que não.
Segurança nada, porque a Mclaren não fez essa coisa horrorosa? Acho mesmo que a F1 e seus pseudos projetistas, só fazem gambiarra.
Quem faz uma frente de um carro dessa maneira, só pode fazer lambança no restante.
Primeiro, foi a Ferrari. Depois, vieram Force India, Lotus, Red Bull, Sauber, Toro Rosso, Williams e Caterham.
À exceção do MP4-27 da McLaren, todos os demais carros já apresentados para a temporada da F-1 que começa no mês que vem têm um ponto em comum: um estranho degrau em seus bicos.
Reuters / Associated Press
Fotomontagem com os carros da Lotus (preta), Ferrari (centro) e Red Bull; clique na imagem e veja galeria
Fotomontagem com os carros da Lotus (preta), Ferrari (centro) e Red Bull; clique na imagem e veja galeria

A novidade, que causou estranheza até entre dirigentes e membros de equipes, deve- -se a uma mudança no regulamento para este Mundial.
Para aumentar a segurança dos pilotos, a FIA decidiu baixar a altura dos bicos na tentativa de diminuir a chance de alguém ser acertado no caso de um choque lateral.
Pela nova regra, a altura do chassi logo à frente do cockpit ainda pode ter, como antes, no máximo 625 mm em relação à altura do eixo do carro. Mas, a partir de 150 mm de onde fica o piloto, a altura tem de cair para 550 mm.
"Tentamos estilizar o bico do RB8 da melhor maneira possível, mas definitivamente este não seria um desenho que eu faria se não estivesse no regulamento", afirmou o projetista Adrian Newey, da bicampeã Red Bull. "Mantivemos mais ou menos o mesmo chassi do ano passado, mas tivemos que fazer o degrau logo depois do cockpit, o que deixou o bico 'ligeiramente' feio."
Apesar das reclamações de que os carros teriam ficado mais feios por causa da novidade, de acordo com Charlie Whitting, inspetor de segurança da FIA, a culpa por isso é das próprias equipes.
"Nós queríamos baixar toda a célula de sobrevivência para minimizar as consequências de uma batida lateral", explicou. "Mas alguns engenheiros reclamaram que, para isso, teriam de desenhar carros completamente novos para reacomodar os elementos da suspensão. Daí tivemos a ideia de mudar só a altura da frente do bico."
Este é justamente um dos motivos para apenas a McLaren ter optado por fazer uma queda gradual em seu bico e ficar com menos espaço para armazenar elementos do carro. Além disso, o dispositivo usado pelo time inglês faz com que o centro de gravidade do modelo seja mais baixo.
A "feiura" da maioria dos carros no grid fez até com que alguns diretores técnicos de equipes procurassem a FIA para tentar encontrar uma solução menos radical para o regulamento que diz respeito aos chassis para o Mundial de 2013.
E Portinari não pisou em Nova York
Do sítio Outras Palavras:
Uma agenda extensa de comemorações marcará, em 2012, os 50 anos da morte de Cândido Portinari, que se completaram em 6 de fevereiro. Em São Paulo, o Memorial da América Latina exibe “Guerra” e “Paz”, os murais mais famosos do pintor, cuja instalação permanente é a sede das Nações Unidas, em Nova York. Eles foram restaurados no ano passado, no Museu Gustavo Capanema, no Rio, em trabalhos abertos ao público. Outros eventos ocorrerão em diversas cidades do país.
Gilson Caroni Filho
O fascismo dos "meninos do Rio".
Vítor Suarez da Cunha, o jovem de 21 anos, que teve 63 pinos implantados no rosto, deu uma magnífica lição de vida, de solidariedade humana. Muitos escreverão sobre sua atitude, mas nenhum texto será capaz de traduzir sua coragem, seu amor ao próximo, sua consciência de cidadania.
"...estruturas de poder que aboliram a escravidão, mas mantiveram direitos e riquezas concentrados na casa-grande."
Engana-se quem pensa que estas estruturas sṍ são partilhadas pela alta classe dos magistrados e políticos. Num país com o grau de miséria em que vive a grande maioria, dá vergonha ver movimentos sindicais reivindicando aumento para quem ganha 10, 20 vezes mais do que o salário mínimo.
Não digo que isto seja o caso de todos os policiais da Bahia, mas certamente o é o dos delegados de polícia e dos que ocupam cargos em comissão.
Todos "juntos" na mesma causa?
Tem muitas "casas grandes" no seio do serviço público brasileiro, principalmente no judiciáiro e no poder legislativo.

A GEOGRAFIA DA VIOLÊNCIA

Por Saul Leblon, na Carta Maior
Quando escreveu 'Geografia da Fome', em 1946, Josué de Castro, sofreu pressões para eliminar a palavra incômoda do título de sua maior obra. Contrariando a elite melindrada e gelatinosa, deixou um clássico que desnaturalizou a fome brasileira, isentando 'jeca tatus' e 'nortistas' de serem os responsáveis pela própria desnutrição. A partir daí o tema ganhou fórum de desafio político, decorrente de estruturas de poder que aboliram a escravidão, mas mantiveram direitos e riquezas concentrados na casa-grande.
De certa forma, a palavra violência substitui hoje o espaço que um dia foi ocupado pela fome como a ligadura dos desafios que enfeixam a grande questão da política brasileira: a realização plena da cidadania na vida das grandes massas do seu povo.
Como a fome, a violência é uma palavra incômoda. Muitos prefeririam não anexá-la à agenda do país, menos ainda reconhecê-la como estuário das pendências e desafios dessa década. Policiais inaceitavelmente armados reivindicando direitos - justos, diga-se - são parte desse mosaico desordenado e urgente, que inclui a macabra colheita de 100 cadáveres em cinco dias de recuo parcial do policiamento nas ruas de Salvador.
A exemplo da fome, a violência não responde a um cardápio único. Superá-la requer uma verdadeira revolução no acesso e na qualidade de bens que formam (hoje deformam) a subjetividade brasileira.
Uma escola efetivamente republicana que nivele por cima, oferecendo um mesmo ponto de partida igual para todos, por exemplo (para isso o orçamento do MEC não pode secundar a massa de recursos fiscais transferidos aos rentistas da dívida pública). Ou uma mídia pluralista capaz de democratizar a informação e a cultura, aguçando em vez de entorpecer o discernimento crítico e a subjetividade livre e independente. Serviços públicos de saúde, segurança e acessos a bens culturais que afrontem - a palavra é justamente essa, afrontar - abismos seculares escavados pela desigualdade, alinham-se como requisitos à restauração de portas da civilização corroídas pelo cupim do elitismo excludente e parasitário.
Nada se fará sem democracia e bons empregos e tampouco basta ter orçamento se o aparelho público for desastroso - colocando, como agora, no caso dos aeroportos, o governo no desgastante dilema de privatizar ou caminhar para o colapso aéreo em plena Copa de 2014. Tudo isso é relevante, mas o grande salto para o futuro consiste justamentem em admitir que a mobilidade incremental azeitada pelo sistema econômico disponível não é suficiente.
Não é que seja apenas insuficiente: é quase um suicídio social depositar a formação da subjetividade nas mãos do mercado.
A nova geografia da violência parece desmentir avanços quase épicos alcançados na redução da pobreza, da fome e do desemprego, mas não é verdade. Eles são reais. Foram e serão decisivos na reformulação do desenvolvimento brasileiro. Infelizmente, porém, não há paradoxo: o rastro da violência avança em linha com a interiorização do crescimento, do consumo e do investimento.
O fato de uma greve policial, como a de Salvador, ter gerado - se com 'ajuda' de setores grevistas pior ainda - mais de 100 homicídios em menos de uma semana confirma as dimensões da emergência política embutida nessas linhas paralelas.
A ruptura de equilíbrios precários, substituídos por impulsos mórbidos de consumo --e a indução a comportamentos anti-sociais, inoculados pelo canhão midiático-- gera confusão e endosso cego ao que o mercado difunde como sendo o novo, o desejável e o indispensável, ao preço do 'custe o que custar'. Geram, ademais, uma percepção desesperadora da desigualdade medida por paradigmas de riqueza e ócio nefastos e inviáveis.
A reiteração da sexualidade como uma dimensão utilitária, exibicionista e descartável do relacionamento humano faz parte desse desterro ético. Seu apelo lubrifica a emergência de padrões de comportamento incensados por novelas e animadores psicopatas de Big Brothers, que precipitam a baldeação de valores tradicionais para zonas cinzentas em que semi-cultura, semi-informação, mercado e barbárie se marmorizam e se alimentam em perfeita metástase social.
Se um factóide de estupro induzido e capitalizado, rende prestígio, dinheiro e admiradores aos seus protagonistas, como impedir efeitos em cascata numa subjetividade desprovida de filtros para rejeitar a fraude, a falta de ética, a corrosão do caráter e dos laços da convivência compartilhada?
O "Mapa da Violência-2012", coordenado por Julio Jacobo Waiselfisz, dimensiona essa espiral pela fita métrica da uniformização dos padrões de violência homicida no território nacional. "Seria altamente desejável se essa transformação atuasse no sentido de homogeneizar as taxas por baixo', pondera o relatório. " Contudo", constata, "se isso realmente acontece em algumas regiões do país, na maior parte dos casos, presenciamos o efeito inverso: o crescimento vertiginoso da violência em locais considerados pacíficos e tranquilos". Em 2010, o conjunto daquelas que eram até então as 17 menores taxas de homicídio da federação, superou em 25,7%, a soma das que detinham antes os índices recordes. Um exemplo ilustrativo e atual: nessa baldeação, a Bahia saltou do 23º lugar para o 3º no ranking nacional de homicídios.
A juventude fragilizada pela mistura de semi-formação e semi-maturidade é a principal vítima desse 'ajuste' pelo pior. A taxa média de homicídios na sociedade brasileira encontra-se estabilizada há alguns anos na faixa de 26 mortes por 100 mil (nada a comemorar: em 2010 foram 50 mil assassinatos; média de 137 homicídios por dia). Mas na faixa etária entre 20 a 24 anos, as coisas assumem contornos de chacina geracional: a taxa salta para 60,4 homicídios por cem mil. A violência homicida já é responsável por 38,6% de todas as mortes de jovens no país, enquanto entre os não jovens a taxa cai para 2%.
Os avanços propiciados nos últimos anos na esfera da educação, com o acesso ampliado ao ensino superior através do Prouni, bem como a disseminação das escolas técnicas, são antídotos encorajadores. A exemplo da multiplicação de vagas de trabalho, eles alargam os trilhos da mobilidade e da esperança dos que nasceram à margem deles e estavam condenados assim a viver e a morrer . Algo se move e não é pouco diante da calcificação de interditos estruturais agravados pela contração da economia internacional. Em crises anteriores, de gravidade e duração muito aquém da atual, o país despencou, a economia regrediu, a miséria aumentou. Mas os dados da violência parecem dizer que ainda não atingimos o nervo da iniquidade. Ainda carecemos de um desassombro político e programático. Um novo marco divisor que não pode ser apenas a boa gestão do ciclo anterior. Que busque inspiração no exemplo de Josué de Castro e não retire o desafio da violência do lugar que ele ocupa, queiramos ou não admitir: o incômodo corolário de estruturas e interesses que, ao incorporar ao mercado, cobram o pedágio da servidão ao consumo, magnificam o sentimento da desigualdade e selam o cativeiro de uma subjetividade desumanizada desprovida da compreensão crítica da sociedade e do seu lugar na história.
Brasil perturbado.
Corrupção supostamente coordenada por Ministros que são punidos apenas com a "exoneração a pedido"; retardamento em negociações com grevistas, despertando o ódio pelo desprezo e com isso a violência (pura inabilidade dos governantes); trens urbanos que não funcionam; desabamentos de prédios; vadiação no Congresso; bancos que usam propagandas institucionais na mídia nacional, para encobrir demissões; órgãos oficiais financiando expressivamente privatizações; convênios com ONG's cada vez mais denunciados por irregularidades, etc.
E os responsáveis por tudo isso? Ninguém sabe, ninguém viu.
E como se não bastassem, os fãs perdem um de seus maiores "ícones" da música romântica: Wando.
O Brasil está mesmo perturbado.
Greve perde força.
Com a Assembleia Legislativa desocupda,com o lider desordeiro Prisco preso, alías o Prisco é filiado ao PSDB, seus planos eram agora não se sabe se candidatar a vereador pelo PSDB em Salvador aliado do DEM de ACM Neto, mas a máscara caiu, a maioria do povo baiano repudia a baderna, a queima de onibus, o metralamento de agencias bancárias no interior, a interdição das BRs, aqueles que apostavam no caos, no cancelamento do carnaval foram derrotados o com eles os extremistas de direita que apostavam no caos e que a greve se espalhassem pelo país.
O povo venceu.
As forças da reação foram derrotadas, o STJ negou habeas corpus aos Vândalos de plantão.

MANHÃ DE SOL

UMA LUZ

Enquanto acumulava lucro, banco Itaú demitia mais de 4 mil.
Um velho ditado atribuído a Lênin ensina que a prática é o critério da verdade. Em 2011, enquanto se dizia “o banco mais sustentável do planeta”, o Itaú, na surdina, fazia demissões em massa, eliminando 4 mil postos num país que criou 1,9 milhão de empregos. O custo da folha caiu 13,4% no último trimestre do ano, cerca de R$ 215 milhões. No mesmo período, o lucro bateu recorde: R$ 14,6 bilhões.
Primeiro o meu
Um dos efeitos da atitude do Itaú é sua liderança nas listas de queixas no Banco Central, Procon, além das ações na Justiça.
Só agora?
Na divulgação do lucros sideral, o presidente do Itaú, Roberto Setúbal, disse que “agora estamos prontos para uma agenda pró-cliente”.

HORA DA REAÇÃO

O Botafogo só ganhou na estreia (1) do Resende, no Engenhão. Depois, três empates consecutivos - com Nova Iguaçu, 2com Madureira e com Flamengo -, o que deixa o time em 4º lugar, com apenas dois gols de saldo: marcou 5, sofreu 3. O técnico Osvaldo de Oliveira encontrou uma justificativa: “Os jogos fora do Engenhão foram prejudicados pelos campos ruins”.
A partir de hoje, o técnico tem certeza que o time reencontrará o rendimento: “Tanto em Bangu, no jogo com o Nova Iguaçu, quanto com o Madureira, os campos não ajudaram. Agora faremos dois jogos no Engenhão e um em Macaé, onde as condições do gramado são favoráveis. Com certeza, o time voltará a render bem”.
O Botafogo reavalia hoje o meio-campo Andrezinho, que não treinou ontem, queixando-se de dores na coxa. Se não puder jogar, Felipe Menezes ou Herrera será o substituto no jogo com o Olaria, às 19h30m. O time está mantido: Jeferson, Lucas, Antonio Carlos, Fabio Ferreira e Marcio Azevedo; Marcelo Matos, Renato, Maicosuel e Andrezinho (Felipe Menezes ou Herrera); Elkesson e Loco Abreu.
O Olaria, 6º com 4 pontos, está mais animado após a primeira vitória (2 a 1 no Madureira), depois de duas derrotas e um empate. O técnico Amilton Oliveira mantém o time hoje: Wanderson, Ivan, Tiago, Diego e Amarildo; Davi, Moisés, Pará e Pedrinho; Claudir e Vanilson.
PROJETO MANEQUINHO - O Botafogo lança hoje, às 15 horas, na sede da Av.Wenceslau Braz, o projeto Manequinho, idealizado pelo desembargador Siro Darlan, que será recebido pelo presidente Maurício Assumpção. Trata-se da primeira visita guiada, que consiste no treinamento de meninos e meninas carentes para serem guias mirins do Botafogo. Eles contarão aos visitantes o mais importante da história do clube e mostrarão a sala de troféus. O projeto, de valiosa e importante responsabilidade social,  será depois estendido ao Engenhão.
Líder e vice-líder do Grupo A, Nova Iguaçu e Resende abrirão a 5ª rodada, hoje, às 17 horas, em Nova Iguaçu. Invicto e sem sofrer gol, o Nova Iguaçu FC lidera com 8 pontos – 2 vitórias, 2 empates -, embora com um dos cinco piores ataques (3 gols em 4 jogos). O Resende FC, vice-líder com 2 vitórias, supera o Flamengo (3º) e o Botafogo (4º), que só ganharam 1 jogo. O Resende, no entanto, tem saldo negativo: marcou 5 gols, sofreu 8.
O outro jogo de hoje do Grupo A é Bonsucesso x Macaé, também às 17 horas, no estádio da Portuguesa porque o estádio do Bonsucesso, que tem o mando de campo, não foi aprovado pela Defesa Civil. O Bonsucesso é 8º – 4 pontos, 1 vitória, 1 empate, 2 derrotas, 3 gols marcados, 6 gols sofridos – e o Macaé, 5º com 4 pontos, 1 vitória, 1 empate, 2 derrotas, 3 gols marcados, 3 gols sofridos.
Será que é hoje? – Os dois times que ainda não ganharam - Bangu e Duque de Caxias – se enfrentam às 17 horas, pelo Grupo B, no estádio do Bangu. O Duque de Caxias é penúltimo – 2 pontos -, com 2 empates e duas derrotas, 3 gols marcados, 7 gols sofridos. O Bangu é o último – 0 ponto – e único que perdeu todos os jogos. Marcou 4 gols, sofreu 9.
O outro jogo de hoje do Grupo B é Friburguense x Boavista, às 19h30m, no estádio Eduardo Guinle, em Nova Friburgo. OFriburguense é 6º – 4 pontos, 1 vitória, 1 empate, 2 derrotas, 2 gols marcados, 6 gols sofridos – e o Boavista, de Saquarema, ainda invicto, é vice-lider com 8 pontos, 2 vitórias, 2 empates, 7 gols marcados, 4 gols sofridos.Os jogos Vasco Volta Redonda Americano Fluminense foram remarcados para quarta-feira da próxima semana, dia 15.
Grandes bancos lucram quase R$ 50 bi; taxação do setor: R$ 35 bi.Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú, Bradesco e Santander ganharam no ano passado R$ 48 bi, valor que subirá quando BB fechar resultado do último trimestre. Alta do volume de empréstimos, que atingem meio PIB, do juro e do spread garante recordes. Para governo, reduzir juro final ao cliente é desafio. Setor bancário pagou R$ 35 bi em quatro tributos federais.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

GEOGRAFIA DA VIOLÊNCIA

De certa forma, a palavra violência substitui hoje o espaço que um dia foi ocupado pela fome como a ligadura dos desafios condensados na grande questão política brasileira: a realização plena da cidadania na vida das grandes massas da população. Como a fome, a violência é uma palavra incômoda. Muitos prefeririam não anexá-la à agenda do país, menos ainda reconhecê-la como estuário das pendências e desafios dessa década. Policiais inaceitavelmente armados reivindicando direitos - justos, diga-se - são parte desse mosaico desordenado e urgente, que inclui a colheita macabra de mais de 100 cadáveres em cinco dias de recuo parcial do policiamento nas ruas de Salvador. (LEIA MAIS AQUI) (Carta Maior; 4ª feira; 08/02/ 2012)

O TEMA DA ELEIÇÃO

Marcos Coimbra, do Correio Braziliense.
Em todo ano eleitoral, mais cedo ou mais tarde, a imprensa repete uma velha pauta: editores, repórteres e colunistas põem-se a procurar “o tema” da eleição.
Parece que acreditam que é possível identificar um único assunto, uma só preocupação, que os eleitores do país inteiro — ou uma proporção majoritária deles — compartilhariam. Como se houvesse alguma coisa, minimamente relevante, que os mais de 135 milhões de brasileiros em condições de votar possuíssem em comum.
Fora as generalidades mais triviais (amam o Brasil, desejam a felicidade, querem o melhor para seus filhos e coisas do gênero), são muito diferentes. Trabalham em coisas diferentes e ganham quantidades de dinheiro completamente diferentes. Moram em lugares diferentes, de favelas paupérrimas a bairros de alto luxo. Muitos são jovens, outros idosos, e têm necessidades diferentes.
Diferem em outro aspecto fundamental. Além das segmentações socioeconômicas que existem na sociedade brasileira, nosso eleitorado está, crescentemente, dividido em termos políticos.
É verdade que não é grande a parcela com declarada e firme identidade partidária. Mas está longe de ser inexpressiva a proporção dos que se dizem simpatizantes de algum partido, entre os quais se destaca o PT (que tem, sozinho, mais que o dobro da soma dos demais).
À medida que o tempo passa, essa simpatia tende a deixar de ser algo tênue ou puramente atitudinal. Ao longo dos anos, o eleitor começa a traduzi-la em comportamentos eleitorais concretos, renovando seu voto em sucessivas eleições. Com isso, seus vínculos com o partido — ou determinada liderança — se estreitam e se consolidam.
Surgem, assim, eleitores petistas, peessedebistas, peemedebistas e por aí vai. Talvez não estejam inscritos em um cadastro qualquer (como acontece, por exemplo, nos Estados Unidos, onde a maioria do eleitorado tem uma identidade partidária “oficial”), mas isso não os torna menos entusiasmados na defesa de “seu” partido — e de “seus” candidatos —, ou menos previsíveis em suas escolhas.
Faz algum sentido imaginar que uma idosa pobre do interior, admiradora de Lula e do PT, e um jovem rico metropolitano, antipetista e admirador do PSDB, tomam suas decisões eleitorais da mesma maneira, em função de um mesmo “tema”, de uma só agenda?
A pergunta é ainda menos razoável em ano de eleições municipais. Nelas, achar que existe algo semelhante a esse hipotético “tema” apenas mostra desconhecimento a respeito de nossos eleitores.
É possível que, em condições excepcionais, existam eleições tão dominadas por um assunto que as diferenças objetivas e políticas do eleitorado se tornem secundárias. Se o país está frente a uma ameaça externa, se atravessa uma crise econômica, “o tema” da eleição é óbvio.
Isso aconteceu conosco na saída da ditadura e da hiperinflação. E deve ter sido então que nossa imprensa adquiriu o hábito de buscar “o tema” das eleições, mesmo quando ele não existe.
Em uma eleição municipal, como a que faremos este ano, é até difícil imaginar qual poderia ser. São milhares de candidatos a prefeito e a vereador em quase 5,6 mil cidades, que vivem realidades completamente diferentes. Os eleitores os escolhem levando em conta inúmeros aspectos — embora sempre acreditem que votam nos mais qualificados (entre os que conhecem).
Faz parte da normalidade democrática e do amadurecimento político que a eleição municipal seja municipal, a estadual seja estadual, e que a nacional seja nacional. Poucas pessoas, hoje em dia, se confundem com isso.
A imensa maioria dos eleitores não define seu voto local em função de questões nacionais, e nem entenderia se alguém perguntasse que “recado” pretende mandar para Brasília ou a capital de seu estado. Para o cidadão normal, seria absurdo votar em um candidato a prefeito (ou a vereador) sabidamente inferior a outro, apenas para enviar uma esdrúxula mensagem — que ninguém, aliás, decifraria.
Pode dar mais trabalho, mas, em vez de tentar encontrar “o tema” da eleição de outubro, os analistas fariam melhor se tentassem identificar os muitos temas que serão discutidos nas cidades brasileiras.

GREVE DA PM

Muito além da Bahia
Por Matheus Pichonelli, na CartaCapital.
Em pouco mais de uma semana de mobilização, a crise da Segurança Pública na Bahia colocou policiais estaduais contra forças federais, cercou o coração do sistema político local (a Assembleia Legislativa), levou insegurança às ruas e, sobretudo, mais do que dobrou as taxas de homicídio da região. São mais de 130 mortos desde o início da paralisação da Polícia Militar.
Quem acompanha a greve dos policiais militares da Bahia, que na quinta-feira 9 completa seu décimo dia com impasse, tem a sensação de que o filme é o mesmo. Mudam-se os nomes, os líderes e a localidade, mas a demanda segue a igual. De um lado, policiais pedindo valorização. De outro, governantes asfixiados pelos limites orçamentários.
A sensação de deja vu deixa claro que o problema não está no colo apenas das lideranças grevistas ou do governador baiano Jaques Wagner (PT). “Há um componente local: o momento exato em que está acontecendo, às vésperas do Carnaval, e a forma de negociação dos dois lados. Mas o componente geral é evidente: não é a primeira greve policial, porque já tivemos três no Nordeste”, afirma Eduardo Paes Machado, especialista em Segurança Pública e Violência Urbana e Saúde da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Segundo ele, a greve aponta para a discussão sobre o próprio modelo, tamanho e funcionamento da polícia no Brasil.
“Essas greves são um cataclismo. Se fosse medida como um terremoto, teria mais de sete graus (na escala Richter)”, sentencia. “A perda de vidas, de horas trabalhadas, o aumento irreversível da situação de segurança…Tudo se aprofunda. E não é uma sensação de insegurança nova. Na Bahia, é um Estado de sítio interno.”
Segundo ele, a situação só não é pior porque, em meio a tantas baixas, um avanço nos últimos anos minimizou o problema: a intervenção da Força Nacional de Segurança, idealizada pelo governo FHC e criada por Lula, nas recentes crises de segurança pelos estados.
De acordo com o sociólogo Renato Sergio de Lima, secretário-geral do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, para entender a crise atual é necessário buscar explicações desde a elaboração da Constituição, em 1988 – que previa a elaboração de uma lei de regulamentação do funcionamento da segurança no País. A norma jamais saiu da carta de intenções.
Segundo o especialista, o que está em jogo na atual crise na Bahia é um modelo de segurança caro e ao mesmo tempo falido. “É verdade o que dizem os governadores: não há recursos. União, Estados e municípios gastam, anualmente, 48 bilhões de reais em segurança pública. É cerca de 1,36% do PIB, o mesmo que a França. E ainda assim temos taxas altas de violência, de letalidade, temos insegurança e péssimos salários”, resume.
A atual crise é perigosa, segundo ele, porque há chances se alastrar. A demanda é a mesma em outros lugares: melhora salarial. No Rio de Janeiro, Alagoas, Pará, Espírito Santo, Paraná e Rio Grande do Sul, há mobilizações semelhantes às da Bahia e podem resultar em breve em crises da mesma proporção.
E o problema não será resolvido, aponta o sociólogo, enquanto não forem discutidas questões como a estrutura militar e civil do policiamento, a efetividade dos gastos, e as formas como os crimes são esclarecidos. “Ainda temos uma estrutura dos anos 40 do século passado, e que a Constituição de 1988 não resolveu. Está mais do que na hora”.
A discussão, aponta ele, exigirá uma articulação institucional que envolva as várias esferas do poder. “A União pode muito, mas não pode tudo. Os governadores também precisam se sensibilizar.”
Um dos temas a serem discutidos, completa Eduardo Paes Machado, da UFBA, é o próprio tamanho dos efetivos policiais. “Temos um mandato policial exorbitante, hipertrofiado. A PM de São Paulo, por exemplo, tem o tamanho de um exército. A partir de 15 mil (soldados, a corporação) é ingovernável. A Bahia tem 30 mil. Eficiência não é tamanho. É a melhoria do relacionamento da população.” E exemplifica: “Os americanos optaram por um modelo com pequenas forças policiais.”
Um dos desafios da crise atual, diz Sergio de Lima, é a radicalização do próprio movimento, muitas vezes flagrado com armas em punho em manifestações públicas. “Quando reivindicam, eles subvertem a lógica que deveriam preservar. Simbolicamente é grave, e devemos evitar.”
A radicalização, segundo Eduardo Paes Machado, parte de um movimento recente, que ele denomina “sindicalismo policial”. “As PMs eram forças auxiliares das Forças Armadas no Exército, viviam aquarteladas, até por disciplina e hierarquia, e pouco se expressavam. Mas a atmosfera democrática chegou. E, para quem não sabia nada (de mobilização), os policiais aprenderam rápido, queimaram etapas”, analisa.
Um dos momentos lembrados pelo especialista foi uma crise da segurança enfrentada pelo governo da Bahia em 2002. Na época, ele lembra que as lideranças policiais se aproximaram dos sindicatos para aprender a tecnologia de mobilização, as formas de discussão e encaminhamento de propostas. “Eles aprenderam muito. Não sei se foi bom ou ruim, mas aprenderam a se mobilizar. E o governo aprendeu pouco. São capacidades de aprendizagem diferentes.”
O especialista completa: “um detalhe importante é que o Brasil é a sexta economia do mundo, a mobilidade está em todos os lugares e no plano econômico, mas, no plano institucional, e nos elevados índices de violência, ainda estamos aquém. A violência interpessoal vem caindo brutalmente na Europa, nos EUA principalmente, e aqui, apesar de algumas vitórias, a violência ainda é um desafio. Somos uma sociedade violenta. E o grevista reproduz isso. São grevistas dentro de uma sociedade muito violenta e que, neste caso, tem o monopólio do uso da força”.
Neste sentido, a própria discussão da PEC 300, que mobiliza policiais em vários estados por um piso salarial nacional, funciona como pano de fundo de crises locais. Segundo o especialista, pagamentos desiguais entre corporações funcionam como referências que “inspiram e justificam” mobilizações.
“De qualquer modo, fala-se pouco em contrapartida, eficiência, transparência. Vai ter maiores salários? Nada contra. Mas como isso vai redundar em aumento da dedicação do policial?”, questiona.