Por Carlos Chagas.
Carlos Lacerda vivia momento alto em sua popularidade, concorrendo a deputado federal em 1954, logo após a morte do presidente Getúlio Vargas, que ajudara a derrubar. Lançou-se em nome da Aliança contra o Roubo e o Golpe, mas antes mesmo de tomar posse iniciou ampla campanha pelo estado de exceção, em nome da desintoxicação do eleitorado, para ele atingido pelo vírus do trabalhismo.
Dispunha de televisão quando quisesse, pois suas arengas davam Ibope. Certa noite perdeu a voz e o equilíbrio emocional quando, do auditório, levantou-se um jovem e indagou: “o senhor foi eleito contra o roubo e o golpe. Agora está pregando o golpe. Quando pregará o roubo?” Guardadas as proporções, a situação se repete com Demóstenes Torres. Campeão da ética, algoz implacável dos corruptos, crítico permanente dos malfeitos praticados à sombra do governo, o senador por Goiás destacou-se na defesa da democracia, da Constituição e da lei. Vê-se agora flagrado numa série de denúncias sobre parceria com bandidos. Seria o caso de inverter a equação e indagar quando começará a defender o golpe...
PAU NELES.
Raras vezes se tem visto tamanho volume de crimes hediondos praticados entre nós. Pais que estupram seus próprios bebês e jogam criancinhas pela janela. Mães que afogam filhos. Parentes que abusam de meninos e meninas postos sob sua guarda. Assassinos que matam por prazer.
Seqüestradores que não respeitam idosos.
Monstros empenhados em incendiar moradores de rua. E quanta coisa a mais?
Dificilmente o braço da lei atinge os autores dessas práticas abomináveis. Recursos aos montes, benesses consagradas pelo Código Penal e o Código de Processo Penal, mais a complacência do Poder Judiciário, permitem que esses animais continuem soltos, tripudiando sobre a sociedade e prontos para repetir seus atos.
Está na hora de uma reação nacional, tanto faz se conduzida pelo Congresso, a magistratura, o ministério público ou a polícia. A pena de morte agride a natureza humana, mas impõe-se a prisão perpétua, sem a menor possibilidade de refrigério para os autores. E se faltam cadeias e estabelecimentos penitenciários para tanta gente, que sejam isolados no meio do mato. O que não dá é para a sociedade continuar convivendo com eles e, lentamente, considerar como naturais tantas expressões de selvageria.
A ASCENSÃO DA MEDIOCRIDADE.
Um fenômeno cresce a olhos vistos, não apenas na política, mas na administração e no poder público: os medíocres e os incompetentes tomam conta do estado.
Tornou-se rotina a conquista de altos postos, mas de médios e pequenos, também, pelos menos talentosos. O resultado vem sendo a ocupação dos controles da sociedade pelos despreparados para conduzi-la.
Acima e além dos partidos e das entidades representativas do meio social, distinguem-se os menos preparados.
As nulidades estão por toda parte. Até quando?
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