Por Carlos Chagas.
Além de criar uma série de benefícios para a industria buscar recuperação, a presidente Dilma determinou esta semana que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica baixassem a taxa de juros, visando estancar a cachoeira (o nome está na moda) de recursos fluindo todos os dias para o exterior, em cada especulação externa que chega ao Brasil e logo se retira. Trata-se de um bom começo, mas o centro do alvo ainda não foi atingido. É bom para nossas maiores empresas pagarem menos impostos, liberadas de certos encargos trabalhistas, mas a pergunta que se faz refere-se ao cidadão comum: quando o assalariado que paga impostos receberá sinais de refrigério por parte do governo?
Atendido o grande industrial, na medida do possível, fica a evidência de permanecer a mesma a carga tributária que assola a imensa maioria da população. Direta e indiretamente, o brasileiro médio se vê comprimido entre a obrigação de pagar e nenhuma perspectiva de alívio no pagamento. Inclua-se no rol os micro e pequenos empresários. Ainda agora prepara-se mais uma declaração do Imposto de Renda. O vertiginoso avanço da técnica capacita cada vez mais a Receita Federal a tornar-se implacável a partir do cruzamento de dados de computador, envolvendo a vida profissional de cada um. Haveria vontade política, no governo, para desafogar a carga tributária da massa comprimida entre salários insuficientes e impostos impositivos?
APOIO À MADRE SUPERIORA.
Em ascensão, a popularidade da presidente Dilma reflete a simpatia popular ao seu estilo de governar. E de ser. Refletiu-se nos 77% de apoio nacional seu comportamento inflexível de cobrar de auxiliares o máximo de competência, sem concessões aos malfeitos. Estava mesmo na hora de o Brasil concordar com a presença da Madre Superiora no convento, não obstante a surpresa de algumas freirinhas. Depois dos períodos de tolerância de Fernando Henrique e Lula, a tendência da opinião pública está sendo de aderir à postura rígida da presidente da República. Com sorte, terão se escoado os tempos do “toma lá, dá cá” e do “é dando que se recebe”. Um pouco de liturgia ortodoxa não faz mal a ninguém.
DE QUEM É O ARCABUZ?
Arcabuzados foram o DEM e o PSDB, a partir do episódio Demóstenes Torres-Carlinhos Cachoeira. Seria paranóia supor que todas as denúncias desse escândalo foram milimetricamente engendradas para atingir a oposição, em especial porque as diligências da Polícia Federal desenvolviam-se há pelo menos quatro anos. Mas como em política não há coincidências, fica no mínimo estranho verificar que tucanos estão sendo abatidos em Goiás logo depois da ascensão de José Serra, na disputa pela prefeitura de São Paulo. Assim como a perspectiva da candidatura de Demóstenes Torres à presidência da República transformou-se no risco de sua cassação. A quem interessam esses resultados?
PT QUE NÃO É PT.
Acontece em todos os partidos, mas a repercussão é maior em se tratando do PT, afinal, uma legenda que se pretendia diferente. Em Barueri, São Paulo, os dirigentes municipais buscaram coligar-se com o DEM, apoiando o candidato do partido oposicionista a prefeito. Precisou interferir o presidente do diretório estadual, Edinho Silva, proibindo a coligação e estimulando a apresentação de uma candidatura própria, no caso a empresária Elizabeth Dutra.
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