Do Tijolaço.
Operação “Some, Demóstenes”.
Os grandes jornais pedem a renúncia do Senador Demóstenes Torres. A TV Globo
fez o mesmo hoje de manhã.
Parece haver uma cruzada nacional para varrer rapidamente Demóstenes Torres
das páginas dos jornais, fazendo com que entregue o mandato e não se inicie um
processo de cassação, com audiências, testemunhas, versões e, sobretudo, fatos
vindo à tona.
O Demóstenes grego, ao ver-se cercado pelos soldados de Antípatro,
suicida-se.
O goiano, entretanto, não parece disposto a isso. Na carta de desfiliação que
apresentou ao DEM, teve o cuidado de destacar que a alegação que contra ele se
fazia (descumprimento reiterado do programa partidário) estaria contemplada
pela Resolução nº 22.610, de 25 de outubro de 2007 do TSE, que o
protegeria de um processo de perda de mandato.
Ou seja, que vai ficar no cargo.
Ora, experiente que é, Demóstenes sabe que não há a menor perspectiva
política de sobreviver no Senado. Seu esforço não visa a preservação do mandato,
inexoravelmente perdido.
Está, sim, sinalizando que tem como despejar cachoeiras de lama a torto a
direito. O fato de ter representado o papel de paladino da moralidade, enquanto
recebia presentes e fazia favores a um bicheiro já mostra como este homem é frio
e cínico.
É por isso que querem sepultá-lo rápido, tirando, pela renúncia, um mandato
de senador que, pelos trâmites legais, vai permitir muitas e muitas sessões –
com direito a televisão – de defesa, de testemunhos e de acusações a muitos que
estão posando de vestais.
Demóstenes ameaça tornar-se um cadáver político insepulto e e seus odores
ameaçam “meio submundo” da política.
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