terça-feira, 29 de novembro de 2011

NOSSO SAMBA TÁ NA RUA !!!

Beth Carvalho e a Ley de Medios: tevê aberta é concessão pública.
Quem disse que aqui tem liberdade de expressão ?
Por Paulo Henrique Amorim
Este ansioso blogueiro foi assistir ao show (magnífico) da Beth Carvalho, “Nosso samba está na rua”.
Es-pe-ta-cu-lar !
O que temos de melhor !
E, por uma dessas estrepolias da imaginação, pensou muito, com desvelo e comiseração, naquele repórter da Globo, o Herraldo Pereira, que processa este ansioso blogueiro por (!) racismo !
Foi ao ouvir a música “Negro Sim Sinhô”, que o ansioso blogueiro recomenda enfaticamente ao supra-citado repórter.
O importante, porém, é a Beth, uma das últimas legítimas brizolistas.
Leia a seguir, trechos da entrevista que ela deu ao iG:
Beth Carvalho: “CIA quer acabar com a cultura brasileira”
Em entrevista ao jornalista Valmir Moratelli, do iG por ocasião do lançamento do CD de músicas inéditas “Nosso samba tá na rua” – dedicado a dona Ivone Lara, com canções sobre a negritude, o amor e o feminismo – a cantora Beth Carvalho é mordaz : “a CIA quer acabar com o samba. É uma luta contra a cultura brasileira. Os Estados Unidos querem dominar o mundo através da cultura”, diz a cantora, presidente de honra do PDT.
George Magaraia “Só acredito no modelo socialista, é o único que pode salvar a humanidade”
iG: Em seu novo CD, a letra “Chega” é visivelmente feminista. Por que é raro o samba dar voz a mulheres?
Beth Carvalho: O mundo, não só o samba, é machista. Melhorou bastante devido à luta das mulheres, mas a cada cinco minutos uma mulher apanha no Brasil. É um absurdo. Parece que está tudo bem, mas não é bem assim. Sempre fui ligada a movimentos libertários.
iG: De que forma o samba é machista?
Beth Carvalho: A maioria dos sambistas é homem. Depois de mim, Clara Nunes e Alcione, as coisas melhoraram. O samba é machista, mas o papel da mulher é forte. O samba é matriarcal, na medida que dona Vicentina, dona Neuma, dona Zica comandam os bastidores da história. Eu, por exemplo, sou madrinha de muitos homens (risos).
iG: A senhora é vizinha da favela da Rocinha. Como vê o processo de pacificação?
Beth Carvalho: Faltou, por muitos anos, a força do estado nestas comunidades. Agora estão fazendo isso de maneira brutal e, de certa forma, necessária. Mas se não tiver o lado social junto, dando a posse de terreno para quem mora lá há tanto tempo, as pessoas vão continuar inseguras. E os morros virarão uma especulação imobiliária.
iG: Alguns culpam o governo Leonel Brizola (1983-1987/1991-1994) pelo fortalecimento do tráfico nos morros. A senhora, que era amiga do ex-governador, concorda?
Beth Carvalho: Isso é muito injusto. É absurdo (diz em tom áspero). Se tivessem respeitado os Cieps, a atual geração não seria de viciados em crack, mas de pessoas bem informadas. Brizola discutia por que não metem o pé na porta nos condomínios da Avenida Viera Souto (em Ipanema) como metem nos barracos. Ele não podia fazer milagre.
iG: Aqui na sua casa há várias imagens de Che Guevara e de Fidel Castro. Acredita no modelo socialista?
Beth Carvalho: Eu só acredito no modelo socialista, é o único que pode salvar a humanidade. Não tem outro (fala de forma enfática). Cuba diz ‘me deixem em paz’. Os Estados Unidos, com o bloqueio econômico, fazem sacanagem com um país pobre que só tem cana de açúcar e tabaco.
iG: Mas e a falta de liberdade de expressão em Cuba?
Beth Carvalho: Eu não me sinto com liberdade de expressão no Brasil.
iG: Por quê?
Beth Carvalho: Porque existe uma ditadura civil no Brasil. Você não pode falar mal de muita coisa.
iG: Como quais?
Beth Carvalho: Não falo. Tem uma mídia aí que acaba com você. Existe uma censura. Não tem quase nenhum programa de TV ao vivo que nos permita ir lá falar o que pensamos. São todos gravados. Você não sabe que vai sair o que você falou, tudo tem edição. A censura está no ar.
iG: Mas em países como Cuba a censura é institucionalizada, não?
Beth Carvalho: Não existe isso que você está falando, para começo de conversa. Cuba não precisa ter mais que um partido. É um partido contra todo o imperialismo dos Estados Unidos. Aqui a gente está acostumada a ter vários partidos e acha que isso é democracia.
iG: Este não seria um pensamento ultrapassado?
Beth Carvalho: Meu Deus do céu! Estados Unidos têm ódio mortal da derrota para oito homens, incluindo Fidel e Che, que expulsaram os americanos usando apenas o idealismo cubano. Os americanos dormem e acordam pensando o dia inteiro em como acabar com Cuba. É muito difícil ter outro Fidel, outro Brizola, outro Lula. A cada cem anos você tem um Pixinguinha, um Cartola, um Vinicius de Moraes… A mesma coisa na liderança política. Não é questão de ditadura, é dificuldade de encontrar outro melhor para ocupar o cargo. É difícil encontrar outro Hugo Chávez.
iG: Chávez é acusado por muitos de ter acabado com a democracia na Venezuela.
Beth Carvalho: Acabou com o quê? Com o quê? (indaga com voz alta)
iG: Com a democracia…
Beth Carvalho: Chávez é um grande líder, é uma maravilha aquele homem. Ele acabou com a exploração dos Estados Unidos. Onde tem petróleo estão os Estados Unidos. Chávez acabou com o analfabetismo na Venezuela, que é o foco dos Estados Unidos porque surgiu um líder eleito pelo povo. Houve uma tentativa de golpe dos americanos apoiada por uma rede de TV.
iG: A emissora que fazia oposição ao governo e que foi tirada do ar por Chávez…
Beth Carvalho: Não tirou do ar (fala em tom áspero). Não deu mais a concessão. É diferente. Aqui no Brasil o governo pode fazer a mesma coisa, televisão aberta é concessão pública. Por que vou dar concessão a quem deu um golpe sujo em mim? Tem todo direito de não dar.
iG: A senhora defende que o governo brasileiro deveria cassar TV que faz oposição?
Beth Carvalho: Acho que se estiver devendo, deve cassar sim. Tem que ser o bonzinho eternamente? Isso não é liberdade de expressão, é falta de respeito com o presidente da República. Quem cassava direitos era a ditadura militar, é de direito não dar concessão. Isso eu apoio.
iG: O samba vai resistir a esta “guerra” que a senhora diz existir?
Beth Carvalho: Samba é resistência. Meu disco é uma resistência, não deixa de ser uma passeata: “Nosso samba tá na rua”.

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