quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

CARLOS CHAGAS

Por Carlos Chagas.
Não raro o ridículo supera a derrota. Certas instituições, grupos, partidos, clubes ou sucedâneos, depois de uma peleja, saem mais desmoralizados do que vencidos quando, ao invés de lutarem até o fim, preferiram entregar-se ao adversário. Assim acontece desde a primeira eleição do Lula, com as centrais sindicais.
Em vez de resistir e dar suporte às propostas e postulados pelos quais empenharam-se desde que criados, cederam ao recuo do candidato de seus sonhos, apoiando o pesadelo que foi a adesão do Lula ao neoliberalismo e às imposições dos gestores da política econômica anterior.
Lula ganhou a presidência da República, em 2002, mas assumiu rendido e derrotado através da “Carta aos Brasileiros”, quando comprometeu-se a não mudar nada do que vinham impondo Fernando Henrique Cardoso e sua quadrilha. Aderiu e, embora inovando com o assistencialismo do bolsa-família, integrou-se no modelo elitista dominado pelo mercado.
Esperava-se que a CUT, a Central Sindical e outros penduricalhos formassem na trincheira da resistência. Afinal, eles é que deram suporte à candidatura do PT. Durante anos lideraram a batalha contra a supressão e o restabelecimento dos direitos sociais, pela preservação dos monopólios estatais e a soberania nacional. Poderiam ter levado o governo dos trabalhadores a permanecer sustentando os postulados que o levaram à vitória nas urnas.
Por fatores que o fisiologismo explica tanto quanto a fraqueza das convicções, as centrais sindicais encolheram-se. Deixaram de reagir aos avanços das elites financeiras e até deram apoio ao recuo de Lula e de Dilma Rousseff. Sumiram das ruas as passeatas, as greves, as contestações.
Os dirigentes sindicais que discordaram viram-se afastados, uma equipe de sabujos passou a controlar as instituições e o sindicalismo brasileiro ganhou as profundezas. Desapareceram os movimentos em favor de melhores condições de vida, da defesa dos aposentados, dos assalariados que não fossem metalúrgicos e das grandes bandeiras nacionais então ensarilhadas.

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