quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O PRÉ-SAL E O BELICOSO DUETO FRANCO-AMERICANO - A extrema direita republicana, o claudicante Obama e até o desidratado Sarkozy se escoram no discurso da guerrra contra o Irã para contornar o desgaste de uma liderança pífia, incapaz de enfrentar o verdadeiro inimigo responsável pelo empobrecimento, o desemprego e a insegurança que afetam a vida dos seus eleitores. Desta vez, é o programa nuclear iraniano que desempenha o papel exercido pelas "armas de destruição em massa", principal cabo eleitoral de Bush na invasão do Iraque em 2003 e de sua posterior reeleição, em 2004, quando os democratas, a exemplo do tíbio Obama, não tiveram a coragem de afrontar o engodo belicista diante de um eleitorado manipulado pelo terrorismo da direita. Hoje, como ontem, a marcha da guerra explica também, em boa parte, a pressão sobre os preços do petróleo. As cotações mantém-se acima de US$ 100 o barril em plena desaceleração mundial, adicionando explosividade a uma economia minada em seus alicerces estruturais. O Brasil assiste à espiral bélica de um mirante privilegiado. Embora a mídia tenha dado pouco destaque, a Petrobrás bateu seu recorde de produção em novembro último: 2,1 milhões de barris/dia. Mas não é apenas o suprimento imediato que está garantido. Até 2015, a estatal investirá S$ 224,7 bi ( 390 bi de reais) em exploração e produção. Quase a metade desse total, mais de 45%, vai acelerar a exploração dos grandes reservatórios do pré-sal. Nos próximos oito anos caberá a eles assegurar 40% da oferta brasileira, garantindo o suprimento de uma demanda de 3,3 bilhões de barris/dia no final da década. A regulação soberana dessa riqueza, anunciada pelo governo Lula em 2009 --e demonizada pelo dispositivo midiático demotucano-- consolidou a reversão de boa parte do processo de privatização do petróleo brasileiro. Passados 14 anos da quebra do monopólio feita em 1997, pelo governo FHC, a Petrobrás é responsável por 90% da produção nacional. Das 49 descobertas marítimas registradas nesse período, 39 foram feitas pela estatal, entre elas o pré-sal, em 2007. Ademais da segurança energética, a hegemonia pública nessa área faz das encomendas vinculadas ao ciclo do pré-sal --condicionadas por elevados índices de nacionalização-- um dos maiores impulsos industrializantes da história do país. Quanto vale isso em plena recessão mundial, combinado com a marcha da guerra no Irã? Com a palavra, os privatistas e seu dispositivo de imprensa. (Carta Maior; 4ª feira; 04/01/ 2012)

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