MAS PODE SER PIOR. - Enganam-se os que equiparam o caso Demóstenes Torres ao revés sofrido pelo
conservadorismo brasileiro no impeachment de Collor há quase duas décadas. O
baque atual pode ser maior. Não pela importância intrínseca de Demóstenes, mas
pelo entorno histórico que cerca o streap-tease ético do aspirante a novo
savonarola das elites nativas. Collor renunciou ao final de 1992. No ano
seguinte Bill Clinton sucederia a Reagan na maratona desregulatória nos EUA. A
retroescavadeira neoliberal sacudiria o legado de Roosevelt por quase dez anos
(até 2001), sobretudo no sistema financeiro. A direita brasileira, portanto,
estava amparada ideologicamente no ambiente internacional. Rapidamente ela se
refez da queda do caçador de marajás que ajudara a eleger (e como!). Seu
dispositivo midiático agiu em duas frentes. Reduziu o ex-herói à
insignificância política de um personagem que não estava à altura do seu enredo.
Mas preservou o enredo, encontrando um similar de Clinton para comandar as
'reformas' aqui: FHC (Carta Maior; Domingo 08/04/ 2012)
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