Deveríamos ter uma revolução no esporte brasileiro para que tivéssemos bons representantes em 2016. E ela deveria ter começado em 2000. Ou em 2001, ou em 2002 etc... A base dessa revolução viria da massificação do esporte. E para isso seria bom imitarmos o estilo cubano.
Por José Roberto Torero, na Carta Maior
Os Jogos Olímpicos de Londres vão começar neste sábado. Mas os jogos do Rio já começaram há mais de dez anos. E estamos indo mal, muito mal.
Explico: É que a grande desculpa (ou, vá lá, motivo) para os Jogos no Rio é que eles alavancariam o esporte no país. Mas nada mudou. Pelo menos, nada realmente importante.
Deveríamos ter uma revolução no esporte brasileiro para que tivéssemos bons representantes em 2016. E ela deveria ter começado em 2000. Ou em 2001, Ou em 2002 etc... Mas até agora, 2012, nada começou. Ou quase nada, já que pelo menos temos uma Secretaria de Alto Rendimento dentro do Ministério dos Esportes desde 2003. Mas ainda é pouco.
Precisamos é de uma revolução. E essa revolução poderia ser dividida em três partes, assim como uma pirâmide, que tem base, meio e cume.
A base viria da massificação do esporte. E para isso seria bom imitarmos o estilo cubano.
Lá, todas as crianças têm chance de praticar esportes em suas escolas. Mais que isso, a educação física é uma disciplina que pode obrigar o aluno a repetir a série se ele não for aprovado. Não é apenas futebol para os meninos e queimada para as meninas.
A massificação cubana gerou um resultado impressionante. Nos Jogos Olímpicos entre 1908 a 1960, o país caribenho conseguiu apenas uma medalhinha. Vinte anos depois, nas Olimpíadas de Moscou ganhava 8 de ouro e 20 no total. E, no ano 2000, já em crise econômica, chegava a 11 de ouro e 29 no total.
O mais impressionante é que estes números vêm de um país com apenas 11 milhões de habitantes. Dezoito vezes menos populoso que o nosso. E com uma renda per capita quase três vezes menor.
O meio da pirâmide seria uma mistura entre os estilos alemão e chinês.
Na Alemanha há uma íntima relação entre clubes esportivos e escolas. Ou seja, o garoto que se sai bem no esporte em sua escola passa aos clubes esportivos. No Brasil temos um pouco disso, mas não está institucionalizado. Clubes como Pinheiros e Flamengo já fazem um bom trabalho. Mas isso poderia ser potencializado, tornando-se realmente uma parceria público-privada.
Porém, como o parque esportivo implantado nos clubes não seria suficiente para atender nossa população, precisaríamos implantar escolas públicas de esporte, como há na China. Lá temos números inacreditáveis: são 3.880 escolas esportivas de tempo livre, 254 escolas de elite e 159 escolas esportivas experimentais. Não é à toa que eles superaram os EUA nas últimas Olimpíadas.
Por fim, o cume seguiria a escola australiana.
Lá existem centros de excelência exemplares, que mudaram a história deste país nas Olimpíadas. Eles são chamados de Institutos de Esporte. São oito conjuntos esportivos (em que há piscinas, pistas de atletismo e moradia para atletas) que aliam uma infraestrutura impressionante à tecnologia de ponta. O principal destes institutos, que fica em Camberra, foi criado em 1981 e é conhecido como “Fábrica de campeões”.
Nos Jogos de 1980, antes da criação destes centros de alto rendimento, a Austrália conseguiu duas medalhas de ouro e nove no total, ficando em 15º. lugar. Vinte anos depois o país conseguiria 16 medalhas de ouro e 58 no total, tornando-se a quarta potência olímpica do planeta.
Nunca é demais lembrar que se trata de um país com apenas 23 milhões de habitantes, cerca de 12% da nossa população.
Ou seja, há bons exemplos espalhados pelo mundo e eles poderiam ser adaptados para o Brasil. Mas aqui parece que pensamos mais em estádios que em atletas, parece que pensamos mais nos salões de festa do que na própria festa.
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