Por Carlos Chagas.
Quando mesmo tímida e
inutilmente os generais da Wehrmacht protestavam contra a quebra dos tratados
internacionais que levavam a Alemanha nazista a invadir a Áustria, a
Tchecoslováquia, a Polônia, a Bélgica, a
Holanda, a Noruega, a Dinamarca e, por
fim, a União Soviética, a resposta de Adolf Hitler era
sempre a mesma, sobre “o valor
insignificante dos tratados, que foram feitos para ser rompidos”
Guardadas as proporções, as eleições municipais de outubro e
a perspectiva das eleições gerais de 2014 vem revelando o mesmo conceito, em se
tratando dos partidos da base parlamentar do governo e até os da oposição. A
começar pelo PT, mas passando pelo PMDB, o Partido Socialista, o PR, o PP, o
PTB, o PDT e outros, sem esquecer o PSDB e o DEM, prevalece o espírito do
Terceiro Reich: vencer é o objetivo final. Ético é o vencedor, quaisquer que
tenham sido seus métodos.
Assistimos e mais assistiremos a um festival de traições e
quebra de compromissos entre os partidos, ou melhor, entre seus líderes, candidatos maiores ou menores ao papel de Fuherer em suas disputas.
De São Paulo a Belo Horizonte, Recife, Fortaleza e outras capitais, vale a
perspectiva de vitória, mesmo às custas de
compromissos anteriores.
Seria bom prestar atenção nas preliminares da sucessão
presidencial. Michel Temer, em entrevista no fim de semana, reafirma a aliança
entre PMDB e PT, contentando-se em permanecer na vice-presidência da chapa
encabeçada por Dilma, mas... Mas seu partido poderá lançar candidato próprio se
as condições mudarem. O PT marcha com a reeleição da presidente da República,
mas... Mas se o Lula quiser, ele será indicado.
Eduardo Campos sai do palácio da Alvorada entoando juras a Dilma e
apesar de haver rompido acordo com o PT em diversas prefeitura estaduais, mas...
Mas o governador de Pernambuco está aí mesmo para disputar o
palácio do Planalto caso a situação
apareça. O PR, o PTB e o PDT estão com o
governo federal, mas em São
Paulo inclinam-se por José
Serra. Na capital mineira,
desfez-se a aliança de anos atrás.
No PSDB, teve-se a impressão de ser Aécio Neves o candidato
natural à presidência depois que Serra optou pela prefeitura paulistana, mas o
candidato duas vezes derrotado no plano federal deixa a janela aberta para uma
terceira disputa ou, pior ainda, mostra-se simpático a um acordo com o Partido
Socialista, em torno da candidatura de Eduardo Campos, rejeitando o
ex-governador de Minas. O DEM evolui voltado para os quatro pontos cardeais a
um só tempo e o recém-fundado PSD tem como símbolo as birutas de aeroporto.
E assim por diante, numa demonstração da insignificância do
valor dos tratados.
Nada de novo debaixo do sol...
INTERREGNO DESNECESSÁRIO.
Legislativo e Judiciário estão perdendo excelente
oportunidade de demonstrar o indemonstrável, ou seja, que a coisa pública deve
prevalecer sobre os interesses individuais.
A CPI do Cachoeira não tinha nada que interromper seus
trabalhos nesta última semana de julho, para seus integrantes gozarem um
ócio imerecido quando precisariam estar
adiantando investigações e depoimentos. Ficaram para agosto as oitivas de Luís
Pagot, Fernando Cavendish e, agora com maiores razões, o retorno do governador
Marconi Perilo e suas novas relações com
o contraventor, reveladas por uma revista semanal. Quando retornarem, os
integrantes da CPI estarão no mínimo
enferrujados e desmotivados.
No Supremo Tribunal Federal, coisa parecida. Se tivessem
cancelado as férias, por sinal gozadas o mês inteiro, os Meretíssimos teriam
dado prova inconteste de que o processo do mensalão será julgado antes das eleições
municipais. Agora, permanece a dúvida, correndo por conta dos artifícios malabarismos dos advogados dos 38 réus.
Ficará o Executivo fora desse leniente recesso de país rico?
Seria bom verificar se existem ministros e altos funcionários de férias. A
presidente Dilma mantém sua agenda
intocada, mas em volta dela?
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