terça-feira, 17 de julho de 2012

SOBRE A INSIGNIFICÊNCIA DO VALOR DOS TRATADOS


Por Carlos Chagas.
Quando  mesmo tímida e inutilmente os generais da Wehrmacht protestavam contra a quebra dos tratados internacionais que levavam a Alemanha nazista a invadir a Áustria, a Tchecoslováquia, a Polônia, a Bélgica,  a Holanda, a Noruega, a Dinamarca e,  por fim,   a União  Soviética, a resposta de Adolf Hitler era sempre a mesma, sobre  “o valor insignificante dos tratados, que foram feitos para ser rompidos”
Guardadas as proporções, as eleições municipais de outubro e a perspectiva das eleições gerais de 2014 vem revelando o mesmo conceito, em se tratando dos partidos da base parlamentar do governo e até os da oposição. A começar pelo PT, mas passando pelo PMDB, o Partido Socialista, o PR, o PP, o PTB, o PDT e outros, sem esquecer o PSDB e o DEM, prevalece o espírito do Terceiro Reich: vencer é o objetivo final. Ético é o vencedor, quaisquer que tenham sido seus métodos.
Assistimos e mais assistiremos a um festival de traições e quebra de compromissos entre os partidos, ou melhor, entre  seus líderes, candidatos maiores ou  menores ao papel de Fuherer em suas disputas. De São Paulo a Belo Horizonte, Recife, Fortaleza e outras capitais, vale a perspectiva de vitória, mesmo às custas de  compromissos anteriores.
Seria bom prestar atenção nas preliminares da sucessão presidencial. Michel Temer, em entrevista no fim de semana, reafirma a aliança entre PMDB e PT, contentando-se em permanecer na vice-presidência da chapa encabeçada por Dilma, mas... Mas seu partido poderá lançar candidato próprio se as condições mudarem. O PT marcha com a reeleição da presidente da República, mas... Mas se o Lula quiser, ele será indicado.  Eduardo Campos sai do palácio da Alvorada entoando juras a Dilma e apesar de haver rompido acordo com o PT em diversas prefeitura estaduais,  mas...  Mas o governador de Pernambuco está aí mesmo para disputar o palácio  do Planalto caso a situação apareça. O PR,  o PTB e o PDT estão com o governo federal, mas em São Paulo inclinam-se por José  Serra.  Na capital mineira, desfez-se a aliança de anos atrás.
No PSDB, teve-se a impressão de ser Aécio Neves o candidato natural à presidência depois que Serra optou pela prefeitura paulistana, mas o candidato duas vezes derrotado no plano federal deixa a janela aberta para uma terceira disputa ou, pior ainda, mostra-se simpático a um acordo com o Partido Socialista, em torno da candidatura de Eduardo Campos, rejeitando o ex-governador de Minas. O DEM evolui voltado para os quatro pontos cardeais a um só tempo e o recém-fundado PSD tem como símbolo as birutas de aeroporto.
E assim por diante, numa demonstração da insignificância do valor dos tratados.
Nada de novo debaixo do sol...
INTERREGNO DESNECESSÁRIO.
Legislativo e Judiciário estão perdendo excelente oportunidade de demonstrar o indemonstrável, ou seja, que a coisa pública deve prevalecer sobre os interesses individuais.
A CPI do Cachoeira não tinha nada que interromper seus trabalhos nesta última semana de julho, para seus integrantes gozarem um ócio  imerecido quando precisariam estar adiantando investigações e depoimentos. Ficaram para agosto as oitivas de Luís Pagot, Fernando Cavendish e, agora com maiores razões, o retorno do governador Marconi Perilo e suas novas relações  com o contraventor, reveladas por uma revista semanal. Quando retornarem, os integrantes da CPI estarão no mínimo  enferrujados e desmotivados.
No Supremo Tribunal Federal, coisa parecida. Se tivessem cancelado as férias, por sinal gozadas o mês inteiro, os Meretíssimos teriam dado prova inconteste de que o processo do mensalão será julgado antes das eleições municipais. Agora, permanece a dúvida, correndo por conta dos artifícios  malabarismos dos advogados dos 38 réus.
Ficará o Executivo fora desse leniente recesso de país rico? Seria bom verificar se existem ministros e altos funcionários de férias. A presidente Dilma  mantém sua agenda intocada, mas em volta dela?

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