Por Carlos Chagas.
No final de março de 1945 o Terceiro Exército do general Patton, em meteórica progressão, cruzou o rio Reno e estabeleceu uma cabeça de ponte na margem oriental. Seus tanques tomavam o rumo de Frankurt quando o irrequieto comandante recebeu um telefonema do general Eisenhower, comandante em chefe, irritadíssimo porque suas ordens haviam sido descumpridas. As tropas americanas deveriam ter parado do lado de cá do Reno, para reajuste de dispositivo. Patton, que tinha senso de humor, retrucou: “Tudo bem, então vou chamar os alemães de volta e retornar com minha tropa para a margem ocidental...” Coisa que evidentemente não fez, continuando a avançar.
A historinha se conta a propósito do mensalão. O nosso Patton caboclo, ministro Joaquim Barbosa, na síntese de seu relatório, feita no início do julgamento, avançou sinais de que em seu voto pedirá a condenação de todos os mensaleiros. Segue atropelando os generais alemães, perdão, os advogados dos réus, esperando dar a tônica do fim da guerra com a derrota dos nazistas. Não há como recuar, apesar da estratégia do ministro Ayres Britto, para quem cada batalha deve ferir-se no seu dia, nunca antes.
O voto de Joaquim Barbosa, esperado para quinta-feira, fatalmente influenciará alguns de seus companheiros, como a corrida de Patton, Alemanha a dentro, levou outros generais aliados a aumentar o ritmo de seu avanço. Azar dos nazistas...
O DINHEIRO CHINÊS E AMERICANO.
O prejuízo acusado pela Petrobrás surpreendeu muita gente, ainda que se saiba serem olímpicas as despesas com a exploração do pré-sal. O problema é que desde o anúncio e a confirmação dessa riqueza recebemos aportes de dezenas de milhões de dólares oferecidos pela China e, logo depois, pelos Estados Unidos, sob o compromisso de reservarmos para eles parte do petróleo a ser extraído comercialmente dentro de alguns anos. Jogaram no futuro, esses dois países. A Petrobrás guarda segredo sobre o montante dos recursos que já vimos recebendo desde 2005, mas pouca coisa não é. Seria o caso de ampliarmos ainda mais a oferta, abrindo o leque?
O PREÇO DO RECUO.
Impressionou a prévia adesão do PT à candidatura de Henrique Eduardo Alves, do PMDB, à presidência da Câmara. Tratou-se de um acordo entre os dois partidos, patrocinado por Dilma Rousseff. Os companheiros sacrificam a regra básica de que a maior bancada sempre elege o presidente, porque são majoritários.
E não se fala da recíproca, que seria o PT ocupar a presidência do Senado, onde o PMDB tem mais senadores.
É demais imaginar que esse acordo tenha sido feito com vistas a 2014, ou seja, para garantir o apoio do PMDB à candidatura de Dilma à reeleição. Esse lance seria óbvio mesmo sem o compromisso na Câmara, pelo simples motivo de que o PMDB não tem nomes fortes par disputar o palácio do Planalto, em 2014.
A menos que... A menos que a presidente e o PT tenham ficado com medo de seus maiores aliados bandearem-se para a candidatura do governador Eduardo Campos, do Partido Socialista e, desde já, estarem sedimentando Michel Temer outra vez como candidato à vice-presidência.
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