terça-feira, 14 de agosto de 2012

A INFLUÊNCIA DO VOTO DE JOAQUIM BARBOSA


Por Carlos Chagas.
No final de março de 1945 o Terceiro Exército do general Patton, em meteórica progressão, cruzou o rio Reno e estabeleceu uma cabeça de ponte na margem oriental. Seus tanques tomavam o rumo de Frankurt quando o irrequieto comandante recebeu  um telefonema do general Eisenhower, comandante em chefe, irritadíssimo porque suas ordens haviam sido descumpridas. As tropas americanas deveriam ter parado do lado de cá do Reno, para reajuste de dispositivo. Patton, que tinha senso de humor, retrucou: “Tudo bem, então vou chamar os alemães de volta e retornar com  minha tropa para a margem ocidental...” Coisa que evidentemente não fez, continuando a avançar.
A historinha se conta a propósito do  mensalão. O nosso Patton caboclo, ministro Joaquim Barbosa, na síntese de seu relatório,  feita no início do julgamento, avançou sinais  de que em seu voto  pedirá a condenação  de todos os  mensaleiros. Segue atropelando os generais alemães, perdão, os advogados dos réus, esperando dar a tônica do fim da guerra com a derrota dos nazistas. Não há como recuar, apesar da estratégia do ministro Ayres  Britto, para quem cada batalha deve ferir-se no seu dia, nunca antes.
O voto de Joaquim Barbosa, esperado para quinta-feira, fatalmente influenciará alguns de seus companheiros, como a corrida de Patton,  Alemanha a dentro,  levou outros generais aliados a aumentar o ritmo de seu avanço. Azar dos nazistas...
O DINHEIRO CHINÊS E AMERICANO.
O prejuízo acusado pela Petrobrás surpreendeu muita gente, ainda que se saiba serem olímpicas as despesas com a exploração  do pré-sal. O problema é que desde o anúncio e a confirmação dessa  riqueza recebemos  aportes de dezenas de  milhões de dólares oferecidos pela China e, logo depois, pelos Estados Unidos, sob o compromisso de reservarmos para eles  parte do petróleo a ser extraído comercialmente dentro de alguns anos. Jogaram no futuro, esses dois países.  A Petrobrás guarda segredo sobre o montante dos recursos que já vimos recebendo desde 2005, mas pouca coisa não é. Seria o caso de ampliarmos ainda mais  a oferta, abrindo o leque?
O PREÇO DO RECUO.
Impressionou a prévia adesão do  PT à candidatura de Henrique Eduardo Alves, do PMDB, à presidência da Câmara. Tratou-se de um acordo entre os dois partidos, patrocinado por Dilma Rousseff. Os companheiros sacrificam a regra básica de que a maior bancada sempre elege o presidente, porque são  majoritários.
E não se fala da  recíproca, que seria o PT ocupar a presidência do Senado, onde o PMDB tem mais senadores.
É demais imaginar que esse acordo tenha sido feito com vistas a 2014, ou seja,  para  garantir o apoio do PMDB à candidatura de Dilma à reeleição. Esse  lance seria óbvio mesmo sem o compromisso na Câmara,  pelo simples motivo  de que o PMDB não tem nomes fortes par disputar o palácio do Planalto, em 2014.
A menos que... A menos que a presidente e o PT tenham ficado com medo de seus maiores aliados  bandearem-se  para a candidatura do governador  Eduardo Campos, do Partido Socialista e, desde já, estarem sedimentando  Michel Temer outra vez  como candidato à vice-presidência.

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