Por Carlos Chagas.
Esta semana será decisiva para a base parlamentar do governo, até para o próprio governo. Não haverá salvação, caso mantida a estratégia suicida da semana passada, na Câmara, de suspender as reuniões das Comissões Técnicas visando evitar que elas votem a convocação do ministro Antônio Palocci para explicar o aumento de seu patrimônio. Porque não dá mais ficar empurrar indefinidamente com a barriga um problema a ser enfrentado.
Já foi um vexame assistir líderes governistas acertando com assessores palacianos o cancelamento das atividades em todas as comissões. Nitidamente manobra desesperada, daquelas em que os defensores de uma fortaleza sacrificam a própria vida e terminam não impedindo a invasão dos adversários.
Se é para Palocci acabar convocado, precisando depor, que assim aconteça. Sempre existirá a hipótese de o governo ganhar no voto, como ganhou no plenário, quando a maioria rejeitou a hipótese. O que parece inadmissível é paralisar os trabalhos das estruturas tidas como a alma da Câmara, suas comissões técnicas. Chegou a hora do enfrentamento, jamais do recuo permanente.
REFORÇO NECESSÁRIO.
O ex-presidente Lula chega a Brasília para reforçar a decisão da presidente Dilma de blindar Antônio Palocci, se possível superando o episódio das consultorias. O que o antecessor não conseguiu em 2006, na crise do caseiro, a sucessora poderá conseguir. Claro que tudo depende do aparecimento ou não de fatos novos relacionados à fortuna do chefe da Casa Civil.
Durante oito anos de governo, o Lula sempre foi infenso a entrevistas coletivas, preferindo as conversas na esquina com jornalistas que o seguiam. De uma forma ou de outra, se não conseguir escapar, há uma pergunta imprescindível: o que o ex-presidente foi fazer em meteórica visita ao Panamá, semana passada? Viajou mesmo às expensas de uma grande empreiteira nacional, encarregada de obras naquele país? Ganhou cachê? Qual o objetivo de ambos, a empreiteira e ele?
RELATÓRIO SECRETO OU ABERTO?
O ministro Antônio Palocci terá passado o final de semana trabalhando no relatório solicitado pelo Procurador Geral da República a respeito de suas atividades empresariais. O prazo para a apresentação do documento é de quinze dias, mas o chefe da Casa Civil pretendia antecipar logo a obrigação. A pergunta que se faz é se Palocci incluirá a relação dos clientes a quem prestou consultoria e o montante recebido por cada uma. Mais ainda, se ele ou o procurador Roberto Gurgel divulgarão o conteúdo.
A HORA DO ESPANTO.
Pouca gente acredita que o Supremo Tribunal Federal possa julgar este ano o processo contra os 39 mensaleiros, desde 2006 tramitando na corte. O relator Joaquim Barbosa tem dúvidas sobre se são necessárias informações adicionais dos Tribunais de Justiça de alguns estados para que se chegue ao capítulo das considerações finais da Procuradoria Geral da República e de cada um dos réus. A sucessão de recursos e protelações conseguidas pelos advogados da quadrilha surpreende até os mais experientes observadores dos trabalhos do Poder Judiciário.
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