quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

QUEM TEM RIQUEZAS PARA VENDER?


Por Carlos Chagas
Vamos pinçar apenas alguns pedregulhos,  do saco de  maldades imposto à  Grécia pelos banqueiros alemães e ingleses, respaldados por organismos internacionais: a redução de 22% no salário mínimo, a diminuição no valor das aposentadorias, a demissão de 150 mil funcionários  públicos, o aumento do desemprego nas atividades privadas, o corte nos investimentos sociais e a privatização de empresas públicas.
Sem esquecer que a receita enfiada goela abaixo dos  gregos é a mesma despachada para a Espanha, Portugal, França, além daquele monte de países que vão do Báltico aos Balcãs e ao Mediterrâneo.
Apesar da conivência da grande imprensa, até a nossa,  em minimizar a reação das populações atingidas,  apresentando como baderna os protestos que ganham as ruas, fica claro ter alguma coisa mudado no relacionamento entre o capital financeiro e as massas exploradas. Estas não agüentam mais.  Aquele gasta suas derradeiras forças na tentativa de preservar privilégios que vão saindo  pelo ralo.
A arapuca não funciona mais. Para equilibrar as finanças dos sucessivos governos sediados em  Atenas, imprevidentes, irresponsáveis  e corruptos, a banca internacional promete emprestar 130 bilhões de euros. Fica escancarada a operação  que manterá esses recursos onde sempre estiveram, ou seja, em seus cofres, de onde não sairá um centavo.  O empréstimo servirá para saldar as dívidas da Grécia, por certo  acrescidas de juros extorsivos, cabendo aos trabalhadores e assalariados arcar com o  prejuízo. Sempre foi assim, através das décadas e dos séculos, só que não é mais.  Não  haverá polícia que dê jeito, como mostram todos os dias as telinhas, mesmo distorcidas e escamoteadas suas imagens.
É bom tomar cuidado. A engrenagem financeira internacional, mesmo  podre, desenvolverá todos os esforços para diminuir seu prejuízo. Impossibilitada de agir na Europa insurrecta, estando a América do Norte blindada, não vai dar para lançar suas redes da Ásia. A China  chegou primeiro. Com  a África em frangalhos, para onde se voltará a banca em desespero,  senão para a  América do Sul?
Dessa vez a crise não chegou primeiro para nós.  Mas chegará, de forma inapelável. Quem tem riquezas para  vender,  como já   vendemos no passado?
SAMBA E SÃO PAULO: POUCO A VER.
Com todo o respeito, mas tem raízes profundas a confusão verificada  na apuração da vencedora do desfile das escolas de samba paulistas. Trata-se de uma espécie de complexo de inferioridade, demonstrando que dinheiro no bolso não significa necessariamente samba no pé. Comparando-se mais uma vez a apresentação das escolas  em São Paulo e no Rio, explica-se porque votos de jurados foram rasgados, instalações depredadas e carros alegóricos queimados...
A GRANDE SURPRESA.
Para contrabalançar a má-vontade expressa na nota anterior diante do Carnaval paulista, vale referir números capazes de eriçar   cabelos até nos carecas cariocas.  A audiência da Rede Globo, no desfile das escolas de samba do Rio,  domingo, perdeu por um ponto para a TV-Record, que naquela hora apresentava em capítulos prolongados a novela do “Rei David”.    Sinal dos tempos? Seria oportuno começar  a pensar desde já na cobertura do Carnaval de 2013. Ou então  preparar com  antecedência o “Rei Salomão”...
TUCANOS TAXIANDO
A provável  candidatura de José Serra à prefeitura de São Paulo afastará de vez a hipótese dele concorrer à presidência da República em 2014? Parte dos tucanos entende que sim, porque no caso de vitória, ele não teria condições de largar o cargo na metade, voltando as costas ao eleitorado. E no de derrota,  ficaria completamente sem base.
Há, no entanto, quem pense diferente no PSDB. Serra eleito prefeito, realizando uma administração exemplar, ficaria na dependência de Aécio Neves dispor-se a disputar o palácio do Planalto. O neto do dr. Tancredo não rasga dinheiro.  Tudo indica que será candidato, mas nunca reconhecendo antecipadamente a derrota. Nesse caso,  fugiria para Minas, onde seu retorno ao palácio da Liberdade parece evidente, dependendo apenas de seu desejo. Para enfrentar Dilma Rousseff, o senador precisaria  de  um mínimo de chances.  Nem se fala do Lula.
Sendo assim, os tucanos iriam buscar José Serra na prefeitura de São Paulo ou fora dela?  E ele, aceitaria?

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