domingo, 29 de janeiro de 2012

ANALOGIA

Tenho lido com alguma frequência, que não podemos sequer chamar de críticos, porque são, na verdade, desesperançados. Acaba de me ocorrer uma analogia pobre.
À alguém que se deslocava sempre a pé, foi dado o privilégio de ir de carro. Entretanto, ouvindo o relato, outrem retruca: porque não lhe permitiram ser levado pelo "tele-transporte" da Interprise?
Pois é mais ou menos disto que se trata.
A comparação do Brasil, existente concretamente no ano de 2012 "de nosso senhor", com o Brasil realmente existido no ano de 2002, que demonstra que a vida de 40 milhões de brasileiros melhorou, que o país cresceu -embora não ainda com o ímpeto que seria possível, dado a sobrevivência incontestável de alguns elementos perniciosos neoliberais, aguardando urgente supressão, na política macroeconômica- que, apesar da crise mastodôntica que sacode as principais economias capitalistas, o Brasil conseguiu se sustentar, reduzindo o desemprego para números inferiores a 5%, que o país conseguiu participar de várias iniciativas positivas na produção de um "mundo multipolar", onde se destaca emblematicamente a criação da Celac e a afirmação da Unassul, inaugurando uma nova fase das relações entre os países da América Latina, na direção da conquista, sonhada desde as lutas de independência, da integração de nossos povos e constituição da "pátria livre latino-americana", sendo tal instituição um instrumento de desafogo evidente do regime cubano, submetido ao feroz bloqueio do imperialismo estadunidense etc, etc...
Tudo isto não tem importância, não acalenta o coração de quem queria ver os seus desejos convertidos em realidade, portando um livro sobre o materialismo histórico debaixo do braço, sem, contudo, tê-lo lido convenientemente.
Se lesse, descobriria que o ritmo da história é determinado por condições objetivas e subjetivas que independem da vontade de qualquer indivíduo, ou mesmo classe social, considerada em si mesma, isolada do conjunto das relações sociais estabelecidas.
Nada disto importa, contesta o nosso pobre sonhador: isto não é o socialismo!

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