terça-feira, 15 de maio de 2012


O presidente da OAB do Rio de Janeiro, Wadih Damous, afirmou nesta terça (15) à Coluna do Claudio Humberto que a Comissão da Verdade será “um capítulo promissor na História do Brasil”. Para ele, os fatos obscuros da ditadura militar serão esclarecidos. “Não é verdade que as antigas feridas estejam cicratizadas. Elas continuam abertas e latejantes. Só cicatrizarão quando a verdade for revelada”, afirmou. Leia, na íntegra, entrevista concedida com exclusividade:
O que o senhor espera com a instalação da Comissão da Verdade?
Que se inicie um capítulo promissor na História do Brasil, onde se esclareçam os fatos ainda obscuros ocorridos à época da ditadura militar, sobretudo o paradeiro de cidadãos desparecidos e que se diga ao povo brasileiro quem são os autores das mortes, desaparecimentos e torturas de que foram vítimas os opositores do regime.
Os críticos da comissão dizem que vão ser abertas antigas feridas e que já estavam cicatrizadas. O senhor concorda?
Não é verdade que as antigas feridas estejam cicratizadas. Elas continuam abertas e latejantes. Só cicatrizarão quando a verdade for revelada e tornados públicos os nomes dos agentes estatais - civis e militares - que praticaram barbaridades contra os direitos humanos.
Quem tem medo da Comissão da Verdade?
Os que têm medo da verdade. Os que mataram, torturaram e fizeram desaparecer pessoas que se opunham à ditadura. Os que têm medo de verem os muros de suas casas pichados com os dizeres: "aqui mora um torturador."
O trabalho da Comissão pode terminar em pizza?
Não acredito nisso. Os membros da comissão têm uma missão cívica e que está descrita na lei de sua criação. O que a sociedade deles espera é que cumpram com a sua missão com serenidade, mas sem medo de quem ou do que quer que seja.
Para o senhor, o STF julgou a Lei de Anistia?
O próprio Supremo Tribunal Federal declarou anistiados os torturadores, ao interpretar a Lei de Anistia, entendimento com o qual não concordo. Aliás, nessa ADPF proposta pela OAB, o STF entendeu que entidade pretendia, na verdade, uma revisão da lei de anistia, o que só poderia ser feito pelo Congresso Nacional. Como não há outra alternativa jurídica e é inaceitável que torturadores e assassinos permaneçam impunes, apoiamos o projeto de lei da deputada Erundina.

Nenhum comentário: