Para pensar e agir. . .
São Paulo vive situação dramática.
Só neste ano foram
assassinados 40 policiais, todos fora de serviço.
Por Marta Suplicy
São Paulo vive situação dramática. Só neste ano foram
assassinados 40 policiais, todos fora de serviço. Vários ônibus foram
incendiados numa possível ação orquestrada contra o comando das autoridades
policiais. Isso sem falar dos arrastões a restaurantes e prédios.
É nesse contexto de agravamento da violência, tanto na
região metropolitana quanto no restante do Estado, que se inserem os casos de
violência contra a mulher.
De setembro de 2011 a maio deste ano, tivemos 55.174 casos de
mulheres vítimas de lesão corporal dolosa e, destes, 34.906 casos foram no
interior --dados da Secretaria da Segurança Pública.
Estudo do Instituto Sangari indica que a violência doméstica
ainda é a maior causa de assassinatos de mulheres no Brasil (em São Paulo , em 2010, 663
morreram). Enquanto os homens morrem nas ruas, as mulheres morrem e são
agredidas dentro de suas casas.
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que
investiga a violência contra a mulher vem apurando denúncias de omissão em diversos Estados
brasileiros.
Não existe um programa de atendimento integrado às vítimas e
há somente uma Delegacia de Defesa da Mulher com atendimento 24 horas! Mais
grave, não existe orçamento nem a devida contrapartida do recurso federal.
As verbas federais para ações de combate à violência contra
a mulher não têm sido aplicadas com a transparência necessária pelo governo
estadual. Em um Estado
com 645 municípios, só existem 34 equipamentos específicos para atendimento às
vítimas. O problema das mulheres agredidas e assassinadas tem sido tratado como
ocorrência pouco importante ou relevante.
Fico pensando quantos desses que batem em mulher ou quantos
assaltantes que estão fazendo da vida do paulista um inferno não são fruto de
lares violentos. De mulheres espancadas, humilhadas e abandonadas à própria
sorte. Que não tiveram assistência nem oportunidade para tentar, com seus
filhos, uma vida melhor. Que, por circunstâncias, não conseguiram criar cidadãos.
Embora 70% das situações de violência contra a mulher
ocorram na residência da vítima, esse não é um problema que será resolvido
dentro de casa. O Estado tem que estar presente: na infância, prestando
assistência às mães, ou, depois, construindo cadeias. Os resultados e
diagnósticos da CPMI, se levados a sério, podem fazer diferença.
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