segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

CUIDADO SENÃO VIRA BAGUNÇA

Por Carlos Chagas
Coube à ministra do Planejamento, Mirian Belchior, fornecer motivo para a mais nova reprimenda da presidente Dilma Rousseff a integrantes de seu governo que trafegam na contramão, falando em seu nome sem poder  ou anunciando iniciativas não aprovadas. Na quarta-feira Mirian admitiu para a imprensa cortes no orçamento do PAC, como parte da estratégia da redução de gastos públicos. Na quinta, engoliu a informação, quando Dilma fez saber que não haveria qualquer contingenciamento nas obras do PAC.
O episódio, aliás, foi uma repetição do primeiro entrevero entre a presidente e membros de sua equipe. Guido Mantega, convidado para continuar, também havia previsto cortes no PAC, sendo duplamente desmentido: pelo Lula, que saía, e por Dilma, que entrava. Ainda agora, arrisca-se o ministro da Fazenda a outra reprimenda, pois ao voltar de férias sustentou a inexistência, no governo, de projetos para aliviar a carga no imposto de renda. Isso, horas depois que o secretário-geral da presidência da República, Gilberto Carvalho, levara a proposta aos dirigentes das centrais sindicais, compensação  para aceitarem um reajuste minúsculo no salário-mínimo.
Ainda sobre Mantega, uma contradição: Fernando Haddad, da Educação, foi admoestado pela presidente por conta da crise no Enem e por haver anunciado a disposição de tirar férias. Precisou desistir.   Um pode, outro não pode?
Junte-se a esses desacertos o pito que Dilma passou no general Elito Siqueira, chefe do Gabinete de Segurança  Institucional, por haver justificado o regime militar, bem como a contramarcha  a que se obrigou o ministro da Defesa, Nelson Jobin.  Depois de sustentar a  compra de 36 aviões de  caça franceses,  ele assistiu Dilma anunciar que as negociações estavam reabertas para outras propostas e adiadas para 2012.
Convenhamos, a presidente não deixa passar em branco escorregadelas de seus ministros, mas elas continuam acontecendo. Breve chegará a hora de um deles (ou delas) ser defenestrado. Senão, vira bagunça.

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