segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A META: ESFOLAR O CIDADÃO COMUM

Por Carlos Chagas
Num objetivo acoplam-se perfeitamente o interesse público e o interesse privado, melhor dizendo, a ação dos agentes públicos  e dos agentes privados:  é na voracidade de depenar o cidadão comum. Para cada lado que se olhe acontece  a mesma coisa. Ainda agora,  em Brasília, o governo local vai distribuir os talões de pagamento do IPTU. A média dos “reajustes” deve ser de quase 100%. Quem pagou ano passado mil e poucos reais será   taxado em mais de dois mil reais. E assim por diante. A rapinagem não será  tão grande quanto a praticada pelo ex-governador José Roberto Arruda, mas de qualquer forma os prognósticos parecem trágicos.
Será  um exagero, porque a inflação, ano passado,  não passou de 6%,  mas se não estrilarmos, não se falará  mais  no assunto. Trata-se de falta de exercício da cidadania, para a maior parte da população.  Deveriam os brasilienses ir em frente e exigir do governo local uma explicação: quem determinará  os abusivos reajustes? Uma  iniciativa de amanuenses aloprados, de chefes abomináveis ou  lá de cima, mesmo, através de no  mínimo,  a concordância do governador  com esse ato explícito  de esfolamento do semelhante? Claro que ninguém vai investigar, muito menos o governo  do Distrito Federal, ficando o dito pelo  não   dito,  ou o esfolado  pelo não esfolado.
Passando do plano estadual para o federal, nem será preciso referir que enquanto as grandes empresas  burlam o fisco,  empenhando-se anos e até  décadas a fio em batalhas judiciais sem pagar impostos e  tributos,  milhares de contribuintes comuns, dos que vivem de salário,  são assoberbados com notificações da Receita para comprovarem despesas médicas e outras, nas declarações anteriores do Imposto de Renda.   Parece o caminho para  o poder público vangloriar-se do aumento de arrecadação.
Mas tem mais, lá e cá. Ainda esta semana os assinantes da famigerada NET estão sendo  surpreendidos não apenas com o aumento das mensalidades, mas com a supressão de  razoável número de canais antes acessados conforme os contratos. Para assisti-los, agora,  será  necessário pagar por fora, como no caso anterior de torneios de futebol e de filmes não tão velhos quanto os apresentados normalmente. Isso sem falar em que, quando  lançados os canais a cabo, a promessa era de que  não conteriam publicidade ou propaganda de qualquer espécie.
Só isso? Nem pensar. Também no último ano do presidente Lula o governo autorizou o aumento generalizado  no preço dos remédios. A informação era de que tudo se limitaria a 4%. Vá o  leitor reclamar na farmácia da esquina. Mesmo  proibidos os reajustes,  eles não  pararam de acontecer nos últimos doze meses. Agora, autorizados, passam de  30%.
Reclamar para quem? No setor público, mesmo com o advento dos companheiros ao poder, primeiro municipal, depois estadual  e agora federal, continuam a fluir as propinas e comissões pela realização de qualquer tipo de obras ou contratação de serviços.  Só que com um detalhe:   antes,  cobrava-se 10%. Hoje, a regra é de 30%.
Essa simbiose entre o público e o  privado parece não ter limites. Quem não disporá de um exemplo a mais, no seu dia-a-dia, para demonstrar como somos explorados?

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