Não é preciso endossar a cáustica observação do dr. Ulysses Guimarães, a respeito de que “pior do que o atual Congresso, só o próximo”. Pode ser que não, coisa que veremos a partir de amanhã, quando de instala a nova Legislatura. Se é para ficamos em citações de saudosos líderes do passado, melhor dar a palavra a Gustavo Capanema, para quem o Congresso era o retrato da nação: nem melhor, nem pior do que ela. O sagaz mineiro ainda acrescentava que todo Legislativo continha dez por cento de luminares, ocasião em que estufava o peito, e dez por cento de ladrões. Os restantes oitenta por cento era a sociedade, sem tirar nem pôr, com seus vícios e suas virtudes.
Feito o preâmbulo, vem o principal: o Congresso que hoje começa a trabalhar? A renovação foi inferior a 50%, tanto na Câmara quanto no Senado, quer dizer, o atual começa sob a sombra do anterior.
De boca, ou seja, na teoria, dos 513 deputados a prestar juramento amanhã, 402 se dizem dispostos a apoiar o governo Dilma Rousseff e 111 formam na oposição. Entre os senadores, 59 são dilmistas e 17 contra. Estes números não representam nada, poderão estar ultrapassados agora mesmo, por conta de ressentimentos de aliados frustrados com as nomeações para o segundo escalão do governo. Ou através de participações inesperadas.
A Legislatura que se encerra teve como capítulo final o aumento dos vencimentos que Suas Excelências se auto-concederam, em percentuais abomináveis de mais de 100%. A que começa agradece, sabendo caber-lhe não elevar o salário-mínimo em mais do que 5%.
Vale a indagação final: ficamos com Ulysses Guimarães ou com Gustavo Capanema?
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