sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

DOIS BRASIS . . .

Balanço do combate à miséria aponta mais 400 mil no Bolsa Família.
Saldo do programa Brasil sem Miséria em seis meses mostra que 'busca ativa' por pobres de fora da transferência de renda encontra metade dos excluídos e supera meta de 2011. Dilma Rousseff assina os últimos pactos com estados e diz que erradicação da pobreza extrema já é política de Estado. Em café com jornalistas, presidenta estava curiosa sobre como balanço seria noticiado. Para ela, haveria "dois Brasis", um do governo, outro dos jornais.
Menina dos olhos da presidenta Dilma Rousseff, o programa Brasil Sem Miséria, lançado há seis meses com o objetivo de acabar com a pobreza extrema até 2014, termina o ano tendo batido a meta que o governo se impôs para 2011 em um dos tripés do projeto, a transferência de renda.
Com apoio de estados e municípios, o programa identificou 407 mil famílias que estavam fora do Bolsa Família mas que, para o governo, teriam direito de receber benefícios. Por meio de processo que chamado de “busca ativa”, as pessoas foram encontradas e já estão na lista de pagamentos. A meta era achar 320 mil delas neste ano. Segundo o governo, 800 mil estavam na mira da “busca”.
O cumprimento de metade da meta global em seis meses reforçou o otimismo da presidenta, que celebrou a conquista em um evento de balanço do programa nesta sexta-feira (16), em Brasília.
Na minha posse, eu disse que a luta mais obstinada do meu governo seria pela erradicação da pobreza extrema e pela criação de oportunidades para todos”, afirmou. “Hoje, somos exemplo de como fazer transferência de renda de forma efetiva e eficaz.
Além de balanço, o evento serviu também para que Dilma celebrasse um pacto com governadores dos estados da região Centro-Oeste (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal) sobre o combate à miséria. O compromisso dos estados é ajudar na busca ativa e na implementação das ações que compõem os outros dois tripés do programa – inclusão produtiva das pessoas miseráveis e ampliação do acesso a serviços públicos (água, por exemplo).
O Centro-Oeste é a última região a firmar esse pacto. Na maioria dos acordos pelos país, os estados também topam complementar a renda das famílias já beneficiadas com o Bolsa Família. Nesta sexta-feira (16), assinaram convênios para unificar seus programas sociais com o federal os governadores de Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB), e Goiás, Marconi Perillo (PSDB).
Os dois estados concentram 70% da população miserável da região que, apesar de ser a segunda maior do país em extensão, é a que concentra o menor percentual de extremamente pobres. Entretanto, o número é significativo: são 557,4 mil pessoas que vivem com renda mensal inferior a R$ 70. Entre elas estão 115 mil indígenas e um número grande de remanescentes quilombolas, públicos prioritários do programa.
Para Dilma, o fato de ter assinado o compromisso com todas as regiões mostra que o programa hoje já teria adquirido caráter “de Estado”, não de governo.
Antes de participar do evento, Dilma recebera cerca de 50 jornalistas para um café da manhã de confraternização de fim de ano e, nele, havia demonstrado certa curiosidade sobre como o balanço seria noticiado pela imprensa depois.
Depois de um ano participando de eventos como presidenta, Dilma contou ter notado que “é como se houvesse dois Brasis”. Um do governo, que faz anúncios e lança programas, outro dos jornais, que privilegiam denúncias. “Obviamente que escândalo vende mais jornal”, dissera.
Outros resultados.
O governo enfatizou a superação da meta na área da transferência de renda, durante o balanço, porque, segundo Carta Maior apurou, é a parte do tripé com mais resultados efetivos este ano. As outras dimensões – inclusão produtiva e acesso a serviços – exigiriam mais tempo para se concretizar e mais articulação entre áreas do próprio governo.
Mesmo assim, a ministra do Desenovolvimento Social, Tereza Campello, afirmou que, além da inclusão de mais 407 mil famílias, o Programa beneficiará mais 1,3 milhão de crianças e adolescentes que passaram a receber o Bolsa Família, a partir da ampliação de três para cinco o número de filhos que poderia ser beneficiados por família.
Com as medidas de ampliação do programa, 92 mil nutrizes e 25 mil gestantes agora têm acesso ao benefício. Outras 9,2 mil famílias já receberam a primeira parcela do Bolsa Verde, programa que visa a conservação ambiental e, até janeiro, outras 6,8 mil também serão contempladas com a bolsa de R$ 300.
Na área rural, o Brasil Sem Miséria garantiu assistência técnica para 37 mil famílias, que poderão receber crédito para fomento de R$ 2,4 mil, em três parcelas, a fundo perdido. As duas mil famílias que serão as primeiras beneficiárias já terão o crédito liberado em janeiro. 82 mil famílias também foram incluídas no Programa de Aquisição de Alimentos. O programa água para todos garantiu 315 mil cisternas para pequenos agricultores pobres do semi-árido.
Em relação à inclusão produtiva urbana, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) destinou 71 mil vagas em cursos de formação em 160 municípios, nas áreas de construção civil, serviços, hotelaria, comércio, indústria, bares e restaurantes e cuidados com idosos, entre outros.

Nenhum comentário: