As Filipinas estão rapidamente assumindo a liderança na oferta de mão-de-obra barata para os gigantescos call centers globais, cuja meca original era a Índia. Reportagem do New York Times informa que um atendente de telemarketing nos EUA ganha um salário inicial de US$ 2 mil por mês, contra US$ 250 na Índia e US$ 300 no caso dos filipinos. A vantagem destes seria o inglês, com sotaque mais familiar aos ouvidos norte-americanos do que a pronúncia britânica dos indianos. Além disso, a reportagem observa que os filipinos comem hambúguer, ah, sim, e acompanham o campeonato da liga norte-americana de basquete. Isso teve ter influência nos neurônios da linguagem. Nesta 2ª feira, em várias cidades portuárias norte-americanas, de Oakland a Seatle, milhares de indignados tentaram paralisar os trabalhos de embarque e desembarque de mercadorias, em protestos contra o que identificam como o circuito de espoliação dos ' modernos barões ladrões'. O tratamento carinhoso dispensado pelos 'ocupa portos' aos 1% que controlam a economia, a política e as finanças dos EUA revela um salto de consciência. Na convocação para o assalto aos portos (http://www.occupytheports.com/), os indignados acusam a plutocracia ianque de transferir fábricas, empregos e serviços para o exterior, ao mesmo tempo em que importa mercadorias a preços inferiores, reduzindo salários e receitas públicas, com impacto regressivo nos orçamentos de saúde e educação. O esvaziamento dos cinturões industriais nos EUA e alhures, realocados para zonas de baixo custo laboral, equilibrou-se politicamente enquanto durou a farra do crédito ilimitado, cuja saturação levou à crise das subprimes com os desdobramentos em curso na desordem financeira global. A mágica intentada pelo conservadorismo agora, de um lado a outro do Atlântico, é preservar o modelo original substituindo a pata do crédito pelo porrete do arrocho fiscal. A resistência social tem seu flanco justamente na perda de peso das fábricas e concentrações operárias. O 'ocupa portos' ensaiado nesta 2ª feira é uma tentativa de identificar um novo locus capaz de paralisar o sistema econômico. A lógica desse aprendizado é: se no século XX os trabalhadores interrompiam a linha de montagem para paralisar a cidade, agora é necessário paralisar a cidade (seus centros de distribuição e decisão) para colapsar a economia. A ver. (Carta Maior; 3ª feira; 13/12/ 2011)
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