quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

EMENDAS INDIVIDUAIS FAZEM PARTE DO JOGO

Por Carlos Chagas.
O Congresso tem dado inúmeros motivos para ser criticado, mas,  de quando em quando,  vê-se injustamente atingido. Tome-se a questão das emendas individuais ao orçamento. Virou moda apontar como sinecura  a iniciativa de deputados e senadores de levar recursos para suas bases, geralmente para obras em municípios de sua influência política. Parte da imprensa exagera ao  misturar  com  a  corrupção   o aumento dos empenhos de verbas, quer dizer, a concordância do governo em assegurar  dinheiro para determinadas emendas individuais não significa enriquecimento ilícito dos autores.
Ainda agora  apresenta-se o pulo de 40 milhões liberados em setembro para 653 milhões em novembro. Dá-se a impressão de que essas quantias vão para o bolso dos que apresentaram  as emendas quando, na realidade,  na maior parte das vezes, servirão para as prefeituras asfaltarem estradas, construírem pontes, implantarem escolas e postos de saúde e dedicarem-se a uma infinidade de melhorias em seus municípios. Sempre haverá o risco de malfeitos, ou seja, da destinação de recursos para  ONGs fajutas ou para  empreiteiros safados, sem esquecer a sociedade de maus parlamentares  com prefeitos corruptos. Mas trata-se de exceção, quando comparada com o grosso da destinação das emendas individuais.
Argumenta-se que os autores se beneficiarão politicamente das obras, em especial em  anos eleitorais, mas esse jogo faz parte da política. O povo vota em quem apresenta realizações. Da mesma forma, lembra-se que a maioria  dos senadores e deputados que apóiam o governo federal barganham seus votos favoráveis a projetos oficiais pela  liberação de verbas. Essa prática cheira a chantagem, mas eles costumam ceder  sempre  que o palácio do Planalto engrossa e exige  a votação de propostas importantes, mesmo sem confirmar o dinheiro liberado. 
Em suma,  é preciso separar a ação política, de um lado, e a corrupção, de outro. Elas não andam necessariamente de braços dados.  As emendas individuais ao orçamento  jamais  exprimiram   assalto aos cofres públicos ou desvio dos recursos aprovados para as contas bancárias de seus autores. Apesar de lamentáveis exceções...
XEQUE-MATE.
As declarações do prefeito Gilberto Kassab não deixam dúvidas: seu novo partido apoiará integralmente a candidatura de José  Serra à prefeitura de São Paulo, se ela for lançada. O PSD deixaria de  apresentar  candidato próprio.
Mais claro não poderia ser o alcaide paulistano ao oferecer estruturas políticas razoáveis, valendo não esquecer que o PSD dispõe de 45 deputados federais.
De lance em lance, Serra vai sendo levado ao xeque-mate, ou seja, a acabar aceitando sua candidatura, apesar da indiferença do Alto  Tucanato, contrabalançada pelo  entusiasmo do senador Aécio Neves, ávido de dispor de ampla  avenida de mão única  para a sucessão presidencial de 2014.
SEM CORTES NEM REDUÇÕES.
Deixa poucas dúvidas a  definição da presidente Dilma Rousseff  de manter o ministério das Mulheres, desmentindo sua extinção ou fusão, na reforma prevista para janeiro ou fevereiro. Tudo indica que nenhuma outra secretaria será extinta. Nem ministérios. Quem   vai sair serão ministros, ainda que se ignore o número. Pelo jeito, mais da  metade da equipe será confirmada.
MARINHA SUFOCADA.
Ontem foi Dia do Marinheiro, com almirantes   perfilados,  engolindo sapos em posição de sentido, assim como generais e brigadeiros. A totalidade deles sequer era aspirante ou segundo tenente, em 1964. Não tiveram responsabilidade nos  desmandos e exageros de maus  chefes, quando da instalação  regime militar. É claro que  mantém o sentimento corporativo, mas desde a Nova República que praticam conduta exemplar.  Não se envolvem em política e cumprem à risca os preceitos constitucionais. O diabo é que comandam forças cada vez mais carentes de equipamento, sem que os últimos governos tenham dedicado  a devida atenção às suas necessidades.
No caso da Marinha, só três submarinos são operacionais, movidos a diesel, já que o projeto do submarino nuclear desenvolve-se a passo de tartaruga. O porta-aviões “São Paulo” faz jus ao apelido do anterior, o “Minas Gerais”: é o Belo Antônio, que há anos não deixa o porto. Indaga-se como serão protegidas as plataformas cada vez mais numerosas de extração de petróleo em alto mar.

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