terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

MATADORES ANÔNIMOS

Neste começo dos campeonatos estaduais, enquanto os times grandes não se acertam, matadores anônimos têm a chance de chegar às manchetes, de serem lembrados, de passarem de coadjuvantes a protagonistas. De promessas a milagres. Os davis estão surrando os golias.
Por José Roberto Torero, na Carta Maior.
Os campeonatos estaduais, pelo menos neste começo de ano, estão sendo a vingança dos anônimos contra os famosos. Os davis estão surrando os golias.
É que os principais artilheiros são nomes obscuros. Esqueça Neymar, Luís Fabiano, Liédson, Ronaldinho Gaúcho, Fred, Adriano, Loco Abreu, Kléber ou Leandro Damião. Por ora, quem reina são ilustres desconhecidos, como Hernane, Giancarlo e Danilo Gomes, maiores goleadores do Paulista.
Hernane tem 25 anos. Começou no São Paulo, onde não teve muita chance, e depois passou por Atibaia, Rio Preto (SP), Toledo (PR), Catanduvense, Paulista de Jundiaí e Paraná. Agora está no Mogi Mirim. Hernane, sem “s”, tem dribles diferentes e um chute forte, ao contrário de Giancarlo, do Bragantino, um especialista na jogada aérea, onde leva vantagem com seu 1,91m.
Giancarlo já chegou aos 29 anos. Passou a maior parte de sua carreira em cidades como Ibirama, Chapecó, Vacaria, Joinville, Caxias, Iraty, Londrina e Novo Hamburgo, onde viveu sua maior glória, sendo artilheiro do Gauchão com 14 gols, o dobro do segundo colocado. Mas, apesar dessa conquista, não conseguiu pular para um grande time.
Danilo Gomes, habilidoso meia de trinta anos, já rodou o mundo. Ou pelo menos metade, porque jogou no FC Tokyo. Depois passou por 4 times mexicanos e voltou ao Brasil. Jogou em times do interior de São Paulo, Bahia e Rio Grande do Sul, sem muito sucesso. Recentemente foi até dispensado do Treze de Campina Grande. Mas agora está num bom momento. Fez metade dos gols do Mogi Mirim e vem chamando a atenção. Pode ser sua última chance.
Em Minas Gerais, o artilheiro é um lateral-direito. Alex Santos nasceu na Bahia, tem 26 anos e chegou a integrar a seleção sub-20 quando estava no Vitória. Mas não explodiu. Rodou por times pequenos até que em 2010 fez um bom campeonato pelo Democrata de Governador Valadares e foi para a Ponte Preta. Mas fracassou. Foi chamado de volta a Minas e, graças ao seu chute forte, é o artilheiro da competição, levando seu Villa Nova à vice-liderança. Ele comemora seus gols com saltos, e pode dar um na sua carreira.
O artilheiro do Pernambucano não joga em nenhum dos três grandes times de Recife. Vanderlei é atacante do modesto Araripina, time com apenas três anos de vida. Mesmo assim, Vanderlei, um veterano 11 vezes mais velho que seu clube, está à frente do ruivo Souza (ex-Palmeiras e atualmente no Náutico), do rastafári Dênis Marques (ex-Flamengo e atualmente no Santa Cruz) e do loiro Marcelinho Paraíba (ex-Herta Berlin e atualmente no Sport).
Vanderlei já vestiu as camisas de Atlético Mineiro, Tubarão, de dois Botafogos (DF e RJ), do Brasil de Pelotas, de Brasiliense, Gama, Glória de Vacaria, Farroupilha, Vila Nova, São José (RS), Ulbra (RS), Rio Negro (AM), União São João (SP) e Figueirense.
Seu ápice aconteceu no Atlético em 2007, quando foi campeão mineiro e artilheiro do time. Agora volta a ter chance de ser o marcador máximo de um torneio. E aí, mesmo já passado dos trinta, pode voltar a jogar num clube de maior porte.
Por fim, no Rio Grande do Sul, o artilheiro é o obscuro Juba. Também chamado de Jubagol ou Jubalove. Na verdade, ele se chama Juberci Alves da Cruz. Fez carreira em times pequenos, como São José (PR), Panambi (RS), Aimoré (SC) e Flamengo. O do Piauí. Juba tem 27 anos e esta parece ser sua grande chance.
Neste começo de campeonato, enquanto os times grandes não se acertam, estes matadores anônimos têm a chance de chegar às manchetes, de serem lembrados, de passarem de coadjuvantes a protagonistas. De promessas a milagres.
O futebol é cruel. A luz dos holofotes é para poucos. À maioria resta a sombra.

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