Por Eduaro Guimarães, do Blog da Cidadania.
Na noite de domingo, recebo ligações de parlamentares do PT de São Paulo contendo o pedido aparentemente inédito de que este blog fizesse a defesa de uma jornalista de um grande meio de comunicação, que é nada mais, nada menos do que a… Folha de São Paulo!
Sim, leitor, você leu direito. Todavia, à diferença do que algumas mentes mais férteis podem estar imaginando, esses parlamentares não mudaram de lado. A jornalista em questão está sendo furiosamente atacada na internet através de um subterfúgio malandro só porque ficou ao lado da verdade.
O nome dela é Laura Capriglione. Para quem não se lembra, trata-se da jornalista que foi duramente atacada no jornal em que trabalha em março de 2010 por defender, em matéria, a política de cotas para negros nas universidades públicas.
O ataque partiu do colaborador da mesma Folha Demétrio Magnoli. Foi desfechado por conta de matéria de Laura institulada “DEM corresponsabiliza negros pela escravidão”.
Laura é a prova viva de que não se deve confundir o dito Partido da Imprensa Golpista (PIG) com os seus trabalhadores. É uma mulher progressista e que faz um jornalismo digno do nome, como se verá logo abaixo em vídeo contendo recente trabalho seu sobre a desocupação do Pinheirinho.
Ocorre que, na matéria que você assistirá a seguir, por um descuido qualquer a jornalista-repórter grafou sobre o vídeo a informação de que haveriam 9 mil famílias no Pinheirinho, antes da desocupação, quando o correto seria dizer 9 mil pessoas, se tanto.
Pessoas covardes e de uma desonestidade intelectual criminosa passaram o domingo tentando desqualificar Laura nas redes sociais por um detalhe, pois não se imagina que ela tenha cometido esse erro propositalmente, já que os números sobre aquela população têm sido reiteradamente veiculados por toda a grande mídia.
Como não podem atacar os fatos incontestáveis que a reportagem da jornalista escancara, como não podem dizer que os dramas sociais causados pela ação de despejo de cunho nazista não existiram, apegam-se a um detalhe para desqualificar o todo.
Antes do vídeo, aliás, quero deixar um post scriptum.
O caso de Laura, jornalista da Folha que vem sendo elogiada por parlamentares petistas como o senador Eduardo Suplicy ou como o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de SP deputado Adriano Diogo, mostra que trabalhador da grande mídia não é a grande mídia, mas um trabalhador como qualquer outro.
Ontem, aliás, assisti a um vídeo em que uma equipe de reportagem da Rede Globo é hostilizada no Rio de Janeiro, em Copacabana, quando tentava cobrir manifestação de policiais e bombeiros grevistas.
Confesso que senti uma certa preocupação ao ver a turba avançar sobre a equipe da Globo. Temi que pudesse ter havido violência. E uma violência contra quem apenas está tentando sobreviver, contra quem precisa trabalhar.
Culpar os jornalistas, repórteres, fotógrafos ou qualquer outro funcionário do “PIG” pelo que este faz, é errado – a menos que se tratem dos “colunistas” e “editorialistas” que são co-autores do mau jornalismo que os seus patrões praticam. Vale refletir.
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