Por Carlos Chagas.
Na entrevista concedida à Veja do fim de semana, a presidente Dilma negou a existência de crise com o Congresso e admitiu derrotas em projetos do interesse do governo como normais nos regimes democráticos. Pode ter preparado uma armadilha para os setores fisiológicos de sua base parlamentar, ou seja, mostra-se disposta a aceitar a rejeição de alguns de seus objetivos parlamentares, mas, no reverso da medalha, não admite ceder ministérios, nomeações, liberação de verbas e outras exigências dos partidos que não integrem seus planos de governo.
Trata-se de uma tática destinada a enfraquecer os dissidentes, mas em termos de estratégia não conseguirá ir muito adiante.
Afinal, Dilma precisa dos partidos para manter a óbvia perspectiva de sua reeleição, em 2014. Porque os primeiros sinais da ameaça de diáspora são detectados no Congresso. Sem as benesses, os favores e até as sinecuras pleiteadas pelos partidos, o palácio do Planalto correrá o risco de ver desfeita a aliança que conduziu Dilma ao poder em 2010.
Dificilmente PMDB, PP, PTB, PDT, PR e outros terão candidatos capazes de enfrenta-la nas urnas. Ao PSB, mesmo sendo exceção com o governador de Pernambuco, faltará oxigênio.
Assim, a revanche da base parlamentar oficial terá nome e número no catálogo telefônico: chama-se Aécio Neves.
Sozinho, ou acompanhado de forças insignificantes, o PT precisará de um milagre para sustentar a candidatura da presidente da República à reeleição.
Ainda que com a presença do Lula na campanha, sem um arcabouço partidário amplo, o mínimo a prever são problemas de difícil solução. Num universo menor, é o que vai acontecendo com a campanha de Fernando Haddad a prefeito de São Paulo.
De qualquer forma, mesmo. . .
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