quarta-feira, 28 de março de 2012


Por Carlos Chagas. 
Outra vez os números vão falar. Esta semana será divulgada nova pesquisa CNI-Ibope, com as atenções maiores voltadas para o resultado de duas consultas: a alta  popularidade da presidente Dilma terá crescido, continua na mesma ou caiu alguns percentuais? E Fernando Haddad, conseguiu romper a barreira dos 3% nas preferências dos paulistanos para a prefeitura?
Mais importante do que registrar a vitória indiscutível de José Serra nas prévias  tucanas, cujos 52 %  seus adversários denigrem gratuitamente, será saber se  o companheiro imposto pelo  Lula começou a crescer ou fica   na perigosa  faixa capaz de obrigá-lo à  desistência.
Tem sido preocupante a coincidência entre a grave doença do ex-presidente e sua lenta recuperação, de um lado,  e a incapacidade do ex-ministro da Educação de voar sozinho, de outro. Mesmo assim, caso tendo o candidato do PT   crescido alguns pontos,  haverá esperança da celebração  de alianças com  partidos afins. No reverso da medalha, se permanecer onde está, a luz no semáforo postado na frente do  Ibirapuera começará a passar de amarela para vermelha.
Quanto à presidente da República, mantendo a  aprovação popular verificada na  consulta mais recente, terá recebido profundo alento para continuar em sua luta contra o fisiologismo e as pressões dos partidos de sua base parlamentar. Estando na Índia, receberá os números sob a proteção da memória de Mahatma Gandhi, quem sabe optando em definitivo pela  não violência,  ainda que também pela firmeza na resistência e na rejeição de quantos gostariam de colonizar seu governo.
Resta aguardar as próximas horas e a divulgação da  pesquisa, sempre tendo presente, é óbvio, que pesquisa não ganha eleição, exprime apenas um momento de longo processo e costuma revelar o sabor dos ventos.
UM GOVERNADOR FELIZ
Mais do que José Serra depois das prévias no PSDB,  estará  feliz  o governador Geraldo Alckmin. Primeiro porque uma possível eleição do candidato a prefeito afastará para bem longe a hipótese de sua  candidatura presidencial.  Sobrará Aécio Neves, no ninho,  mas se algum inusitado afastá-lo, dúvidas inexistem: Alckmin o substituirá, sem a sombra de Serra  atingi-lo.   Depois, porque a alternativa da reeleição do atual governador insere-se como natural na equação tucana.
DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS
Aumentou a pressão dos Estados Unidos e aliados nucleares contra a Coréia do  Norte e o Irã, proibidos de possuir a bomba. Se insistirem, os coreanos ficarão sem comida e os iranianos a um passo dos ataques de Israel. O problema é que além dos americanos, detém artefatos nucleares a Inglaterra, a França, a Índia, o Paquistão, a China, a Rússia e Israel. A quinze minutos de deter o mesmo poder encontram-se a Alemanha e o Japão, apesar das cortinas-de-fumaça pacifistas que taticamente levantam.   A pergunta  é sobre o que  aconteceria caso  o Brasil decidisse seguir as lições do saudoso ex-vice-presidente da República, José Alencar, para quem deveríamos perseguir o  mesmo objetivo, sem resistências nem impedimentos. Se os outros podem, por que não poderíamos, como potência emergente?
ESQUECENDO O FUTURO
Ataca novamente o senador Aécio Neves. Insurgiu-se, ontem, contra os cortes promovidos mas áreas de pesquisa, ciência e tecnologia, como protestaram em manifesto  a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, a Confederação Nacional da Indústria, a Academia Brasileira de Ciências, a Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas e a Sociedade Brasileira  Pró-Inovação Tecnológica.  Dos parcos 6,7 bilhões previstos no orçamento, foi  decretado o corte de  1,5 bilhão. O governo, para o ex-governador de Minas, está desconsiderando o futuro. Não bastam os investimentos em infraestrutura, tornando-se necessário preparar o capital humano. Em seu entender, a presidente Dilma ignora a dimensão do desafio apresentado para o país.

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