quinta-feira, 10 de maio de 2012

E SE BASTOS LEVAR O CALOTE?


Por Carlos Chagas.
Deve cuidar-se o advogado   Márcio Thomaz Bastos. 
Não por estar defendendo um chantagista notório, porque o juramento dos advogados exige que se disponham a patrocinar as causas de quantos aflitos os procurem. A razão é mais prosaica: será que vai receber seus honorários, que certamente incluem um percentual pelo  desgaste de imagem? Circulou a informação de que teria cobrado 15 milhões de reais de Carlinhos Cachoeira, mas o bicheiro honrará o suposto contrato?
Fica difícil se depender do primeiro advogado  contratado pelo réu, no atual episódio.  Vamos preservar o nome dele, dando apenas as iniciais: CDA. Se precisar, completaremos. O profissional está a ver navios, alegando seu   cliente,  para não pagar,  que continuou na prisão desde que engaiolado, no caso, em Mossoró, Rio Grande do Norte.
Márcio Thomas Bastos atua em diversas frentes, uma de conseguir a liberdade para   Cachoeira, ação que o Superior Tribunal de Justiça julgará nos próximos dias. Há controvérsias,  pois se tem residência fixa, documentação em ordem e nunca foi condenado antes, também poderá constituir-se em embaraço às investigações da Polícia Federal e do Ministério Público, caso solto.
Corria ontem o rumor de que se o bicheiro não sair da Papuda, estaria disposto  a procurar a Polícia Federal e  recorrer à delação premiada para safar-se, iniciativa semelhante a jogar barro no ventilador de sua quadrilha. Na Justiça de Goiás, está sendo processado por corrupção,  peculato, formação de quadrilha armada e vazamento de dados sigilosos. No plano federal, tem mais coisa.
Outra missão quase impossível do ex-ministro da Justiça é protelar o depoimento do cliente, marcado para o dia 15, na CPI mista. As denúncias contra ele são do domínio público, ainda que Bastos não tenha tido acesso à documentação integral produzida no inquérito da Operação Monte Carlo.
Em suma, senão cada dia com sua agonia, assistimos pelo menos cada dia com suas versões explosivas.
ARCABUZADO MESMO
A decisão de ontem do Conselho de Ética do Senado deixa poucas dúvidas a respeito da cassação do mandato do senador Demóstenes Torres. Foi aplaudida a  intervenção do senador Álvaro Dias em favor do relatório do senador Humberto Costa sobre a quebra  do decoro parlamentar do representante de Goiás. Não deve demorar muito a degola, capaz de deslocar do Supremo Tribunal Federal para a justiça comum o processo contra Demóstenes. Ficou clara a indignação dos integrantes do Conselho de Ética diante de recente discurso dele, negando ligações com Carlinhos Cachoeira. 
PROXIMIDADE DO VETO
Não terá sido por conta do apelo da linda Camila Pitanga que a presidente Dilma decidiu vetar integralmente o Código Florestal. Já havia decidido bem antes, estando para ser editada Medida Provisória capaz de suprir as necessidades da lei aprovada no Congresso. A bancada ruralista, que tanto festejou a aprovação, deveria ter previsto a reação da chefe do governo, em especial porque são bissextas, senão inócuas, quaisquer tentativas de derrubada de vetos presidenciais.
A MORTE DA CONSTITUINTE 
Houve tempo em que o então presidente Lula e sua chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pronunciaram-se em favor da esdrúxula proposta de convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte exclusiva, capaz de atualizar a Constituição de 1988. Seria uma aberração, já que os supostos detentores do Poder Constituinte Originário  seriam eleitos separadamente dos atuais deputados e senadores, que continuariam a deter o Poder Constituinte derivado. Fatalmente haveria conflito.
A natureza das coisas prevaleceu, fazendo com que a tese da Constituinte Exclusiva fosse morrendo de morte morrida. Não houve necessidade da morte matada. Hoje, ninguém mais fala da proposta, que sumiu nos desvãos da Preça dos Três Poderes. 

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