sábado, 12 de maio de 2012

SETE ACIMA DE QUALQUER SUSPEITA


Por Carlos Chagas.
Não poderia ter sido melhor a designação, pela presidente Dilma,   dos sete integrantes da Comissão da Verdade. Gilson Dipp, Cláudio Fonteles, Paulo Sérgio Pinheiro, Maria Rita Kehl, Rosa Maria Cardoso da Cunha, José Carlos Dias e José Paulo Cavalcanti estão acima de qualquer suspeita. Serão empossados quarta-feira no palácio do Planalto, em cerimônia para ninguém botar defeito, com a presença dos ex-presidentes  da República:  Lula, Fernando Henrique, José  Sarney e Fernando Collor.
A Comissão da Verdade investigará a violação de direitos humanos entre 1946 e 1988.  Casos de tortura, morte, desaparecimento e ocultação de cadáver serão examinados, com ênfase para o envolvimento de agentes do poder público, em especial no período de 1964 a 1985, do regime militar. Mas sem discriminação com quantos,  do  lado oposto,  desenvolveram práticas semelhantes.
Fica evidente a impossibilidade de levantarem tudo o que aconteceu. Nem no Juízo Final o Padre Eterno teria condições de alinhar  todos os malfeitos praticados pela Humanidade  e nem a Comissão da Verdade dispõe da prerrogativa de julgar. Se terá liberdade total e absoluta para requisitar documentos, convocar pessoas relacionadas com os fatos em exame, pedir perícias e diligências, infere-se do  documento de sua constituição a  prevalência da Lei da Anistia. Punido, ninguém vai ser, apesar de a divulgação de nomes de torturadores e assassinos significar intensa punição.
Desperta curiosidade saber como o meio militar  reagiu  aos sete. Certamente não muito bem, principalmente os oficiais da reserva. Mas os da ativa também.  Apesar de a presidente Dilma haver proibido o revanchismo, não haverá como evitar acusações a  capitães, majores, coronéis e até generais  direta ou indiretamente envolvidos em práticas incompatíveis com os direitos da pessoa humana. Os sete recém-nomeados exprimem a garantia de que perseguições ou ajustes de contas não acontecerão,  mas precisarão ser inflexíveis no levantamento e na divulgação das situações examinadas. Contra e a favor, farta literatura foi publicada  a respeito dos excessos verificados nos  anos de chumbo.    Ainda agora a editora Vozes lançou nova edição atualizada  do “Brasil: nunca mais”, preparada sob a liderança de D. Paulo Evaristo Arns ainda nos idos da ditadura. A expectativa é de que o relatório final da Comissão da Verdade suplante o conteúdo  da obra referida.
NÃO ESCAPAM.
Dificilmente três governadores deixarão de ser convocados para prestar depoimento na CPI do Cachoeira: Marconi Perilo, Agnelo Queirós e Sérgio Cabral. Contra o  governador de Goiás pesam acusações mais contundentes do que com  relação a seus dois colegas, mas prevalecerá a compensação partidária. Haverá empate entre PSDB, PT e PMDB, cada partido  oferecendo o pescoço de  um correligionário. Como a CPI não cassa mandatos, deverá ficar apenas o desgaste dos três governadores, caso não consigam  dar explicações  completas sobre o relacionamento de suas administrações com Carlos Cachoeira e a Delta Engenharia.

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