Saiu no
Blog do
Nassif:
(Quando esse ansioso blogueiro diz que a Veja
e a Globo são a corda e a caçamba …)
Por Geraldo Reco.
A revista mencionada é a
Época:
“Então, dá pra plantar isso aí? Os caras
fazerem a ligação com eles?”, questiona o empreiteiro. O araponga, então,
responde: “Dá. Se não der, a gente coloca na mídia, né? Que aí os caras se
interessam. Vou falar com aquele amigo lá da CGU”, diz Dadá”.
A plantação de Dadá e a Revista
Época
O Estadão de hoje traz repostagem acerca
de um suposto esquema de Cachoera na CGU. Mas o mais interessante são os
diálogos de Claudio Abreu, então na Delta, e Dadá, aquele. A Polícia Federal
tinha detonado a operação Voucher que envolveu o Ministério do Turismo e
prendeu pessoas em Brasília, São Paulo, Macapá e Curitiba. Dentre elas estava
Frederico Silva da Costa, então Secretário Executivo do Ministério.
Cláudio Abreu ao saber da prisão de
Costa fala com Dadá para tentar estabeleer uma ligação com uma concorrente, a
Warre Engenharia que, segunda ele (Cláudio) foi beneficiada por Costa numa obra
no Parque Mutirama em Goiânia. Os diálogos do Estadão:
“O pessoal da Warre Engenharia é aqui da
cidade. O dono dela é o Paulo Daher e o filho dele, o Ricardo Daher. (…) Eles
são amigos de infância. E esse cara que foi preso aí (Frederico) arrumou
dinheiro pra eles e direcionou as obras”, explicou Abreu a Dadá.
“Então, dá pra plantar isso aí? Os caras
fazerem a ligação com eles?”, questiona o empreiteiro. O araponga, então,
responde: “Dá. Se não der, a gente coloca na mídia, né? Que aí os caras se
interessam. Vou falar com aquele amigo lá da CGU”, diz Dadá.
O Estadão menciona que dias depois uma
“revista semanal semanal de grande circulação” trouxe matéria estabelecendo a
ligação desejada por Cléidio Abreu. Pesquisei na internet e encontrei matéria da
Revista Época na qual se percebe nítidamente a “plantação”.
Os links e a matéria da Época estão
abaixo.
O Ministro entro na festa
As investigações da PF sobre corrupção
no Ministério do Turismo incluem uma obra que recebeu milhões liberados por
Pedro NovaisAndrei Meireles, Marcelo Rocha e Murilo Ramos, com Leandro
LoyolaDida Sampaio TUDO DOMINADO
O ministro do Turismo, Pedro Novais. Abaixo,
seu secretário executivo, Frederico Silva da Costa, algemado. Novais liberou
dinheiro para obra de empresa de amigos de CostaSérgio LimaHá algum tempo não se
via coisa parecida. Na semana passada, a Polícia Federal (PF) prendeu 35 pessoas
na Operação Voucher, suspeitas de participar de desvio de recursos no Ministério
do Turismo. Entre os presos está o secretário executivo do ministério, Frederico
Silva da Costa (leia o quadro). A investigação se concentra em um convênio que
liberou R$ 4 milhões para o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de
Infraestrutura Sustentável (Ibrasi). No papel, o Ibrasi deveria treinar pessoas
no Amapá para trabalhar no setor turístico. Na realidade, segundo a PF, o
dinheiro foi desviado para empresas de fachada, montadas por servidores,
políticos e empresários. Nas investigações, surgiu outro grande negócio com
ingredientes para um novo escândalo. É comum que conversas gravadas com
autorização captem diversos assuntos tratados pelos investigados. Foi assim que
os policiais esbarraram no nome da empresa Warre Engenharia, de Goiânia. Os
desdobramentos podem criar problemas para o atual ministro, Pedro Novais, do
PMDB.
A Warre foi contratada pela prefeitura
de Goiânia para revitalizar o Parque Mutirama, a principal área de lazer na área
central da capital de Goiás. O dinheiro para a obra – R$ 45 milhões – é do
Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur), que tem recursos do
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e é administrado pelo Ministério
do Turismo. Na época em que foi firmado o convênio entre prefeitura e
ministério, Frederico Silva da Costa era o responsável pelo Prodetur. A escolha
da empresa Warre não foi uma surpresa para o setor da construção civil em Goiás,
segundo ÉPOCA ouviu de empresários de Goiânia. Antes mesmo da realização da
concorrência pública no 001/2010, executivos do mercado comentaram que a obra
estava destinada à Warre. Essas versões eram alimentadas por causa da relação de
amizade entre as famílias de Frederico Costa, o responsável pela liberação dos
recursos, e dos empresários Paulo Daher e Paulo Daher Filho, os donos da
Warre.
Nove empresas se inscreveram para
participar da licitação para a reforma do Parque Mutirama. Seis foram
desclassificadas pela prefeitura. Das três que continuaram na disputa, duas
desistiram às vésperas da abertura de propostas. Sobrou apenas a Warre.
Denúncias feitas na Câmara Municipal de Goiânia pelo vereador Elias Vaz (PSOL)
fizeram com que o prefeito Paulo Garcia (PT) anunciasse o cancelamento da
concorrência e a abertura de uma nova licitação. Garcia sondou então o
Ministério do Turismo e soube que, se revogasse a licitação vencida pela Warre,
os recursos federais seriam suspensos. “A prefeitura recebeu um ofício do
Ministério do Turismo em novembro de 2010. O documento dizia que o recurso
estava liberado para a execução da obra e que, se ela não fosse iniciada até 31
de dezembro, o município perderia o dinheiro. Os recursos voltariam para o
Orçamento Geral da União”, diz Andrey Azeredo, secretário de Licitações da
prefeitura de Goiânia. “O ato de revogação da licitação do Mutirama foi até
confeccionado. Mas, por problemas internos, o ato não foi publicado e ficou sem
validade.”
O prefeito de Goiânia iria revogar a
licitação, mas desistiu depois de aviso do Ministério do Turismo
Como a revogação não foi publicada, o
contrato com a Warre Engenharia foi firmado. O Ministério Público Federal entrou
no caso. Para os procuradores, tudo leva a crer que a licitação foi um jogo de
cartas marcadas. Em janeiro, o procurador da República Marcello Santiago Wolff
considerou ter indícios suficientes para abrir um inquérito para apurar fraude
na concorrência. Mesmo depois de o Ministério Público ter oficialmente informado
o Ministério do Turismo sobre a investigação, o ministro Pedro Novais foi a
Goiânia no final de abril. Novais participou de uma solenidade festiva em que
anunciou a liberação dos “primeiros R$ 10 milhões” para as obras. Novais sabia
das irregularidades. “Houve realmente alguns questionamentos, mas que já foram
solucionados”, afirmou Novais, em discurso.
Segundo o Ministério Público, não há
nada solucionado no caso. Na semana passada, a pedido dos procuradores, a
Polícia Federal também abriu inquérito para investigar irregularidades na
licitação para as obras no Mutirama. O empresário Paulo Daher, dono da Warre,
afirmou que são “infundadas” as alegações do Ministério Público Federal. Daher
enviou uma nota técnica da prefeitura de Goiânia, na qual se baseia para alegar
que a licitação foi legal. Daher não quis comentar sua relação pessoal com
Frederico Silva da Costa. Em resposta a ÉPOCA, o ministro Novais disse que, por
causa das investigações do Ministério Público, passará a ser mais “cauteloso”
nos repasses de dinheiro para a obra do Parque Mutirama. Ele disse também que se
confundiu na hora de anunciar os recursos liberados em Goiânia. Novais diz que
ele mesmo só autorizou a liberação de R$ 4 milhões.
Em janeiro, ÉPOCA já mostrara que Costa
era uma fonte potencial de grandes problemas para o governo Dilma. Um dos
motivos era sua gestão à frente do Prodetur. Com Frederico no comando, o governo
de Goiás teve acesso a R$ 13 milhões do programa e construiu uma rodovia que
favoreceu o acesso ao Rio Quente Resorts, na região de Rio Quente, um dos
principais pontos turísticos de Goiás. Outro programa do ministério, o Fundo
Geral de Turismo, também concedeu um financiamento ao Rio Quente Resorts. Seria
uma operação legítima, se o resort não pertencesse à família de Costa. Além da
suspeita de dar uma força aos negócios da família com dinheiro de todos os
brasileiros, Costa também é alvo de outra investigação. Ele, o pai e o irmão são
acusados de desvio de recursos públicos da Superintendência de Desenvolvimento
da Amazônia (Sudam) nos anos 1990. Seus bens estão bloqueados pela Justiça por
causa da investigação. Apesar dos fatos desabonadores para sua nomeação para o
segundo cargo no Ministério do Turismo, Costa foi mantido no governo por pressão
do PMDB, acolhida pelo então chefe da Casa Civil, Antonio Palocci.
Na semana passada, as investigações da
PF mostraram que Frederico Silva da Costa não atuou apenas em Goiás. Segundo a
PF, Costa, na prática o verdadeiro ministro da pasta, foi fundamental para a
liberação de verbas para o Ibrasi. Tudo começou com uma emenda ao Orçamento
proposta pela deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP), que destinou R$ 4 milhões para o
treinamento de trabalhadores no setor turístico no Amapá. A PF afirma que Costa
atuou não só para liberar a emenda de Fátima, como garantiu o escoamento do
dinheiro dos cofres públicos para entidades fajutas. Em uma das gravações
captadas pela Polícia Federal, Costa ensina o empresário Fábio Mello a montar
uma entidade de fachada para receber o dinheiro liberado pelo ministério – e que
seria desviado depois. “O importante é a fachada e tem de ser uma coisa moderna,
que inspira confiança em relação ao tamanho das coisas que vocês estão fazendo”,
diz Costa. “Pega um negócio aí para chamar a atenção, assim, de porte, por três
meses. Mas é para ontem! Que, se alguém aparecer para tirar uma foto lá nos
próximos dias, as chances são altas!”
Dono da Conectur, que recebeu dinheiro
público pelo Ibrasi e deveria treinar trabalhadores, o petista Errolflynn Paixão
disse, em depoimento à PF, que seu sócio na empresa “chegou a dizer que o
dinheiro seria devolvido à deputada (Fátima Pelaes)”. Secretário nacional de
Desenvolvimento do Turismo até a semana passada, o ex-deputado federal Colbert
Martins (PMDB-BA) foi preso porque assinou a liberação da verba com base em um
documento falso. Em um diálogo com sua chefe de gabinete, captado pela polícia,
Colbert demonstra preocupação com a emenda de Fátima Pelaes, pois ela seria de
interesse do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). “E tem de ver aquela
obra lá do Amapá, aquela lá da Fátima Pelaes, daquela confusão do mundo todo,
que é de interesse do Sarney. Tá certo?”, diz Colbert. “Que se cancelar aquilo,
aquilo tá na bica de cancelamento, enfim algumas que eu sei de cabeça, assim.
Cancela aquela, pega Sarney pela proa, vai ser mais confusão ainda, o.k.?” A
deputada Fátima Pelaes nega as acusações.
Colbert e Frederico Silva da Costa têm
algo em comum – além de ambos trabalharem no mesmo ministério, terem tratado da
emenda de Fátima Pelaes e terem sido presos na semana passada. Eles chegaram a
seus cargos indicados por Francisco Bruzzi, assessor da liderança do PMDB na
Câmara dos Deputados. Bruzzi trabalha em uma sala minúscula, com espaço apenas
para sua mesa e de sua secretária. Economista de 62 anos, com longa carreira em
cargos públicos no Executivo e no Legislativo, Bruzzi é chefe de gabinete do
líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN). Ele é especialista nos trâmites do
Orçamento Geral da União. Pelas mãos de Bruzzi, passam as sugestões de gastos do
PMDB que ultrapassam R$ 1 bilhão por ano. Sugestões de Bruzzi para os
ministérios do Turismo e da Agricultura foram acolhidas pelo PMDB e
transformadas em atos publicados no Diário Oficial.
A aproximação de Bruzzi com Frederico
Silva da Costa foi motivada pelo interesse comum pelas emendas parlamentares. Ao
receber os repórteres de ÉPOCA em sua sala, na semana passada, Bruzzi disse que,
de tanto tratar de emendas com o então secretário de Infraestrutura do
Ministério do Turismo, o partido achou que promover Costa a secretário executivo
seria uma boa opção para atender aos anseios do PMDB na gestão do ministro Pedro
Novais. “Ele (Frederico) sempre atendeu com eficiência às demandas do PMDB e às
solicitações da liderança do PMDB”, afirma Bruzzi. Ele convenceu o então líder
Henrique Eduardo Alves a bancar a indicação de Costa para a função. Costa
prestava contas a Bruzzi do que se passava no ministério. Apesar de ser o número
dois da pasta, Costa se deslocava até a pequena sala de Bruzzi na Câmara. “O
líder chama sempre os secretários executivos aqui. ‘Vem cá, que tem um deputado
aqui querendo resolver um problema.’ E (o secretário executivo) vem. O
ministério não é do partido? Então, vem”, afirma Bruzzi.
O líder do PMDB na Câmara, Henrique
Eduardo Alves. Ele indicou a cúpula do Ministério do Turismo e quis que o
partido deixasse o governo, depois da operação da PF.
A operação da Polícia Federal da semana
passada causou problemas entre o PT e o PMDB. Os líderes do PMDB se revoltaram
não só com a prisão de Colbert Martins, mas com o fato de ele ter sido algemado.
Eles reclamaram à presidente Dilma Rousseff. De acordo com assessores próximos,
Dilma teria sido surpreendida pela operação, deflagrada na última terça-feira.
Pouco depois das 8 horas da manhã, Dilma mandou chamar o ministro da Justiça,
José Eduardo Cardozo, e perguntou o que era a Operação Voucher. Desde 2008, a
Polícia Federal estava comedida não só no número, como na maneira de conduzir
suas operações. Àquela altura do dia, Cardozo sabia pouco e Colbert Martins já
havia sido preso em São Paulo, enquanto esperava pelo ministro Pedro Novais. O
carro com Novais passaria para pegá-lo e os dois iriam ao aeroporto de Congonhas
e voariam para Brasília. Ao ser avisado da prisão, Novais voltou para o
hotel.
Por volta das 11 horas, Dilma soube que
o ex-ministro do Turismo Luiz Barreto estava no P’alácio para uma solenidade.
Barreto era o ministro em 2009, quando o convênio com o Ibrasi foi celebrado e
um de seus principais colaboradores era Frederico Silva da Costa. Dilma mandou
chamar Barreto e o interrogou. Como tinha de ir à solenidade, Dilma repassou
então a tarefa de interrogar Barreto ao ministro da Secretaria-Geral da
Presidência, Gilberto Carvalho. Ao meio-dia, o deputado Henrique Eduardo Alves
convocou a bancada de deputados do PMDB na Câmara para receber o
vice-presidente, Michel Temer. Na versão que chegou ao Palácio do Planalto,
Alves defendeu a saída do ministro do Turismo, Pedro Novais, e o afastamento de
políticos indicados pelo PMDB. O risco de um racha no governo foi contornado
porque Dilma ligou para Temer e avisou que a operação nada tinha a ver com o
ministro Pedro Novais. A pedido de Dilma, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi
Hoffmann, também telefonou para Novais. Mantido no cargo, Novais poderá agora
explicar a liberação do dinheiro público para a reforma do Parque Mutirama, em
Goiânia, cercada de suspeitas.
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