quarta-feira, 13 de junho de 2012

Por Carlos Chagas
Querem saber onde vai dar a CPI do Cachoeira? Salvo milagre, em lugar nenhum. Menos porque a  toda CPI carece o poder de punir, ainda que possa investigar, divulgar e encaminhar  conclusões ao Ministério Público. Mais porque  a atual, do Cachoeira,  transformou-se em palco para conflitos e confrontos entre o PT e o PSDB, sob as vistas plácidas do PMDB. O que se tenta, no correr dos trabalhos, é demonstrar qual  partido envolveu-se mais nos negócios escusos do bicheiro. Além, é claro, da tentativa dos tucanos de trazer o mensalão para o centro das discussões, despertando  a reação dos petistas. O foco das reuniões seria revelar as lambanças da quadrilha chefiada pelo bandido, em especial suas ligações espúrias com parlamentares,  empreiteiras   e governos  estaduais e federal. Verificar se funcionaram nas tramóias funcionários e até governadores deste ou daquele partido, seria uma conseqüência.
Sendo assim, para começar, estão saindo chamuscados os governadores de Goiás, ontem, e do Distrito Federal, possivelmente hoje. Talvez sobre para servidores federais, da mesma forma como vem sobrando para empresários e parlamentares  que foram sócios ou testas-de-ferro do Cachoeira. O problema é que ele  só prestará contas à Justiça, como sempre lerda e plena de válvulas de escape para qualquer réu, ainda mais aqueles capazes de contratar advogados de capacidade excepcional.
Com respeito ao  mensalão, a CPI transformou-se em mais um palco subsidiário do Supremo Tribunal Federal. Marconi Perilo atribui a blitz a que o  submetem ao fato de haver sido o primeiro a denunciar o escândalo.  No caso,   de viva voz ao então presidente Lula, que nada fez para apurar e  interromper a denuncia. O  PT integrou-se à argumentação do primeiro-companheiro, sobre não ter havido  mensalão, mas apenas acertos de caixa para saldar dívidas do caixa dois m campanhas eleitorais. Como será a mais alta corte nacional de justiça a dirimir a dúvida, bem que a CPI do Cachoeira poderia dispensar discussões a respeito. Mas não dispensa.
Em suma,  a situação lembra um jogo de  futebol onde os craques se esfalfam em dribles sensacionais, cabeçadas fulminantes, corridas olímpicas  e   defesas maravilhosas, sob o entusiasmo das arquibancadas lotadas. 
Só que,   de repente, um menininho reclama: “papai, está faltando a bola...”
NADA SE CONCRETIZOU...
Na exposição inicial de  seu depoimento de ontem  o governador Marconi Perilo custou a entrar no assunto que gerou sua presença na CPI do Cachoeira. Perdeu tempo precioso citando Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Teotônio Vilela, Leonel Brizola, Juscelino Kubitschek, João Goulart e a própria presidente Dilma Rousseff. Procurou ligar seu passado e sua imagem ao estado e ao povo  de Goiás, que referiu como o mais próspero do país.
Quando seu tempo se esgotava e surgiram reclamações do plenário é que abordou as acusações feitas contra ele. Disse que jamais manteve relações de proximidade com Carlinhos Cachoeira, a quem rotulou de empresário e acusou a imprensa de ilegal e imoral inversão do princípio de caber ao acusador   os  ônus da prova das acusações. Só depois enfatizou a inexistência de qualquer ato do seu governo concretizado  em função de planos e manobras de Carlinhos Cachoeira. Informou que a Delta dispôs de apenas 4% de contratos em sua administração.  Negou que ele ou alguém de seu gabinete tivesse recebido dinheiro em pagamento de uma casa que vendeu, operação realizada com cheques bancários. Elogiou o senador Demóstenes Torres, como de enorme prestígio no estado.  
Depois, começou o bombardeio, quando o governador já poderia estar abrigado de muitos  petardos de seus adversários,  caso  houvesse utilizado  melhor o seu tempo.

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