terça-feira, 20 de abril de 2010

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI....

Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores.
Geraldo Vandré.
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção...
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(2x)
Pelos campos há fome
Em grandes plantações
Pelas ruas marchando
Indecisos cordões
Ainda fazem da flor
Seu mais forte refrão
E acreditam nas flores
Vencendo o canhão...
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(2x)
Há soldados armados
Amados ou não
Quase todos perdidos
De armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam
Uma antiga lição:
De morrer pela pátria
E viver sem razão...
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(2x)
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Somos todos soldados
Armados ou não
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não...
Os amores na mente
As flores no chão
A certeza na frente
A história na mão
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Aprendendo e ensinando
Uma nova lição...
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(4x)
Entre tantas músicas, que de uma forma ou de outra nos conta os longos 20 de ditadura, existe uma em especial: Pra não dizer que não falei das flores” composta por Geraldo Vandré, um homem paraibano, que depois de 1968 sumiu e ficou durante anos em silêncio, mais que deixou como herança para as novas gerações, uma composição que por muitos é considerada um hino contra a ditadura, alguns dizem que é a Marselhesa Brasileira. Marselhesa foi um canto de guerra revolucionário que acompanhava a maior parte das manifestações francesas, e em 1975 tornou-se hino nacional da França.
Caminhado e cantando e seguindo a canção, Somos todos iguais braços dados ou não: representa as passeatas que reuniam, em sua maioria, jovens que tinha consigo um desejo de mudança, ambições e sonhos, eram movidas a cartazes de protestos, a vozes gritantes que entoavam hinos e músicas. Essa frase também mostra que independente de crenças e idéias, as pessoas são iguais, estando elas do mesmo lado ou não.
Nas escolas nas ruas, campos, construções: As manifestações eram compostas de pessoas de diversos ambientes, mais que possuíam o desejo de mudança em comum: agricultores, operários, componeses, mulheres, jovens, professores jornalistas intelectuais, padres e bispos. No caso de professores, jornalistas e intelectuais eles eram censurados e vigiados, o que depois de AI-5 ocorreu com maior intensidade, os professores não podiam lecionar e mencionar nada referente ao golpe, os jornalistas tinham seus artigos e matérias cortadas pela censura e os intelectuais eram proibidos de disseminar suas ideais e também publicá-las. Nas universidades não havia vagas e muitos jovens não conseguiam estudar, mulheres eram discriminadas e impedidas de trabalhar, os operários sofriam com os baixos salários, agricultores e camponeses tinham suas terras ocupadas e os padre e bispos eram ameaçados, presos e muitas vezes expulsos do país. Então a maneira encontrada para protestarem pelos diretos, era juntar-se Aqueles que também possuíam idéias de mudança e desejo por um país melhor.
Vem, vamos embora, que esperar não é saber: Esse trecho contesta sobre aqueles que sofriam o momento na pele e não faziam nada , afinal não se muda um país, ficando parado.
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer: refere-se também a essas pessoas que preferiam ficar em silêncio em vez de tentar alcançar a mudança junto aos estudantes e aos demais.
Pelos campos há fome em grandes plantações: as pessoas que trabalham nos campos, ou que eram agricultores também sofriam com a ditadura, e aos poucos que possuíam um pedaço de terra a mesma lhe era tomada, os camponeses muitas vezes eram despejados e acabaçam por passar fome.
Pelas ruas marchando indecisos cordões: cordões é como ficou conhecido os grupos de foliões que tomavam as ruas durante o carnaval, o nome refere-se a características dos grupos serem formados de forma que as pessoas se sucedem. Assim era composta algumas manifestações, como da Passeata dos Cem mil, que parecia ser dividida em blocos: artistas, mães, padres, intelectuais e entre outros, que em muitos casos caminhavam indecisos ou com medo dos militares.
Ainda fazem da flor o seu mais forte refrãoE acreditam nas flores vencendo o canhão: Enquanto os militares reprimiam os protestantes com canhões, bombas de gás, e armas, a população saia nas ruas com cartazes e coma força de suas vozes, muitos atirando pedras e tudo que se estivesse ao alcance, mas nada parecia ser tão forte e provocante quantos os gritos, as palavras de ordem dos movimentos estudantis, frases e musicas daquele ano, essas sim eram suas verdadeiras flores mas começaram a surgir grupos que não acreditavam mais em democracia sem violência, alguns grupos de radicais se formam e gritavam em coro: “Só povo armado derruba a ditadura”, enquanto do outro lado um grupo militante gritava: “Só povo organizado conquista o poder”.
Há soldados armados, amados ou não/Quase todos perdidos de armas na mão: Os soldados estavam sempre armados e dispostos a prender os manifestantes e levá-los para as salas do DOPS, porém, muitos pareciam alienados, não sabiam direto o que acontecia ou fingiam não saber, para quem sabe assim se redimir da culpa de tantas mortes e “desaparecimentos” da época. Mas tinham famílias namoradas, mãe, irmãos podiam sim ser armados por alguém ou então odiados por todos. Muitas manifestações foram, sobretudo contra a violências dos policiais.

Nenhum comentário: