O badalado casamento do príncipe William me fez pensar sobre a monarquia.
Primeiro, sobre a indústria do entretenimento e sua associação midiática com a família real britânica, que, como todos os mortais, precisa de marketing para manter acesa a sua chama e bem guardados os seus tesouros.
É o mesmo jogo de interesses que se dá quando morre um papa. Nessas ocasiões, a Igreja Católica desfruta de uma propaganda mundial valiosíssima. E o ponto culminante da transmissão via satélite da escolha do novo pontífice e aquela imagem clássica da fumacinha saindo por uma chaminé do Vaticano, anunciando que o catolicismo tem seu novo rei, quero dizer, líder máximo.
Estou me lixando para a família real inglesa. O megashow do casamento, com suas bandeiras e súditos que estariam ali mesmo que fosse a final do Big Brother, é meio como o Carnaval carioca, só que com um intervalo maior entre um desfile e outro. E não é só aqui que os carros alegóricos são recauchutados. Lá na terra dos lordes também, pois li que a carruagem é a mesma que conduziu Lady Diana para o casamento infeliz com o pai de William, o também príncipe Charles, que acabou trocando a linda princesa por uma feiosa que lhe dava mais alegrias...
Mas, deixando a perfumaria de lado, vamos à essência da monarquia. Acho que ela surgiu naturalmente e de uma forma bem convincente, numa época em que os ajuntamentos humanos ainda estavam mais para bandos do que para sociedades. Aí então apareceu um líder que se destacou em meio aos outros pela inteligência, pela valentia, pelo senso de justiça, pelo carisma e pela força. Respeitado e admirado, passou a conduzir os destinos do grupo.
Esse cara foi aclamado rei por seus próprios méritos.
O problema é a hereditariedade. Ninguém garante que o filho terá os atributos do pai. E o filho daquele primeiro rei pode ter sido covarde, mau caráter, fraco ou burro. Ou, pior, tudo isso junto. Mas ele era o sucessor no trono, fazer o quê? Sangue azul só existe nos contos de fadas, e a genética costuma pregar belas peças. Aí, o povo que ature o rei-mala.
Do mesmo jeito que existiram reis de fato e de direito, houve também aqueles que jamais mereceriam colocar uma coroa na cabeça, que espoliaram seus compatriotas sem dó.
Por isso, com o passar dos séculos, a monarquia virou essa farsa cara e patética que é hoje. Um pernóstico carnaval fora de época.
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