segunda-feira, 2 de maio de 2011

O FUTEBOL E SEUS PEGADOS

Paulo Panossian, no Jornal do Brasil
Como é possível ter um produto de grande potencial de mercado, como o futebol, e seus clientes, os torcedores, serem humilhados até para adquirir ingressos, sendo alojados em estádios obsoletos, sem segurança, sanitários decentes, garantias de assentos reservados, estacionamento, etc?
Com a chegada da Copa de 2014, espera-se que as possíveis construções de 10 arenas modernas amenizem a situação vexatória. Hoje, apenas quatro estádios no país podem ser considerados de bom nível: Fonte Luminosa e Barueri (SP), a Arena da Baixada (PR) e Engenhão (RJ), apesar de inadequada infraestrutura em seu entorno. Ou seja, há seis décadas aguardamos investimentos em palcos que acomodem torcedores confortavelmente.
E não por outra razão, a média de público é baixa, arrecadação insuficiente, e os clubes de futebol no Brasil tecnicamente falidos. Consequência da retrógrada visão de dirigentes, que prometem o que não podem, gastam mal e exageradamente, e pouco entendem de administração e marketing.
Enquanto isso, na Europa, Ásia, etc a maioria dos estádios pertencem a empresas. No Brasil, finalmente o Palmeiras cede a investidores a responsabilidade da construção e exploração de um estádio multiuso, e de moderníssima concepção, com provável entrega em 2012.
Quando o produto é bom, e o cliente é respeitado, jamais faltará consumidor. Vejam o caso dos eventos culturais! Em São Paulo, principalmente, grandes empresas criaram suas próprias casas de espetáculos e oferecem shows grandiosos, antes só vistos em Nova York, ou Londres. E público não tem faltado. Ao contrário, ingressos somente se garantem com muita antecedência, ficando em cartaz por tempo mais do que suficiente para viabilizar os investimentos. Ou seja, tudo muito bem organizado, dentro das regras clássicas do bom e velho mercado.
Outra questão que abordo é quanto a produtividade e qualidade do nosso futebol. Além da falta de datas no calendário, para as necessárias pré-temporadas, nossos dirigentes sofrem de esquizofrenia crônica, com relação a respeitar vigência de contratos da comissão técnica.
Recentemente, o técnico Geninho, que tinha 83% de aproveitamento nos pontos disputados pelo Atlético Paranaense, foi dispensado! É irracional...
E o Santos, que mesmo com Neymar, Ganso e outros importantes atletas, nestes últimos 12 meses acumula a troca de três técnicos com a chegada do Muricy. E no fraco Campeonato Paulista, com o elenco de alto nível, se classificou com dificuldades, em quarto lugar, pouco acima da Ponte Preta...
Já imaginaram como seria a produtividade de uma empresa que dispensa chefes ou gerentes a cada 90 ou 120 dias?! Falência na certa...
Infelizmente, esta é a triste situação do futebol tupiniquim, que emprega no país mais de um milhão de pessoas, e que não respeita o seu principal cliente: o torcedor.

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