Dilma corta gastos de ministros aliados e poupa áreas do PT. Investimentos de petistas cresceram 13,7%, mas pastas de outros partidos investiram 4,8% menos que em 2010.
Impacto desigual do aperto fiscal contribui para alimentar tensão na base de apoio ao governo no Congresso.
Impacto desigual do aperto fiscal contribui para alimentar tensão na base de apoio ao governo no Congresso.
Apu Gomes/Folhapress |
Obra em Jandira feita com recursos do Ministério do Turismo, mas sem nenhuma relação com a área
GUSTAVO PATU
O controle de gastos promovido pelo governo Dilma Rousseff poupou ministérios controlados pelo PT e atingiu com mais força os que estão nas mãos dos outros partidos que apoiam o governo, contribuindo para alimentar a tensão na base de sustentação do Palácio do Planalto.
Uma análise detalhada das contas do Tesouro Nacional mostra que, nas dez pastas entregues no início do governo a PMDB, PR, PSB, PP, PDT, e PC do B, os investimentos caíram 4,8% no primeiro semestre deste ano.
O desempenho contrasta com o dos 13 ministérios da cota petista: em conjunto, eles investiram 13,7% a mais do que na primeira metade do ano eleitoral de 2010, sem considerar as cifras modestas do apartidário Itamaraty e das secretarias especiais vinculadas à Presidência.
Embora sejam teoricamente prioritários para o Executivo federal, os investimentos -obras de infraestrutura e compras de equipamentos destinadas a ampliar a capacidade produtiva da economia- viraram o principal alvo do ajuste fiscal.
Trata-se do único grande grupo de despesas federais que sofreu redução real neste ano, depois de considerada a variação da inflação.
Há razões técnicas para a queda: são gastos não obrigatórios e sujeitos a atrasos. Mas são razões políticas que explicam o aperto desigual na Esplanada.
Pelo modelo de repartição de poder iniciado no governo Lula e reforçado por Dilma, o PT ocupa pastas de mais relevo, como Fazenda, Planejamento, Saúde e Educação.
Os demais partidos ficam com a maior parte das verbas que movimentam as negociações com o Congresso.
Ministérios como Cidades (comandado pelo PP), Integração Nacional (PSB), Turismo (PMDB) e Esporte (PC do B) concentram ações incluídas por deputados e senadores no Orçamento por meio de emendas parlamentares.
São, na maioria, obras paroquiais típicas de prefeituras, como a recuperação de ruas e a construção de quadras esportivas, mas igualmente classificadas como investimentos -e vítimas preferenciais do corte de gastos.
Não por acaso, o governo promete agora liberar R$ 1,7 bilhão em emendas para atenuar a insatisfação dos partidos e facilitar as próximas votações no Congresso.
Entre os ministérios controlados por partidos aliados, dois registraram alta significativa nos investimentos neste ano, mas ambos passaram por crises e trocaram recentemente de mãos.
O PR foi varrido dos Transportes após acusações de corrupção e desligou-se da base governista. O PMDB teve de substituir o bombardeado Wagner Rossi na Agricultura, na semana passada.
Uma das pastas petistas que mais investiram é a Educação. Seu titular, Fernando Haddad, quer ser candidato à Prefeitura de São Paulo nas eleições de 2012 e conta com programas para a criação e a expansão de escolas e universidades.
Entre as pastas petistas, apenas o Desenvolvimento Agrário teve queda expressiva do investimento.
GUSTAVO PATU
O controle de gastos promovido pelo governo Dilma Rousseff poupou ministérios controlados pelo PT e atingiu com mais força os que estão nas mãos dos outros partidos que apoiam o governo, contribuindo para alimentar a tensão na base de sustentação do Palácio do Planalto.
Uma análise detalhada das contas do Tesouro Nacional mostra que, nas dez pastas entregues no início do governo a PMDB, PR, PSB, PP, PDT, e PC do B, os investimentos caíram 4,8% no primeiro semestre deste ano.
O desempenho contrasta com o dos 13 ministérios da cota petista: em conjunto, eles investiram 13,7% a mais do que na primeira metade do ano eleitoral de 2010, sem considerar as cifras modestas do apartidário Itamaraty e das secretarias especiais vinculadas à Presidência.
Embora sejam teoricamente prioritários para o Executivo federal, os investimentos -obras de infraestrutura e compras de equipamentos destinadas a ampliar a capacidade produtiva da economia- viraram o principal alvo do ajuste fiscal.
Trata-se do único grande grupo de despesas federais que sofreu redução real neste ano, depois de considerada a variação da inflação.
Há razões técnicas para a queda: são gastos não obrigatórios e sujeitos a atrasos. Mas são razões políticas que explicam o aperto desigual na Esplanada.
Pelo modelo de repartição de poder iniciado no governo Lula e reforçado por Dilma, o PT ocupa pastas de mais relevo, como Fazenda, Planejamento, Saúde e Educação.
Os demais partidos ficam com a maior parte das verbas que movimentam as negociações com o Congresso.
Ministérios como Cidades (comandado pelo PP), Integração Nacional (PSB), Turismo (PMDB) e Esporte (PC do B) concentram ações incluídas por deputados e senadores no Orçamento por meio de emendas parlamentares.
São, na maioria, obras paroquiais típicas de prefeituras, como a recuperação de ruas e a construção de quadras esportivas, mas igualmente classificadas como investimentos -e vítimas preferenciais do corte de gastos.
Não por acaso, o governo promete agora liberar R$ 1,7 bilhão em emendas para atenuar a insatisfação dos partidos e facilitar as próximas votações no Congresso.
Entre os ministérios controlados por partidos aliados, dois registraram alta significativa nos investimentos neste ano, mas ambos passaram por crises e trocaram recentemente de mãos.
O PR foi varrido dos Transportes após acusações de corrupção e desligou-se da base governista. O PMDB teve de substituir o bombardeado Wagner Rossi na Agricultura, na semana passada.
Uma das pastas petistas que mais investiram é a Educação. Seu titular, Fernando Haddad, quer ser candidato à Prefeitura de São Paulo nas eleições de 2012 e conta com programas para a criação e a expansão de escolas e universidades.
Entre as pastas petistas, apenas o Desenvolvimento Agrário teve queda expressiva do investimento.
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