domingo, 6 de maio de 2012

DESGASTE ÓBVIO

Por Carlos Chagas.
Por maior que seja a maquiagem, outra conclusão não há: a presidente Dilma Rousseff mexeu na poupança. Reduziu o ganho das cadernetas.
A explicação oficial é de ser a alteração inevitável para manter a queda dos juros. Há quem suponha ter sido, também, para dar aos bancos a compensação que vinham exigindo por conta da diminuição dos juros. O sistema financeiro  vai  lucrar um pouco mais nos financiamentos imobiliários.
Em termos políticos, indaga-se porque a presidente decidiu-se por esse passo arriscado, capaz de gerar óbvio desgaste na imagem de seu governo. 
No passado, não deu certo. Fernando Collor começou a cair quando congelou as cadernetas de poupança. Não que elas significassem grandes lucros para os aplicadores, mas, em especial, porque eram seguras. Deixaram de ser naquele interregno,  sem que a  bala única disparada para matar o tigre da inflação acertasse no bicho. Agora, haverá que aguardar a queda dos juros.
DIREITOS PERMANECEM.
No pronunciamento que fez quando da posse do novo ministro do Trabalho, a presidente Dilma deixou claro que não cederá à pressão do empresariado para reduzir prerrogativas  trabalhistas.  De forma clara, acentuou que ao invés de tirar direitos do trabalho, prefere educar e capacitar o trabalhador. Faz tempo que as elites invocam o tal “custo Brasil” para acabar de desmontar o legado de Getúlio Vargas. Muito já conseguiram, a começar pela garantia de emprego,  suprimida pelo então presidente Castello Branco, por influência de Roberto Campos. Fernando Henrique Cardoso avançou mais com a chamada “flexibilização” da Constituição. Agora, querem acabar com a multa por demissões imotivadas e desejam fatiar o décimo-terceiro salário e as férias remuneradas  em doze parcelas anuais.
ESBULHO.
Abominável, mesmo, está sendo saber que no Tribunal de Justiça de São Paulo pratica-se a “liberação antecipada” para funcionários e desembargadores. Quer dizer, o cidadão  envia ofício à direção do tribunal alegando despesas variadas e pedindo para receber  antecipadamente os vencimentos dos próximos meses, quem sabe anos. Deferida a pretensão, embolsa a quantia pretendida, sem juros e sem a garantia de que, se demitir-se ou  morrer,  os cofres públicos nada receberão de volta. Já imaginaram se a moda pega?
SOBRE BIGODES.
Gratuitamente,  Aloísio Mercadante ofendeu  José Sarney. Desafiado para tirar o bigode em troca de 200 mil reais, o ministro da Educação negou-se,  mas completou: “ofereçam ao Sarney, que ele aceita...”
Ora, o bigode do ex-presidente da República vem sendo sua marca fundamental, desde antes de eleger-se deputado. Brincadeira tem hora... 

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