terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O TROCO VIRÁ ?

Por Valdo Cruz, Lambido da Folha de São Paulo.
Brasília vive um momento diferente na política. Não diria que se trata de uma transformação total, porque ainda não é. Mas alguns novos ventos começam a soprar por aqui. A dúvida é se teremos uma troca verdadeira de estação ou apenas um ensaio. O fato é que, por conta dessa mudança de ares, o que mais se pergunta em Brasília é se o troco virá. Explico.
Dilma Rousseff decidiu enfrentar um grupo do PMDB. Basicamente aquele ligado ao líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves, e do deputado Eduardo Cunha (RJ). Não comprou briga com todos peemedebistas. Tanto que, na hora de barrar os pedidos de Alves e Cunha sobre o comando de Furnas, alojou na presidência da estatal um técnico com bom trânsito entre os peemedebistas do Senado.
Flávio Decat, o novo presidente de Furnas, foi escolha direta da presidente Dilma. Decisão tomada depois de ouvir relato de sua equipe sobre as ameaças feitas por Henrique Eduardo Alves e Eduardo Cunha, que desejavam manter influência na estatal. Quem estava na sala diz ter ouvido da presidente que os dois deputados "não mandavam no governo" e que ela iria nomear Decat e ponto final. Ainda houve uma tentativa de negociação. Dilma disse que topava adiar um pouquinho o anúncio do nome de Flávio Decat para que a turma de bombeiros entrasse em ação, mas que não recuaria de sua decisão.
Bem, decisão tomada, agora, como disse acima, a dúvida é se o troco virá. Na eleição das presidências da Câmara e do Senado tudo correu como previsto pelo governo. Mas a crise com os deputados peemedebistas ainda não havia acontecido. Agora, o governo tem pela frente a votação do salário mínimo. A equipe de Dilma vai, com certeza, trabalhar para isolar os peemedebistas descontentes e evitar uma derrota na Câmara na primeira votação importante de um projeto do novo governo.
Um aliado de Dilma acredita que o governo terá sucesso na empreitada. Ele lembra quando Antonio Carlos Magalhães, o todo poderoso senador baiano do então PFL, decidiu bater de frente com Fernando Henrique Cardoso. Na época, depois de tolerar inúmeras bravatas do baiano, FHC decidiu dar um basta, rompeu com ACM e demitiu ministros ligados a ele. O mundo na política parecia que ia cair na cabeça do tucano. Não foi o que aconteceu. Agora, lembra esse dilmista, são dois deputados que não têm nem de perto a força política de ACM. Além disso, lembra esse governista, Dilma manteve os canais azeitados com os peemedebistas do Senado.
Enfim, apostas e lances feitos, agora é esperar o Congresso voltar a funcionar normalmente para checar como se comportará a base aliada de Dilma Rousseff. Ela busca impor uma nova forma de se relacionar com os congressistas, mas ainda não se trata de uma grande reformulação no mundo da política. Tanto que, como ressaltado acima, ela enfrentou deputados, mas agradou senadores peemedebistas. Ou seja, esticou a corda, mas não a ponto de ela rebentar.

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