quinta-feira, 21 de julho de 2011

JURO DE 12,5%

BC APERTA A CORDA NO PESCOÇO DO PAÍS.
O Brasil tem a moeda mais valorizada num conjunto de 58 economias importantes do planeta. Com base num índice de equilíbrio igual a 100, o Real encontra-se hoje num patamar de 158 em relação a uma cesta de moedas. O segundo posto no ranking, bem abaixo, é ocupado pelo yuan chinês, com índice de 116, conforme os cálculos do Banco Internacional de Compensações, informa o Valor. A liderança brasileira encontra explicação em outro recorde: o país tem a maior taxa de juro real do mundo, superior a 6%. O padrão mundial, desde a crise de 20072008, gira em torno de zero. Em busca de lucro fácil, especuladores de todos os mercados –inclusive os nativos-- tomam dinheiro a juro zero lá fora e despejam em títulos públicos aqui. Em junho, em apenas 15 dias conseguia-se com essa operação --carry trade--  um lucro equivalente ao obtido em 24 meses de aplicação em papéis do Tesouro americano. Irresistível. Apesar de todas as medidas mitigatórias tomadas para conter esse tsunami, cerca de US$ 10 bi, entre fluxos comerciais e financeiros, ingressaram liquidamente na economia  na primeira quinzena de julho. Um colosso. A desindustrialização embutida nessa mecânica obedece a um roteiro já banalizado: o Real 'forte' barateia importações, desloca demanda e transfere empregos para fora do país. Nesta 4º feira o BC anunciou a subida de mais um degrau nesse patíbulo, elevando a Selic para 12,5%. Com uma novidade desconcertante, considerando-se os próprios termos da equação monetária: todos os índices de preços sinalizam desaceleração ou deflação. Inutilmente. É como se carrasco puxasse a corda apesar da suposta vítima do crime gritar da platéia: é inocente!  (Carta Maior; 5º feira 21/07/ 2011)

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