A presidente Dilma continua passando o rodo no ministério dos Transportes. Tomara que não pare. Por conta dessa atitude, sopra na Esplanada dos Ministérios um certo ventinho frio, daqueles capazes de chegar à barriga de muitos ministros e altos funcionários. E se a moda pega e eventuais irregularidades começarem a levar as atenções para outros ministérios, impulsionadas por investigações promovidas pelos meios de comunicação?
Tem gente tomando todo o cuidado, mandando assessores vasculharem as estruturas ministeriais, os contratos celebrados, as contas e até os meandros por onde ratos poderão estar escondidos. Principalmente nos ministérios recheados de verbas orçamentarias e envolvidos com obras públicas. Ninguém quer tornar-se a bola da vez.
Se há um serviço palpável prestado pela presidente da República ao país é essa postura de cobrança diante da roubalheira. Coisa igual viu-se apenas nos sete meses do governo Jânio Quadros, com a constituição de inúmeras comissões de inquérito que ele mandava formar. Naqueles idos, era mais jogo de cena, performance para a imprensa, sem que maiores resultados fossem conhecidos. Agora é diferente, porque, pelo jeito, as investigações se fazem sem alarde, em sigilo, conhecendo-se apenas o produto final, no caso o afastamento dos implicados.
Contribuição essencial tem sido prestada pela CGU, do ministro Jorge Haje, pasta que nenhum partido cobiçou quando da formação da equipe atual, certamente hoje a mais temida de todas.
MELHOR PAGAR SÓ AS COMISSÕES.
Com seu humor ferino, Mario Henrique Simonsen, então ministro da Fazenda, desabafou diante de seguidas denúncias de corrupção em obras públicas. Disse que certos empreendimentos mirabolantes envolvidos por imensa corrupção deveriam ser revistos. Que o orçamento dedicasse recursos para pagar as comissões e propinas, apenas, economizando-se o montante relativo às obras. Sairia mais barato...
ABUSO.
Se Brasília pudesse ser comparada a alguma outra capital do mundo, não seria com Paris, Londres ou Pekin. Washington talvez estivesse mais próxima, mas já pensaram se acontecesse na capital dos Estados Unidos o que acontece por aqui? Não se passa um dia sem a energia ser cortada nos diversos bairros, na periferia e no centro da cidade, às vezes atingindo mais da metade do conjunto, seja por alguns minutos, seja por horas a fio. Quem trabalha com computadores que o diga. Não raro perdem-se trabalhos de importância, as comunicações paralisadas causam prejuizos sem conta. Fica tudo sem explicação, ou com as esfarrapadas desculpas de problemas na rede ou de conexões ultrapassadas. Quem não dispõe de velas em casa arrisca-se a ficar no escuro. Para a capital de um país candidato a ingressar no primeiro mundo, é lamentável.
ESTÁ DEMAIS.
Os repórteres fechavam a cara quando Adolpho Bloch reclamava de matérias tristes ou de reportagens sobre desgraças, acidentes ou sucedâneos. Tanto na revista quanto na Rede-Manchete de televisão, ele queria imagens, fotografias e textos eivados de otimismo, com coisas bonitas.
Exagerava, o saudoso cacique, pois a função da imprensa é de transmitir à sociedade tudo o que se passa nela. Convenhamos, porém, que caímos no excesso oposto. Nas telinhas, microfones e páginas de jornal, só o que vemos são estupros, assassinatos, sequestros, tiroteios e acidentes da natureza. Claro que se aconteceram, precisam ser divulgados, mas utilizar quatro quintos do tempo de um telejornal para esse tipo de informação é um pouco demais. Outros fatos merecem ser reportados, não necessariamente otimistas, mas relativos ao que se passa no país. Notícia é o que foge à rotina, mas nem tudo se resume a violência.
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