quarta-feira, 2 de novembro de 2011

ENTÃO, POR QUE SAIU?

Por Carlos Chagas.
Certas coisas, só no Brasil, onde tudo pode acontecer, segundo mestre Gilberto Freire, para quem o Carnaval ainda acabaria caindo  numa Sexta-Feira Santa. Espantou-se quem assistiu a solenidade de  posse de  Aldo Rebelo e, depois, a transmissão do cargo por Orlando Silva. Tanto no palácio do Planalto quanto no ministério dos Esportes, o ex-ministro foi a figura central.
A presidente Dilma Rousseff, discursando, lamentou a saída e disse  perder um colaborador excepcional. Aldo Rebelo foi adiante, acentuando ser o antecessor uma vítima inocente. Renato Rabelo falou em  campanha sórdida. Funcionários lembraram ser o ex-ministro um cidadão maravilhoso e espetacular.
Ora bolas, então por que Orlando Silva saiu? Ele mesmo, nas duas solenidades, exaltou a própria inocência. Recebeu emocionado abraço de Dilma, cumprimentos efusivos  do sucessor e calorosos apertos de mão de todos os ministros presentes.
Não teria sido mais lógico que permanecesse, acrescendo que até  o seu partido, o PC do B, mereceu loas generalizadas da presidente e dos demais presentes? São fenômenos  que a vã filosofia não explica.
UM BOM COMEÇO
Noticiou-se que 2.670 ONGs tiveram suspensos seus contratos com o governo, devendo suas atividades passar por rigorosa investigação.  O valor total dos convênios agora interrompidos chega a 2 bilhões e 400 milhões. Os serviços prestados pelas entidades são variados, voltados para a juventude, uns, para o ensino, outros, mas muitos apenas de fachada, criados por partidos e grupos políticos na esfera de diversos ministérios, apenas para irrigar as contas bancárias de seus dirigentes e das legendas a que pertencem. Não escapa um partido, sequer, da base parlamentar do governo. Assim como nos tempos de Fernando Henrique quem mamava nas tetas do tesouro nacional eram o PSDB, o DEM e afins.
Vale repetir, melhor oportunidade não há para uma revisão completa da mecânica das ONGs.  Porque se elas se  intitulam não governamentais, deveriam buscar recursos na iniciativa privada, jamais no governo.
OS SETE
Falta agora a presidente Dilma nomear os sete integrantes da Comissão da Verdade que durante dois anos investigarão os crimes e abusos praticados contra os direitos humanos durante o regime militar. Não será fácil a seleção, partindo-se  do princípio da exclusão óbvia de pessoas ligadas aos dois lados da questão: nem aqueles  vinculados aos governos militares, nem os que de forma ostensiva extrapolaram na luta contra os então detentores do poder.  Pode ser que o palácio do Planalto venha a se voltar para entidades  da sociedade civil, tipo OAB e  ABI, pedindo-lhes a indicação de representantes.
FERIADOS DO MEIO DE SEMANA
Senão perdida, a semana em curso fica esvaziada por conta do feriado de hoje. Menos deputados e menos senadores no Congresso, assim como ministros  nos tribunais superiores.O problema é que na próxima semana teremos um repeteco. Dia 15 comemora-se a proclamação da República. Outra desculpa para Brasília funcionar a meia carga. 
Nos tempos do presidente José Sarney aplicou-se o dispositivo legal que permite ao governo alterar as datas dos feriados, aproximando-os do começo ou do fim da semana. Motivos religiosos fizeram a prática cair em desuso nos governos seguintes, mas nada impede que no próximo ano ela possa ser aplicada. Marcar os dias de ócio para segunda ou sexta-feira pouparia a capital e o país para uma semana de trabalho  quase completa, sem prejuízo das comemorações.

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