É noite no Cairo e centenas de milhares de pessoas concentram-se no centro da cidade, extravazando os limites da praça Tahrir. A massa humana desafia a repressão da ditadura militar que assumiu o poder após a derrubada de Hosni Mubarak, em fevereiro deste ano. Ontem, o Exército prometeu antecipar a transferência do poder aos civis, mas intensificou a presença de tropas na repressão de rua, até então a cargo da violenta força policial egípcia. Jornalistas estão sendo agredidos e prisões se sucedem com brutalidade. Os três hospitais de campanha montados pelos manifestantes no entorno de Tahrir foram alvo de ataques. Os protestos atravessaram a madrugada, cresceram com a luz do sol e avançam agora pela noite. Durante o dia, manifestantes fragmentaram-se em várias frentes na tentativa de romper o cerco militar que dificultava o acesso a Tahrir. A renúncia do ditador do Iêmen, hoje, ergueu o ânimo das ruas. Como uma só voz, Tahrir faz jus ao seu nome, 'libertação'. E promete tirar o sono dos déspotas gritando sem parar, até que eles desistam de usurpar o poder da praça política mais coerente do mundo: 'O povo quer, fora o Marechal'. (Carta Maior; 4ª feira; 23/11/ 2011)
Nenhum comentário:
Postar um comentário