sexta-feira, 25 de novembro de 2011

NUVENS CARREGADAS NO HORIZONTE

Por Carlos Chagas.
Eram negativos os sinais detectados ontem a respeito da reforma do ministério, prevista para janeiro. Como a cada dia a sua agonia, pode ser que amanhã desapareçam as lamentáveis indicações vindas do palácio do Planalto sobre os ministérios a perder seus titulares continuarem como feudo dos respectivos partidos. Atribuída ao secretário-geral da presidência da República, Gilberto Carvalho, a informação é de que Mário Negromonte deixará de ser ministro das Cidades, mas o PP continuará mandando no ministério, até indicando o substituto.
Se for por aí, o governo Dilma Rousseff não chegará a lugar algum. O que adiantará, por exemplo, mandar Carlos Lupi passear, mas deixar a cúpula do PDT indicar o próximo? Significará que as ONGs a serviço do partido continuarão muito bem, obrigado.
A oportunidade da reforma continua, ao menos na teoria, de se constituir no grito de independência da presidente Dilma. Só depende dela romper o círculo de giz em que foi colocada quando eleita. Não quer dizer que deva desprezar os partidos ou alijá-los de sua equipe. Tem gente boa e competente em todas as legendas. O que não dá para aceitar é o engessamento do ministério, com capitanias hereditárias para quantos integram a base parlamentar oficial.
PORTUGAL E O FUTURO.
O título foi de um livro que varreu a ditadura de Oliveira Salazar, na década de setenta. De autoria do general Spínola, o texto condenava o colonialismo português na África e mobilizou os militares para a derrubada do regime.
Pois onde anda o futuro de Portugal, hoje? Aumento de impostos, supressão do décimo-terceiro salário, demissões em massa no serviço público, aumento das tarifas dos serviços de transporte, água e energia elétrica, além de cortes profundos nos investimentos sociais. Tudo para que Portugal possa receber dos bancos internacionais dezenas de bilhões de euros capazes de evitar a inadimplência em suas dívidas externas. Receber é eufemismo, porque aqueles recursos nem sairão dos centros financeiros de origem. Pelo contrário, darão filhotes por conta dos juros elevados impostos aos portugueses para viabilizar a operação. Numa palavra, a população está pagando pela imprevisão e as malandragens de seus governantes submissos ao modelo neoliberal.
Fica evidente não ser esse o futuro para nossos avós. Lá, o povo começou a reagir, da mesma forma como os gregos, os italianos, os irlandeses, os espanhóis e até os franceses. A prevalência do cruel sistema financeiro que acaba de dilapidar a Europa chegou ao beco sem saída.
UNS PODEM, OUTROS NÃO.
Com todo o respeito e o reconhecimento de que o governo do Irã é constituído por malucos e por fanáticos fundamentalistas, a verdade é que parece cada dia mais próximo um ataque militar àquele país, ação na teoria liderada por Israel mas, na prática, comandada pelos Estados Unidos. Querem bombardear as instalações nucleares iranianas sob o argumento de que estão próximas de produzir bombas atômicas, se é que ainda não produziram. Mísseis sobre Teerã e adjacências não serão a mesma coisa do que os lançados sobre Trípoli e no resto da Líbia, ainda há semanas. A conflagração na antiga Pérsia se estenderá para muito além do Oriente Médio, podendo gerar a primeira e certamente a última hecatombe nuclear do planeta.
É claro que se deve impedir os malucos de dispor da arma do fim do mundo, mas quantos já dispõem? Israel, mesmo, tem fornidos arsenais, sabendo-se que não bastarão para sua sobrevivência. O que dizer do Paquistão e da Índia, sem falar dos países historicamente detentores da chave do Armagedon, como Estados Unidos, Rússia, China, França e Inglaterra? Estaria a Alemanha fora do jogo?
Se fosse possível uma palavra de bom senso, seria pela destruição de todos os arsenais nucleares, Irã incluído, mas sem sobrar nenhum outro. Obviamente, por métodos pacíficos...
ADEUS, TREM-BALA.
Ganha corpo no governo a hipótese do abandono dos planos de implantação do trem-bala, ao menos por prazo bastante longo. Não se justificaria a aplicação de mais de 30 bilhões para se completar, em no mínimo dez anos, a ligação meteórica entre Rio, São Paulo e talvez Campinas. Além dos argumentos da falta de recursos e da falsa prioridade para a obra, aparece mais um: seria profundamente anti-econômico estabelecer como objetivo do trem-bala levar cariocas para São Paulo e paulistas para o Rio. A nova estrada de ferro precisaria fazer paradas nas principais cidades do Vale do Paraíba e adjacências, como Moji, São José dos Campos, Taubaté, Guaratinguetá e Volta Redonda, pelo menos.
A CNBB sem dúvidas reivindicaria também Aparecida do Norte. O diabo é que o veículo, para fazer jus ao rótulo de “bala”, leva tempo e dezenas de quilômetros para chegar à velocidade capaz de justificá-lo. Se antes de alcançar essa marca, precisar frear, programando a próxima parada, para recomeçar de novo a aceleração, não será bala coisa nenhuma.
Estilingue, no máximo.
Não parece melhor usar a fortuna acima referida para recuperar o sistema ferroviário nacional há décadas posto em frangalhos?

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